DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
A história da Co-Educação no Brasil.
Por Rubem Suffert
Adendo: - Por ocasião do dia internacional da mulher realizado nesta
data, em que todos nós parabenizamos as escoteiras de todas as idades lembramos
que devemos também agradecer ao Chefe Rubem Suffert, que foi o maior
responsável pela Co-educação implantada no Brasil na década de oitenta. Hoje o
efetivo delas ultrapassa os 35% em relação ao efetivo masculino. A cada ano se
tornam uma força no Escotismo Nacional. Ao Chefe Rubem Suffert, nossos parabéns
e a ele eu faço questão de tirar o meu chapéu!
História da Co-educação no Brasil.
A co-educação no Brasil.
Por Rubem Suffert
Texto elaborado pela Região Escoteira do Distrito Federal com base nos
documentos oficiais da UEB.
Introdução
A proposta
de co-educação, oferecida pela União dos Escoteiros do Brasil, integra-se nas
finalidades educacionais do Escotismo, diante de uma realidade em que muitas
famílias e comunidades não compreendiam a razão de discriminarmos de nosso
Movimento, as meninas e moças, muitas delas irmãs de escoteiros.
Histórico
Já em
diversas ocasiões, entre 1914 e 1950, várias foram as oportunidades para a
participação de moças no Escotismo, desde dezembro de 1914 com o surgimento, em
São Paulo, da Associação Brasileira de Escoteiras. Mas, como Seções mistas,
praticando a co-educação, ela foi aplicada em caráter experimental pela UEB,
desde agosto de 1968 ao ano de 1972, no ramo pioneiro. Até então a presença
feminina somente era permitida nas chefias de Alcateias. Em maio de 1978,
começaram a funcionar as duas primeiras Alcateias Mistas Experimentais, que
juntamente com Alcateias de Lobinhas foram adotadas em 16 Grupos Escoteiros
Experimentais, sendo que 4 do Distrito Federal. As dúvidas sobre a viabilidade
de aplicação da co-educação no ramo lobinho, assim como nos ramos escoteiro e
sênior, foram esclarecidas pelas experiências em desenvolvimento. A aplicação
na maioria das Associações Escoteiras da Região Interamericana e Europeia, em
grande número de países em outras regiões do mundo, também estão a demonstrar a
possibilidade desse trabalho, que pode ser implementado na forma da legislação
brasileira e escoteira mundial. No ramo pioneiro a co-educação foi oficializada
no mês de abril de 1979, sendo iniciada as experiências com escoteiras em maio
de 1980 e com guias escoteiras em fevereiro de 1981. A partir de 1982 todos os
Grupos Escoteiros da UEB puderam ter lobinhas, desde que atendessem a um
conjunto de pré-requisitos.
Em janeiro
de 1981 foi realizado no Parque Saint Hilaire pela 1ª vez um Jamboree
Panamericano Misto, após a histórica presença de três pioneiras do Brasil no II
Jamboree Panamericano, em 1970. Em julho de 1983 foi realizado no Canadá o XV
Jamboree Mundial, pela 1ª vez com a presença de moças. A partir de julho de
1983, a co-educação foi oficializada no Brasil no ramo escoteiro, de forma
paralela e com chefias do mesmo sexo que os jovens, desde que atendidos os
respectivos pré-requisitos, após a análise dos resultados em 13 Grupos
Escoteiros Experimentais que possuíam Tropas de Escoteiras. Finalmente, para o
ramo sênior a oficialização das Tropas de Guias Escoteiras, em paralelo e com
chefias do mesmo sexo que os jovens, ocorreu a partir de outubro de 1984.
Em abril de
1990 foi elaborado por alguns Comissários e depois pela CNOC – Comissão
Nacional de Orientação e Coordenação o projeto “Chapada dos Guimarães”,
devidamente aprovado pela Direção Nacional para experimentar uma nova etapa da
co-educação, com as Tropas e Patrulhas Mistas, bem como chefias mistas nestes
dois ramos, sendo esta forma adotada posteriormente pela UEB.
Conceito
O III
Seminário Nacional de Programa, realizado em Brasília em setembro de 1981,
estabeleceu o seguinte conceito para a co-educação no Escotismo Brasileiro: “A
co-educação é um processo pelo qual meninas e meninos, moças e rapazes
vivenciam um plano educacional para um melhor e mais harmônico desenvolvimento
da personalidade, favorecendo a educação recíproca de uns pelos outros e
levando em consideração as realidades locais e pessoais. Isto tendo presente o
Propósito e o Método do Escotismo. A co-educação não é, portanto, simplesmente
uma questão de reunir crianças e jovens de ambos os sexos.”.
Justificativas
A
implementação da co-educação no Escotismo Brasileiro tem como principais
justificativas:
1.
Propiciar uma formação mais adequada à criança e ao
jovem;
2.
Possibilitar uma maior integração da família no
Escotismo, possibilitando que todos os filhos possam participar do Grupo
Escoteiro;
3.
Ampliar a participação feminina no Movimento;
4.
Contribuir com a redução do preconceito de gênero.
5.
Vantagens de cada modelo de Seção
Numa
análise comparativa, resultante da experiência desenvolvida, podemos relacionar
as seguintes vantagens de cada alternativa, destacando que a Região Escoteira
do Distrito Federal reforça o modelo das Seções Mistas:
Seções Paralelas
·
Assegura maior privacidade de cada sexo (aos
meninos e meninas, rapazes e moças);
·
Evita a divisão do trabalho nos papéis tradicionais
(trabalhos manuais e força);
·
A atuação da chefia não é tão diversificada como
nas Seções Mistas;
·
Permite uma progressão na co-educação (que pode
resultar em Seções Mistas e depois em Equipes Mistas).
Seções Mistas
·
Acompanha outras organizações sociais (escola,
igreja, empresas, clubes, etc…);
·
Ensina a aceitar a liderança de outro sexo e treina
na liderança co-educativa;
·
Propicia uma aprendizagem na cooperação e respeito
entre os sexos (nas quais o exemplo da chefia é essencial);
·
É mais próximo do tipo de trabalho do Clã Pioneiro,
que geralmente é misto;
·
Reduz a discriminação de meninas e moças, já que
não destaca a diferenciação.
·
Vantagens de cada modelo de Patrulha
Numa
análise comparativa, resultante da experiência desenvolvida em vários Grupos
Escoteiros, podemos relacionar as seguintes vantagens de cada alternativa:
Equipes Paralelas
·
Assegura maior privacidade de cada sexo (aos
meninos e meninas, rapazes e moças) em especial nas atividades ao ar livre;
·
Evita a divisão dos trabalhos na equipe nos papéis
tradicionais (trabalhos manuais e força);
·
A atuação da Monitoria é mais simples do que nas
Equipes Mistas;
·
Permite uma progressão da co-educação (que pode
resultar em Equipes Mistas).
Equipes Mistas
·
Acompanha a forma de equipes na maioria das outras
organizações sociais (escola, igreja, empresas, clubes, etc…);
·
Ensina a aceitar a liderança de outro sexo e treina
na liderança co-educativa;
·
Propiciar uma aprendizagem na cooperação e respeito
entre os sexos;
·
Reduz ainda mais a discriminação de meninas e
moças, já que não destaca essa diferenciação.
·
Implementação da Co-educação
A adoção de
uma Alcateia Mista requer a chefia também mista nessa seção. Após a ideia ter
amadurecido entre as crianças, uma reunião do Conselho de Seção com os pais
pode debater a decisão adotada e analisar suas vantagens e desvantagens. A
decisão é tomada pela Diretoria do Grupo Escoteiro.
A prática
recomenda que a transformação de Tropas Escoteiras e Patrulhas em Mistas sejam
iniciadas nos Grupos Escoteiros, dispondo de chefias mistas e após o
funcionamento por alguns anos, das Alcateias Mistas, favorecendo que já exista
na Unidade Escoteira Local a vivência anterior dessa forma de trabalho.
Da mesma
forma, a transformação no ramo sênior, de Tropas de Seniores e de Guias
Escoteiras em Tropas Seniores Mistas, bem como a adoção de Patrulhas Seniores
Mistas, requer a disponibilidade de chefia mista e deve ser precedida da
implantação dessa sistemática na Tropa Escoteira, alguns anos antes.
Para
favorecer a implantação das Tropas e Patrulhas Mistas, reuniões podem ser
realizadas das chefias das duas Seções e das Cortes de Honra das duas Tropas
(masculina e feminina) com frequência crescente.
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