Conversa ao pé do fogo.
São coisas do passado.
Jovens Escoteiros
e jovens escoteiras. Estou aqui a imaginar vocês em volta de um fogo amigo, em
uma clareira de uma floresta onde o verde se foi e agora a noite chegou, com um
riacho cantante ao lado, fazendo seu caminho de sempre a procura de um rio e
depois o mar. Sei que vocês estão ali porque ainda acreditam na beleza do
escotismo. Sei que vocês já sentiram o cheiro da terra, o perfume da floresta,
a brisa gostosa que sopra do lago dourado, um poente que nunca irão esquecer.
Sei que agora aqui em minha volta, assentados neste banco tosco feito de
madeira simples, quem sabe a saborear um café brasileiro cujo bule cheio está a
manter o calor, bem próximo à pequena fogueira. Não é um fogo do conselho e vocês
sabem disto. É apenas uma conversa ao pé do fogo sem eira e nem beira, sem
inicio e sem fim. Todos estão ali para jogar conversa fora, mas que não escapa
algumas frases que saem de dentro do coração.
Cada um de nós, vocês
e eu vivemos uma vida diferente de muitos outros rapazes e moças. Hoje sabemos o
valor dela e com o passar do tempo também poderão valorizar mais e mais aqueles
que viveram nas benesses escoteiras. Quando o inverno chegar daqui a muitos e
muitos anos quem sabe, irão sentar em algum canto da casa e deixar o pensamento
correr pelos céus, a perseguir a borboleta verde que perdida na rua vazia, irão
sorrir ao lembrar-se do seu passado. Dizem que não é triste lembrar o passado,
triste mesmo é não ter passado para lembrar. Confirmam-me os poetas que fechar
os olhos e lembrar-se do passado é a maior máquina do tempo e o melhor remédio
para o homem. Quantas coisas belas vocês viveram no escotismo? Se ainda não
viveram façam elas se tornarem realidade. Não deixe que a inercia de uma vida
sem aventuras aconteçam com vocês. Não reclamem que nunca deram nada a vocês.
Nada cai do céu aleatoriamente. A montanha não é intransponível. Será sim se
ficarem a admirar sua beleza sem pisar em suas terras no mais alto cume que
puderem alcançar.
Sabem meus amigos
e minhas amigas escoteiras que estão aqui na frente da minha barraca,
aproveitando o calor gostoso desta noite fria, a falar de amores, de sonhos e
de belas coisas que estão vivendo e poderão conhecer melhor. Não siga a rotina
da vida, lutem para sair da caserna pelo menos uma vez. Se acamparem procurem
ver o que poucos Escoteiros e escoteiras conseguiram ver. Quantas estrelas têm
no céu? Quantos cometas passaram em chispas velozes e quantos pedidos vocês
fizeram? Olhem aquela campina, vejam quantas flores silvestres. Não as tire do
seu habitat, vá até elas, sinta o perfume de cada uma. Feche os olhos e sonhe
que poderia ser também uma borboleta dourada, um beija flor azul e branco a
voar pelos vales floridos. Inocência? Pode até ser, mas é uma inocência gostosa
de fazer e sonhar. Deixe seu cérebro acompanhar o lumiar dos vagalumes, procure
ver na árvore próxima os olhos enormes de uma coruja esverdeada. Veja quanta
beleza! Cantem a velha canção – “O espírito da coruja mora neste acampamento”!
Saboreiem meus
caros Escoteiros e escoteiras o cantar dos pássaros no céu. Regozijem com um
amanhecer maravilhoso. Saiam da barraca para apreciar os pardais a tocarem suas
sinfonias impossíveis. Se possível sinta o gosto da água retirada de uma
pequena nascente, tomada em uma folha que colheste no pé da arvore encantada.
Hoje o dia findou. Sei que cada um de vocês cantou, correu, criou pioneirias fantásticas
e viram o sol seguir seu caminho para o oeste. Sei que bombasticamente viram
sua bandeira a saudar a natureza aproveitando o vento que lhe trouxe a paz. Não
ouve chuvas, não precisaram ver que se tens vento e depois agua deixando andar
que não faz mágoa, e nem se tem agua e depois vento e não foi necessário pôr-se
em guarda e toma tento. Risos. Não foi preciso. Um céu de brigadeiro aconteceu.
Agora fechem os olhos e imaginem quantas coisas belas vocês aprenderam e estas
coisas estão armazenadas em cada um dos seus cérebros nos imagináveis chips da
vida.
Que outras centenas
de conversa ao pé do fogo aconteçam com vocês. Alguém me disse que não se vive
mais o espirito de aventuras, que não se vive mais o sentir a natureza em todo
seu esplendor. Dizem que agora os tempos são outros. Um poeta sempre ele me
disse que nós humanos somos os únicos seres que conseguimos pensar no futuro. Lembrar-se
do passado e “destruir” o presente. Não sei se acredito nisto. Nas minhas noites
enluaradas ou não, ao pé de um fogo amigo quantas histórias eu tenho para
contar. Vejo meu amigo Gilliard que não é Escoteiro, mas que dizia: - Posso usar
meu dia para imaginar o Futuro, agir no Presente ou lembrar-se do Passado. O
Segredo é saber extrair o máximo da década de cada um deles. Lembrar-se do Passado
apenas o suficiente para fazer do Presente um bom lugar para viver, e a cada
dia tornar realidade um Futuro mais feliz e mais real.
Nós, você, eu e
todos os membros participantes do movimento Escoteiro temos nosso quinhão de
responsabilidade para fazer uma vida melhor, onde a alegria e a felicidade
estejam conosco, presas em nossos corações para sempre. E assim quando todos vocês
meus jovens e minhas jovens escoteiras chegarem na minha idade, poderiam dizer
para si próprio ao recordar. Em fiz
parte, eu ajudei, eu sou um deles. Como fui feliz e nunca esqueço que até hoje
ainda sou feliz! Oh! Meu Deus, obrigado por me dar a oportunidade de recordar!
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