Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Ser feliz é fazer a felicidade dos
outros!
- Sei que não é uma criação de
Baden-Powell, mas a frase tão bem colocada por ele para todos nos do escotismo “A
verdadeira felicidade é fazer os outros felizes” é uma das suas tiradas mais
belas que existe no escotismo. Poderia citar Drummond que escreveu “Ser feliz
sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” ou mesmo Voltaire que disse “Os
homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem
encontrar a própria casa, apesar de saberem que a têm”! Admiro Martha Medeiros
que escreveu “Sou feliz e não admito que ninguém me acorde”. Bem cada um tem sua
maneira de ser feliz. Acredito que B.-P leu Confúcio cuja frase é quase idêntica
a sua “A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos
outros”. Mas o que é a felicidade?
Dizem alguns que encontraremos a verdadeira
felicidade quando estamos acompanhados das pessoas certas para nossa vida. Outros
dizem que só quem acredita na felicidade é que pode ser verdadeiramente feliz.
Alguns dirão que o otimismo tem o poder magnético de atrair a felicidade. Se
você pensa positivo, boas coisas e boas pessoas vão aparecer em sua vida. Não é
fácil olhar o mundo sorrir e dizer... “Eu sou feliz”! Mesmo que alguns dizem
que conseguir ser feliz na vida não tem segredo ou mistério e basta aceitar-se
como é e aprender a viver com o que tem já basta para ser feliz. Digo sempre ao
meu espelho, meu confidente: - O segredo meu amigo para ter uma vida feliz é
simplesmente querer ser feliz. Sinceramente? No fundo sempre fui feliz. Claro
sou humano, passei por poucas e boas, mas aprendi com minha família e com o
escotismo uma maneira de ver em cada passos como encontrar a minha e a
felicidade e fazer feliz os meus próximos.
Poderia dizer que tive momentos
inesquecíveis, em lugares incríveis vendo o nascer e o por do sol, o espetáculo
em estar numa praia deserta, olhando o mar, vendo o vento agitar as gaivotas
com suas danças no ar e a musica suave das ondas do mar. Meus tempos de
escotismo, pés doendo da jornada que nunca chegava ao destino, às subidas de
montanhas que nunca chegava ao fim, foram depois motivos de uma autêntica
felicidade junto a amigos ao lembrar o que passamos e sorrir! Quem não sorri ao
lembrar-se da chuva intermitente na barraca em uma noite de tempestade, acordar
no meio da noite com a água entrando e procurar um cantinho de cócoras uma
maneira de dormir? E depois com aqueles que estavam juntos lembrar e sorrir? Ah!
Não só o escotismo nos dá o prazer da lembrança, sorrir e dizer... Eu daria
tudo para voltar no tempo e viver tudo novamente, e o faria sorrindo!
- Verdade, melhor ainda é fazer os
outros sorrirem. Alguns contam piadas, outros fazem gestos, e quem não se
lembra de um esquete em um Fogo de Conselho, mesmo com atores desengonçados,
tentando criar uma pequena peça de curta duração, para alegrar os demais espectadores,
escoteiros, lobos, pais e o que lá foram dando gargalhadas e sorrindo? Nesta
hora a gente vê que sorrir e fazer os outros sorrirem é um remédio para toda a
vida. Eu tive a honra de acampar com todo tipo de escoteiro e escoteira.
Acantonei dezenas de vezes com os lobos de Seeonee. Dizem que eu tinha cara
feia, era sisudo, mas sabiam de que meu coração era escoteiro e de todos. Sei
que você que me lê é assim também, tem hora de sorrir e alguns se escondem para
chorar. Mas procure lá muito além de suas lembranças, quantas coisas aconteceram
com você que hoje daria tudo para voltar no tempo e sorrir? Existe algum mais
lindo que fazer seus jovens lobos, escoteiros e amigos chefes darem uma boa
gargalhada?
Sei que muitos dirão que não é fácil
cumprir o oitavo artigo da Lei. Ele diz sem rodeios que Escoteiro é alegre e
sorri nas dificuldades. Bela frase de Baden-Powell. Cumprir mesmo fazendo o
melhor possível às vezes a gente tropeça, diz que não dá tenta pular o obstáculo,
sua mente nesta hora esquece que depois da tempestade vem a bonança. Verdade?
Afinal nem tudo acabou, estamos fazendo uma trilha de aprendizagem, como aquele
jovem que se aventurou um dia a por uma mochila nas costas, cheia, enorme,
pesada, não levou o calçado certo para a jornada, sofreu, deu bolhas, as costas
ficaram em pandarecos, mas quer saber? Ele aprendeu, e como aprendeu. Assim
somos nós diante das dificuldades. Elas passam, sempre passam e nós vamos aprendendo
com enfrentar e sorrir.
Vivemos dias difíceis. Dias nunca
antes conhecidos e enfrentados. Pisamos como se pisa na trilha em uma encosta
onde um passo em falso caímos no despenhadeiro. É uma hora que devemos colocar
nosso uniforme, seja lá o que for e saber que o escoteiro caminha com suas
próprias pernas. Manter a disciplina que nossas autoridades nos recomendaram e
ir passando como quem passa pela vida sorrindo. Pessimismo nesta hora não tem
lugar. Se conseguirmos chegar ao fim de pista teremos noção que os sinais foram
fáceis de seguir. Melhor ainda se conseguirmos encontrar aquele sinal do Chefe que
dizia: - “Voltem todos ao ponto de reunião”. Conseguimos e sabemos que daí para
a frente não haverá dificuldade que não enfrentaremos com um sorriso. Passaremos
por dias difíceis, mas se tivermos o coração escoteiro como aprendemos a ter
quando de nossa promessa, iremos na jornada como quem passeia pelo vento, pela poeira,
o sol, a chuva sempre sabendo que o sorriso nos dará condições de chegar ao fim
de pista.
“Se tivermos o hábito de fazer s
coisas com alegria, raramente encontraremos situações difíceis... Muitas
pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas que tiveram de vencer... A
melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros” Lord
Robert Baden-Powell of Gilwell.
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