Lendas Escoteiras.
As aventuras de Maria Alice, da Patrulha Morcego e o misterioso
povo cigano do Rajastão.
Maria Alice era uma Escoteira sonhadora. Adorava ler e viver os
personagens em sua mente infantil e criativa. Um dia ela leu um belo conto em
um livro sobre como viviam os ciganos. Seus amores, suas viagens sem nenhum
destino. E onde havia um céu eram suas moradas. Ela ficava imaginando como
devia ser suas vidas, pois não tinham endereço fixo, documentos, contas em
banco, carteira assinada e nem história. Ela sabia que poucas pessoas tinham
respeito por eles. Muitos tinham preconceitos e ignorância, alguns medo e
fascínio. Sabia que muitas injustiças tinham sido cometidas e que mesmo assim
eles se sentiam felizes e alegres ao logo de suas intermináveis jornadas.
Naquela quinta estavam em reunião de Patrulha na casa de Mirian a submonitora.
Sempre faziam uma vez por semana.
Estavam a discutir o acampamento de verão. Seria de cinco dias. A Chefe
Marilda pediu sugestões. Iriam todas as três patrulhas e próximo onde ficariam
ia acampar também a tropa Escoteira. Eles também estavam em três patrulhas.
Muitas atividades em conjunto estavam programadas, mas elas teriam liberdade
para que fizessem as suas sem interferências. Onde estava Maria Alice? Nunca
aconteceu isto. Ela não faltava nunca, pois era a escriba e não poderia faltar
com seu livro de atas. Ligaram para sua casa e nada. Sua mãe não sabia onde
estava. Tiveram que fazer a reunião sem sua presença. No sábado, dois dias
depois a cidade em polvorosa. Onde estaria Maria Alice? Ninguém sabia. Procuraram
em todo o lugar e nada. Todas as patrulhas, todos as matilhas, chefes e pais
estavam a procurar e vasculhar em cada canto da cidade.
Alguém tinha dito para Maria Alice que viu no alto da Aldeia do Cão, um
acampamento de ciganos. Não deu outra. Mesmo já escurecendo ela pegou sua
bicicleta e sozinha foi até lá. Quando avistou se escondeu atrás de um tronco
de uma seringueira. Ficou admirava com tudo. Duas grandes barracas coloridas,
duas carroças grandes com toldo fechado e adultos e crianças andando para lá e
para cá. Maria Alice se esqueceu da Reunião de Patrulha. Estava hipnotizada com
o que via. Lembrava-se de tudo que leu sobre eles. Claro que muitos diziam que
o que falavam deles eram suposições. Como não havia documentos nada se poderias
provar. Os ciganos nunca deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas
origens. Quando morrem em suas jornadas pela terra, eliminam os pertences dos
falecidos dificultando o trabalho de pesquisa ou lembrança. Maria Alice estava
absorta e não viu alguém sorrateiramente chegando atrás dela. Sentiu o lenço e
o cheiro forte. Desmaiou na hora.
A
Patrulha Morcego não esmorecia nas buscas. Tavinha lembrou que tinha dito a
Maria Alice do Acampamento dos Ciganos na Aldeia do Cão. Pegaram suas
bicicletas e correram para lá. De longe avistaram o movimento. Era noite alta.
Eles cantavam e dançavam em redor de uma fogueira. Incrível, Maria Alice estava
com eles. Dançava também. Sorria, batia palmas. Meu Deus pensaram. O que fizeram
com ela? Escondidas e se camuflando com barro e folhas (tinham este tipo de
treinamento) foram pé ante pé e quando chegaram atrás de uma barraca fizeram
sinal a Maria Alice. Ela tentou ir até elas, mas o Maryo filho do Chefe dos
Ciganos viu e não deixou. Fora ele quem raptou Maria Alice. Ele tinha dezesseis
anos e a achou muito bonita. Queria fazer dela sua esposa. Mas Maria Alice era
esperta. Saiu correndo e junto com as amigas da patrulha alcançaram as
bicicletas e conseguiram fugir.
Foram diretos chamar o delegado. Ele com mais dez soldados foram ao
acampamento dos ciganos. Não tinha mais ninguém. Tinham fugido. O delegado
Lourenço ficou pensativo. Eles não eram assim. Ele conhecia o lema do Povo
Cigano. – “O céu é meu teto; A terra é minha pátria e a liberdade é minha
religião”. Sempre os tratou com respeito. Mas devia ter sido um motivo forte.
Conversou longamente com Maria Alice. Eles não fizeram nada com ela. Podia ter
fugido, mas queria aprender. Ela queria saber como era o espírito viajante
deles. Como as mulheres sabiam ler a sorte, e eles faziam lindos tachos de
cobre. De onde tiravam isto?
A
cidade voltou ao normal. Não ouviram falar mais nos ciganos. Maria Alice teve
que contar a todos varias vezes como foi sua vida lá. Ela aprendeu uma lição.
Nunca sair sozinha e sempre andar com mais pessoas. Dizem eu não sei só me
contaram por aí que quando ela cresceu reconheceu o Maryo em uma festa numa
cidade vizinha, se apaixonou e se casou com ele. Foi morar em um acampamento
cigano e hoje correm estradas no sul da França. Espero que Maria Alice tenha
sido muito feliz. Ela foi uma grande Escoteira e merece. Não sei se não
organizou os ciganos em patrulha. Risos. Não sei. Se assim o fez, que ela seja
feliz para sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário