Conversa
ao pé do fogo.
Assim
escreveu Baden-Powell.
FRATERNIDADE MUNDIAL.
Os
Indianos chamavam Kim o «Pequeno Amigo de Todo o Mundo», e todos os Escoteiros
deviam esforçar-se por merecer esse nome. O espírito é que conta. A nossa Lei e
Promessa de Escoteiros, quando realmente as pomos em prática, afastam todas as
ocasiões de guerras e lutas entre as nações.
Sempre
que se encontram, um pouco por todo o mundo, os Escoteiros são irmãos. Têm os
seus sinais secretos pelos quais se reconhecem, e são prestáveis e
hospitaleiros para todos. Um Escoteiro seria capaz de te oferecer o que tivesse
de melhor para te dar de comer e para te alojar, mas esperaria tanto que lhe
pagasses por isso como que lhe cuspissem na cara. Um Escoteiro é capaz de
sacrificar a sua vida para salvar o seu amigo ou mesmo para salvar um
estranho... especialmente se esse estranho for uma mulher ou uma criança.
Se
todos os homens tivessem desenvolvido em si mesmos o sentido da fraternidade, o
hábito de pensar em primeiro lugar nas necessidades dos outros, e de
subordinarem a elas as suas ambições, prazeres ou interesses pessoais, teríamos
um mundo muito melhor onde viver. «Um sonho utópico», diriam alguns, «mas não
passa de um sonho, por isso nem vale a pena tentar».
Mas
se, ao sonharmos, nunca estendêssemos as mãos para agarrar a substância dos
nossos sonhos, jamais conseguiríamos progredir.
Com
o advento da boa vontade e da cooperação, as discórdias triviais que têm
dividido as nações cessarão, as classes e os credos deixarão de professar-se
irmãos enquanto agem como inimigos e dividem contra si mesmos a sua própria
casa.
O
Escotismo é uma Fraternidade - um organismo que, na prática, não olha a
diferenças de classe, crença, país e cor, por meio do espírito indefinível que
o anima - o espírito de cavalheiro de Deus.
Irmãos
Escoteiros, peço-vos que façais uma escolha solene.
Existem
diferenças de pensar e de sentir entre os povos do mundo, tal como existem
diferenças físicas e de línguas. A guerra ensinou-nos que, se uma nação tentar impor
a sua vontade particular às outras nações, uma cruel reação seguir-se-á
inevitavelmente.
O
Jamboree ensinou-nos que, se exercitarmos a tolerância mútua e o hábito de
fazermos concessões recíprocas, então haverá compreensão e harmonia. Se for
essa a vossa vontade, partamos daqui totalmente decididos a fomentar essa
camaradagem entre nós e entre os nossos rapazes, através do espírito
mundialmente espalhado da Fraternidade Escoteira, para que possamos ajudar a
desenvolver a paz e a felicidade no mundo e a boa vontade entre os homens.
Irmãos
Escoteiros, respondei-me. Unir-vos-ei a mim neste propósito.
Como
Deus deve rir-se perante as pequenas diferenças que nós, homens, erguemos entre
nós sob a camuflagem da religião, da política, de patriotismo ou de classe,
esquecendo-nos do maior de todos os laços - o da Irmandade da Família Humana!
Queremos
que a próxima geração veja mais longe, e que olhe os outros como irmãos, filhos
de um único Pai, em todo o mundo, qualquer que seja a crença ou a cor, o país ou
a casta de cada um.
Com boa
vontade e cooperação, as nações estender-se-ão e os políticos descobrirão que
já não é possível arrastar para a guerra povos que se encaram amistosamente.
Descobrirão que o que conta é a vontade dos povos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário