Osasco, 05 de
janeiro de 2017.
Prezado e querido amigo
Baden-Powell.
Uma ótima tarde para você
aí no céu.
Se não me engano, esta é terceira
carta que escrevo a este mestre que tenho muito carinho. Sei que as respostas
só as conhecerei quando estivermos juntos em sua estrela aí no céu. Afinal sei
que a vida é uma sucessão de fatos onde aprendemos na Escola da Vida como
caminhar e aprender com os próprios erros. Se não me engano o Senhor disse isso
em um dos seus comentários no livro Rastros do Fundador. Olhe eu não li, mas
copiei um PDF em inglês e estou traduzindo pelo Google já que de inglês eu não falo
“bulhufas”.
Sabe meu amigo Mestre, não tenho
nada novo para contar. Afinal seus amigos mais elevados espiritualmente que eu
já devem ter contado tudo que vem acontecendo aqui na terra. Ando “tropeçando”
contando os dias que irei partir para minha caminhada nas estrelas. Já não
posso mais fazer minhas jornadas, minhas aventuras em cima do meu cavalo de aço
(bicicleta) correndo por trilhas ou estradas de terra aventurando no
desconhecido. Já não posso mais viver longas noites nos picos distantes, nos vales
profundos, nas travessias de rios caudalosos, e ficar horas vendo a partida do
sol e a chegada das estrelas brilhantes nas belas noites de acampamento. Tudo
ficou para trás. Agora só lembranças.
Sei meu Mestre que ainda tem
muitos escoteiros sonhadores como eu, que dão tudo para uma aventura como as
que eu fazia antigamente. Mas Mestre hoje não dá mais, a idade chega e a gente
vai ficando cansado vivendo encostado para não cair. Infelizmente Mestre tem
ainda aqueles que chegam para escoteirar e se decepcionam com os homens que lá
estão a dirigir. Tem de tudo, tem Chefe dono da verdade, tem Chefe que só quer
poder, tem Chefe ocupado e tem o Chefe que só pensa “naquilo”. Ops Mestre,
quando digo naquilo é seu sonho para ser um Grande Chefe, melhor que o senhor,
que inventa faz e acontece querendo provar no imaginário que um dia sonhou e
todos sabem que não vai dar certo.
Ando escrevendo muito ao seu
respeito. Sou diferente de muitos Escoteiros hoje considerados Vovô Escoteiro,
que sabem sim discordar, dizem do seu tempo, mas onde estão ensinando? A quem?
Um cursinho? Mestre, até que eu gostaria de ajudar assim como eles, mas tenho
outro tipo de luta, aquela de tentar acordar os que foram subjugados por uma ideia
que não é a sua. Eles mestre são guiados pela ponta do nariz e nada vem adiante
e tem muitos que parecem o seu gansinho quando disse: “Tem gente que é um
gansinho no modo que vai atrás, dos outros que vão à frente – nem sabe para
onde vai”... Nas pisadas do pai ganso, vai pisando o filho atrás! Ele nunca
fará nada que não tenha feito o pai!
Vez ou outra Mestre tento
escrever o seu modo de pensar. Opa! Ainda não cheguei lá, quem sabe estou vendo
pela metade, e sua pura verdade é contada de outra maneira, mas Mestre, nunca
digo asneiras só aquilo que li e aprendi com meus 77 anos de vida. Tem hora que
dá vontade de parar, de escrever de mostrar o verdadeiro escotismo que
acredito. Mas quem se importa Mestre? Sua filosofia pelo menos foi implantada
no cérebro da maioria, mas os nossos lideres atuais aproveitaram para uma
lavagem cerebral, onde o cérebro obedece, onde aproveitam para implantar
mudanças de pensamento e atitude. Uma reeducação visando mudar as crenças
filosóficas do escotismo que eles acreditam.
Sei que falar assim é enfiar a
mão no vespeiro e os defensores se multiplicarão para dizer que sou atrasado, um
velhote senil que não vê a modernidade, um dinossauro do tempo que devia pegar
a diligência do além e partir para nunca mais voltar. É Mestre, eu não devia me
meter com o excelente escotismo praticando hoje. Sabe Mestre não estou “galhofando”,
nada disso. Muitos comentam que fazem o escotismo moderno, mas sem esquecer as
raízes. Mestre infelizmente os novos lideres não ouvem ninguém. Eles tem agora
a percepção de como fazer escotismo baseado nos estudos dos grandes filósofos
mundiais da atualidade, e dos novos pensadores e pedagogos que estão surgindo
aos montes no escotismo. Acham que o método seu deve ser guardado no fundo do
bornal.
Olhe meu querido Mestre, não
vou ficar aqui choramingando, reclamando como uma mala velha que se abriu no
meio da estrada da vida e tudo que construiu o vento levou. Até mesmo nem sei por
que ainda continuo batendo na mesma tecla, mostrando em contos, em história, em
artigos tolos, enganosos para alguns, colocando letras e sinônimos, sem esquecer-se
dos antônimos, formando palavras de escotismo do campo, de amizade, de
patrulhas formosas, saudosas do escotismo que acreditava fazer.
Eu meu caro Mestre não guardo
rancor. Tento passar a todos que se colocam como irmão escoteiro, atrás destas
paginas brancas do computador, que o escotismo é de todos, não tem dono. Basta
seguir a trilha que o Mestre nos Deixou. Tento não ser egoísta, individualista
e meu exemplo é de respeito, de ouvir opiniões de ser amigo, de não ficar
questionando a maneira correta do escotismo que fiz e se ele foi o que sempre
acreditei que deveria ser.
Meu fraterno Abraço Mestre. Não
vai demorar muito para abraçá-lo pessoalmente... Se me for possível. Acredito
que é um espírito superior e que sua morada fica bem perto onde está o Criador.
Quero ouvir suas histórias de Mafeking, de suas aventuras na Africa dos seus
sonhos e no que acreditava ser melhor para o mundo de hoje. Lembranças a Senhora
Olave, aos queridos amigos que fizeram o belo escotismo ao seu lado, aos Chefes
de Campo de Gilwell Park que um dia irei conhecer. Até mais e meu Sempre Alerta
para Servir!
Chefe Osvaldo Ferraz,
vulgo Vado... Um Escoteiro!
nota: -
Ações falam mais alto que palavras e um sorriso denuncia: - Gosto de você. Você
me faz feliz. Estou satisfeito pôr vê-lo. Um sorriso insincero? - Não, este não
engana ninguém. Todos nós somos capazes de conhecer quando ele é forçado! Do
livro Caminho para o Sucesso de Baden-Powell. Minha terceira carta a
Baden-Powell. Tirada da minha imaginação. Uma maneira de dizer o porquê ele foi
tão importante em minha vida. Bem vindos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário