Crônicas de
um Chefe Escoteiro.
E você? Porque
saiu do escotismo?
Já recebi quase uma dezena de e-mails
de amigos aqui do Facebook onde comentavam sua saída do escotismo. Algumas
foram traumáticas, outras, entretanto foram divergências de egos. Falam
maravilhas da nossa fraternidade, mas será que ela é real? Somos mesmos
fraternos? Cada um tem sua verdade e ser Salomão para dizer o certo e o errado
é muito difícil. Mas sinceramente, só você que já passou por isto pode me dizer
se ainda somos um movimento democrático, onde se aceita opiniões sem
admoestações. Sei de casos que me assustaram, jovens meninos e meninas que
precisavam de ajuda não foram compreendidos nos seus erros isto se houve erros.
Vi casos em que uma Chefe do Grupo deu 90 dias de suspensão a uma menina. Como?
Qual o seu direito em fazer isto? Os pais foram chamados? Foram solicitados a
se manifestarem? Houve Corte de Honra? Discutiu-se em Conselho de Chefes? Foram
a casa deles para saberem melhor o que houve? Afinal se eles têm de estarem presentes na
admissão não precisam na suspensão? Não simplesmente um comunica seco e nem
escrito foi dizendo estás suspenso.
E os adultos? Quando entram é só sorrisos.
Quando acham que podem opinar então começa a divergência. – Aqui mando eu! É voz
comum. Ou então – É melhor se enquadrar nas normas, pois pode ser expulso! – E assim
vai – Ou concorda com tudo ou vá procurar outro lugar! Claro que eles podem
estar errados, mas devemos agir assim? E as tais Comissões de Éticas? Elas
nunca dão resultados para os julgados e tem casos de enviarem após o “julgamento”
uma “cartinha” sucinta. Já ouvi falar de casos de quatro, seis meses até um ano
sem uma simples comunicação. Houve um caso que o “réu” foi suspenso até o
resultado da Comissão e se passaram oito meses. Até que adultos ainda vá lá,
apesar de que acho um absurdo o modo que demitem, suspendem e fazem
patrulhamento ideológico. O que? Isto não existe? Melhor não discutir. Os defensores
se fecharam em um redoma e só veem o que querem ver.
Um amigo me escreveu
dizendo que eu deveria ouvir aqueles que estão saindo e saber seus motivos.
Quem sabe fazer um condensado do que me relataram sem citar nomes e locais. Não
sei se vale a pena, mas se você que está lendo quiser me escreva. Isto ainda
não existe no escotismo. Uma ouvidoria ou quem sabe um Ombudsman (é um
profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa com a função de
receber críticas, sugestões e reclamações de usuários e consumidores, devendo
agir de forma imparcial no sentido de mediar conflitos entre as partes
envolvidas) (no caso, a empresa e seus consumidores). – Chefe! Não precisamos!
Vão dizer alguns. Muitos acham que andamos de mãos dadas, e que um sistema
igual ao nosso traz direitos que poucos têm. Eu calejado no escotismo não vejo
deste modo. São centenas de reclamações. Vocês sabiam que na maioria dos
estados com maior numero de membros registrados, tivemos um bom numero de
adultos que abandonaram as fileiras escoteiras no ano passado?
Quanto aos jovens quantos
são? Quantos saem por ano e porque saem? Será que não existe um motivo para
isto? Procurar culpados não vale a pena, mas ouvi-los vale e vale muito. Isto
nunca foi feito, uma pesquisa séria de quantos deixam o movimento por ano. E
qual a idade média de permanência? Também não sabemos. Mas porque a UEB não se
preocupa com isto? Hoje o que vemos são adultos falando pelos jovens, pensando
pelos jovens e dizendo onde eles devem ir ou fazer. Eu mesmo não tenho dados.
Dizer que x por cento é assim ou assado é invenção dos estrategistas que acham
saber de tudo. Para mim não importa se a cada ano estamos aumentando o efetivo.
Quem sabe um trabalho bem feito para corrigir esta evasão claro, se ela existir
não seria uma fórmula para aumentar ainda mais nosso efetivo.
Já vi alguém dizer que
em cada cinco saem três por ano. Outro que não passamos de cinco por cento a
evasão e muitos acreditando que seus jovens e adultos permanecem por tempo
suficiente para adaptarem em suas consciências o que pretendemos dar a eles
através do programa Escoteiro. Paro por aqui, teria mais e mais folhas para
comentar que nosso efetivo relativamente à população jovem do nosso país só diminui
anualmente. Não é com quinhentos e poucos municípios com uma unidade escoteira
ou até com mais de uma que vamos vencer os outros cinco mil que não tem.
Gostaria muito de ouvi-lo, seja você um jovem ou um adulto. Mas me mande um
e-mail, manterei como confidencial e ninguém saberá que você enviou. Conte
porque saiu do escotismo. Se achou que foram errados no seu julgamento, se ouve
ameaças, se ouve patrulhamento ideológico gostaria de ouvi-lo.
Olhe, não sou nenhum “Papa”
na matéria e nem tenho a solução nas mãos e acredite não sou parte da liderança
escoteira e nem tenho poderes para tomar qualquer providencia legal. Mas acho
que é hora de fazer um apanhado real e não fictício como fazem por aí. Não
pretendo fazer deste artigo uma discussão aqui no Facebook. Já conheço de cor e
salteado quando discussões são feitas através dos comentários. Eles não
representam o que todos pensam. Se achar que deve me escreva. Serei um ouvinte
fiel e tudo que disser será quem sabe uma maneira de alerta para evitar que
isto aconteça novamente. Uma vez escrevi um artigo que intitulei – A LEGIÃO DOS
ESQUECIDOS. Chefes que saíram e ninguém mais perguntou por eles. Mais para
adultos, um dia destes volto a publicar. Obrigado.
Meu
e-mail – elioso@terra.com.br
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