A morte da barata.
Conversa
ao pé do fogo.
A
morte da barata.
Esta madrugada eu me levantei lá
pelas três da manhã. Destino? O banheiro da minha morada. Nem bem acendo a luz
e lá está ela. Quieta. Parada, finge-se de morta. Ela parece John Wayne
naquele filme que ele fazia papel de caolho. Fingiu-se de morto na guerra e
conseguiu escapar dos sulistas. Voltemos à história: - Eu a olho e penso: - Mato? Sou um matador?
Quem sabe posso tirar uma de lutador de UFC? Sei não, esta turma só entra pelo
cano. Dizem que todos tem sangue de lutador, pistoleiro e matador ao avistar
uma barata. Coitada, é totalmente indefesa. Tem algumas que correm e escapam
tem outras que se fingem de morta. A coitada quando cai de barriga para cima é
uma piada. Quem vê acha que morreu, mas a danada está vivinha da silva. Truque
Velho já conhecido pelos matadores. A barata é o terror das mulheres. Claro
para alguns homens também. Se você gritar alto – Uma barata! É um Deus nos
acuda. É gente correndo para todo lado. Parece Brasília quando gritam pega
ladrão! Já vi homens fortes, aqueles que se dizem durões, frequentadores de
academia, musculoso, gemer e subir em uma cadeira e ficar tremendo gritando: -
Barata! Barata! Mata! Mata! E veja a pobre coitada. Pequena, indefesa, não
morde e não sabe dar “porrada”.
Ela é noctívaga. Só a noite
dá as caras, pois espera que os humanos estejam dormindo. Afinal elas não estão
no topo da cadeia alimentar e tem de se virar com seus velhos baratos e filhos
baratinha. Tem aquelas que resolvem passear durante o dia, umas idiotas, pois
sem saber estão cometendo haraquiri. Não adianta as donas de casa a deixarem um
brinco. Varrer passar pano, comprar mil e uma utilidades mostradas na TV. Você
mata cem hoje e amanhã aparece duzentas! Elas as perseguidas se escondem nos
canos de esgoto ou no próprio esgoto. Deus do céu! Que destino é esse? Morar no
esgoto e sair para ser morta? Dizem que elas adoram uma cozinha. Restos de
alimentos ou açúcar e quase não bebem água. Os estudiosos separam as famílias
de barata como a americana. (nunca vi, deve ser riquíssima, renda per capita
acima da média e com filhos Marines). Existem a cascuda e a voadora. Esta é
demais. De vez em quando estou com a janela do meu pequeno escritório aberta e
surge uma voando. Levo o maior susto. Deve ser a americana da Air Force saltou
de paraquedas pensando ser o Afeganistão e veio parar na minha janela.
Falam ainda na barata Alemã
e na australiana. Não tem a brasileira? Acho que não. Se tivesse estariam dando
risadas nas cozinhas das plataformas continentais da Petrobrás, aguardando o
pré-sal que de sal só tem dólares. Quem sabe estão na própria cozinha do prédio
enorme na esplanada Santo Antonio no Rio de Janeiro alimentando-se das sobras
da Operação Lava Jato. Mas voltemos a nossa mente assassina. Assassina? Era
apenas uma barata. Pequena coitada. Tentando se esconder e você atrás com uma
metralhadora israelense ou um fuzil AR-15, uma bazuca e não leva um canhão
porque é pesado demais. Bem para não alongar a história da barata Escoteira...
Calma não era Escoteira. Não existe uma barata usando a vestimenta. Já pensou?
Barata com camisa solta, aqueles bolsos enormes que cabem mil baratas e sem
meia? Kkkkkkk. Elas são contra totalmente contra este tipo de uniforme. Uma me
disse que se fosse seria o caqui de calças curtas ainda vá lá, mas preferem
morrer de vassourada ou pé de chumbo (minha mulher mata de chineladas!).
Mas voltemos à barata no
banheiro. Paro na porta, ela para perto do vaso. Eu olho para ela com os olhos
injetados. Ela finge-se de morta. O que devo fazer? Dizem que nós Escoteiros
somos bons para os animais e as plantas, mas a barata não é animal, não é
pássaro e nem peixe. Dizem que é um inseto perigosíssimo. Penso, analiso, somo dois
mais dois, faço uma raiz quadrada de 0,0,3285860. Ainda na duvida se a mando
para a terra dos baratos e baratas e fecho os olhos. Uma pena enorme. Se contar
para a Célia que a deixei viver vou ouvir o que não quero. Levanto o pé calçado
com um chinelo, o levo em cima da barata. Ela imóvel não sabe que vai ser
assassinada. Abaixo o pé sem dó e sem piedade. Um barulho de “trak” se fez. A
barata morreu!
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