Conversa ao pé do fogo.
Porque não contar uma
historia?
... - Dizem que contadores de Histórias quando deixam a terra têm um
lugar especial lá no céu. Eles ficam junto das crianças que foram na frente de
seus pais e lá ficam para alegrar coraçõezinhos e dar a eles uma esperança para
voltar a sorrir!
“Não há quem resista a boas
histórias. Nas páginas dos livros, dos jornais e das revistas, na tela do
computador e na televisão, narradas presencialmente ou transmitidas pelo
rádio... Seja lá onde e como aparecem, elas encantam, amedrontam, fazem rir ou
chorar, assustam e são capazes de levar, ainda que em pensamento, há lugares
distantes pessoas de qualquer idade, especialmente as crianças”. E quem
resiste a uma história bem contada ao pé do fogo? Vendo o crepitar da fogueira,
olhando como hipnotizado para as fagulhas que se espalham no céu, e como um
lobinho feliz abre os olhos e ouvidos para ouvir e viajar na história que o
Chefe ou um lobo está contando? A mente está ali fixa no conto, que vai
desenrolar uma aventura e ele parte célere junto à história com as personagens.
Pode agora ser um herói, um explorador, um grande acampador e naquela história
tudo se confunde com sua vida e seus sonhos.
“Contar histórias é uma das
mais belas ocupações humanas: E a Grécia assim o compreendeu, divinizando
Homero que não era mais que um sublime contador de contos da carochinha” Todas
as outras ocupações humanas tendem mais ou menos a explorar o homem; só essa de
contar histórias se dedica amoravelmente a entretê-lo, o que tantas vezes
equivale a consolá-lo. Infelizmente, quase sempre, os contistas estragam os
seus contos por os encherem de literatura, de tanta literatura que nos sufoca a
vida! Dizia Eça de Queiróz. Mas eu gosto de começar e terminar um conto, uma
história. Seja uma lenda, ou seja, real. Um dia descobri as histórias das mil e
uma noites. Conta à lenda que na antiga Pérsia o Rei Shariar descobre
que foi traído pela esposa, que tinha um servo por amante, o Rei despeitado
e enfurecido matou os dois. Depois, toma uma terrível decisão: todas as noites,
casar-se-ia com uma nova mulher e, na manhã seguinte, ordenaria a sua execução,
para nunca mais ser traído. E foi então que apareceu Sherazade... Nas suas
belas histórias das “mil e uma noites”. Era uma vez... Um dia conto uma delas.
Quem não gosta de
contar uma história? Dizem que contar histórias é uma arte, pode até ser, mas é
uma arte gostosa, palatável de agrado geral. Histórias se contam em todos os
lugares, mas nos Fogo de Conselhos e Conversas ao Pé do Fogo elas têm seu
lugar. A fogueira alta, o contador de história ilustrando sua narração e
fazendo seus gestos, em voz pausada ou mais alta, tentando mostrar as
personagens, e todos de olhos fixos tentando ser mais um participante daquela história
maravilhosa. Os olhos da moçada não piscam. Sei que até mesmo os adultos se
sentem hipnotizados pelo narrador e sua historia. Mesmo aqueles que já
estiveram ali por muitas vezes são atraídos pelos grilos e pirilampos com suas
luzes brilhantes e saltitantes parecem querer também participar da história. É
lindo estar ali com amigos, vendo um céu de estrelas, ouvindo o piar de uma
coruja escondida em um carvalho com seus olhos brilhantes em um galho qualquer.
É gostoso ouvir o ruído da noite, um contador
de histórias perfeito, a gente enrolado na manta se enrosca em um tronco para
melhor sentir o calor da história. Nas brasas o bule de café, e enquanto a
história vai sendo contada alguém dedilha um violão encantado baixinho, um
toque saudoso ao luar. Ouvidos atentos, olhar penetrante cada um vai sentido o
ar puro da floresta invadir a seara do Fogo de Conselho. Em determinada hora se
ouve os sapos coaxando na lagoa próxima. A brisa não para de soprar. Os velhos
mateiros sabem que já está na hora de ouvir o canto do Uirapuru lá bem no fundo
da floresta. É um fogo especial, não tem hora para terminar. Outras histórias serão
contadas, uma peça bem montada, alguém dá uma gargalhada e quem sabe pode até
chorar. Contadores de Histórias atraem até os anjos lá do céu. E você meu amigo
que está a ler, se achegue, se assente, venha ouvir e cantar conosco. Sinta-se
em casa e se quiser, pode contar uma história, duas o quanto quiser...
“Era uma vez... Num país muito distante, em uma linda floresta verde e
amarela como as cores do Brasil, uma matilha de lobinhos e uma Patrulha escoteira
resolveram um dia acampar”...
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