Crônicas de
um Velho Escoteiro.
Quando o
futuro chegar.
As fotos que
um dia correram o mundo.
... - “As
fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus
escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações
escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa
usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”...
(de um leitor amigo).
È mesmo, as fotos são documentos
importantes para mostrar as gerações futuras de onde viemos o que somos e para
onde vamos. Elas significam um retrato vivo de um escotismo autêntico, onde o
jovem aprendia a fazer fazendo, acampava diferente dos dias de hoje e sua sede
de aventuras não tinha impedimentos legais para que não se fizesse como devia
ser. Elas tinham um “que” saudosista que marcava uma época onde todo o método
Escoteiro exalava verdades no campo ou na sede. Era uma forma de estar presente
em qualquer ato ou fato, onde se era reconhecido pelo chapéu, pelo lenço e pelo
uniforme impecável na sua apresentação. Uma disciplina aceita e não imposta,
uma aceitação sem obrigação. Onde a Lei e a Promessa ainda não tinha discussão
se deveria ser alterada ou não.
Tivemos homens que se
dedicaram a mostrar como se fazia escotismo através das fotos. Pierre Joubert um
ilustrador Francês, divulgou o Escotismo na França e no mundo com seus
desenhos, levando milhares de jovens durante várias gerações as aventuras
vividas pelos Escoteiros. Dizem que suas pinturas eram iguais ou melhores que
Norman Rockwell. Estes e outros famosos ilustradores fizeram uma geração
aprender a fazer fazendo só olhando suas fotos e desenhos. Na série Signe de
Piste Pierre se supera. Seus desenhos ricos em detalhes são acessórios
importantes para os textos dos livros que ilustram. Vários desenhos no novo
(antigo) Manual do Escotistas do Ramo Escoteiro lançado em parceria com a
Oficina Scout foram inspirados nos desenhos de Joubert.
Uma foto faz que as pessoas lembrem-se do que fez, do seu presente, do
seu passado e ficam conscientes de quem são. O conhecimento do real e a
essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o
passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque
unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de
alguma maneira decifrar o que virá. A fotografia captura um instante, põe em
evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter
transformações. Ao olhar uma fotografia valorizamos o salto entre o momento em
que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a
ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.
São as fotos nosso marco da história.
Seja ela de quem for. Na fotografia encontramos a ausência, a lembrança, a
separação dos que se amam, as pessoas que foram para outra vida, as presentes e
as que desapareceram. As fotografias nos mostram a realidade do que foi e do
que será. Mostre uma foto de Escoteiros de alguns anos passados e qualquer um
irá identificar que aqueles eram meninos aventureiros, Escoteiros que sorriam
no perigo, não tinham medo da noite e das florestas. Uma foto de um campo de
patrulha, de uma jornada, da alegria em alcançar o pico da jornada, da velha
carrocinha que tantas saudades nos deixaram, da ponte construída, do ninho de
águia da escada de cordas e tantas outras construções que ficaram na história.
Um Velho amigo me corrige
a dizer que isto não acontece mais. O que foi não volta mais, o que será daqui
para frente só as gerações futuras poderão dizer. Já não se vê fotos de
patrulhas com suas bandeiras a escalar montanhas, em suas barracas nos seus
campos de patrulha, da cozinha fumacenta das artimanhas e engenhocas que tantas
saudades nos trazem. Brincar em arvores com suas cordas solta no ar. Correr
atrás das borboletas, colher flores silvestres para enfeitar a mesa rústica do
jantar. Lavar sua própria roupa, dobrar nas técnicas aprendidas, vestir o
uniforme com orgulho para se apresentar a quem nos quer ver. São as fotos os
documentos do passado. São as fotos que dizem o que fomos e são elas que trazem
recordações de cada um que tiveram o orgulho de estarem presentes nas grandes
atividades Escoteiras.
Esperemos que as gerações
futuras possam ver o escotismo de Baden-Powell como ele foi e como ainda
deveria ser. Estamos esquecendo que os meninos daquela época eram sonhadores
aventureiros e falamos para os de agora outra linguagem. Não deixemos que eles só
fiquem no sonho de ser heróis, que gostariam de fazer uma grande aventura. Em
nome de novos tempos vamos dar a eles a sede da descoberta, da aventura e isso
faz parte no desejo do jovem de ontem e no de hoje. Ouvir os jovens não deve
ser somente uma metáfora. Precisamos reverter à burocracia em um escotismo de
aventuras, fora da sede, no campo ou onde seja possível ir. Precisamos dar a
nova geração o sonho dos jovens meninos ingleses quando colecionavam o “Aids to Scouting” (Ajudas à Exploração Militar) ou mesmo o Scouting for
Boys (Escotismo para rapazes). Quem sabe posso estar enganado. E o escotismo
vai procurar seu verdadeiro objetivo, o objetivo criado por Baden-Powell. Ainda
acredito em um futuro maravilhoso e os meninos e meninas desta e de outra geração
iram sorrir com suas fotos, com suas lembranças e com o escotismo aventureiro
que sempre sonharam.
E eu, um Velho Chefe
Escoteiro saudosista vou tentando achar aqui e ali, as fotos que um dia vivi e
sei que muitos viveram comigo. Elas fazem parte da minha, da sua e de toda
histórias dos Velhos Escoteiros que como eu ainda tem sonhos. São elas as fotos
que como comentou o meu amigo, ainda dão o prazer de vê-las e sonhar com o
passado trazendo verdades ao presente.
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