A chuva.
Ela chegou. Uma
espera inolvidável. Quanta espera. Chegou agora. De mansinho, dizem que é das
boas. Daquelas que chegam sem barulho. Duram horas, dias e tem casos de semana.
Adoro a chuva. Não importa onde. Pode ser em casa, viajando de trem. Nem posso
falar. Pela janela do trem ver a chuva cair é um espetáculo inesquecível. Alí
vai ele, o trem. A correr pelas campinas sempre ao lado de um rio caudaloso ou
não e a chuva cai. Que saudades!
Estava na varanda,
pensando no vento que soprava. Devagar. Calmo. E eis que ela chega. Trás uma
gostosa brisa. Fresca. Espanta um pouco o calor de trinta e seis graus.
Gostosa. Doce. Me lembrei de acampamentos. Quantos e quantos a chuva chegou. Às
vezes brava. Gritante. Raios enormes e trovões que ribombavam o céu. Outras
aquelas que não faziam barulho. Simples. Calma como a dizer não se assuste Escoteiro.
Só vim molhar a terra. Estava seca. Precisava de mim.
Na barraca, ouvir os
pingos na lona, é uma musica suave, gostosa, como um cantar da mamãe nas noites
de chuva para me fazer dormir. Tempos que já se foram. As madrugadas, a chuva
não para. Abrir a porta da barraca, sentir o cheiro da terra! O farfalhar das
árvores, a floresta falando baixinho chove chuva. Maravilhoso! Chove chuva. Quantas
melodias me vêm a memoria. Prefiro uma só. Saudades de tantas, deixa chover!
Chuva
O céu está fechado escuro me parece
vai chover no meu jardim
Depois que você me deixou nunca mais choveu em mim
Como esquecer todas as noites que a gente se amava sem pensar
Não tinha luz fazia frio e a chuva nos molhava.
Chove chuva, chove
vem lavar esta saudade.
Leva do meu peito as lembranças que me invadem
Chove chuva, chove vem lavar esta saudade.
Lava do meu peito as lembranças que me invadem
Por favor.
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