Cerimonias escoteiras.
A bandeira, em
saudação!
O Chefe
responsável pela cerimonia de abertura estava impecável em seu uniforme social.
Ali, todos tinham seus dois uniformes (a chefia) e o usavam conforme a ocasião.
- Tinha em suas mãos a trombeta (tipo berrante) cuja tradição era imutável. A
formatura era de responsabilidade da Sessão de Serviço. Esta constava na escala
feita no inicio do ano, em forma de revezamento. Na reunião anterior, já haviam
treinados para evitar qualquer gafe, pois a cerimonia em sua apoteose não cabia
erros. O hasteamento, a oração, sempre marcava profundamente. Era uma tradição
e todo o Grupo mantinha respeito, garbo e boa ordem. Também nesta oportunidade,
todos aqueles que tivessem “tirado“ suas provas de eficiência ou classes, assim
como suas “estrelas” de atividade iriam receber na Grande Ferradura, um marco
na vida escoteira de cada um.
- A família
Escoteira tem o direito e deve assistir o crescimento dos seus membros. Assim
dizia o Diretor Técnico, um antigo Escoteiro que começou no grupo como lobinho.
Tenho pena de certos grupos, onde os jovens de cada sessão são eternos
desconhecidos entre si. Muitos deles, principalmente os adultos, se prendem
como correntes nas atividades de fim de semana e esquecem-se de si próprios! -
Da maneira como fazemos não. Obedecendo criteriosamente aos horários
estabelecidos não é sacrifício para ninguém. Muito pelo contrário, uma alegria
contagiante acontece em todos os sábados.
Realmente,
naquele dia todos sentiam a pujança do Grupo Escoteiro. Eram os pais, o
vigário, antigos escoteiros que ali se lembravam do seu passado e viam com seus
próprios olhos o crescimento de mais alguns que seriam como eles no futuro.
Este era o Escotismo, uma verdadeira escola de formação do caráter. E como
dizia o nosso querido BP, o que é mais importante! - O resultado, claro.
O Grupo sempre
insistia na entrega de Insígnias para Escotistas e até algumas condecorações
dentro da reunião do Grupo. Claro, ressalvando aquelas especiais como medalhas
de alto valor. - Quem sente mais orgulho em saber que um dos seus membros foi
outorgado com concessões e recompensas, ou mesmo condecorações do que aqueles
que estão vivendo o dia a dia junto a eles? O Dirigente da atividade já
posicionado aguardava a chamada de cada sessão, pôr um assistente designado.
Logo em seguida viria à apresentação de cada uma e pôr fim o inicio da
Cerimonia. O mastro em forma de T, com três bandeiras já estava pronto. As
bandeiras posicionadas conforme manda o manual. Neste sábado, a Tropa Sénior
estava de serviço. Pronta à chamada, e apresentada à sessão, os seniores
responsáveis pelas bandeiras são chamados. Cada um se orgulha em estar ali
naquele momento. Cada um sente a responsabilidade daquele ato. Há uma faísca
elétrica no ar. Ninguém treme. São Escoteiros. Estão sempre Alerta. Não há
duvidas. Não vai haver falhas na cerimonia.
Eu e mais um
Escotista do Grupo fomos buscar um antigo Escoteiro, um dos fundadores que ia
ser homenageado. Mais de 90 anos e sempre presente. Ele nos esperava já uniformizado.
Podíamos apreciar o garbo presente - Sapatos pretos bem engraxados, meiões
cinzas dentro dos padrões com dobra de quatro dedos e listas retas. Calça curta
bem passada com vincos. O Metal do cinto polido e correia engraxada. Camisa bem
posta e todos os botões abotoados. Anel e contas (Colar da insígnia)
impecáveis. O Chapéu, Ah! O chapéu. Era de fazer inveja. O antigo escoteiro não
dava motivos de críticas e só exemplos. - Você conhece um escoteiro pelo
uniforme - Dizia ele. Quem não tem garbo, não tem nada. Ou você é ou não é.
Simples. Muito simples. Faz parte do caráter! E depois reclamam que ninguém nos
conhece. Como? Mal uniformizado? Carrancudo, fisionomia carregada, tez um pouco
amarelada, deixou que o ajudassem a andar até o automóvel. Durante a viagem,
nem um pio. No Grupo todos sabiam que ele estaria lá naquele dia. Uma cadeira
de braços já havia sido colocada próximo a Grande Ferradura. Quando chegamos,
foi aquela festa.
Ele se sentou
rodeado de amigos. Jovens, Escotistas, pais. Todos o queriam muito. Fora ele o
responsável pôr tudo aquilo e nada mais justo do que a recompensa da amizade e
consideração. Brincadeiras, abraços, conversas ao pé do ouvido. Aos poucos sua
“Carranca“ foi desaparecendo. Era o remédio que ele “receitava“ para todos e o
efeito era imediato. O Diretor Técnico passou o comando para o Chefe Sênior. A
Patrulha de Serviço era de sua tropa. O Antigo Escoteiro não conseguiu ficar
sentado. Claudicando e tropeçando em seus calcanhares, cambaleante se levantou
e se dirigiu a ferradura. Alguém tentou ajudá-lo. Ele agradeceu. - O Escoteiro
caminha com suas próprias pernas! - falou. O silencio foi substituído pôr uma
exclamação. Todos olhavam para o antigo Escoteiro. Lá estava ele, ao lado do Presidente
do Grupo e próximo aos pioneiros.
O Chefe Sênior
garboso deu a ordem: A Bandeira, em saudação!
Os jovens
estavam orgulhosos. Os Escotistas, pais e outros Antigos Escoteiros vibravam
com a cerimonia e a “garra“ do fundador que estava ali com eles. Mesmo com
aquela idade, era um exemplo para todos. Alguns como eu em posição de sentido ficamos
com os olhos marejados de lagrimas, lagrimas de alegria. Sentimos como era importante a máxima
de BP - “A verdadeira felicidade, é fazer a felicidade dos outros”! E ela
estava sendo feita. Com uma simples cerimonia de bandeira!
Grupo Escoteiro, “A BANDEIRA, EM SAUDAÇÃO!”.
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