Coisas de
velhos Escoteiros.
Para que eles
servem?
Dizem por aí que velhos Escoteiros só têm
uma utilidade: - Servir de poste para que os outros comentem o que ele foi e
mais nada. Afinal o mundo é outro e ele o Velho Escoteiro já expirou seu tempo e
aqui na terra e insiste em fazer hora extra. Assim pensando, pois ninguém quer
ouvir suas ideias e sugestões eu fico na minha de escrever e publicar. Ainda
bem que em minhas publicações tem alguns comentários e uns poucos que leem e
curtem. Podem me contradizer, mas se você é um Velho Escoteiro me diga se
sempre é consultado pelos membros dirigentes nacionais ou regionais e em alguns
casos no seu grupo escoteiro? Quem sabe sim, podem ter-lhe perguntando se ser
um Velho Escoteiro chato e “maniento” rende dividendos financeiros. Risos.
Brincando somente e que me perdoem os outros velhos Escoteiros não vou
compará-los a este quem vos escreve.
Meu intuito aqui hoje é escrever esta
pequena crônica é somente para lhe contar um fato do acontecido ontem, sábado,
26 de abril de 2014. Lá estava eu gostosamente cochilando no Santuário Mãe de
Deus, onde se reuniam alguma centenas de Escoteiros paulistas que
religiosamente assistiam a missa que por sinal foi uma das mais belas que já
tinha visto. As canções do Padre Marcelo marcam profundamente. Missa é missa e
não se sai abraçando e dando sempre alerta apesar de que um ou outro gato
pingado aparecia. E foi então um chegou – Me olhou de esguelha sorrindo! Sou eu
Chefe Osvaldo o Chefe Castanha. Beleza! Abraços e apertos de mãos saudosos. O
tempo passa e eu ainda cochilando. Um Chefe, uma Chefe me cutuca e diz que
sempre lê minhas histórias. Outro diz que sempre se emociona. Bom isto. Fico
orgulhoso quando ouço alguém dizer assim. Mas além da rotina do Velho Escoteiro
pouco reconhecido entre os jovens, pois ele não é nenhuma sumidade eis que
chega ao final a missa e eu maravilhado com o cantar de todos a pedido do
Bispo. Cantam a Canção da Promessa. Lindo. Espetacular! Parabéns!
Termina tudo e eis que cada Grupo Escoteiro
orgulhosamente dá seu grito de guerra. Um aqui outro ali e outro acolá. Bonito
isto. Eu conversando com amigos vejo que formam um grande círculo. Poxa! Seria
hora da Cadeia da Fraternidade? Não posso perder de maneira nenhuma. Aperta
ali, aperta aqui e eu me aboleto entre uma senhora e uma escoteira. Adoro isto.
Nunca fiquei de fora de uma Cadeia da Fraternidade e agora no fim da minha vida
não ia perder esta. Foram mais de quatro centenas delas. Cada uma sempre
diferente e emocionante. Começam a cantar, o dirigente como todos – Gente, para
a direita, para a esquerda. ♫“Porque
perder a esperança de nos tornar a ver, porque perder a esperança se há tanto
querer”♫... O Velho Escoteiro tenta acompanhar com suas pernas bambas,
uma voz fanhosa e canta somente com os lábios. Linda Cadeia da Fraternidade.
Bem cantada todos sabem como fazer. Uma pausa um silencio, eu um Velho Escoteiro
achei que acabou.
Não tinha acabado, mas aquela
euforia de participar de tantas, de sentir na veia a canção que ninguém esquece
e de olhos fechados pensando que seu passado voltou fiz o que ninguém esperava...
Gritei bem alto e olhe nem sei como saiu minha voz – “Escoteiros, um por todos”
todos respondem – “Todos por um”! Repito novamente. E depois acrescento – Uma vez
Escoteiro? Todos respondem – Sempre Escoteiro. E achando que era um Baden
Powell renascido da Fênix, dou um sorriso e finalizo: Sempre? – respondem todos
Alerta! - Missão cumprida. O Velho Escoteiro se sentiu realizado. Mas não,
impossível, eu não era o dirigente, eu não tinha este direito! Arvorei em um
direito que não tinha! O dirigente, o que realmente possuía este direito veio
direto a mim, educado é claro – Chefe o senhor cortou a canção! Não estava na
hora! No fundo ele queria dizer que ele é quem estava dirigindo e era dele o
direito. Ele educadamente podia até ter completado – Porque não me pediu Chefe?
Tentei sorrir e contar uma
piada. Não sabia onde enfiar a cabeça. Preferi brincar com ele pedindo
desculpas e me despedi de todos. Fui embora olhando para trás e imaginando os
comentários, mas sorrindo baixinho. Mas quer saber uma verdade? Eu gostei. Gostei
muito e adorei o que fiz. Certo ou errado mesmo não tendo este direito não
posso dizer se o faria de novo. Eu sei que direitos são direitos, que norma é
norma, mas quando eu poderia fazer isto novamente? Quantas Cadeias da
Fraternidade eu ainda participarei? Se o Chefe dirigente estiver lendo esta
crônica eu peço sinceras desculpas, mas me desculpando ou não, não me
arrependo. Lembrar só de lembrar o passado é bom, mas agir como se você estive
nele presente ainda é melhor. Não sei onde tirei a voz em um circulo com mais
de quatro centenas de Escoteiros. Mas ela saiu sem eu esperar, gritada, forte
alegre e parecia que eu era o Osvaldo, um Escoteiro com meus vinte e seis anos,
naquele longínquo tempo passado, nas minhas Minas Gerais onde dirigi uma Cadeia
de fraternidade com mais de dois mil Escoteiros. Uma apoteose!
Obrigado amigos por me
compreenderem, pois não vi nos olhos de nenhum jovem nenhuma admoestação. Para
eles não importava quem estava dirigindo, cumpriram sua missão e aceitaram que
outro ali dissesse as palavras mágicas de todo fim da Cadeia da Fraternidade. Senti
um orgulho “danado” deles. Uma meninada alegre, cantante, que estavam lá
prestando sua homenagem e nem sabiam que alegraram o coração de um Velho Escoteiro
que achou que podia... Mas ele não podia nunca ter tomado a liderança. Pois é,
são coisas de velhos Escoteiros, afinal para que eles servem?
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