Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Bem vindo ao Blog.

  



Bem vindo ao Blog Escotismo e suas historias.

Em 2009 entrei para o Facebook e algum tempo depois resolvi criar um Grupo cujo nome adotei como Escotismo e suas historias. Ele é dedicado exclusivamente ao que escrevo. Tem no momento mais de 17.000 membros participantes. Devido ao sucesso do grupo, criei então um blog Escotismo e Suas Histórias fac-símile do que tenho no Facebook. Comparativamente aos meus outros blogs escoteiros ele tem uma participação diária de admiradores do escotismo ou mesmo membros escoteiros em diversos países. Os artigos ou contos aqui postados muitos são fruto de minha imaginação e outros adotados em pesquisas tudo para colaborar na formação escoteira.

Artigos do nosso fundador estão em sua maioria postados neste blog. Agradeço a sua presença e caso queira comentar fique a vontade. Querendo entrar em contato estou à disposição no e-mail ferrazosvaldo@bol.com.br.



Muito obrigado pela presente e aceite o meu Sempre Alerta!  

Osvaldo um escoteiro  


O Chefe Escoteiro – por Lord Baden-Powell Of Gilwell. O menino. (parte I)




O Chefe Escoteiro – por Lord Baden-Powell Of Gilwell.
O menino. (parte I)

... - Um interessante artigo escrito por Baden-Powell que devido ao tamanho desdobrei em duas partes para que cada Chefe possa digerir melhor. Amanhã publico a parte II.

O PRIMEIRO PASSO para o sucesso em treinar seu menino escoteiro é saber algo sobre meninos em geral e depois sobre esse menino em particular. O Dr. Saleeby, em um discurso para a Ethical Society em Londres, disse:
- O primeiro requisito para um professor bem sucedido é o conhecimento da natureza do menino. O menino ou menina não é uma pequena edição de um homem ou mulher, nem um pedaço de papel em branco em que o professor deve escrever, mas cada criança tem a sua curiosidade peculiar, sua inexperiência, um quadro misterioso normal de mente que precisa ser taticamente ajudada, encorajada e moldada ou modificada ou mesmo suprimida.

É bom lembrar, tanto quanto possível, quais eram suas idéias quando fostes um menino. Você mesmo, e então você pode entender melhor seus sentimentos e desejos. As seguintes qualidades do menino devem ser levadas em consideração:

Humor. - Deve ser lembrado que um menino é naturalmente cheio de humor; pode ser no lado superficial, mas ele sempre pode apreciar uma piada e ver o lado engraçado das coisas. E isso de uma vez dá ao trabalhador com meninos um lado agradável e brilhante para o seu trabalho e permite que ele se torne o animador companheiro, em vez do capataz, se ele só se junta à diversão dele.

Coragem. - O menino mediano geralmente consegue arrancar também. Ele não é por natureza um resmungão, embora mais tarde ele possa se tornar um, quando seu auto-respeito morreu fora dele e quando ele esteve muito na companhia de "garras".

Confiança. - Um menino geralmente é extremamente confiante em seus próprios poderes. Portanto, ele não gosta de ser tratado como uma criança e ser instruído a fazer coisas ou como fazê-las. Ele preferia tentar por si mesmo, mesmo embora isso possa levá-lo a erros, mas é só cometer erros que um menino ganha experiência e faz seu personagem.

Nitidez. Um menino é geralmente tão afiado quanto uma agulha. É fácil treinar ele em questões relativas à observação e percebendo as coisas e deduzindo o seu significado.

Amor de Excitação. - O menino da cidade é geralmente mais instável do que o seu
Irmãos do campo pelas excitações da cidade, se eles são “uma passagem bombeiro, ou uma boa luta entre dois de seus vizinhos”. “Ele não pode ficar em um emprego por mais de um mês ou dois, porque ele quer mudar”.

Responsividade. - Quando um garoto encontra alguém que se interessa por ele responde e segue onde ele é conduzido, e é aqui que adoração de herói vem como uma grande força para ajudar o chefe dos escoteiros.

Fidelidade. - Esta é uma característica do personagem de um menino que deve inspirar sem limites esperança. Os meninos geralmente são amigos leais entre si e, portanto, são amigáveis vem quase naturalmente para um menino. É o único dever que ele entende. Ele pode parecer egoísta exteriormente, mas, como regra geral, ele é muito disposto sob a superfície para ser útil para os outros, e é aí que o nosso treinamento de escoteiros encontra um bom solo para trabalhar. Se alguém considera e estuda estes diferentes atributos no menino, em uma posição muito melhor para adaptar o treinamento para atender às suas diferentes propensões. Esse estudo é o primeiro passo para o sucesso do treinamento.

Eu tive o prazer, durante uma semana, de encontrar três meninos em diferentes centros que foram apontados para mim como tendo sido incorrigíveis jovens blackguards e hooligans até que eles ficaram sob a influência do Escotismo. Seus respectivos Chefes Escoteiros tinham, em cada caso, encontrado os bons pontos que subjazem os maus neles, e tendo agarrado sobre estes tinha colocado os meninos para trabalhos que se adequavam ao seu peculiar temperamentos; e há agora estes três, rapazes grandiosos, cada um deles eles fazendo um trabalho esplêndido, totalmente transformado em caráter de seus velhos eu. Valeu a pena ter organizado as tropas apenas para que tivessem esses sucessos únicos.

O Sr. Casson, escrevendo na revista Teachers ’World, descreve esse trabalho complicado da natureza o menino: - “A julgar pela minha própria experiência, eu diria que os meninos têm um mundo seus próprios, um mundo que eles fazem para si mesmos; e nem o professor nem as lições são admitidas neste mundo”. O mundo de um menino tem seus próprios eventos e padrões e código e fofoca e opinião pública.

... Continua na Parte II.

domingo, 3 de maio de 2020

Conversa ao pé do fogo. Jogando conversa fora.




Conversa ao pé do fogo.
Jogando conversa fora.

- Domingo de sol e uma leve brisa mantendo a temperatura em vinte e dois graus. Dou uma percorrida para ler as pagina do Facebook. O mesmo de sempre. Muitos compartilhando as Fake News a maioria em defesa do Capitão. Não sou bom analista e entendo muito do Movimento Escoteiro nas suas finalidades e suas aplicações. Tinha separado dois artigos sobre o Chefe Escoteiro escrito por Baden-Powell e desisti ao ler os posts de uns poucos que acredito ainda tem a chama escoteira no coração. Não quero tampouco entrar na seara dos fatos atuais no mundo e principalmente no Brasil. Fique em casa, a quarentena é uma realidade bombardeiam nossas mentes diariamente. Vivemos uma fase “sui generis” onde temos uma pandemia em todo o globo, com a mortandade crescendo e muitos de nossa liderança não medem as consequências dos seus atos. Parece que vivemos no país da carochinha onde os contos são criatividades de mentes repugnantes criando fatos asquerosos em Fake News para denegrir imagens de pessoas sóbrias, dando exemplos de como se infectar mais facilmente e pior, muitos copiando sem ter a devida noção da leviandade de tal ato sem ao menos saber a veracidade do fato.

Um pensador disse que há cegos do corpo e cegos do espírito, e se horrível à cegueira do corpo, mil vezes pior é a do espírito. O dito popular que diz que um cego conduz outro cego pode ser apenas uma metáfora. Dizia Mateus XV, 12-14: Porventura pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco? (Lucas VI, 39) e completando disse: Toda a planta que meu Pai Celestial não plantou será arrancada pela raiz. “Deixai-os, são cegos guias de cegos. Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco”. Baden-Powell um visionário, escreveu que tem muita gente que é um gansinho, no modo que vão atrás... Dos outros que vão à frente e nem sabe para onde vai. “Nas pisadas do pai ganso, vai pisando o filho atrás e ele nunca fará nada que não tenha feito o pai”. Francamente ao chegamos na velhice às vezes achamos que sempre temos razão. Se a experiência de vida serve para alguma coisa não serve para dar um caminho a seguir aos novos que estão começando.

Às vezes analiso as diversas fases porque passei nestes últimos 79 anos. Claro que só passei a enxergar, quando abri um olho pela primeira vez com minha primeira estrela. Só mais tarde abri os dois olhos com a minha segunda estrela. Para os que não sabem, era a forma do crescimento do lobo nos tempos que Mogli ainda não tinha firmeza no andar e nem se defender dos bandarlogs. Daí em diante assisti um montante de fatos políticos, Escoteiros, religiosos e nunca em minha vida tomei conhecimento de tantos artefatos eletrônicos para disseminar notícias às vezes verdadeiras no seu contexto, mas que se transformaram em Fake News irradiando notícias falsas para criar o ódio, rancores, escolhas nem sempre dignas no ponto de vista Escoteiro. Pensava eu orientar do que poderíamos aprender a ser um Chefe ou um Líder na hierarquia escoteira e consideramos o que estamos fazendo para dar um exemplo a esses milhões de Escoteiros espalhados pelo mundo.

No entanto se dermos um passo na história da humanidade, poderíamos ver lideres e chefes nas suas mais diversas formas, alguns cheios de altruísmo e outros forjando concepções prometendo um novo mundo, uma nova vida e um novo futuro que se aproxima. Se por um lado tivemos maus exemplos de Benito Mussolini, Josef Stalin, Adolf Hitler, Idi Amim... Ouve outros nos mostraram o caminho a seguir para o sucesso: - Madre Tereza, Martin Luther King Jr, Santo Agostinho, plantão e sem considerar o maior nome de todos os tempos Jesus de Nazaré. O próprio Robert Baden-Powell foi um idealista cheio de exemplos para dar. Se fez algum que não pudéssemos orgulhar desconheço, apesar de alguns se deleitarem em denegrir sua imagem.  

Sabemos que existem diferenças entre um Chefe e um Líder. Comentam alguns que temos os dois tipos na liderança escoteira e mesmo entre os poderosos do país. Dizem que o líder é aquele que inspira, que consegue enxergar e extrair o potencial de cada membro da equipe. Costuma encarar os seus erros e os dos outros como oportunidade de aprendizado e crescimento. Sabe ser firme, sem perder a gentileza e o respeito por todos ao seu redor. Por sua vez, o Chefe gosta de dar ordens e de ser obedecido. Ele é alguém que aprecia status e poder. São centralizadores e controladores. Comentam que ele é adepto do mantra: - “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A médio e longo prazo, as pessoas tendem a se sentir pouco valorizadas e compromete sua performance individual. Nos momentos de sucesso, ele ate apoia sua equipe, embora possa tomar o resultado como mérito seu. Contudo, em momentos de crise, tende a responsabilizar cada um por seus atos, tudo para evitar que algo ruim respingue em sua trajetória. Em seu caminho para o sucesso, costuma deixar um rastro de conflitos entre os membros da equipe, promovendo ambientes tóxicos, com competição desmedida.

Poderia ficar horas e horas discorrendo as diferenças entre chefes e lideres. Não vou exemplificar os atuais na liderança da nação brasileira e nem tampouco na enorme gama de Escoteiros adultos que estão no topo da escala hierárquica do Escotismo. Não sou um emérito erudito e nem um intelectual renomado em tais temas. Como um ancião escoteiro que não pode mais ficar ao lado dos jovens que são a razão de ser do escotismo somente posso usar as palavras, às vezes próprias, outras impróprias e sabendo que elas são como o vento, não tem um destino certo para chegar. Durmo com a mente aberta pensando se devo continuar essa pregação ao vento. Sei que alguns tirarão proveitos e outros não. Já pensei em parar em esquecer meus tempos venturosos ou de latão como muitos pensam. Nada como copiar Veronica Shoffstall que escreveu: Um dia a gente descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida. Nossas duvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar...

É... Acredito, sou vou parar quando me despedir deste mundo e entrar em outro com uma trilha e um caminho desconhecido, mas sabendo onde vou chegar. Sempre Alerta!

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Conversa ao pé do fogo. Em algum lugar do presente. Um tributo ao Chefe Escoteiro.




Conversa ao pé do fogo.
Em algum lugar do presente.
Um tributo ao Chefe Escoteiro.

- Vejo exclamações, um calor excitante e uma alegria sem fim de Chefes que saúdam com ênfase seus jovens meninos e meninas. Ali estão eles na Tropa Sênior, na Tropa Escoteira ou os simpáticos Lobos azuis das terras de Seeonee. Sempre é bom ver que a motivação aflora que ela apaga as pedras encontradas no caminho, que sempre existe um por do sol para a lua rechonchuda e brilhante que sabe no amanhã aquele formoso sol irá retornar. “C’est lá vie”, ou melhor, dizendo a vida é assim mesmo, perder hoje para ganhar amanhã. O Chefe Escoteiro não tem na vida um mar de rosas. Encontram-se sim muitas vezes algumas perfumadas em seu caminho quando vai para o campo a lobear ou escoteirar com seus miúdos curumins saracoteando por estradas ou trilhas tentando ver quando aparece uma borboleta azul ou vermelha, a esvoaçar o céu para fotografar.

Seja ele ou ela começando seu aprendizado ou um velho Escoteiro que segue modesto e despretensioso seu conhecimento de anos de experiência, porque não dizer humilde com orgulho seu caminho a seguir. Ali é sua trilha, sabe que sua senda é olhar para aquela escoteirada ou lobada pensando que um dia eles serão pessoas de bem. Sua prece diária é de um vencedor. Orienta-se com seus amigos, faz cursos, abraça seus assistentes ou chefes e segue seu caminho sem procurar um atalho para encontrar seu desfecho, pois ele não tem fim. Seu coroamento do êxito da sensação de felicidade lhe abrota quando uma pequenina face se abre num sorriso como a dizer: - Obrigado Chefe. Ele, ela sabem que esta é sua paga sua retribuição seu honorário seu prêmio seu galardão. Sabe que o sorriso partindo dos seus pequenos tem valor enorme para lhe dar novo ânimo, sua moral se eleva a confiança aumenta e com determinação lembra-se de sua decisão de um dia ter se tornado um deles, aqueles chefes abnegados que não tem dia e nem lugar para escoteirar...

Olha uma nuvem que passa e vê o vento trazer muitas outras, formatos diversos uma delas parecendo à foto do fundador. Homem inesquecível, memorável notável e famoso se igualando aos maiores educadores da humanidade. Seus olhos brilham ao lembrar-se da vida do seu herói. Rataplã ele canta baixinho, um lobo ou um escoteirinho o acompanha – Do arrebol Chefe, Escoteiro vede a luz! A menina escoteira sorri e completa – Rataplã olhai o sol e a Lobinha grita em plenos pulmões - Do Brasil que nos conduz! Fascinante, ele ou ela quase choram de emoção. Isto é bonito demais! É como uma revoada de pardais que resolvem voar sobre o céu azul para saudar aqueles bravos e isto lhes dá enorme sensação do dever cumprido. Sabem que é preciso ousadia para romper a crença da derrota que muitos apostam que vai acontecer. Sabem quem dita às regras muda de rota e quer ser livre e feliz de verdade com aquele batalhão de jovens que os ensina que não tem fim de pista, só o caminho a seguir.

O que era antes de estar aqui? Um sábado monótono, tedioso, maçante, enfadonho e aborrecido. Mas tudo muda o passado hoje é presente. Um sorriso cantante lhe faz lembrar que passou a ser um educador. Quem sabe mais que isto, pois lhe chamam de mestre de Chefe de Akelá de tantas coisas que o bom mesmo é saber que se tornou um irmão mais Velho. Quer ajudar e escoteirando vai aprendendo a ensinar. Chega o dia de Promessar. Nunca esqueceu. Data marcante para sempre na memória. Foi uma apoteose. Agradeceu a Deus pela oportunidade de se sentir responsável de poder ajudar, de poder abraçar e falar ao mundo que agora pertencia a maior fraternidade de jovens Bandeia-nos que existe e que nunca será superada por nada. Sabe que ali se estivessem vivos, Aramis, Athos Porthos e D’Artagnan juntariam vozes e abraços a gritar: - Um por todos, todos por um!

Volta para casa... Diz sempre alerta e melhor possível. Está sorrindo. Dever cumprido. Deu o que podia para fazer a meninada feliz. Pais e mães o olham espantados ao ver que tem os olhos brilhantes e um sorriso nos lábios. Seria tão bom assim? Pensam eles. A saga que não acaba. O dia que não termina, pois sábado que vem tem mais. Vai para casa abraça seu filho ou sua filha, ela a esposa querida ao seu lado a dizer que valeu. Outros estão sós, mas acompanhados por Deus. Dever cumprido, tarefa realizada sem imposição ou obrigação. Aceito por uma dádiva e alegre em saber que ajudou a fazer seu país melhor. Não é assim que Ele seu mestre B-P disse? – Deixe o mundo melhor do que encontrou! Vida vencida. Dormir com alegria de ter ajudado. Ele sabe que ali pode surgir um dia alguém que vai mudar nosso país!

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Uma dúvida: O que seria para você o Escotismo Tradicional?




Uma dúvida: O que seria para você o Escotismo Tradicional?

Existe hoje uma gama enorme de adultos procurando dar uma conotação própria na formação escoteira as quais chamam de Escoteiros Tradicionais. Sem comparações com a Escoteiros do Brasil, o que significaria Escotismo Tradicional? Os pensamentos palavras e ações são uníssemos entre todos os praticantes desta novo pensamento no Escotismo Brasileiro? Existe entre eles a tradição escoteira? - São autênticos no Escotismo de BP? Ouvem o ponto de vista do jovem? Dão liberdade para ele assumir sua formação individual, desenvolver o caráter, físico, intelectual e espiritual? Mantem uma vida escoteira ao ar livre, aprendendo com a natureza, fazendo atividades aventureiras? Mantem uma uniformização genuína entre todos os participantes conforme os exemplos passados? Os adultos são exemplos a seguir conforme dispõe a Lei Escoteira? Ensinam e mantem o respeito às normas, dão o exemplo pessoal, confiam e dão liberdade de ação as patrulhas, e mantem a vivencia dos lobos segundo a mística da Jângal? Fazem questão da cortesia, respeito, lealdade, fraternidade e obediência a Lei e Promessa Escoteira? A participação é perfeita com o mínimo de evasão entre eles? Os chefes tem conhecimento e leram às palavras do fundador nos seus livros Escotismo par Rapazes, Caminho para o Sucesso e o Guia do Chefe Escoteiro? Existe entre todos a fraternidade preconizada por Baden-Powell em seu discurso quando foi realizado o primeiro Jamboree Mundial em Olímpia?

Apenas uma dúvida. Lembro que não tenho registro com as Associações Escoteiras no Brasil. Ainda não sei como estão e o que fazem hoje o chamado Escotismo Tradicional. Afinal precisamos manter a tradição o espirito de patrulha e o amor ao próximo, conforme diz o quarto artigo da Lei: - O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros. Se isto acontece parabéns. Sua opinião será bem vinda.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Relatos dos tempos atuais. Fidelidade e lealdade existem?




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Relatos dos tempos atuais.
Fidelidade e lealdade existem?

- Tem de existir. Viver em um mundo que desconhece tais princípios seria o caos. Seria imprudente imaginar um mundo só de sabidos, aproveitadores, tubarões e vampiros. Afinal nós que somos do Movimento Escoteiro, aquele que deixou uma Lei cheia de artigos e conceitos tais como: Honra, integridade, lealdade, presteza, amizade, cortesia, respeito, proteção à natureza, responsabilidade, disciplina, coragem, ânimo, bom-senso, respeito pela propriedade e autoconfiança. Ufa! Tudo isso? Lembro-me de Sinfrônio Loredo quando entrou na Patrulha Touro virou para mim e disse: - Alguém cumpre tudo isso? Até hoje me pergunto se alguém cumpre tudo isso. Perguntar aos que hoje participam do Escotismo que sabem que vivenciamos modernos tempos onde existem locais próprios para expor seu pensamento, sua maneira de vida e suas escolhas pessoais nos deixam sempre com uma dúvida enorme se todos os adultos escoteiros são assim. Sei que não. Tem muitos que sabem do seu papel de Chefe Escoteiro e o levam a sério.

Coronel Santana fazia questão de viver em seu estilo próprio adquirido na escala hierárquica familiar. Sabia que era um titulo honorífico e nunca foi lotado em alguma força militar existente no Brasil. Não enganava ninguém que o titulo foi comprado e não valia mais. Seu Tataravô pagou uma nota às autoridades da época e entregaram para ele devidamente registrado em cartório o Titulo Honorífico Militar de Coronel. Ele passou para o filho que passou para o filho do filho e todos descendentes na Fazenda Guatemala julgam que tem direitos inalienáveis e devidamente comprovados com a documentação da época. Foi ele quem explicou a Sinfrônio Loredo que o respeito aos princípios e regras norteiam a honra e a probidade e fidelidade aos compromissos assumidos. Sei que o tema é espinhoso, principalmente no que vivemos na atualidade em todo o mundo. Têm os Presidentes, Primeiros Ministro, Reis e Rainhas, Portentosos ditadores, enganadores e tantos mais. Difícil analisar se vamos encontrar na maioria as necessidades inerentes do que se prega nos artigos da Lei Escoteira.

Entendo que o populacho internacional tem liberdade de propagandear o que entende das normas da boa educação, da lealdade, do respeito da fidelidade cortesia e o sagrado dever de se portar como entende correto. Dizem que os seus direitos terminam onde começam o deles (o meu nem comento). Me visto de pudico Escoteiro e pergunto à plebe dos nobres lideres do Escotismo do Brasil em todas as camadas diretivas se o termo “fazer o melhor possível” seria uma maneira de liberdade de expressão como o direito histórico (?) no Brasil de se manifestar livremente, emitir opiniões, pensamentos e ideias quando está na qualidade representativa de um movimento de jovens cujos princípios elevados são o norte para motivar e formar cada um dos seus jovens membros. Fazer o melhor possível? Teríamos muitos motes para definir sobre o prometo e a sequência fazer o melhor. Mas seria viável ficarmos sempre a nos empoderar no direito de explicar o obvio? Este é o exemplo a seguir?

 Assim como Jocasta a filha de Menocenes na mitologia grega, mãe de Édipo que deu seu filho para o Pastor do Monte Citéron para que o matassem na floresta, eu também não sou exemplo no antes e no depois. Tenho sim alguns princípios quando me visto escoteiro, quando me digo escoteiro, quando defendo suas ideias e as do edificador do Escotismo. Quando estou em espírito me fazendo reconhecer como tal procuro agir conforme aprendi com a Lei sem me defender com a frase “Fazer o Melhor Possível”. Às vezes me pergunto qual a diferença entre fidelidade e lealdade. Lá vou eu perscrutar na Enciclopédia mundial... – Fidelidade significa a qualidade daquele que é fiel. Lealdade exatidão e honestidade são semelhantes para mim, à qualidade de quem é leal. Pensando nessas palavras o mundo às vezes é cruel. Costumamos confiar e somos traídos por emoção, por um fato, por uma palavra que não nos agrada. Escoteiramente evito me imiscuir nas minhas escolhas política, religiosa ou ideias preconceituosas do que o meu semelhante faz ou deixa de fazer.

Sinceramente me assusto com esta pandemia, com os caminhos que estamos vivendo politicamente sem esquecer que temos nosso direito, mas temos o dever de ser exemplo para uma juventude que vai crescer e muitas vezes lembrar-se dos atos dos seus superiores para ter uma escolha pessoal de vida no futuro. Me preocupo com muitos que estão a copiar Fake News, muitas delas injuriosas, onde não se vê a lealdade à cortesia o respeito e isto vai de encontro aos princípios escoteiros que um dia prometemos mesmo que a abertura para dizer que estamos fazendo o melhor possível não é significativo para os jovens que prometemos ajudar. Sei que se for responder as réplicas, tréplicas e quadruplicas não irei convencer e nem mesmo confirmar onde está à razão de tudo isso. Sei que as redes sociais são livres para que cada um expresse da maneira que escolher desde que não ofenda a ninguém. Apresentar com o perfil se identificando como um escoteiro, lembrando que somos apolíticos quando nos apresentamos assim, acredito que a perda das ideias escoteiras tão sublimes tão cheias de amor e fraternidade acredito ser uma obrigação.

Não esperem de mim réplica, tréplica ou quadrúplica. Não pretendo ensinar adestrar ou formar Escoteiramente quem quer que seja. Meu tempo já passou. Sonhava e ainda sonho com as diretrizes mundiais do Escotismo de Baden-Powell. Vejo que muitos no Parlatório ainda não mediram a profundidade de suas escolhas e atos junto aos fedelhos escoteiros que tem em seu líder o exemplo a seguir. Diz um ditado que não devemos meter o bedelho onde não fomos chamados. Na próxima irei cumprir a frase conhecida por todos. Mesmo assim acreditava e ainda acredito que o Escoteiro é puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações.

Uma ótima tarde, um fraterno abraço e o meu Sempre Alerta a todos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Uma crônica para dizer “não sei”. São coisas da esquerda! “E Sérgio Moro me chamou para acampar a “escoteira”




Uma crônica para dizer “não sei”.
São coisas da esquerda!
“E Sérgio Moro me chamou para acampar a “escoteira”

- Três vezes por semana, entro em contato com o “Senhor Corona” pedindo permissão para fazer uma caminhada de seiscentos ou setecentos metros em volta da minha casa. Coisa pequena. Já tinha problemas com meu perfil de Schwarzenegger sem contar meu pulmão de aço de Super Homem (às vezes me mandam pelo correio uma kriptonita que penso ser coisa da EB - kkkk) e se ficar sem uma caminhada, sou chamado ao SUS para dar satisfação aos homens e mulheres do Jaleco Branco.  Devidamente vestimentado com minha máscara que Célia fez para mim lá vinha eu em passos de tartaruga firmando trêmulo minha querida “bengala”. Na rua vazia a não ser um motoqueiro aloprado só se ouvia o ploc, ploc da minha bengala. Eis que sentado em um banquinho na porta de uma casa, um jovem dos seus dezessete ou dezoito anos dialogava com um senhor já idoso, sentado do lado de dentro devidamente vestimentado com sua máscara e a ou o jovem f alar: - “Isto é coisa da esquerda”.

Já não é a primeira vez que ouço ou leio sobre isso. Inculto, apesar da minha formação na Escola da Vida me vesti com meu amado caqui, coloquei o chapéu, procurei me ver no espelho se o lenço estava bem dobrado e bem colocado no meu pescoço pelancudo e cheio de rugas, pois o lenço costuma bloquear esta visão horrível parecida com aquele presidente da direita! Epa! Esqueçam o presidente, esqueçam o capitão. A coisa da esquerda agora é Moro. Mas vamo lá, bem uniformizado, conforme me lembrava de quando menino escoteiro e seguindo o exemplo do meu Chefe João Soldado um sargento e não capitão corri até o Google para saber o que seria “Coisa da Esquerda”. Já vi tal frase muitas vezes aqui no Face. Ensina-nos o novo “teacher” de codinome Wikipédia substituto das Enciclopédias do passado, como a Britânica e a Delta-Larousse, sem contar a Mirador e outras mais o seguinte:

- As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias (não as escoteiras) na França do século XVIII. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população - especialmente os "sans-culotte", diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as classes mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, (qualquer semelhança com a Escoteiros do Brasil e o Chefe Zé das Quantas é mera coincidência) e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite francesa. Interessante, eu pensei. Será que o jovem “palrador” sabia sobre isso? Ele explicava ao seu progenitor ou amigo idoso o porquê alguns discordavam do próprio Presidente aquele pai do Zero um, Zero dois e Zero três. Sem tem mais não sei. Dizia ele que Deus é brasileiro e a cura tá aí! Ele se referia a Hidroxicloroquina.

Bem, passei por eles com meu ploc, ploc rumo a minha barraca na Rua do Pardal. Ruminava e pensava: - Será que sabiam que o Doutor Sérgio Moro pediu demissão? Não, acho que não, senão estavam batendo palmas pela saída de um dos contra, o invejoso, o homem da lavajato, aquele da esquerda. Na virada da Rua Lucrécia quase tomei um tombo. Moro pediu demissão? Primeiro o Mandetta e agora ele? E dizem que o Paulo Guedes está ruminando se não segue atrás. Cheguei em casa pensando se os da direita (se somos da esquerda eles são da direita) se informam melhor. Muitos dizem que o hecatombe foi por causa das Fakes News aquelas que atacam autoridades (coitado do Maia) aquelas que subvencionaram os  gastos e chamamentos para multidões saírem às ruas com faixas e cartazes pedindo a volta dos militares e do AI5 e por uma incrível coincidência o Capitão passou por lá subiu naquela caminhonete estacionada ninguém sabe por que também estava também lá. Alegam os mal intencionados que foi coisa do Gabinete do ódio. Epa! Gabinete do Ódio?

Pois é. A celeuma bate na porta dos subcampos. Cada Patrulha alega ser da direita. Os pioneiros gritam na beira do Waingunga que são da esquerda. A escoteirada em fila diziam: - Chefe não fui eu! Sou da direita... Volver! E eu na minha inocência de brasileiro escoteiro, aquele promessado que nunca quis repromessar, pois a promessa é para sempre deixei que me convencessem que o Capitão também é inocente. Maria Naninha, uma antiga Chefe de lobinha que ainda não tem nem mesmo o anel de Gilwell me disse ao pé do ouvido: - Chefe, o Doutor Moro no telefone. Está convidando para um acampamento a “Escoteira” no Pico da Neblina. O Senhor atende? Pegou-me de calças curtas! Kkkk. Olá-lá! Adoro a calça curta, me sinto Baden-Powell quando estou com ela vestimentado a caqueana, mas com a camisa devidamente dentro dela. Pico da Nebline! Me aguarde!

O valente Juiz Moro se foi. Seguiu os Passos do Mandetta, do Terra, do Canuto, do General Floriano (ainda bem que não foi meu querido Chefe Floriano de Paula), do Santo Cruz, do Ricardo Velez, do Gustavo Bebianno, putz! É gente prá dedeu. Não sei qual o próximo. Será o próximo o Paulo Guedes? E o puxa-saco do Onyx Lorenzoni a dizer o nosso Capitão, o nosso mestre, o nosso comandante. Enfim, como sou da direita dirão os seguidores da Estrela Dalva, aqueles que aparecem ao amanhecer. Chefe viva um pouco mais, vais ver um Brasil que nunca viu. Seremos uma cópia das Américas do Trump, aquele que o Capitão é um eterno admirador. Seremos o exemplo para o mundo e para as galáxias distantes. E me lembro da Escoteiros do Brasil com suas promessas dos duzentos mil. E minha memória volta ao filme Blade Runner, com o inesquecível Rutger Hauer, no seu monólogo final do seu personagem Roy Batty, o vilão que não foi capitão dizendo para o herói do filme Rick Deckard, estrelado por Harrison Ford:

“Eu vi coisas que vocês, humanos, nem iriam acreditar. Naves de ataque pegando fogo na constelação de Órion. Vi Raios-C resplandecendo no escuro perto do Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer”. E ele morre como um herói! Não dou vivas ao capitão, nem aos seus zero, zeros. Estou no fim da idade e me desgostei com muitos dirigentes papudos da Escoteiro do Brasil e seus asseclas espalhados valentemente fazendo das suas. Como sou imbecil, idiota, palerma entre outros títulos honoríficos, Deixo para William Shakespeare dar meus últimos pitacos: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.”.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Conversa ao pé do fogo. Passagem para o Ramo Escoteiro (Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes).




Conversa ao pé do fogo.
Passagem para o Ramo Escoteiro
(Pelo Chefe Blair de Miranda Mendes).

                           Não raro encontramo-nos frente à situação de que excelentes Lobinhos, Cruzeiro do Sul, com várias especialidades, Primo ou Sub-Primo, quando passam para o Ramo Escoteiro, ficam alguns meses, começam a se desinteressar e faltar, e até abandonam o grupo. Por quê? Talvez fosse mais cômodo, para nós, Chefes de Alcatéia encerrar a questão com afirmações tais como: “Esse Chefe de Ramo Escoteiro é ruim!”; Porém, as coisas não são bem assim, a responsabilidade da permanência do menino no Grupo Escoteiro é de todos os Chefes dos ramos que o jovem passa, em última analise é responsabilidade do Conselho de Chefes.

                               Baden Powell no livro Guia do Chefe Escoteiro menciona textualmente “os objetivos do Movimento (...) para serem sentidos em sua verdadeira grandeza, devem ser avaliados por seus efeitos no futuro e por um prazo nunca inferior a 10 anos. Esta é a real unidade de medida que deve ser usada no Movimento”. Assim, nossa responsabilidade como educador é garantir a permanência do jovem por um lapso de tempo suficiente para que possa extrair do Escotismo os efeitos benéficos. Portanto, a passagem de um ramo para outro merece muita atenção. É primordial que levemos em consideração, primeiramente, que é nessa idade que se desperta a faculdade emotiva e se desenvolve a sensibilidade de alma, ou seja, o jovem em uma fase de transição, carente de cuidados especiais.

                           Desperta-se a consciência de sua personalidade, começa a sentir e pesquisar mais as coisas sente o peso de suas responsabilidades, e nasce um pudor que esconde seus desejos, temores, dúvidas e desapontamentos. E a ideia de acabar com sua antiga vida de Lobinho e ressuscitar como escoteiro parece-lhe uma aventura extraordinária, ao lado desse estado emocional próprio da idade. Outros fatores influenciam a aceitação da vida na Tropa, quais sejam: Perda de Status: O sistema de insígnias, ou seja, para cada avanço conquistado um símbolo (distintivo) que evidencie esta situação que tanto estimula os Lobinhos e escoteiros, pois influir negativamente na passagem, pois seja o Lobinho tão adestrado (e “enfeitado” no seu uniforme) vê-se de repente, sem nada, começando tudo outra vez, vai daí um motivo a mais para que trabalhemos para a conquista do Cruzeiro do Sul, pois o ex-Lobinho o ostentará no uniforme até 21 anos de idade, evidentemente é importante que o Chefe de Tropa faça seus escoteiros conhecer e valorizar este símbolo!

                          Outro dado importante é que o Chefe da Alcatéia evidencie na oportunidade da “trilha escoteira” que o adestramento obtido na Alcatéia é o início de um caminho e a base de conhecimento e aptidões que ele vai desenvolver paralelamente ao seu crescimento. Devemos mostrar ao Lobinho que os nós aprendidos na Alcatéia serão de valia em atividade de acampamento, jogos e grandes pioneirías como uma ponte, por exemplo; que cada especialidade tirada como Lobinho continuará valendo, e que surgirão novos desafios para aquela sua aptidão! 

Mudança de Ambiente: Qualquer um de nós já sentiu o quanto é desagradável adentrar (e se familiarizar) com um ambiente completamente novo e a Tropa, é algo muito novo para os Lobinhos, seja quanto à mística, como quanto à forma e organização, ou costumes e uniformes. É preciso por este ambiente o mais familiar possível antes da passagem. Por isso a “Trilha Escoteira” deve ser levada a sério.

Façamos, portanto, a conversa com Chefe de Tropa, deixemos o Lobinho conhecer bem seu monitor, sua patrulha e seu canto de patrulha e façamos que participe de um ou dois reuniões com a Tropa. Esses contatos devem ser preparados meticulosamente pela Chefia de Tropa levando-se em consideração a presença do Lobinho, provavelmente, é evidente, mas vale a pena lembrar que a acolhida da Tropa deverá ser familiar, sempre a de mostrar o júbilo em receber mais um elemento que contribuirá com crescimento quantitativo e qualitativo da patrulha e Tropa.

Transformar a palavra Lobinho em adjetivo pejorativo ou usar expressões como “praga azul” poderá ser útil a Chefes que procuram uma identificação barata com seus escoteiros tampando sua incapacidade de manipular o verdadeiro método utilizando-se do mais fraco, mas certamente será humilhante e desestimulante para o Lobinho.

Nota: - O Mineiro Chefe Blair de Miranda Mendes é DCIM e grande colaborador de cursos Escoteiros, atuando em diversos Estados brasileiros. Reconhecido como uma grande autoridade escoteira não só pelo seu saber e sua técnica como também pelos altos conhecimentos que adquiriu no ramo Lobinho. Tive a honra de ter sua ajuda quando Comissário Regional em Minas Gerais. Para ele faço questão de tirar o meu chapéu!

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Comentários de Baden Powell. Qual a melhor estrutura para o Movimento Escoteiro?




Comentários de Baden Powell.
Qual a melhor estrutura para o Movimento Escoteiro?

... - Baden-Powell escreveu uma série de relatos autobiográficos excelentes. Eles incluem histórias de sua infância, sua carreira, a fundação e os primeiros anos do Escotismo e histórias de suas viagens e aventuras. Lições da Universidade da Vida foi escrito em 1933, quando BP estava com 76 anos de idade. É o seu trabalho mais longo autobiográfico. Ele reúne vários segmentos em sua vida fascinante e significativa. Muitas obras biográficas mais tarde utilizadas como ”Lições..." como uma fonte importante. Uma pena que ainda não traduzido e publicado nas Lojas Escoteiras ou livrarias do Brasil.

- Baden-Powell na publicação The Scouter (1921) deixou suas imprensões sobre a necessidade de termos uma estrutura escoteira própria para que pudéssemos dar ao jovem a formação que ele propunha no seu método de educar. Hoje poucos pensam como ele. A maioria deseja ter grandes sedes, uma organização perfeita, nada diferente de muitos que pululam em todo o planeta. No Brasil copiamos a organização de um partido político, um sindicado e esquecendo que devíamos ter vida própria, seguindo o próprio caminho que fizemos até os dias de hoje. Os lideres atuais se apegaram na nova odisseia da modernidade, pensando que com isso o escotismo terá um novo caminho uma nova descoberta e um novo desdobramento da metodologia que sempre deu certo e hoje dizem não dá mais.

Por estes dias publiquei um artigo, dando sugestões e mostrando o que se pode fazer para dar aos jovens o verdadeiro sentido escoteiro... A vida ao ar livre, a natureza aprender o melhor que existe e instruirmos com ela. Nota-se que semeia nos dias de hoje a convicção de um pensamento chamado de Escotismo Moderno, e a maioria dos chefes que adentraram no escotismo nos últimos anos acreditam no que dizem os novos lideres, dão exemplos da nova forma de vida nos dias de hoje, nos comparam com outras associações e dizem da dificuldade em se locomover e principalmente na marginalidade que não dá trégua em qualquer lugar ou situação. Pode ser, ainda não vi marginais atacando escoteiros e ninguém duvida que possa acontecer assim como um atropelamento, um raio que cai, pisar de mau jeito e porque não uma bala perdida.

Muitos dos novos voluntários por não terem tido a oportunidade de ter feito escotismo no campo, hoje como pais muitas vezes não dão liberdade de seus filhos para crescer e serem donos de sua própria decisão. Um dia eles darão adeus e irão viver suas vidas. Faz parte da vida em comum. Será que estarão preparados? Será que os pais irão continuar dando proteção? Aprendem nos seus grupos, nos cursos, com seus APFs preocupados em seguir a cartilha da associação e por falta de adestramento técnico, de vivência, de aprender a fazer escotismo com a própria consciência baseada no principio do Fundador. Sempre encontram dificuldades para por a sessão no campo, vivendo escotismo puro, de raiz, de aprendizado geral de andar com suas próprias pernas. A duvida, o medo, a desculpa dos pais que não concordam entre tantas outras objeções faz com que o escotismo se transforme em uma Escola Especial, um programa específico onde já existem salões, mesas, cadeiras e quadro negro para o aprendizado. Difícil mostrar que este não é o caminho. Será que já vi este filme?

Em 1927 Baden-Powell escreveu na revista “Te Scouter”, o que ele pensava como deveria ser a estrutura e a organização do Escotismo, aonde ele tivesse plantado raízes para dar ao jovem o que ele sonhou naquela época e ainda sonha até hoje. Vejamos:

- Um dirigente escoteiro veio há mim outro dia com um esquema para organizar o Movimento de uma forma melhor da já existente. Contemplava certa quantia em “dinheiro” para gastar com dirigentes, secretárias em tempo completo, etc; mas seu plano consistia em arrecadar contribuições dos distritos (associações locais, no texto original). Uma parte da ideia consistia na criação de um comitê eleito de forma geral para administrar a organização; a vantagem era eliminar a desigualdade com que os distritos administram seus programas. Seria mais centralizado e organizado, poder-se-ia ter um registro que salvaguardasse o desenvolvimento, um padrão de eficiência nas tropas, mantendo uma supervisão geral.

Já estava me descrevendo outras vantagens do esquema quando me senti obrigado a poupá-lo do enredo, assim que me adiantei com o seguinte comentário: Meu querido camarada! Mas você não precisa sustentar o escotismo. Por uma razão: o escotismo se estende além do Reino Unido e teu comitê deve representar todas as partes do império. Como a eleição irá fornecer os especialistas necessários para os diversos departamentos do escritório central? Os distritos desejariam gastar dinheiro para manter um escritório central? Acho que não. Estas são meras objeções materiais. Mas existe uma consideração maior: “nós somos um movimento, não uma organização”.

Nós trabalhamos através do amor e da legislação, e isto é o que nos diferencia de muitos outros sistemas; pode ser incorreto, mas é nossa maneira e, apesar dela, trabalhamos para fazer algo nos doze anos de nossa existência. Acabo de voltar de uma bela viagem escoteira em outras partes do mundo e confirmei minha convicção de trabalhar por amor ao jovem, lealdade ao Movimento e camaradagem, que é através do espírito escoteiro e é a maneira de nos mantermos na linha correta. É provável que muitos, como meu amigo, não conseguiram manter o espírito, mas por outro lado, muitos conseguiram e outros o estão adquirindo. A propagação da capacitação de dirigentes (18 autorizados este verão no Reino Unido) está ajudando no desenvolvimento. Nossa maneira de administrar está baseada em um verdadeiro e nobre princípio.

Um dirigente (o qual faleceu e, portanto, posso falar abertamente) me perguntou em uma ocasião sobre a recompensa monetária pelo, segundo ele, trabalho que realizou para mim na sua qualidade de dirigente escoteiro. Tive que lhe explicar algo que ele me confessou nunca ter entendido: e era que ele trabalhava para os jovens e não para mim.

A proposta do escotismo é oferecida àqueles que se importam de coração com seu país e sua gente. Os homens que colaboram não são uma força de mestres e servidores, oficiais e soldados, senão uma equipe de patriotas unidos por um ideal comum; e esse ideal é a melhoria dos garotos.

Assinado. – Lord Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, aquele que dizem por aí, o homem de Gilwell!

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Conversa ao pé do fogo. O custo para ser Chefe Escoteiro vale à pena?




Conversa ao pé do fogo.
O custo para ser Chefe Escoteiro vale à pena?

... - Você tem ideia quanto custa para participar como voluntário no escotismo? Eu sei que tem alguns grupos bem estruturados que cobrem toda despesa do voluntário. Mas e os filhos? As mensalidades? Os acampamentos? Sei que os grupos humildes comem o pão que o diabo amassou para ajudar aos voluntários que os procuram. Gostaria de ver uma pesquisa para saber se “não consegui me manter ou pagar” faz parte dos motivos do porque deixou o escotismo. Dizem que são poucos. Será?

- Sempre achei esse tema interessante. Alguns concordam outros não. Mas eu pergunto quanto você gasta para ser Chefe Escoteiro? Ou uma Chefe Escoteira? Muito pouco? Razoável? Além do que pode gastar? Alguns poderão dizer que a satisfação em ajudar vale a pena à despesa. Não sei se concordo, mas entendo. Não se move uma palha sem que uma despesa apareça. Alguns comentam que tentaram diminuir os valores e não conseguiram. Outros resolveram deixar o Movimento por ter se tornado caro demais. Os dirigentes parecem não ver as dificuldades de muitos. Fazem questão de criar atividades, acampamentos distritais, regionais e até mesmo os da Escoteiro do Brasil com taxas absurdas. Dizem que podem pagar no cartão ou em dez vezes sem desconto. Parece o comercio atuando para faturar. Acho que somos os únicos voluntários que gastam do seu próprio bolso para ajudar e colaborar com os filhos dos outros. Sei que tem alguns que dizem valer a pena. Eu que o diga!

Verdade. Para alguns pode não ser muito. Para outros não. Mas tem aqueles que no fim do mês olham as contas de água, luz, telefone, gás, internet, prestação A, B e C, colégio ou material didático dos filhos e ficam deveras assustados. E o salário não acompanha as despesas. Se perder o emprego, ou uma despesa extraordinária, o Grupo Escoteiro já endividado não pode ajudar. O distrito idem. A região nem pensar. E a Escoteiros do Brasil? Esqueça, nunca vai acontecer. Sempre estão a criar um novo curso, um Jamboree, uma assembleia ou uma atividade especial comemorativa. Os valores sempre vem em primeiro lugar. E de novo repetem, a vista tem desconto a prazo não. Soube e não sei se é verdade que jovens cujos pais perderam o emprego não tiveram perdão nas mensalidades. Como fazer? - Grupos Escoteiros devem estar estruturados para isso? Será que a comunidade desde que bem trabalhada pode ajudar? Aqueles Grupos mais aquinhoados não tem esse tipo de preocupação.

Se a esposa, ou o cônjuge não participa, existem ressentimentos. - Você devia pagar isso, comprar aquilo e não ficar gastando com o escotismo. Mas o menino não tinha condições! Tinha de ajudá-lo. E o curso? Precisava fazer? E assim vai. - Família! Eu irei ao Jamboree... São apenas Cinco mil reais e se pagar agora terei desconto na passagem e no hotel. Quem sabe me aceitam como “Staff” (indivíduos que assessoram ou trabalham sem cobrar) e terei desconto? Ele olha para a esposa ou vice versa e nota-se o primeiro desentendimento familiar. E o curso? A diária é mínima. Já me disseram que é menor do que uma diária de um hotel cinco estrelas! – “Pelas barbas do profeta”! Afinal preciso “tirar” minha Insígnia da Madeira. Ela ou Ele não dizem nada. Sabem que estão enganando a si próprio e a família. Não importa se as despesas da família é grande, que sempre terão contas para pagar e mesmo assim eles acham que podem escoteirar por aí.

- Difícil explicar a alegria em estar junto aos figurões, aos irmãos (será?) escoteiros ver gente linda uniformizada, (?) admirar o Primeiro Grupo de Gilwell em reunião, batendo no peito dizendo que valeu cada centavo gasto. Mesmo sendo Staff trabalhando feito um louco valeu cada centavo pago. Peço desculpas aos bravos membros formadores e dirigentes da Escoteiros do Brasil. Bravos sim. Sei do trabalho insano que fazem para ajudar o Escotismo Brasileiro. Conheço vários que se sacrificam muito para ajudar em um curso por ano, com duas ou três palestras. Valeu as três contas ou as quatro que exibem com ou sem o lenço, que publicam nas redes sociais. E eu, um reles velho escoteiro “lambisgoia” sempre a perguntar... E os jovens? Onde estão nesta insana jornada rumo ao poder? Às vezes meto a mão na consciência e lembro quer gastei para “dedel” com meninos e cursos sem poder gastar. Gostava de ver o sorriso, o abraço de alunos confraternizando e dizendo que não é mais que um até logo, anotações de telefone e endereço e dizer: Escreva-me! Adorei conhecer você! Ele vai para casa pensando: - “Foi um lindo curso”. Os formadores dão risadas na avaliação final. Este sim este não. Parece o jogo do mal me quer bem me quer, desfolhando a margarida. Desculpe, sei que nem sempre é assim. Agora que eles gostam de um elogio isto ninguém duvida. Se o caixa não deu branco valeu!

Sem criticas. Sou “danado” para criticar. Risos. Não estou lá agora. Nem sei como é. Mas sei como era. Lutava para baratear a taxa. Brigava mesmo por isso. Aqui em Sampa havia um executivo profissional na região. Ele andava. Visitava supermercados. De uniforme, ganhava muita coisa do cardápio. Dois três ou mais dias as patrulhas ou matilhas cozinhavam. Lá uma vez ou outra tinha cozinha geral. O pau de toda obra era a Patrulha de Serviço. Jovens de grupos que nos ajudavam. Grandes jovens. Devemos muito a eles na época. A região não nadava em dinheiro, mas sempre dava um jeitinho para ajudar. (agora sei que algumas têm um caixa supimpa) Eu mesmo fiz curso sem pagar nada. Fazíamos um escotismo sem pretensão de valores para a região. E hoje, ainda é assim?

Quando Regional junto a uma turma de assistentes de primeira, montamos Indabas, ajuris, acampamentos regionais alguns sem taxas outros com as patrulhas levando sua própria intendência. Cursos procurávamos colaboração no transporte, na alimentação e as taxas eram para cobrir o que faltava. Hoje sei que temos profissionais de Jamborees de atividades nacionais e regiões e não abrem mão da taxa. Mesmo que a região consiga subvenções. Eu sempre me considerei um amador. Aprendi assim no passado. Gostava de ver as patrulhas unidas entrando marchando no sub.campo mochilas nos ombros bandeiras ao vento e cantando o Rataplã! Ainda cantam? Muitos que abandonam o escotismo sempre reclamam do alto custo. Não esqueço Baden-Powell quando fundou o escotismo disse que ele era para os jovens humildes e pobres. Hoje ele virou elitista, só se pensa “naquilo”! (lucro).

Sei que o custo para ser um Chefe escoteiro não é pequeno. Sei que tem atividades, mensalidades para o primeiro filho, o segundo e terceiro às vezes com desconto. Dizem que hoje tudo é diferente, têm de obedecer ao ECA, às normas, e as exigências do Seguro Escoteiro. Seguro? No meu tempo nunca ouvi falar. Um Chefe meu amigo diz que não tem almoço grátis. Acredito, mas sempre tem uma maneira de ter um custo a altura de quem pode e de quem não pode pagar. O que não se pode aceitar é esta busca de valores para ter monumentais sedes, seja do Grupo Distrito Região ou da nacional.

Mas tudo isso não adianta, cada um tem seu sonho e o escotismo lhe deu o que nunca poderia imaginar. A fraternidade, a filosofia, a criançada sorrindo, os valores mesmo que desconhecidos para alguns. O sonho do poder nunca antes imaginado. Mesmo sabendo que é ele o Chefe Escoteiro que vai pagar às despesas dos processos feitos pela Escoteiros do Brasil com outras associações escoteiras, as viagens internacionais, ele continua sorrindo e dizendo: Eu amo ser escoteiro, serei escoteiro hoje amanhã e sempre! “Só Deus dirá se é verdade”. Eu que o diga!

E para fechar meu raciocino, costumo lembrar... “Eu não sou pobre, apenas um rico em dificuldade”...


sábado, 11 de abril de 2020

Lendas Escoteiras. O Escoteiro Chefe lusitano vai chegar!




Lendas Escoteiras.
O Escoteiro Chefe lusitano vai chegar!

... – Sábado sem reunião, muitos desanimados aprontei um continho de quatro paginas para divertir. Peço desculpas se escrevi algum errado dos Escoteiros de Portugal. Tenho-os em alta conta e eles tem muitos exemplos para dar a Escoteiros do Brasil. É longo, mas dá para divertir.

- Seria uma festa... O Escoteiro Chefe de Portugal vinha visitar Lagoa dos Açores e seus mais de mil escoteiros de todas as classes e associações. Foi Dona Flancácia quem contou para dona Rabanete que contou para dona Bucycleide, que contou para dona Pamonia... Fariam uma festa para receber figura tão notável. O Brasil não tem Escoteiro Chefe e os portugueses têm? Quem sabe um dia o país teria um também? Foi Tumenodes da venda Dom Cabral quem disse que ele era Duque. Descendente do Marques de Pombal. Doutor Macbeti Roubapouco o prefeito mandou chamar o Delegado Pancrácio, Dona Flancácia, Doutor Jacumé, o Juiz de Direito Picolé de Mamão e os Chefes dos Grupos escoteiros da cidade. Uma grande reunião foi feita. Com seus vinte mil habitantes Lagoa dos Açores vibrava. Foi fundada em mil e antigamente por Don Panchito Das Torres Altas neto de um figurão escoteiro amigo da Rainha Vitória da Inglaterra. Um português que enricou ao chegar. Vendia Café para o Brasil e para o mundo. Nunca foi visitada por um Escoteiro Chefe. Todos se preparavam para receber o Chefão na estação da Estrada de Ferro Leopoldina Railway. Ele chegaria na primeira “Jamiloca” soltando fumaça a granel. Foguetes, Bandas de Musica, desfiles e uma “comidaria” de fazer inveja seriam oferecidos à tão alta autoridade escoteira.  

- Seu Samuel Ramalho Ramires Ramos, português e o mais antigo padeiro ria a mais não poder. – Um patrício? Graças a Deus! Quem sabe é um duque parente do meu bisavô. Chefe Micaleide Soraia convidou os chefes para uma reunião. Eram seis grupos e mais três discípulos de Baden-Powell. Dois da EB, dois da FET, dois da AEBP os desbravadores e os Florestais. De última hora apareceu um Grupo Católico e um que não dava satisfação a ninguém. As Bandeirantes ficaram de pensar se iam ou não. A cidade era reconhecidamente escoteira. Muitas autoridades participaram do escotismo. Todas as contribuições eram religiosamente divididas com os grupos. Reuniram-se no Theatro Municipal Don Panchito. Presentes mais de oitenta chefes. Todos devidamente uniformizados. Chefe Ronsato falava pelos AEBP. Chefe Jarisol pelos FET, Chefe Micaleide pela EB, Jacomilson pelos desbravadores e o Chefe Portal pelos Florestais. De ultima hora chegou o Padre Jacques Sevin dos Escoteiros Católicos. Discutiram o que fazer e como fazer e quem vai fazer. Um esboço do programa foi levado ao Doutor Macbeti Roubapouco o prefeito. Ele olhou, pegou um enorme carimbo, molhou com tinta, deu uma forte carimbada e disse: - Aprovado! Que conste na Ata da Prefeitura e da WOSM (Organização Mundial do Movimento Escoteiro). - Moçoilas enfeitavam as ruas com bandeirolas Ninguém sabia a cor da Bandeira de Portugal; Vermelho, verde, amarelo, azul, branco e preto disse o Professor Arquimomedes o sábio da cidade.

- Pitito Modinha era um escroque. Preso dezenas de vezes por enganar os outros. Não era mau sujeito. Seus pais assaltantes de bancos morreram num tiroteio em uma cidade do Uruguai. Pitito Modinha nunca matou ninguém. Enganar sim. Ria quando era preso e o delegado Caroço de Manga dizia: - Pitito mude de vida. Um dia alguém vai te dar um balaço bem nas “orêias” o tiro vai entrar em uma e sair cheio de cera na outra! Pitito fingia e sorria. Prometo Doutor Delegado nunca mais entrar em uma cela! Com os dedos trançados na mente dizia: - Enquanto houver otário São Judas Cata-vento não anda a pé. Doutor Delegado sabia que logo estaria de volta à sua cela conhecida de anos. Pitito Modinha leu a noticia na Barbearia do Carioto Cariado: - Lagoa dos Açores em festa... Vai chegar à cidade o Escoteiro Chefe, Senhor Marquês de Pombal, Conde de Caravelas, Infante Duque de Bragança, Juparanã Rossalo, Milady D’Artanhan. Nomes demais...

Minino! Desta vez vou enricar. Sorrindo disse para si: - - Pitito Modinha você é bom cara, muito bom! – Lembrou quando estava na biblioteca atrás do fazendeiro Bom Senso Cutucaaqui querendo surrupiar sua carteira. Viu em um canto um livro dos Escoteiros de Portugal. Viu a foto de um lusitano a quem chamavam Escoteiro Chefe. Bem afeiçoado, uniformizado nos trinques. Pitito não era bobo. Leu tudo de cabo a rabo. Leu tudo sobre os escoteiros da terrinha. Cacilda! Desta vai vou acender charuto com nota de duzentos! Bolou um plano. Dias pensando. Fazer um uniforme e teria que ser igual ao deles. Calça marrom, sapato preto, camisa marrom clara e um chapéu. Teria que achar um paninho para amarrar no meião. Procurou Praquitinha sua noiva. - Me empresta uns tostões? Vais receber em dobro. Praquitinha sabia que não ia receber nada, mas gostava de Pitito e ele prometeu casar com ela. Não ia negar.

- Enviou um telegrama para Seu Samuel Ramalho da padaria. Daí as lavadeiras da cidade, era um pulo. Logo a cidade toda sabia. Assim seu plano começou. – Mais um telegrama e o seu prefeito suava, gordo, barrigudo sonhava. – Agora Lagoa dos Açores seria conhecida “nas estranjas” - O telegrama dizia - Chego no dia nove de dezembro. Irei só. Quero conhecer a cidade dos meus conterrâneos escoteiros. Levarei comigo uma grande foto do nosso Fundador Lordi Badi of Pawell. As ruas enfeitadas. A praça um brinco. A escoteirada pintou tudo. Não havia um toco de cigarro no chão. As filhas de Maria ensaiaram uma canção Escoteira. Zé Calango dos Vicentinos fez uma poesia. Os escoteiros se esmeravam. Treinaram evolução, a banda, a turma da bandeira com luvas brancas. Disseram para eles que o Escoteiro Chefe era entendido em tudo. Fez pioneiria na lua quando pousou lá. Cilene Maria era lobinha. Quieta. Quase não falava. Era uma menina autodidata. Com oitos anos terminou o ginásio. Amava a alcateia. Nunca leu os livros escoteiros para não humilhar o chefe dos escoteiros. Adorava acantonar amava a natureza, as árvores os lagos e riachos de águas frias cristalinas. Adorava o nascer e o por do sol. Na reunião a Akelá Juely Macaquinha comentou sobre a honra que todos teriam em conhecer o Escoteiro Chefe de Portugal. Todos fazem continência para ele.  

- Cilene Maria ficou desconfiada. Tinha lido que em Portugal havia três associações escoteiras e nenhuma tinha Escoteiro Chefe. Associação dos Escoteiros de Portugal, Corpo Nacional de Escutas e  Associação das Guias e Escuteiros da Europa (se eu errei peço desculpas aos meus irmãos escoteiros de Portugal) - De qual ele representava? E o nome comprido? Isto não existia mais. Só reis tinham tanto nome. E misturava tudo. Conde com Duque, com infante, com príncipe regente que só Dom Pedro II foi quando seu pai voltou para Portugal. Muita coisa errada. E porque chamava o fundador de Lordi Badi Pawell? Não sabia o nome correto? Era analfabeto? Impossível! E a foto? Não tinha nada do fundador. Era de um homem magrelo, novo, banguelo com cabelo preto, e uma das fotos sorrindo. Aquele não era e nunca foi Lord Baden Powell. Cilene Maria procurou a Akelá. Ela não acreditou. Procurou o Chefe Micaleide. Ele também duvidou. Ninguém acreditava nela. Sabia que o talzinho que se fazia passar por Escoteiro Chefe era um enganador. Na padaria seu Ramires Ramos ouviu o que ela dizia. Ele também duvidava. O que ele vinha fazer aqui? Porque não na capital? Disse a Cilene Maria que ia investigar. Passou um telegrama para seu irmão em Coimbra e pediu que investigasse. Cinco dias mais tarde chegou à resposta. Chamou Cilene Maria e mostrou o que seu irmão escreveu. Não havia um escoteiro Chefe em Portugal. Agora era armar um plano. O delegado entrou no meio. O dia chegou!

                      O Trem serpenteava nas beiradas do Rio Fede e não Cheira. Em cada curva Seu Japinondas Pé na Taboa o maquinista apitava. Na beira da linha a molecada corria com o trem. Uma fumaceira danada na chaminé anunciava a modernidade. Ele sabia que uma alta autoridade estava viajando no seu trem. Seu bisavó Tutunael sempre contou quando era maquinista que trouxe muitas “otoridades” para Lagoa dos Açores Inclusive o Presidente Venceslau Brás. Agora ele podia contar para seus netos que também carregou um. Pitito Modinha viajava de Primeira Classe. Com seu uniforme de Escoteiro lusitano e seu chapéu sabia que seria tratado como um rei. Mandou fazer um lindo lenço dourado. Amarelo, verde e um pouco de azul. Comprou um anel de brilhantes fajuto para prender o lenço. Na mala alguns presentes que conseguiu comprar nas mãos do Caixeiro Made in Paraguaise.

                         Ao atravessar a ponte do Rio Coça o Saco do Peixe viu pela janela a cidade. Riu de boca a boca. Disse para sí: – Pitito Modinha, você é brilhante. Será o maior golpe de todos os tempos. Desta vez vou encher as burras de dinheiro. Praquitinha iria saber quem ele era. Iria visitar a “horopa” com ela. Ela ia ver a Torri efailde. O Arco do Truque. Contaram para ele maravilhas do tal Palácio das Vertentes. Iria mostrar para ela o Bigue Bende. E depois nas Américas ela ia ver a Estatueta qui liberta tamem. Eles iriam falar gringo, falar françoá, ingreis. Seriam recebidos por reis e rainhas e até o papa abriria as portas do Vonticano. Quem sabe teriam um tituro de pobresa? Já pensou? - Lord Duque Pitito Modinha? Misse Duquesa de Orleanas Bragantina dona Praquitinha Castiana? O trem apitando. A cidade chegando. Ele sorrindo de oreia a oreia. Olhou pela janela, a estação apinhada de gente. Uma escoteirada sem tamanho. Todo mundo ali para vê-lo. Pensou consigo: Pau que nasce torno não tem jeito morre torno. Ops! Nada disto. Pau que nasce torto é sabidão e morre ricasso! E ria, e ria. O trem parou. Silêncio. E a Banda que pediu? Pegou sua mala, desceu. Ninguém bateu palma. Cacilda, o que houve? Onde eu errei? Meu uniforme está impecável aprendi a fazer o nó de escoita e barso pelo seio. Até sei fazer a saudação deles e eles estão me olhando deste jeito? Prá lerta coteiros! Uma mão bateu em seu ombro. – Olá Pitito Modinha. Quanto tempo eim? Deus do céu! Era a voz do delegado Caroço de Manga! Palmas para o Delegado! Colocou as algemas em Pitito Modinha. Entraram de novo no trem. Uma vaia sem tamanho.

                   Por muitos anos Pitito Modinha foi cantado em prosa em todos os fogos de conselhos que a cidade conheceu. Cilene Maria recebeu todas as honras possíveis. Não só do Grupo Escoteiro, mas de toda a cidade. O Prefeito Doutor Macbeth mandou fazer a medalha dos Confidentis e deu para ela no desfile do Oito de Setembro. Ela dizia que não tinha feito mais que sua obrigação, era lobinha, mas não dizem que os escoteiros estão Sempre Alerta? Alguém disse para ela - SAPs Cilene! Valeu! SAPs? Que isto? Não é Sempre Alerta? Detesto o tal de SAPs pensou. Risos. Escoteiros, ah Escoteiros. Estão aí por todo lado, observando, olhando, escolhendo, sorrindo, apertando mãos dos amigos e irmãos, e claro sabendo sempre o que acontece em sua volta. Eles são espertos, bons meninos e meninas, vivendo a lei e a promessa como um dia juraram em suas promessas. Eles estão sempre alerta sempre e nunca SAPs sempre. Mais risos.  E eu? Eu nunca esqueço Pitito Modinha e o que disse o meu amigo Dalai lama: - “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”!