Conversa ao pé do fogo.
Baden-Powell – Cidadão do mundo.
O segredo de meu sucesso na vida
sempre foi à influência de minha mãe. A maneira pela qual aquela extraordinária
mulher conseguiu educar-nos, sem que nenhum de nós tenha sido um fracasso; e a
maneira pela qual não sucumbiu à ansiedade e às tensões de toda ordem escapa a
minha compreensão.
Não somente, apesar de ser viúva e
pobre, conseguiu alimentar-nos, vestir-nos e educar-nos, Foi sua influência que
me guiou pela vida afora muito mais do que quaisquer preceitos ou qualquer
disciplina aprendida na escola. B.P
Apesar de não ter tido a
orientação de um pai, sendo o sétimo filho homem, gozava de bom treino durante
as férias, em companhia de meus irmãos mais velhos. Todos eles tinham bem
desenvolvido o instinto esportivo e eram bons camaradas entre si, nadadores de
primeira classe, jogadores de futebol, remadores, etc. Todos sabiam imaginar e
executar o que fosse preciso para substituir o que não podiam comprar, chegando
mesmo a construir um barco.
Fazíamos nossas próprias
cabanas, nossas redes de pesca ou de caça de lebres e pássaros, e assim
pegávamos e assávamos nossa comida para satisfação nossa em geral e de nossos
estômagos em particular. Tudo isso era muito bom para mim. Foram um aprendizado
de valor inesgotável pela minha vida afora, aprimorando a formação de nosso
caráter.
- No meu tempo de menino, em Charterhouse,
fora dos muros, havia o “Bosque”, longo terreno arborizado, no flanco de uma
colina, estendendo-se por mais de uma milha ao redor dos campos de recreio. Era
aí que costumava passar longas horas imaginando ser caçador e escoteiro.
Arrastava-me cuidadosamente pelo chão, procurando rastros e tentando me
aproximar de esquilos, coelhos, ratos e passarinhos, a fim de observá-los.
Fazia armadilhas e quando conseguia pegar um coelho o uma lebre (o que não se
dava frequentemente), aprendia penosamente, por experiência própria, a
tirar-lhe a pele, limpá-lo e assá-lo. Assim, sem o saber, fui adquirindo um
tipo de educação que mais tarde seria de grande valor para mim.
Esses conhecimentos iniciaram em
mim o hábito de reparar em pequenos detalhes ou “sinais” e de tirar conclusões,
em outras palavras o hábito inestimável da Observação e da Dedução.
Outros pensamentos de Baden-Powell.
- Queremos que nossos homens
sejam homens, e não cordeiros. E na grande proposição da Paz Internacional,
tenho para mim que antes de abolir armamentos, antes de se fazer tratados de
paz, antes de construir palácios para os delegados das nações se reunirem, o
primeiro passo é a formação de todas as novas gerações – em cada nação –
guiadas por um absoluto sentimento de justiça. Quando os homens tiverem como
instinto na condução das tarefas da vida, olhar as questões com imparcialidade
de ambos os lados antes de se tornarem partidários de um deles, então, ao
surgir crise entre duas nações, estariam naturalmente mais dispostos a
reconhecer a justiça de cada caso e adotarem uma solução de paz. O que é
impossível enquanto seus espíritos estiverem acostumados a entrar em guerra
como único argumento.
No movimento escoteiro temos a nosso alcance grandes oportunidades para
introduzir treinamento prático em justiça e honestidade, como jogos e
competições de campo, e através de arbitragens, cortes de honra, ensaios e
debates na sede.
Nota: Indiscutivelmente,
Baden-Powell desempenhou um papel singular, não apenas como Fundador do
Movimento, mas também como seu líder e inspirador. A isto pode-se acrescentar o
seu profundo entendimento dos problemas, necessidades, e aspirações do jovem e
de sua capacidade para tornar os sonhos em realidade. A promessa e a lei escoteira,
conforme o texto original de B.P, escrito em 1907-1908, no livro Escotismo
para Rapazes, representa todo um corpo de valores morais, éticos e
nacionais, que eram esperados de um cidadão participativo e útil a sua
sociedade, na época em que foram escritos tais princípios.
Nota de rodapé: - O nosso principal esforço é atrair os
jovens e colocá-los em um caminho correto para o sucesso em sua vida, nos
empenharmos para equipá-los – especialmente os mais pobres – com “caráter” e
habilidades manuais para que cada um possa pelo menos ter um trabalho. Se após
isto ele fracassa, então é sua culpa e não daqueles que estão em posição de
ajudar nossos irmãos menos favorecidos, como acontece atualmente. Baden-Powell.
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