Conversa
ao pé do fogo.
O
belo do escotismo está em sua simplicidade.
Pense comigo quanto tempo
nós temos para ficar com nossos jovens? – Duas três horas por semana? Se
somarmos as atividades ao ar livre, outras sociais ou prestação de serviços
veremos que o tempo é muito pequeno para complicarmos demais as atividades
Escoteiras. É bom quando vemos a moçada sorrindo em uma atividade qualquer. Ian Hislops no seu vídeo sobre escotismo para rapazes mostra o que
precisamos para ver que o escotismo daquela época ainda tem seu lugar na época
de hoje. A descoberta da vida ao ar
livre e de aventuras é a razão de ser das atividades escoteiras. Estamos hoje
com uma preocupação pedagógica, planos bombásticos, cada um querendo descobrir
o ovo de Colombo esquecendo que Baden-Powell já tinha descoberto e dado o
caminho a seguir.
Antes o feijão
com arroz dava certo, mas aos poucos tudo foi se modificando. Desenvolveu-se uma
parafernália de cursos, visando aprimorar e qualificar o adulto voluntário. São
centenas de novas ideias e planos miraculosos. Fico na dúvida da excelência de
tantas informações, técnicas, pedagógicas, psicológicas para apenas duas ou
três horas por semana. É necessário mesmo? Pensando bem será que os três livros
básicos de Baden-Powell não nos dá o verdadeiro sentido do escotismo e seu
sucesso? Nos primórdios do escotismo BP sentiu que não poderia deixar os jovens
ao “Deus dará” sem ter pessoas qualificadas para ajudá-los no seu novo sonho
aventureiro. Nos bosques, matas via-se meninos a correrem como se estivessem
fazendo tudo àquilo que leram nos fascículos que ele escrevia. Ansiavam
aventuras. Viver na natureza. Fazer o que ele descreveu tão bem nos seus
fascículos “Scout for Boys”, ou melhor, Escotismo para rapazes.
Para
testar as habilidades e conhecimentos BP fez acontecer o primeiro acampamento
Escoteiro em Browsea. As bases do fazer fazendo foram assentadas. O tempo foi
passando. Até alguns anos atrás tínhamos três cursos básicos para que o adulto
pudesse adquirir conhecimentos técnicos até chegar a Insígnia de Madeira.
Nestes cursos ele vivenciava a vida ao ar livre, os acampamentos, vida em
equipe, e com isto o método e o programa foram mantidos na formula que BP
acreditava. Aconteceu que muitos jovens começaram a abandonar o escotismo
devido a sua nova roupagem e apresentação passou a realizar para atraí-los. Os
chefes oriundos da própria tropa desapareceram. Começou-se a busca de novos
voluntários que até hoje tentam dar nova forma ao escotismo que acreditam. Os
cursos foram alterados. Experiências e experiências foram feitas. Muitas sem
esperar os resultados e implantadas como fato consumado.
Ouvir o
ponto de vista do rapaz quase não se utiliza mais. Os novos que se aproximaram,
claro com exceções decidem em nome do jovem e acreditam que sabem o que o jovem
quer. Com o tempo eles sequer são ouvidos. Alienaram o jovem na sua livre
escolha. Como eles não conheceram a mística do verdadeiro escotismo de BP
quando são consultados não sabem o que dizer. É fato que nas atividades
escoteiras sempre tem um ou outro Chefe a dizer que tudo foi extraordinário e
que “meus” Escoteiros adoraram. Alguns não concordam que exista a evasão. Outros
que o caminho que percorrem conduzem ao sucesso.
São duas
ou três horas por semana. Só. O que precisamos? Simples. Motivar a participação
dos jovens espontaneamente, deixando que eles possam opinar e sugerir o que
acreditaram ser o verdadeiro escotismo. Alguns chefes dizem que viver a vida de
um aventureiro de um herói da floresta, de cozinhar sua comida, de construir o
seu próprio habitat é coisa do passado. Alegam que não é isso o que eles
querem. Se o jovem em seu bairro tem sua turma, se fazem seu próprio programa por
anos a fio porque o escotismo de hoje complica nesta busca do diferente nas atividades
Escoteiras? O que o fez procurar um dia o Grupo Escoteiro? O uniforme? A
vestimenta? A formatura? Será que não ouviram falar nas atividades
aventureiras, no herói da floresta? Na busca do impossível para realizar
diferente do seu dia a dia? Se não encontra alegria e novas descobertas, se em
vez de vida ao ar livre o que encontra não difere da escola ele um dia chegará à
conclusão que é melhor sair. Ficar ouvindo o Chefe por tempo indefinido, sentar
em cadeiras como se fosse na sua escola, ou mesmo um Monitor mal preparado quem
sabe é melhor voltar aos seus amigos do bairro.
Acredito que muitos dos novos cursos podem ser
válidos. Mas aqueles cujo método era diretamente proporcional ao Sistema de
Patrulhas, a vida ao ar livre, aprender fazendo, vivendo a vida de um jovem
para sentir o que ele poderia absorver isto sim seria um curso dentro dos
padrões esperados. Escotismo não tem segredo. Qualquer um que entenda os
objetivos do método e do programa, do fazer fazendo, do Sistema de Patrulha vai
sem duvida nenhuma atingir o sucesso esperado. Como disse um antigo Chefe de
Campo de Gilwell John
Thurman.
- Existem fatores adversos que não nos
dão a correta aplicação do método. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das
grandes coisas é a alegria de participar dele, isso serve tanto para os
dirigentes como para os rapazes. Estamos a pensar somente em termos
educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa
condição de "amadores". E sabemos que como amadores somos bons, mas
como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do
rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.
Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis ideias e
práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo
de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais
possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. –
Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são os próprios
chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos
passar por demasiado autossuficientes, então - e apenas com essas coisas -
poderemos arruinar o Movimento.
Precisamos repensar nossa
maneira e nossas atitudes na aplicação do método Escoteiro. Sabemos que o mundo
está mudando e podemos adaptar sem modificar o básico. Devemos repensar o que
fazemos para manter o jovem no escotismo por um tempo mais longo. Muitos saem
por não se sentirem a realização dos seus desejos. Não podemos esquecer que o escotismo
é dos jovens para os jovens. Quando acreditarmos que podemos ter sucesso na
aplicação do método Badeniano, então o escotismo vai conseguir atingir o que esperamos.
Bons cidadãos conscientes de suas responsabilidades na comunidade onde vivem.
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