O abutre Chill
conduz a noite incerta
E que o
morcego Mang ora liberta -
É esta à hora
em que adormece o gado,
Pelo aprisco
fechado.
É esta a hora
do orgulho e da força
Unha ferina,
aguda garra.
Ouve-se o
grito: Boa caça aquele
“Que a Lei da
Jângal se agarra”.
Canto noturno
da Jângal.
KIPLING.
Conversa ao pé do fogo – Lobo! Lobo! Lobo!
Em meus artigos, faço poucos comentários sobre atividades e programas de alcatéias. Claro, nada é fácil no escotismo e programar, dividir e acompanhar uma Alcatéia não é tarefa que pode ser feita por qualquer um. No passado fazíamos reuniões diferentes. Acampamentos! Sim, isto mesmo. Acampávamos porque não? Com nove anos armava uma barraca com maestria. Mas olhe a cozinha era responsabilidade dos pais.
Mesmo assim tive o prazer de rememorar muitas coisas que
acredito hoje não seria possível. Não é muito fácil fazer um bom programa de
alcatéia. (Antigamente você tinha alguns fatos - que ainda persistem - e por si
só preenchiam e devem preencher bons programas mensais). Não sei, mas tenho
visto certos jovens na idade comentando que não participaram por mais tempo
devido à forma de reunião que não agradam.
Sempre notei que no lobismo, a participação era mais ativa do
que nas demais sessões. A Evasão menor. Nunca esquecem o dia de reunião, pois
os pais são mais ativos no grupo. Comentam com amigos. Alguém um dia me disse
que muita fantasia não colabora na passagem do lobinho para a tropa. Lá ele
encontra tudo diferente. Claro, alcatéia não é sistema de patrulhas, mas
aprender a fazer fazendo já é um bom começo. Não sei se concordo com ele.
Tenho certeza que agora os nossos amigos formadores
principalmente os de alcatéia estão dando tudo de si para levar o melhor para
os escotistas da área. E olhe, sempre vi uma procura maior para ingressar no
escotismo de jovens na idade de lobinho. Se a sua alcatéia não consegue manter
pelo menos 22 lobinhos do início ao fim do ano, acredito que o programa deve
ser revisto.
Como tem diversos leitores que me perguntam o que é o lobismo,
ou para aqueles que vão se iniciar comento alguns poucos itens abaixo, mas no
intuito de informação preliminar. Sei que a maioria dos que estão lendo este
artigo já conhecem de cor e salteado meus comentários abaixo. Os livros
editados da UEB e os cursos de formação darão base melhor para o
desenvolvimento da progressividade de uma alcatéia.
Comecemos pela Gruta da Alcatéia. Todos devem ter uma em sua
sede. Não importa o tamanho, importa sim uma boa decoração, onde cenas da
jângal são retratadas e quem sabe com uma entrada rebaixada, obrigando os
adultos a se abaixar, o contrário dos lobos que entram de cabeça erguida.
A história da Alcatéia é ali contada. Nela a um lugar de
destaque para o Bastão Totem. Todos também devem ter um.
Os lobinhos devem conhecer bem os dirigentes da alcatéia:
Akelá – Lobo cinzento, forte, altaneiro. Lobo solitário, não
constituiu família para dedicar-se inteiramente à sua função de líder. Lidera
por ser o mais capaz, forte astuto. É imparcial, faz valer predominantemente as
leis da Jângal têm em primeiro e único objetivo o bem estar da coletividade do
qual é chefe.
Baloo – Urso pardo, pesado e grandalhão, é inofensivo, pois se
alimenta somente de frutos e raízes. Sábio, ponderado, afetivo, bondoso, mas
violento quando necessário. Dotado de bom humor, Baloo é a expressão de
maturidade combinada com um frescor infantil.
Bagheera – Pantera negra, bonita, olhos vivos e pelagem de seda. A sua
voz é doce e delicada. Astuta, intrépida, incansável, corajosa, afetiva, tinha
a característica de ter nascido entre os homens, tinha a vivência de
conhecê-los (o que Mowgly não tinha) e a experiência de viver entre outro povo,
assim podia entender melhor Mowgly. Opõe-se a Baloo, no que ele vence pela
experiência e ela pela rapidez e astúcia, Baloo é pesadão, desajeitado, ela
ágil e delicada.
Tabaqui – É o Chacal, o fraco que precisa ter a proteção do forte e por
isso paga o preço de se rastejar ao seu lado numa constante adulação, lisonja e
é interesseiro, muda de alvo conforme estão seus interesses ou à medida que corre
perigo, não se preocupando em abraçar partidos por vezes antagônicos. Embora
medroso, arrisca-se inutilmente a pequenas provocações e as faz somente, pois
sabe que apesar de irritantes não são suficientes para grandes reações.
Shere-Khan – Tigre manco. Aparentemente feroz, mas na verdade é covarde,
não caça eticamente, prefere atacar presas fáceis mesmo que pequenos e
insuficientes para matar sua fome. É vaidoso, porém não tem de que se orgulhar
é nulo, exemplar deficiente de sua espécie.
Raksha – Loba valente, jovem e vigorosa. Encarna a figura da mãe e todo
o romantismo que ela encerra, combina a doçura com a força, é caçadora
invejável, mas limita-se a proteger sua prole.
Pai Lobo – Lobo jovem e vigoroso, temperamento bom, justo e ponderado,
preocupado na defesa de sua prole e do bem estar da comunidade.
Dirigentes
que mantém viva a mística na condução de sua alcatéia, sempre alcançam melhores
resultados. As histórias da Roca do Conselho, as canções, as danças, os jogos,
o adestramento, a disciplina são preponderantes (não considerar matilhas como
patrulhas e sim como um aprendizado para a organização de aprender a viver em
equipe).
Se vocês
fazem isto e muito mais em suas alcatéias, parabéns se sabem dividir suas
tarefas com seus assistentes, ótimo. E por último, seja o exemplo, seja no seu
uniforme seja na vida pessoal. Lobinhos copiam muito seus chefes. No trejeito
de andar, de vestir e até daqueles chapéus esquisitos (risos, claro se você for
usar).
Boa caçada!
“As estrelas desmaiam, concluiu o lobo
Gris, de olhos erguidos para o céu. Onde me aninharei amanhã? Porque dora em
diante os caminhos são novos...”.
Do livro da Jângal
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