Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Ser franco...
Para sempre!
... - Escotismo... Onde
estás que não te vejo, onde estás que não te ouço, onde estás que não consigo
te chamar, por favor, Deixe-me entrar nos meus sonhos, para nunca me esquecer
de você... Jamais!
- Quando envelhecemos
aprimoramos nossa autoanálise, vemos a sinceridade e a lealdade de outra forma.
Queremos ser franco, podemos? Tenho dúvida, podemos deixar um rastro de
desconfiança e duvida pelo caminho. Um poeta disse que somos francos com os
outros na medida em que não dependemos deles nem lhes damos importância. E
outro completa; “A primeira lei da natureza é a tolerância; já que temos todos
uma porção de erros e fraquezas”. Quanto eu penso em ser franco com o que vejo
ouço e falo me recolho a minha insignificância. Tento na medida do possível ser
como os três macacos sábios, eles sabiam cobrir os olhos, ouvidos e boca! O Provérbio
“não veja o mal, não ouça o mal, não fale mal” é conhecido, conforme o dito
popular e serve como regra de ouro para explicar que promover a harmonia entre
pessoas significa: “Não faça aos outros aquilo que você não gostaria que
fizessem a você”.
Sou um escoteiro a moda
antiga. Quase entrando nos meus 79 anos sou fiel a minha maneira de ser. Quando
me dizem que o mundo mudou eu pergunto ao meu espelho: - Que mundo meu? Mundo
da deslealdade, onde dissimulados e partífice estão aí a fomentar o contraditório
que sempre acreditei? Mas se tento expressar o que sinto alguns se retraem,
outros vem com figurinhas e uns poucos se prendendo ao que ouviram leram ou
então o que sabem fazer. Sejamos francos. Todos nós abominamos a franqueza.
Sair por aí a dizer o que pensa é criar ranços, azedume que não trás nada de benéfico.
Tenho de me calar e aceitar. Se criam uma nova maneira de fazer escotismo, se
abominam o garbo, se querem ser donos do poder, se tratam os mais novos com superioridade
desmedida, se pensam em ficar em um pedestal para serem admirados, atrás de um
atributo de um dote que não possuem nada posso dizer nem mudar. Ai vem os três
macaquinhos: - Meu Chefe é melhor cobrir os olhos, ouvidos e boca.
Querem uma medalha? Querem
ser o escoteiro que não foram? Querem poder nas hostes da associação? Querem
ensinar sem ter nenhuma experiência pessoal? Querem mostrar seus certificados,
fotos dirigindo e na frente de sua sessão ser o tal? Onde está à modéstia, o
orgulho de estar preparado para ser irmão exemplar de seus jovens, de viver com
eles como eles e os deixando expressar o que pensam e o que gostariam de fazer?
Tapo os olhos, mas não consigo tapar os ouvidos. Consigo fechar a boca para não
ser mais franco do que deveria. Quanto tempo labutando nas hostes escoteiras, amando
cada passo, cada nova amizade, cada nova jornada, respirando ar puro, envergando
meu uniforme com orgulho, mesmo sabendo que serei visto pelas arvores, pelos pássaros
e pelo vento. Diz alguém que não diz seu nome, atrás de pseudônimo que o
Escotismo que Queremos é o que estamos a fazer. Cumprindo normas, ser
disciplinado, pensando em ajudar para melhorar a juventude do Brasil. Certo,
até “certo ponto”.
Mas continuar me expressando
muitos irão dizer que estou amargo, azedado e assim continuar é chover no
molhado. Estou navegando com velas soltas, sem cordas para amarração e deixando
as ondas e o vento me levar. Dizem que nos agrada a franqueza dos outros que
nos apreciam. No entanto a franqueza dos outros chamamos de insolência e
desaforamento. Melhor mesmo é se fechar sorrir e dizer tudo bem, o vento está
calmo, as nuvens são brancas, o ar é respirável e o céu é de brigadeiro. No caminho
a seguir vamos cantar o Rataplã! Envelhecer dizem é adquirir sabedoria, sapiência
experiência e compreensão. Pensar que a franqueza não consiste em dizer tudo
que se pensa, mas em pensar tudo o que se diz seria o melhor ensinamento. Há
tanta coisa para dizer, para enxergar e ouvir que faço na minha lembrança os
gestos de Kikaru, o macaco surdo, Mizaru o macaco cego e Iwazaru o macaco Mudo.
E seja o que Deus quiser! Bons caminhos e bons ventos!
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