Crônicas
de um Velho Chefe Escoteiro.
Memórias
de uma patrulha.
Nonô.
- Sentado no banco embaixo do toldo na
área de refeições, olhava com carinho seu campo de Patrulha. Ele sabia que ali
era a extensão de sua casa e tinha a obrigação de dar todo o conforto para
viverem no acampamento sem ostentação. Como Monitor sabia que tudo ali fora um
trabalho de equipe, onde cada um deu seu aval e agora poderiam viver por três
dias com se estivem em casa. Cada um mereceu pelo trabalho que fez. Ele se
orgulhava da Patrulha Tigre. Sabia que mais seis meses iria para Sênior,
deixaria muitos amigos, mas ele havia os preparado para fazer a patrulha andar
mesmo sem ele. Viu ao longe Marcus pescando no lago. Sabia que boa coisa iria
acontecer.
Marcus.
- Ele gostava de pescar. Aprendeu com
seu pai e na Patrulha todos sabiam que ele iria trazer sempre um pescado para
as refeições. Escolheu um bom lugar em volta do lago e sabia que pelo menos
alguns lambaris e quem sabe uma traíra eles iriam ter nas próximas refeições
feita por Josiel. Ele ajudou a fazer as duas fossas e deu uma mãozinha para
levar até a arena da bandeira um tronco já seco que encontram na mata. Deu para
montar um excelente mastro onde iria balançar no alto a do Brasil, a do Estado
e a do Grupo. Ele estava na Patrulha há dois anos. Ficou amigo de todos e
sempre estavam juntos mesmo quando não estavam escoteirando. Afinal era o
Bombeiro e lenhador e porque não o pescador?
Josiel.
- Olhou seu fogão com carinho. Quantos
caíram quando estava cozinhando? Sorria ao lembrar. Era como o Chefe dizia: - Tem
de errar para aprender. Um pequeno fogo para o barro secar. Assim ficaria mais
firme para fazer o jantar. Duas bolsas de lonas cheias de água estavam penduradas
no porta-treco. A lenha já havia sido colhida e guardada. Algumas achas embaixo
do fogão. As demais em local próprio onde era o lenheiro. Mesmo com os olhos
marejados pela fumaça ele sorria. Gostava de ser o cozinheiro da Patrulha. Até
o Monitor tinha respeito por ele. Lembrou o dia que Tomé o intendente disse que
ele era o mais importante na Patrulha.
Tomé.
Quando entrou era o Bombeiro/lenhador.
Sempre foi obediente e disciplinado. Gostava da Patrulha, pois eram uma equipe
onde todos dividiam as tarefas. Quando Nonato foi para os seniores ele pediu
para ser o Intendente. Ele sabia que era uma grande responsabilidade. Cuidar da
tralha, do material de sapa e das barracas era uma função para poucos. Mas ele
sabia que daria conta do recado. Mesmo no acampamento ele não tirava os olhos
dos demais quando utilizavam alguma ferramenta na intendência. Sabiam todos que
ele tinha de prestar contas ao Monitor no final do acampamento. Nada poderia
faltar. Lembrou-se de Josué o Bombeiro Lenhador novado que deixou um facão fora
do campo. Riu do fato ao lembrar.
Josué.
- Não era um noviço. Já tinha um ano e
meio de Patrulha. Diziam que ele ainda era um pata-tenra. Passou para os
escoteiros e se orgulhava de ter sido um Lobinho cruzeiro do sul. No início
todos se preocuparam e ficavam do seu lado em todas as atividades que faziam.
Ele sabia que ainda não era um veterano como os demais, mas iria chegar lá.
Nunca reclamou de sua função. Conhecia a lenha boa para o fogo, sabia que
quando molhada o interior estava seco. Nunca se perdeu ao ascender o fogo e
sabia com perfeição manter a água colhida sem perigo de insetos. Gostava de ser
almoxarife e ajudante do cozinheiro. Fez uma grande amizade com Totonho o Sub
Monitor. Chegou mesmo a sonhar em substitui-lo quando Nonô fosse para os
Seniores. O tempo iria ajudar.
Totonho.
- Nunca reclamou na Patrulha. Quando
foi escolhido por Nonô para ser o seu sub pensou se daria conta do recado. Não
foi difícil. A Patrulha era unida e Nonô fazia questão da fraternidade e união.
Sorria ao pensar que aprendeu a fazer grandes pioneirías. Não foi fácil. Quando
construiu a ponte Pênsil pensou que não ia dar certo, mas deu. O Ninho dos
Falcões foi outra aventura bem maior que o Ninho de Águia. Tinha um amigo que o
ajudava em tudo mesmo sendo o Escriba. Noel sempre fora o intelectual da
Patrulha.
Noel.
- Nunca foi esnobe com seus
companheiros. Quando nasceu diziam que com um ano já lia livros que assustavam
sua mãe e seu pai. Superdotado? Assim falavam sobre ele. Escrevia, contava
histórias de grandes homens do Brasil e do mundo. Quando começou no escotismo
como lobo se sentiu meio por fora. Sabia muito para sua idade e nem sempre foi
bem entendido pelos chefes da Jângal. Queria
“tirar” o Lis de Ouro, mas só Nonô tinha conseguido. Tinha receio que os demais
o olhassem diferente e pensassem que ele queria ser o melhor de todos. Sempre
se aconselhava com o Chefe Falcão. Tinha por ele o maior respeito.
Chefe Falcão.
- Nunca foi escoteiro. Era um dos seus
arrependimentos e logo que surgiu oportunidade entrou para os escoteiros e
nunca se arrependeu. Aprendeu fazendo e errando conforme o método bipidiano.
Amava sua tropa. Não havia escoteiros especiais para ser protegido. Todos para
ele eram iguais. Nunca dizia meu escoteiro, meu Monitor meu cozinheiro. Nos
seus oito anos de tropa aprendeu com muitos monitores como agir e como tratar a
cada um. Quando recebeu a IM prometeu dar mais do que sabia aos seus jovens. –
Diziam que ele sempre foi o mesmo Chefe tendo a IM. Nunca aceitou convites a
não ser para colaborar com um ou outro Chefe escoteiro.
Apenas uma apresentação da Patrulha
Tigre e seus escoteiros. Ate mais.
nota - Memorias de uma Patrulha são
lembranças de patrulheiros que tiveram orgulho nas suas funções e a
desempenharam com alegria. Eles sabiam que cada um dependia do outro para que
tudo corresse bem no campo de Patrulha. Se você meu amigo ou minha amiga passou
por esta fase no escotismo sabe que as lembranças ficam marcadas para sempre.
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