Conversa ao pé do fogo.
O meu "Velho" livro
de Atas.
Prólogo: - Esta é a historia de um livro de atas que se perdeu no tempo de um velho escriba que
nunca esqueceu suas histórias... Como ele mesmo escreveu a vida é uma gigantesca
confusão. Mas essa é também a beleza dela – De um livro de ata que se perdeu no
tempo e na memoria de alguém que nunca esqueceu suas memórias.
Muitos não gostam
do livro de Atas. Acham enfadonho e sem graça. Sempre que convidava pais para
participarem da diretoria do Grupo Escoteiro quando comentava sobre o Livro de
Ata um olhava para o outro como a dizer – Faça você – Prefiro outro cargo. Não
sei por quê. Afinal atas tem uma importância enorme na vida de um Grupo
Escoteiro. Esqueça a tecnologia moderna de hoje. Pense como um aventureiro que
quer deixar uma história do que aconteceu com seu grupo, com sua tropa, com sua
patrulha para ser conhecido nos anos futuros. Eu sei que nos grupos que vocês
atuam elas são feitas assiduamente. Eu sempre gostei de atas. E gostava e ainda
gosto de escrever, afinal fui escriba na patrulha e nem lembro mais quantas
atas e relatórios eu fiz. Colocar ali o que cada um diz sua opinião seu estilo
de interpretar uma situação, é como sentir a vida dentro daquelas páginas que
um dia irão ser lembradas como um fato histórico. Experimente ler uma ata
alegre, cheia de sabor, escrita por alguém que dá um toque especial. Vale a
pena. As lembranças se você esteve ali naquele dia irão trazer de volta tudo
que foi falado, anotado e escrito.
Sempre acreditei na importância das atas. Gostaria de voltar a minha
cidade e ver se as Atas da Patrulha ainda existem. Acho que não. Eu era o
escriba e quando passei para Sênior ficou na mão de João Mindinho. Se ele
cuidou bem eu não sei. Sei que o grupo não mais existe, mas quem sabe tem
alguns vivos lá? Seria uma grata surpresa. Já pensou? Ler o que escrevemos
durante todos aqueles anos como escoteiros e seniores? Sempre acreditei que não
devia existir um modelo de estilo de escrita em atas. Dizem que hoje tem até
cursos para os “Ateiros” risos. Tem tanta exigência que dá medo. Não pode pular
linhas, nunca se esquecer dos parágrafos. Os espaços vazios devem ter um
traço diagonal. Mas boa mesmo é a ata tipo história, cheia de adornos e Volante
escoteiro da Touro fazia e desenhava em cima.
A patrulha tinha dois bons
escribas. Eu era um deles. Enfeitava muito no que escrevia. Claro nosso Livro
da Patrulha que alguns chamavam de atas, contavam sempre tudo que fazíamos em
acampamentos, excursões, entrada e saída de escoteiros. Não faltava a entrega
de distintivos, estrelas, etapas e tudo que se relacionasse a patrulha.
Decisões da Corte de Honra (quando podíamos saber). Claro que a Corte de Honra
tinha a sua trancada a sete chaves. As reuniões de Patrulha nunca eram feitas
sem uma boa ata. E olhe, chegamos a ter mais de dois livros de por ano. Uma vez
contei oito em cinco anos. Algumas patrulhas chamam de diário ou relatório. Quando
os anos passam e se você puder ler a história da Patrulha, o seu cargo, sua promessa,
as estrelas de atividade, os cordões, as classes e especialidades, os
acampamentos, as eficiências de campo, as histórias que surgiram e aconteceram
e ufa! Até mesmo os fogos de Conselho isto é bom demais.
São tantas coisas que valem a pena
anotar que poderia escrever várias páginas sobre o tema. Por toda minha vida
vivi junto a um livro de ata. Nunca deixei de ter uma para anotar e lembrar-se
do dia em que foi escrita. Eu acredito que os livros de atas devem ficar a
disposição de todo o Grupo Escoteiro e dos antigos escoteiros que se
interessarem em ler. Nada do Diretor Administrativo levar para a casa, deixar a
sete chaves em uma escrivaria qualquer.
Uma vez, quando Regional em Minas Gerais fiquei três fim de semana na
sede regional a base de lanches para não perder o fio da meada, lendo atas que
ali encontrei. Uma verdadeira historia contada por um simples livro do
escotismo. Tinha um livro de atas de 1939! Falava coisas que sequer poderia
imaginar. Quando deixei o cargo deixei lá os livros de ata. Onde foram parar eu
não sei, mas ali estava escrito a saga de um estado e sua história na sua
formação escoteira. E olhem, é ruim
quando você pergunta se o grupo tem tudo isto e a resposta é negativa. Fica
como se o grupo não tivesse história, memória, como se seu passado fosse
suprimido para sempre.
Não sei se todos pensam como eu, se dão valor e importância ao livro de
atas. Atas das Assembleias, da diretoria, do Conselho de Chefes, das patrulhas
e por que não da Alcatéia? Tão fácil ensinar os escribas os diretores
administrativos a fazer uma ata gostosa e cheia de frases para abrilhantar um
dia um ano e a vida de um Grupo Escoteiro para sempre. Nem me venha com
formalidades. Está no POR? Atas formais são tediosas e muitas vezes elas nos
dão preguiça ou sono quando há lemos.
Sempre digo que devemos procurar dar uma conotação especial ao fato.
Claro não é uma narrativa de uma partida de futebol e nem tampouco um conto das
mil e uma noites. Leva-se tempo para aprender a escrever com transparência e
fazer do acontecido um espelho do real.
Gosto de ver Grupos Escoteiros que tem história, que através de suas
atas ficamos sabendo de sua saga, de sua vida e de como o tempo mudou para um e
outro dos que estão e dos que já se foram. As atas tem papel fundamental. Na
minha humilde opinião até mais do que fotos. Um livro de ata da Patrulha, da
Corte de Honra, no caso dos seniores/guias do Conselho de Tropa, do Conselho de
Chefes do Grupo e da diretoria do grupo, das assembleias tem uma importância
fundamental. Muitas? Não. Cada uma tem sua particularidade. Cada uma tem sua
história. Espero que isto faça aqueles que ainda não tem pensar mais no
assunto. Colocar o supérfluo é fácil difícil é criar uma surpresa, uma maneira
alegre da escrita onde às personagens ficam simpáticas a todos que leem.
Espero ter contribuído para que o Grupo em que
colaboram possa ter sua história contada em seus detalhes mais lindos e suas
mais loucas aventuras! Ainda me lembro de uma noite na mesa de campo, escrevendo
sob o olhar de um lampião a querosene:
- A noite escura jogava sombras
na patrulha que tentava dormir. Um uivo ao longe faziam com que pensamentos
abstratos levassem até a porta da barraca um lobisomem, um fantasma. O medo
aflorava a pele do noviço que se arriscou a acampar. Depois de tudo, da risada
normal quando o medo passou eu fiquei pensando como acabar com o medo. Fácil
disse o Monitor, apenas aprendemos a lidar com ele e aguentamos firme. Pois é! A
vida é uma grande e gigantesca confusão...
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