Conversa ao
pé do fogo.
Classes,
gêneros ou castas no Escotismo.
- Tenho um artigo
escrito há muitos anos dissecando as castas no escotismo. Alguns dizem que elas
não existem... Será? O escotismo atrai, tem um programa fantástico seja para
jovens e adultos. Afinal nos denominam irmãos escoteiros, sangue do mesmo
sangue, fraternidade sem fronteira. Quem não se sente atraído? E quem criou
tudo isso? Ele Baden-Powell em Brownsea onde tudo começou. Foi lá que o escotismo foi formado na mais
sublime forma de homem-menino onde o respeito, a camaradagem e a humildade no
trato com os jovens aprendizes de escoteiros fez do escotismo um êxito mundial.
Carregando nas costas o título de Tenente General do Exercito Inglês, herói
aclamado pelo famoso “Cerco de Mafeking, aplaudido pelos escoteiros como
Escoteiro Chefe Mundial, recebeu do rei Jorge V a honra de ser elevado a barão,
sob o nome de Lord Baden-Powell”.
Apesar das dezenas de
condecorações e elogios BP acreditava na camaradagem e na fraternidade mundial
Escoteira. Seus livros fizeram tanto sucesso que um deles “Escotismo para
Rapazes” tornou-se um Best-seller mundial. “Ninguém jamais esqueceu suas
palavras no primeiro Jamboree em Olímpia na Inglaterra: - Irmãos Escoteiros
peço-vos que façais uma escolha solene”, existem diferenças de pensar e de sentir entre os
povos do mundo, tal como existem diferenças físicas e de línguas. A guerra
ensinou-nos que, se uma nação tentar impor a sua vontade particular às outras
nações, uma cruel reação seguir-se-á inevitavelmente. O Jamboree ensinou-nos
que, se exercitarmos a tolerância mútua e o hábito de fazermos concessões
recíprocas, então haverá compreensão e harmonia. Se for essa a vossa vontade,
partamos daqui totalmente decididos a fomentar essa camaradagem entre nós e
entre os nossos rapazes, através do espírito mundialmente espalhado da
Fraternidade Escoteira, para que possamos ajudar a desenvolver a paz e a
felicidade no mundo e a boa vontade entre os homens.
Noto com pesar que estão
surgindo uma nova casta no Escotismo Brasileiro. Dizem que no escotismo atual isto
é real. Não sei se isto acontece no âmbito internacional. Nas redes sociais,
nos grupos, distritos regiões e na Nacional a uma corrida entre adultos no
intuito de alcançar um melhor status na graduação escoteira, fazem questão de
criar seus “feudos”, reunindo os “iguais” os honoríficos, os pertencentes à
casta dos Insígnias de Madeira. Se antes era uma certificação de estar bem
preparado para formar os jovens dentro dos princípios de Baden-Powell hoje para
alguns nada mais é que ser “o melhor” “o mais adestrado” um novo príncipe do
Escotismo Brasileiro. Participar do primeiro Grupo de Gilwell para uns poucos se
tornou uma obsessão. Eles criam grupos com suas conquistas, seja os IM, Formadores,
e outras tantas que os mais afoitos fazem questão de estar unidos num mesmo
ideal. Num mesmo ideal? Adianta ser amigo de um e sentir de maneira diferente
para aqueles que não tiveram a sorte de estar solidamente na mesma função, no
mesmo patamar burocrático cuja única preocupação é estar com seus jovens, em
uma tarde de sábado a escoteirar?
Se foi BP quem escreveu
não sei: - Chefes não sejam arrogantes, sejam humildes, lembrem-se que aqui na
terra ninguém é melhor que ninguém e todos nós temos qualidades e defeitos.
Jamais seremos perfeitos. Respeitando nosso semelhante seremos respeitados. Acho
que são Palavras de Chico Xavier. Ainda leio o que ele escreveu: - Um dia
desses iremos embora daqui. A terra é somente uma passagem. Daqui só iremos levar
nossas boas ações. Que adianta um caixão de primeira categoria se o resto é
tudo igual e ele vai apodrecer com o tempo? Sei que muitos criadores de grupos
e páginas onde os pronomes substantivos abundam, não o fizeram por mal. Mas
será que isto não criou ou está criando classes entre chefes e dirigentes
escoteiros? Será que aquele herói subtenente do regimento que formou a célebre
“Carga da Cavalaria ligeira” da Guerra da Crimeia apoia tal ação?
No escotismo devemos
ter como meta a preparação e o conhecimento para doar aos nossos jovens o que
temos de melhor. Títulos e Condecorações fazem parte do crescimento, nada mais
que isso. Muitos costumam se declarar especialistas em escotismo. Sorriem
quando os mais novos ficam admirados, quem sabe sonhando em
ser um igual. Determinam as nornas, são disciplinadores, fazem admoestações e
definem onde cada um deve pisar. Isto não serve para todos. Alguns ficam nauseados
com tamanha idiotice e sorriem ao ver tamanha mediocridade. Ver tais ações em
grupos, distritos, regiões e na nacional é patético para não dizer dramático. Assistir
a esse espetaculo de alguns voluntários que se acham em condições de liderar
adultos, de se intitularem catedráticos na causa escoteira para alguns como eu
é de uma pobreza sem limite. Às vezes tem figuras tão bizarras que dá vontade
de rir. Estamos no caminho para o sucesso? Existe uma luta surda pelo poder e
quando ele não é conquistado se muda de associação ou cria uma. O agravante do
singnificado do poder encontra-se justamente nas circunstancias em que o
beneficiado nunca encontrou fora do escotismo o que sonhava em ter. Isto não é
só no Brasil. Disseminou por todos aqueles que possuem sua associação
escoteira. Não duvidem. Temos sim no
Escotismo brasileiro e em muitos países, chefes que se julgam o melhor.
O passado não é melhor que o presente. Leio Sócrates dizendo: Sábio é
aquele que conhece os limites da própria ignorância. Fico imaginando se
fossemos um movimento Profissional com todos os adultos regiamente pagos. Nesta
hora me assusto. O poeta me aconselha: Precisar dominar os outros é precisar
dos outros. Disciplina se consegue com amor, responsabilidade, dever e amizade.
Somos um movimento educacional e nele não cabe a Sede
de poder, de estar acima dos outros, em vez de se igualar e dar oportunidade
aos outros de ser iguais ao que somos. Parece inverossimel esta equação nas redes
e nos privilégios que o escotismo erroneamente oferece. Amo a simplicidade, o
sorriso e o abraço. Não precisamos neste belo movimento nos movimentar para
sermos o melhor o superior hieráquico o Grande Chefe, que às vezes é baixinho e
sabe sorrir como ninguém. Apesar da minha vivência escoteira não me considero o
melhor, o sabido o arcanjo enviado por Deus. Ainda acredito que a fraternidade
o respeito e a humildade é o melhor caminho para preparar-mos os jovens que
acreditam em nos!
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