Nuvens baixas
cor de cobre é temporal que se descobre!
- Polegar não disse sim
nem não. A semana toda só “toró”. Um leve sol na quinta e na reunião de Patrulha
preferiu ficar calado. Um mês de sede parado no mesmo lugar sem um bom
acampamento no pedaço ninguém é de “ferro” e como escoteiro não dá para
aguentar. Ele sabia que precisavam de uma dose de vento, de trilhas, de capim
Colonião de fumaça de lenha no fogão, de estrelas e de uma lua fulgurante no
céu para matar os dias de papo “pru” ar, rodando na pracinha e nenhuma “menina”
para interessar. Nunca namorou. Um dia quem sabe... Talvez!. Que venha
temporal, pé-d’água, que venha o aguaceiro que Deus mandar. Um Conselho de Patrulha
no cantinho do portão da sede debaixo do abacateiro não deu discussão e tudo
foi só aprovação. – Saímos sexta logo depois da escola do Jenipapo e
Narizpontudo. Nilo Peçanha o Monitor se alegrou. Ele como os demais sentiam o
desgosto de passar um mês sem acampar. Quantos acampamentos fizeram debaixo de
temporais, toró, ou seja lá o que for? Fliztipaldo que nunca correu na Fórmula I
gostou. Foi para casa já pensando na sua mochila no seu bornal o que levar.
Joaninha que era enorme e nunca foi pequeno já tinha tudo no papo. Material
pronto Monitor, tudo separado bem arrumado oleado e afiado! Copenhague que
nunca foi capital da Dinamarca era um Sub Monitor que topava qualquer parada.
Jenipapo e Nariz pontudo nem falaram. Não precisava. Os Albatrozes sabiam do
seu valor. Nem bem se levantaram viram o Chefe Nolasco no portão. – Má noticia
escoteiros. Coronel Fontenelle nosso patrono acabou de falecer. Enterro no
sábado as quatro. Os valentes Albatrozes se entreolharam... Fazer o que? O
Cemitério de Arlington que nada tinha a ver com o americano militar localizado
no Estado da Virginia onde está enterrado o Ex-Presidente John F. Kennedy e sua
esposa Jacqueline, estava lotado. Prefeito, governador, juiz deputado senador delegado
e o escambal estavam lá. Quatro e meia um rebombar no ar. Um trovão de assustar
até os Albatrozes. Um raio partiu ao meio o Esquife feito por Romualdo o melhor
marceneiro da cidade. Ninguém ficou lá. Era praga, só podia ser. Nilo Peçanha
chamou a Patrulha. Temos que enterrar nosso patrono. Nosso lema diz não deixar ninguém
para trás. Fizeram o possível, jogaram o que sobrou na sepultura. Com as mãos e
gravetos empurraram o que puderam de terra. A chuva caiu, forte, um diluvio
para ninguém botar defeito. Dias depois ficaram sabendo que o Córrego Sapecão
encheu e virou água na mata do Tenente. Cada um olhou para o outro. Eram onde
iam acampar. Na reunião de Patrulha de mãos entrelaçadas fizeram a oração: “Obrigado
Senhor por ter nos protegido e nos mostrado o caminho”. É como dizem os velhos
escoteiros: - “Uns tem e não podem, outros podem e não tem, nós que temos e
podemos agradecemos ao senhor”!
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