Crônicas de um chefe escoteiro.
Quando a primavera voltar.
Tive muitas
experiências na vida. No escotismo outras tantas. Serviram-me muito. Muitas
vezes escrevo aqui com o coração me abrindo com amigos virtuais que tanto prezo.
Outras tentando divertir a mim mesmo. Gosto de rir. Me faz bem. Do que escrevo
alguns gostam. Outros não gostam. Agradar aos Deuses e Troianos é difícil. Eu
sei disto. Claro que comentários airosos trazem um pequeno desgosto, não
adianta dizer que não. O jeito é pular por cima, pois o sol vai brilhar
novamente e a vida segue e devemos seguir com ela. Cada comentário que faço
sobre nosso movimento sempre foi visando seu crescimento. Dizem que eu sempre
fui um eterno “contra”. Se eu fui tudo isto não sei. No escotismo atuei em
todas as áreas. Sem esquecer que fui lobinho, Escoteiro, Sênior Pioneiro e
Vaqueiro. Risos. Vaqueiro? Bem esta é outra história. Gostosa e das boas! Atuei
vários anos como Chefe nos lobos, nos escoteiros, nos seniores, e fui até Mestre
Pioneiro, imagine! Aprendi muito. Vi jovens se tornarem homens. Mocinhas que
cresceram e hoje atuam em diversas áreas de nossa sociedade. Aqui no face tem
muitos deles.
Participei de dezenas de cursos. Acho eu que foram mais de uma centena.
Atuei em liderança regional. Como se diz no exército, sempre fui um soldado
obediente, mas não fazendo continência a tudo que os superiores diziam. Aqueles
que me acompanham e leem meus blogs, devem ter uma ideia das minhas sugestões.
Todas elas comprovadas por fatos onde vi os resultados. Fatos que participei. Já
comentei sobre Cerimonial de Promessa, de lobos, sobre uniformes, sobre
tradições, sobre lei Escoteira, sobre etapas e provas, programas, condecorações,
sobre Sistema de Patrulha e do adestramento dos Monitores. Já comentei sobre a
UEB, regiões, distritos e Grupos escoteiros. Já comentei sobre a força da
amizade, do sorriso, do respeito para que um grupo possa ser uma grande família
democrática onde todos têm o mesmo direito, claro e também os mesmos deveres.
Não
desejo que façam o que eu digo nada disto. Cada um é cada um. Tem casos, no
entanto que por experiência eu sei que não vai dar certo. Vendo e ouvindo aqui
e ali, olha que são muitos que trocam ideias comigo eu vou dando meus
“pitacos”. Se isto resolve ou não isto não importa. Outro dia um não concordou
comigo quando insisti que a Patrulha em acampamento deve cozinhar para si.
Dizia ele que assim não sobraria muito tempo para as atividades. Puxa! Existe
atividade melhor que esta? Quer coisa mais linda? É delicioso estar ali, em tempo
livre, com todos conversando entre si e fortalecendo a Patrulha! Vendo a fumaça
de o fogão a lenha subir aos céus, o cheiro da linguiça sendo frita o calor do
fogo nas panelas, os olhos do cozinheiro ardendo, alguém colocando uma acha de
lenha no fogo, o aguadeiro correndo com a vasilha cheia de água, o cheiro do
arroz, da batata frita! Isto meus amigos vale mais do que dezenas de outras
atividades. O Sistema de Patrulhas nesta hora tem um valor enorme. E assim que
ele é praticado com toda clareza. Onde se aparam arestas, onde se fazem planos,
onde se aprende a amar e admirar uns aos outros.
Eu
participei de uma Patrulha. Por muitos e muitos anos. Uma época que ainda não
havia os tais programadas detalhados – 6:00 – Alvorada. 7:00 café – 9:00 inspeção
– 09:30 bandeira, oração, avisos – 10:00 jogo – 11:00 mandar os pais aqueles
folgados trabalhar para fazer almoço – 11:00, hora de levar a turma para pular
no barro – 13:00 almoço, 14:00 siesta, internet e falar no celular. (tenho um
artigo que fiz sobre celular e como dei risadas, meu Deus!) E por aí vai. Era
diferente. Eu mesmo quando Chefe de tropa não dei muita bola por estes
programas. Os que nunca participaram de uma boa Patrulha não sabem como é
difícil aceitar lideranças, aceitar outros jovens junto a eles pensando
diferente. É nestas horas que as ideias são trocadas. É nestas horas que a
Patrulha fortalece. Que o diga quem fez assim quando Escoteiro.
Lembro
meu primeiro curso. 1959. Cinco dias. Acampado (O IM dois anos depois foram
nove dias acampado), mais seis chefes na Patrulha. Primeiro dia - o Escoteiro é
cortes e amigo. Segundo dia – Aqui tem muitos que não querem nada uns coça
sacos – Terceiro dia – Fulano só quer mandar e eu dando duro – Quarto dia –
Começamos a conversar, um conselho de Patrulha. Resolvemos nos unir mais. E
assim foi até o ultimo dia. Cozinhávamos, fazíamos pioneiras, tínhamos dezenas
de sessões por dia, um verdadeiro acampamento e fazendo para aprender. Ali
aprendemos os sentimentos de uma patrulha. Vivemos na pele o que os jovens
vivem hoje. Não é mais assim. Muitos definem o que os jovens querem. Ainda não
entenderam o que é aprender fazendo. Definiram o que é bom para todos. Não
perguntaram. Bem já me disseram que é época moderna. Novos e modernos métodos
de ensino e educação. Não temos mais chefes ou adestradores, agora são
formadores. Que nome eim? Ah! UEB! Deixou para trás toda uma personalidade
adquirida que demorou cem anos para se fazer.
E meus
amigos, eu fico pensando se não estou errado. Fico pensando que um banho de
Giwell Park quem sabe poderia me fazer bem. Dar novas ideias pensar diferente.
Eu era um bom lobo, um bom lobo de lei, eu era um bom Marrom, um bom Marrom de
lei, eu era um bom Touro, um bom Touro de lei. Três insígnias. Três lembranças.
Quantas coisas eu vivi. Mas isto fica para outro dia. Quem sabe quando a
“primavera voltar”?
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