Conversa ao pé do fogo.
Sublimes emoções.
Eu gosto de me emocionar.
Acho que é por isto que sou Escoteiro. Dizem que os Escoteiros são “durões” sem
sensibilidade, indiferentes, duros na sua maneira de agir. Não concordo, acho
que eles são emotivos, gostam uns dos outros, gostam de um belo sorriso, de apertar
a mão, de saudar de cantar e chorar na canção da despedida. Eu gosto de ver a
alegria estampada seja no lobo, seja na escoteira ou na guia. Até mesmo gosto
de um sorriso simples de um Chefe ou uma Chefe escoteira. Gosto de um escotismo
sem imposições, sem burocracia, sem siglas, sem chefões, sem faça o que eu digo
e não o que eu faço. Quem sabe fiz um escotismo assim. Alegre e solto, a
explorar tudo em volta onde nasci e indo até mais além. Sem se preocupar com o “isto
é proibido” é contra as normas, siga o Chefe. Um escotismo onde cantar é um
prazer, onde ver o inicio e o final de pista não me obrigava a voltar ao ponto
de reunião. Não é meu escotismo o que exigem os novos livros e normas de hoje.
Mas porque digo isto?
Porque estou com coração alegre. Porque sem saber vi um escotismo puro, nas
suas palavras, nas suas ações, no seu modo de vida. Como? Podem me perguntar.
Lá estava eu com minha maquininha querida, que jorra um ar gostoso nas minhas
inalações diárias, TV ligada, pois são quase cinquenta minutos de inalação com
a gostosa mascara no rosto, e sem perceber vejo que começa um filme. Aparece
escrito na sinopse que é um filme de Escoteiros e produzido pela Disney em
1966. Porque não ver? Por quê? Por quê? Claro que sim, nós Escoteiros não
podemos ficar a margem quando aparece escrito “Escoteiros”. Agarramo-nos a tudo
que diz do nosso ideal. Inicio sem saber o que ia dar. Aos poucos me jogo na
tela da minha TV. Aos poucos vou entendendo a história. Gosto dela. Passo a
amar tudo que a história conta naquele filme.
Não sai dali para nada.
Depois que a história se explicou e depois que dez ou doze Escoteiros vencem o
Exército americano, de uma maneira que só um Diretor de lá pode contar passei a
me emocionar. Tudo diferente do que se faz hoje. Pudera, o filme começa em 1930
e vai terminar em 1950. Todo ele voltado para os Escoteiros de uma pequena
cidade, cidade que apoia que colabora e que o escotismo é visto como um
importante meio de formação de jovens. Crise financeira? Não há. Pais contra? Também
não há. Outros chefes pisando no pé de alguém? Impossível. Isto não existe no
filme. E o melhor meus amigos e amigas, não aparece por lá nenhum dirigente da
Boy Scout. Nenhum dirigente dizendo como fazer, nenhum distrital para exigir
isto e aquilo. (desculpem os amigos distritais). A cidade vivia em polvorosa
com a meninada a fazer suas “lambanças” e todos queriam fazer alguma coisa sem
saber o que fazer. O escotismo é sugerido. Dizem que já foi tentado, mas não
tinha Chefe que topasse assumir. Alguém assume. Não conhece nada de escotismo. Putz!
Estou contando a história?
E o final? Deus do céu! Meus
olhos encheram de lágrimas. Emocionante. Sozinho na sala chorava baixinho de
alegria em ver toda a cidade aplaudir o Chefe escoteiro. Foram décadas
dedicadas a sua Tropa Escoteira. Meninos crescendo outros jovens entrando. Na
festa apoteótica do final todos os adultos da primeira tropa e das demais
vieram prestigiar. O Governador do Estado também, pois foi um Escoteiro dele.
Existe maior paga ou agradecimento do que isto? Ficção podem dizer. Pode ser,
mas eu acredito que em alguma cidade do mundo possa ter havido uma tropa assim.
Quando o filme terminou foi que vi que não havia mais nada na caixinha de
plástico onde fica os fluídos que respiro com avidez. Bom isto. A maquinha funcionava
sem reclamar. Meu coração batia de alegria. Eu gosto mesmo de ver uma amizade e
um reconhecimento assim. Estranhei por não ver o sistema de patrulhas, mas e daí?
Eu vi muito mais. Eu vi amor, eu vi alegria, eu vi reconhecimento eu vi amizade
e fraternidade.
O filme tem muito mais.
Tem uma história de amor. Tem até um vilão que não foi tão vilão. Tem uma
senhora rica que doa aos Escoteiros... Não vou contar. Se um dia puderem alugar
ou copiar na internet eu sei que vão gostar. Ops! Claro irão gostar os puros de
coração, os que acreditam os que veem no escotismo o amor entre todos. Os duros
de coração não vão gostar. Vão ver erros, vão ver que não se faz escotismo
assim. Hoje o mundo é outro. Eles sabem o que devemos fazer e nos levam pela
mão como se fossemos meninos sem perguntar se é isto que queremos. Pena, seria
tão bom um escotismo alegre e solto como o que vi neste filme. Como aquele escotismo
que fiz há muitos e muitos anos. Tentarão os filósofos, os Chefões dizer que
hoje isto não é possível. Tudo hoje não é possível. Hoje é tudo moderno. Mas se
eu pudesse, se eu tivesse folego, se eu tivesse forças e fosse um jovem
sonhador eu faria um escotismo assim. Ah! Se faria. Moderno? Moderno é saber amar,
saber sonhar e por os sonhos na linha de frente para se tornarem realidade.
Gente! Já ia encerrar o
artigo. Pensei que não precisa contar a sinopse do filme. Acreditei que quase
todos já assistiram. Será? Se não assistiu, veja numa locadora, ou copie aqui
na internet. Mas veja em tela maior. Pois a cidade onde passa a história merece
ser vista em todo seu esplendor. “Fallow me, boys” em inglês, em português Siga-me
rapazes! No Telecine Cult onde vi o nome era outro, “Nunca é tarde para amar”. Baseado
no livro de MacKinlay Kantor tem Fred MacMurray como o Chefe Escoteiro, Vera
Miles, Kurt Russel e muitos outros. É um dos poucos filmes em que Escoteiros são
fundamentais para o filme e é o hino da Disney para os Escoteiros. O título da
canção “siga-me meninos!” fez com que a Boys Scout of America pensasse em usar
a música como seu hino.
- Lem Siddons faz parte de um grupo de viajantes que tem um sonho de se
tornar advogado. Decidido a se acalmar, ele encontra
um emprego como Stockboy na loja geral de uma cidade pequena. Tentando se
encaixar, ele se torna voluntário para se tornar chefe de escoteiros da Tropa
recém-formada por sugestão dele. Tornando-se cada vez mais envolvido com a
tropa de escoteiros, ele descobre que seus planos para se tornar um advogado está
sendo colocado em banho-maria, até que ele percebe que a sua vida foi tudo o
que desejou. Ajudar os jovens da pequena cidade.
Bem chega de falar do
filme. Minha emoção do sábado existiu. Valeu. Espero que vocês também tenham
emocionado muito nas reuniões de hoje.
Mas olhem se não assistiram não deixem de ver. Dizem que tudo que é
muito comentado e elogiado quando conhecido é uma decepção. Espero que não. Bom
filme!
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