Um poema sem nexo de um
Velho Escoteiro.
Obrigado Senhor por tudo
que me destes por todos estes anos.
“Senhor obrigado por ter
feito de mim um Escoteiro”,
A ser também um mateiro,
mil noites, em campos sem fim.
Por me deixar conhecer a
natureza perfeita, a sua maior obra...
Obrigado senhor por me dar
a visão, por ela eu vi o sol,
Vi a lua, as estrelas e o
firmamento. Doces momentos, obrigado Senhor.
Tudo que me destes fez de
mim o que eu sou. Me deste a água da fonte,
Fez de mim amigo dos
animais, deixou-me andar pelas florestas do mundo,
Conhecer pássaros
coloridos e Gaviões tão grandes que me fizeram sorrir.
Senhor eu agradeço de
coração, pois me deu além do que merecia.
Meu deu o olfato para
sentir o cheiro da terra, sentir o perfume das flores,
Deixou-me rolar em uma
campina florida, sorrindo junto a borboletas douradas.
Eu consegui Senhor só porque sou Escoteiro, senti
o aroma da orquídea,
Nas florestas verdejantes
e tão distantes que um dia explorei.
Eu sei senhor que fui um
privilegiado, conheci a chuva tão doce a me refrescar.
E por ter me dado o tato
eu a pude senti-la em meus ombros, O ribombar e o Estrondo, de uma tempestade
juvenil. Eu tive a benesse, de acariciar
a
Pele de um esquilo, em um
vale colorido quando o sol se escondeu.
Brinquei com os dedos no
dorso, de um Lobo cinzento charmoso,
Que me aceitou venturoso como
irmão de ideal.
Senhor quer alegria maior
do que sentir o vento no rosto?
Sentir o orvalho da
madrugada? O sol nascer e o cantar dos pardais?
A audição que me destes,
deixou-me ouvir os sons da natureza.
Meu Deus que alegria,
ouvir o cantar da passarada, ouvir o trinar do bem-te-vi,
O som da cascata
murmurante, o trovão da cachoeira distante,
O piar da Coruja no
carvalho, ouvir o lenho arder nas noites de fogo amigo. As
Chamas tão vermelhantes,
fazendo o lenho arder e fagulhas subindo aos céus.
O sorrir da meninada a
cantar o Guinganguli, os olhos lacrimosos lembrando,
Da canção da despedida,
cantada em versos sofridos, mas alegres no despertar.
Nada Senhor é mais lindo
que sentir a respiração, ao subir em uma árvore.
A nadar num belo remanso e
ver peixinhos a pular. E Senhor, ver todos,
Meus companheiros, cantantes
alegres e faceiros, infantes lá nas estradas,
A marchar em terras
desconhecidas, e na trilha do alvorecer!
Obrigado mesmo meu Senhor,
por ter me dado o paladar. Estalar a língua no
Almoço e no jantar, feito
pelo meu amigo cozinheiro. Ele um bom Escoteiro,
Não reclama mesmo se o sal
faltar, se tiver picadinhos de folhas rosa,
Se uma formiga no arroz pedir socorro, à gente
a retira e nunca vai reclamar.
Tudo isto senhor será
motivo de glória, pois sabemos que o que fizemos,
E o que somos, irá ficar
na memória e para sempre em nossa história.
Obrigado Senhor, e nesta
passagem de ano, eu nos meus setenta e três anos,
Ainda tenho no coração a
alegria de um menino que nunca deixou de sorrir.
E sonhar. Sabe Senhor, a
graça que me concedeu, de me dar grandes amigos.
Que os outros da minha
idade, possam lembrar com saudade de tudo que aconteceu.
Aceite o agradecimento, de
um Velho Lobo teimoso, que se acha venturoso,
Por ter estado presente em
sua obra tão linda e eu só posso dizer:
Valeu meu Deus. Valeu! Escoteiro
eu sou graças a ti!
Vamos
passando, passando, pois tudo passa. Muitas vezes me voltarei, as lembranças
são trombetas de caça, cujo som morre no vento.
(Guillaume Apollinaire)
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