Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Trans, LGBT e
a liberdade de escolha.
- Não é minha praia.
Sou um leigo e aprendiz escoteiro. Sei que nesses novos tempos são temas discutidos
nos meios sociais, religiosos e me parece em todo o mundo moderno. Costumo ler
tudo que me cai em mãos, mas sinceramente estou fora da jogada. Não discuto
minhas opiniões ao tema em questão ficam restritas aos mais próximos e mesmo
assim tomo cuidado no que vou dizer. O mundo inteiro discute o movimento gay,
os transexuais e outros que ficaram apegados a sua crença no seio das famílias
cristãs ou não. A nova identidade está aí presente no seu vizinho ao lado, na
família do seu amigo, no rádio na TV e nos jornais. Inclui-se aí o ateísmo
agora bem mais aberto já que a democracia nos autoriza a pensar e escolher o
que desejos acreditar e ser.
Há alguns anos o
Escotismo teve que aceitar discutir tais peculiaridades. Nos Estados unidos a
Boy Scout of America, uma organização escoteira conservadora, ainda admitindo
em seu seio somente escoteiros do sexo masculino abriu no ano passado a entrada
do sexo feminino. Ela mantinha sua decisão de recusar a afiliação de gays e
afins como membros da entidade. A Corte Suprema americana considerou
preconceituosa e contrária aos direitos de igualdade. A decisão trouxe o tema
da homofobia a tona e isto provocou polemicas. A imprensa comentou que para a
Boy Scout este combate ao preconceito está previsto na própria Lei Escoteira
(?).
O Berço do Escotismo nascido
na Inglaterra vitoriana também liberou a participação da comunidade LGBT ao
escotismo. Lá, no entanto não houve celeuma por parte dos seus associados e a
aceitação foi normal. Considerando a França, a Alemanha, Portugal e outros
países onde o escotismo tem força na sociedade, não vi nada que surgisse uma
discussão do tema em pauta. Queira ou não o assunto corre célere no Escotismo
mundial onde existe a democracia. No Brasil a Escoteiros do Brasil solapa
levemente a aceitação conforme sua ultima publicação e o que está inserido em
seu Manual de Identidade Visual. Li rapidamente esse manual. Sempre sou um “soy
contra” de muitas ações da EB.
Bem, não sou uma
sumidade e nem um emérito conhecedor do que acontece em outros países onde se
adota a filosofia de BP a participação ou discussão sobre os Trans e LGBT.
Entretanto a Escoteiros do Brasil arrumou um celeuma com sua publicação sobre
os Trans, criando o dia da visibilidade do Movimento Trans. Os comentários
foram diversos. Os a favor e os contra. Não vou comentar os dizeres da
Associação Mater do escotismo brasileiro. Os mais fervorosos contras são os
mais idosos, os religiosos que ainda carregam em seu seio e sua família o Tabu
de não aceitar mudanças no que eles chamam de identidade escoteira,
principalmente no artigo da 10º Lei do Escoteiro... “O Escoteiro é limpo de
corpo e alma”. Sem tentar analisar a lei, a maioria dos cristão não aceitam
esta discussão que para eles não tem cabimento na Seara do Senhor.
Pelo sim pelo não, recolho-me
ao silencio neste tema. Não tenho experiência para explorar e ou aconselhar.
Queira ou não me considero um preconceituoso, com tabus adquiridos no seio
familiar e mesmo compreendendo os direitos e deveres de cada um prefiro não
defender ou atacar. Ainda sou aquele Velho Escoteiro cheio de crendice, onde
não me passa a ideia de mudar mesmo sabendo que é um pensamento ou uma luta
inglória, pois não há como fugir da realidade. No fundo mesmo eu vejo certos
direitos na maneira de pensar e agir. Nunca serviria para ser herói, dirigente
escoteiro e ter que aceitar decisões da maioria nestes temas que aqui
apresento. Nasci em uma família cristã, contra certas liberdades cujos direitos
são fatos consumados.
Não me passa pela
cabeça até mesmo o movimento escoteiro misto. Acredito na liberdade de cada um
fazer e participar do escotismo, mas vejo o sistema de patrulhas de forma
diferente de muitos. Meninos e Meninas deveriam ter liberdade de ação e atuar
em suas patrulhas livremente. Não me passa em sã consciência uma Patrulha cheia
de trejeitos, maneiras femininas ou masculinas principalmente aquela que
acredito na formação do caráter, ética, honra e outros mais. Claro que discutir
se o outro lado não poderia atingir tais metas prefiro não discutir. Às vezes
penso entre recônditos do meu pensamento que se tivéssemos patrulhas com
escoteiros e escoteiras separadamente atuando na metodologia Badeniana, não
importando a raça, credo ou escolha individual poderíamos atingir o que sempre
queremos na formação do jovem. Cada um deve ser livre para escolher o seu
destino. Não cabe no meu modo de entender fugir do método de BP para introduzir
temas aos escoteiros que muitos não estão preparados para tal.
Pensando bem nos
esquecemos dos pais. BP quando trouxe o escotismo para o mundo definiu que
somos um movimento de colaboração com os pais a escola e a religião. Não
substituímos, não somos os responsáveis pela total educação formal de cada um. Somos
uma pequena parte do todo. Quando houver unanimidade de pensamento entre os
pais dos escoteiros e escoteiras sobre os temas atuais aí sim quem sabe
podermos entrar nesta seara, deste que seja feito uma preparação e com
objetivos definidos. Aquele Chefe que levou seus jovens a Parada Gay acredito
ter tido a autorização dos pais e com finalidades de conhecer e saber quem são
eles. Eu nunca iria com meus escoteiros a tal tipo de parada, mas aceito que
outros o façam.
E nos finalmente me
apego que tudo é válido deste que os objetivos escoteiros baseados na Lei e na
Promessa e no Método Escoteiro de Baden-Powell seja alcançado. Reconheço que
cada escoteiro trás de seu lar uma educação já caracterizada e não nos compete
alterar ou modificar. O respeito à educação dada pelos pais merece nosso
respeito. Muito do que fazemos e realizamos nem sempre são levados em
consideração tais fatos no lar do Escoteiro e da Escoteira. Nem sempre para mim
os fins justificam os meios. É somente pelos resultados que podemos reconhecer
que nosso caminho nossa trilha atingiu os objetivos propostos.
Meus pensamentos aqui
colocados são de um Velho Chefe Escoteiro. Desculpe se não me associei a sua
maneira de pensar. Postei esta crônica pensando em dar uma satisfação aos meus
leitores sobre o que penso sobre o movimento Trans e LGBT. Os pontos de vista
de cada um sempre serão por mim aceitos e cada um de nós tem o direito de dar
sua opinião. Assim como aceito o Movimento Trans e LGBT reservadamente que os
demais aceitem o meu modo de pensar. É meu direito! Obrigado.
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