Crônicas de
um Velho Chefe Escoteiro.
Chefes Escoteiros
que ficaram na história.
... - Um artigo que
demorei a escrever. Precisava lembrar. Escrever sobre homens que foram heróis
do escotismo e deram sua vida e sua alma pela palavra, pela lealdade, pela
fraternidade e respeito ao próximo. Homens forjados como escoteiros padrões que
nunca mais serão esquecidos. Quantos deles hoje temos por aí?
- Estamos vivendo uma
nova era do escotismo. Lideranças aparecem e desaparecem sem deixar rastro.
Alguns permanecem tentando escrever seus nomes nas páginas da história do
Escotismo Brasileiro. Os antigos deixaram um rastro de realizações muitas vezes
esquecidas. Os mais novos tentam mudar nosso destino como se eles soubessem
onde devemos chegar. Quem acompanha os autores do novo escotismo sabe que
muitos desaparecem e a gente não ouve mais falar. Nas páginas dos novos poetas,
pensadores, doutores professores e pedagogos a educação escoteira tem outra
forma de fazer e interpretar. As idéias de B-P não servem mais para os novos
tempos. Alguns falam pelos jovens dizendo que eles se preocupam mais com as
descobertas da física, da matemática, das descobertas tecnológicas e que o
sonho escoteiro em viver na natureza desapareceu. O escotismo está sendo substituído
pela sala de aula, pela sede, por um programa dito moderno e viver na natureza
é coisa do passado. Sabemos que os interessados ou os jovens não foram
consultados e nem deram oportunidade a eles de experimentar a verdadeira vida
escoteira no campo.
Como sou um eterno encarquilhado
vivente no passado costumo às vezes dar asas à imaginação e lembrar-se dos
velhos tempos para não morrer de tédio nos dias de hoje. Acho que sou e serei
sempre um eterno saudosista dos tempos idos que marcaram uma geração. Homens e
mulheres forjados no verdadeiro espírito Escoteiro onde a fraternidade o
respeito era um fato não importando sua hierarquia sem distinção de classe,
credo ou mesmo burocracias exigidas para provar que é um Escoteiro do Brasil. Hoje
me lembrei de alguns nomes que ficaram na história escoteira. Nomes que
dignificaram o Escotismo Brasileiro e adeptos “Sine qua non” do programa
Badeniano. Nomes que nunca serão esquecidos passe o tempo que passar. Se eles
estão lá no Grande Acampamento, se abraçando, confraternizando seja de que pais
ou associação for eu não sei. Desculpem-me não anotar tantos outros que merecem
também seu lugar no “Panteão Escoteiro da Pátria”. Minha única intenção foi de
mostrar que já tivemos homens escoteiros que pudemos orgulhar.
- Quem já ouviu
histórias do Velho Lobo? O primeiro a ter este cognome no Escotismo Brasileiro.
Benjamim Sodré, o Almirante famoso que emprestou seu nome para a história
escoteira e soube muito bem explorar a metodologia entre os pares que viveu e
conheceu. Sua história escoteira é rica em detalhes, em construir felicidades,
em dar sem receber e dar um aperto de mão honesto e dar toda sua colaboração no
engrandecimento do Escotismo Brasileiro. Vamos pular o grande Velho Lobo e
procurar nas páginas da história outro que foi um orgulho para todos nós. O Ministro
Guido Mondin. Ministro? Sim, tivemos um ministro, valoroso, não vaidoso, que
fazia questão da flor de lis da lapela onde estivesse. Gostava de dizer que era
Escoteiro de coração. Não tinha meias palavras, não gostava de bajulação. Sempre
pronto a colaborar com o escotismo brasileiro sem ostentação. Não se colocou em
um pedestal, como muitos fazem hoje. Seu poema ficou na história e dizia tudo
sobre seu temperamento e do que achava dos novos chefões que hoje pululam por
aí.
- Escoteiro... - “Despe teu uniforme,
interesseiro, Pois não é nele que vive a Disciplina”. Nem por vesti-lo te fazes
Escoteiro, Como o exige nossa lúcida doutrina. Que importa a Promessa que te
ensina a ser da nossa causa um Cavalheiro, sem a conquista da insígnia
peregrina do caráter de um homem verdadeiro? Escotismo é escola de Lealdade, de
Amor, de Ação e Inteligência, isenta de arrogância e veleidade. Se não o
compreendeste, então importa que o construas primeiro, na consciência. Cumpre a
nossa Lei… e depois volta! – Falar mais o que deste homem?
- Vamos em frente. Não
podemos esquecer-nos do Chefe João Ribeiro dos Santos. Um Escoteiro que
preferia o título de Chefe a ser chamado de doutor. Um homem cativante, alegre
e conhecedor do escotismo que nem podemos imaginar. Seu exemplo foi servir.
Servir ao próximo, a comunidade e principalmente o escotismo que era um apaixonado.
Suas obras Escoteiras ficaram para sempre marcadas na memória. Suas letras
musicais inesquecíveis. Quem não se lembra da divertida “Panelas”? Da “Canção
do Lobinho”? E daquela que é cantada até hoje de norte a sul do Brasil? – “Viemos
do norte, do sul e do leste, viemos do oeste de todo Brasil”! Demais. Quando
milhares de jovens repetiu seu canto dizendo: Lavando as panelas somos todos
irmãos! Uma frase que ficou na história. Ele viajava pelo Brasil para dar
cursos, foi agraciado na época com os títulos mais desejados de Gilwell Park
tais como ADCC (Assistente Deputado Chefe de Campo) e depois DCC (Deputado
Chefe de Campo) sabemos que poucos conseguiram ter.
E o Chefe Francisco
Floriano de Paula? Seus livros foram sucesso e até hoje lembrados. “Para ser
Escoteiro” ficou na história. Desmembrado em três partes, Noviço, Segunda Classe
e Primeira Classe foram lidos pelos escoteiros de norte a sul do Brasil.
Doutor, Professor catedrático, deu sua vida pelo escotismo. Já Velho quase cego
dirigia cursos nos campos escola sempre ajudando e colaborando. Tivemos muitos
homens escoteiros valorosos, mas não posso me esquecer dele, um exemplo de amor
ao próximo, que teve a audácia de conseguir verba estadual para custear cursos
a chefes de todo o estado. Tive a honra de tê-lo como Diretor do meu primeiro
Curso da Insígnia de Madeira. Tive a honra de apertar sua mão, tive a honra de
abraçá-lo como um filho e nunca mais esquecê-lo.
Foram muitos os Grandes
Chefes que ficaram na história. Discorrer sobre cada um deles seria uma honra,
mas precisaria de um livro. Fico aqui algumas pequenas lembranças. O meu amigo
Sauro Bartolomei, um sorriso nos lábios, incapaz de uma critica ou uma ofensa.
Viajava para onde o convidavam sem nada cobrar. E o meu líder meu mentor e
orientador Chefe Darcy Malta, um homem a quem devo tudo na vida escoteira. Fico
em lágrimas só de lembrar. E hoje? Como são forjados os novos lideres do
Escotismo Nacional? Tem algum que vai para os anais da história? Que raça temos
que não sabe ouvir, que se acha salvador do Escotismo, esquece artigos da Lei
como o que diz que somos todos irmãos. Que raça estamos criando onde primeiro
se vê brigas, processos condenatórios, exigências burocráticas, e uma corrida
desenfreada atrás de valores financeiros? Arrogam-se como juiz a dizer que é o
dono do nome Escoteiro? Já me perguntei e não reluto em perguntar novamente: -
Baden-Powell deu por escrito seus direitos autorais? Disse que o escotismo
pertence a algum país? Quem pode se arvorar como dono? Isto é escotismo?
Ainda lembro com
saudades do nosso passado, do nosso marketing, do proselitismo Escoteiro, de grandes
empresas, organizações da mídia que faziam para nós. Hoje isto não mais existe.
Normas, exigências, fiscais escoteiros para saberem quais são as nossas ideias
e ideais escoteiros. Se alguns destes novos lideres que dirigem ao seu modo o
escotismo brasileiro ficarão na história do Escotismo Brasileiro eu não sei. Temos
sim uma nova safra junto aos jovens, se sacrificando, dando o seu melhor,
ouvindo e entendendo o que eles querem e sonham. Uma pena que quando temos oportunidade
de nos apresentar para a sociedade e ser visto pela população somos comentados
achincalhados em nosso garbo e apresentação. Sei que ainda temos chefes de
valor, que procuram dar nome e honra a sua atuação escoteira. Saudades de uma
época, de homens dignos que elevaram o nome Escoteiro neste nosso país chamado Brasil.
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