Um
tesouro que se evaporou
Esta
historia aconteceu há muito tempo. Se não me engano foi em 1971. Um Conselho
Regional (hoje Assembleia) em uma cidade no interior de Minas famosa por suas
igrejas, ruas com calçadas rusticas, casas de mil e setecentos, uma linda cidade.
O Grupo Escoteiro de lá foi nosso anfitrião. Fui lá algumas vezes para juntos
fazermos o programa, pois as inscrições até então demonstravam que iriamos ter
mais de trezentos participantes. Eles conseguiram em um mosteiro próximo,
alojamentos e inclusive refeições por um preço módico que foi coberto pela
prefeitura local.
Naquela
época os Conselhos eram sempre cheios de atrativos. Tínhamos sempre aos sábados
uma noite dançante (após o encerramento dos trabalhos) e se tornou uma tradição
o grande jogo que sempre realizávamos no sábado à tarde. Desta vez deixamos
para o "Chefe" de grupo de lá, a responsabilidade, pois ele me
garantiu que tinha um bem bolado na “ponta do nariz”. Era conforme ele disse um
Grande Jogo tipo caça ao Tesouro. Além da busca teríamos oportunidade de
conhecer a cidade nos vários aspectos turísticos, pois o tempo reservado para
isto não existia em nosso programa.
Separamos
por Patrulha de seis o que deu mais de quarenta patrulhas. Cada uma foi
informada por uma “Carta Prego” como seria o grande jogo. Uma pista na própria Carta
levaria a pista numero dois e assim por diante até a última (a sétima). Todas as
pistas foram colocadas em igrejas e museus e olhe, não era fácil interpretar o
que deram como pista principalmente não conhecendo a cidade e seus monumentos históricos.
Claro que foi liberado a consulta com moradores e por duas horas várias
patrulhas conseguiram chegar na quinta. Na sexta somente quatro.
E onde
estava a pista sete? No local determinado nada. Procura daqui e dali e foi
chamado o "Chefe" de grupo que viu a sua responsabilidade de pessoa
séria cair por terra. Deixou esta pista com um pai de lobinho e correu a casa
dele. Descobriu que tinha ido para sua fazenda que não era tão longe. Quando lá
chegou o tal estava bêbado, tão bêbado que não conseguia falar e com todas as
pistas que deveria ter deixado lá no bolso. Mas ele não tinha escrito onde
estava o tesouro. Não escreveu nada. O jogo foi encerrado. Uma desilusão dos
afoitos que conseguiram ir até a sexta pista. E o tesouro? Existiria? O que
seria?
Fiquei
sabendo alguns meses depois que em um domingo de Ramos, a igreja cheia, o bispo
que celebrava a missa resolveu usar a “ambula ou cibório” maior devido ao
grande numero de fieis que iriam comungar. Nem olhou, pois deduzia que ela
teria hóstias suficientes para todos. Na hora, quando ele abriu a tampa e
enfiou a mão para pegar a primeira, viu que lá tinha muitos saquinhos bem acondicionados.
Depois da missa abriu os saquinhos e viu que cada um tinha pedras preciosas sem
muito valor (naquela época, hoje valem muito) e ficou encucado.
O "Chefe”
do Grupo informado a respeito procurou o pai que tinha esquecido onde deixou o “tesouro”
e agora lembrava. Dentro da “Ambula ou Cibório” da principal igreja da cidade.
Pena que não houve final no grande jogo. Seria um presente e tanto para a Patrulha
vencedora. Mas acho que valeu. O jogo não teve final, mas teve história.
Mimeografei e mandei a todos os participantes para que conhecessem o final do
jogo do Tesouro Misterioso que não houve.
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