Hora de dormir e quem sabe voar até as estrelas em um sonho
que se transforme em lenda.
Existem histórias mais lindas que não
seja aquelas contadas como uma lenda? Onde os acontecimentos são misteriosos,
sobrenaturais e podemos misturar os fatos reais com os imaginários ou
fantasiosos? Eu conto histórias portanto também conto lendas. De um simples
fato o transformo além do imaginário popular, além da imaginação. A linguagem
da escrita vai se modificando e a gente deixar a mente voar pelo espaço
procurando aqui e ali pontos que preencham a mente e satisfaçam aqueles que vão
ler ou ouvir alguém contar... Era uma vez... Quantos adoram quando você começa
uma história, estas três palavras são mágicas: - Era uma vez... Lembro-me de uma história ou lenda, noite
escura, três patrulhas de Escoteiros e duas de escoteiras. O fogo crepitava em
um Fogo do Conselho inesquecível. Deixei o fogo ir diminuindo quando iniciei a história.
O local era ideal, uma floresta densa e ali naquela clareira meninos e meninas
esperavam ansiosos a história ou lenda que o Chefe iria contar.
Levantei de um salto, olhei na mata e
gritei: – Ouçam a floresta! Eu disse. Ela está lá, aguardando que alguém lhe
mostre o caminho! Uma menina levantou assustada e perguntou – Quem Chefe? A
Moça de Branco que um dia morreu ali naquela cabana e quem ninguém até hoje
sabe por que seu marido a matou! Ela chora todas as noites ao andar ao leu pela
floresta. A menina sentou de olhos arregalados, todos olhavam para a floresta.
Eu corri até a entrada de uma trilha fechada e a chamei – Nina! Venha, não
vamos lhe fazer mal! – Notei que todos procuraram ficar mais próximos uns dos
outros. Ninguém falava, um silencio total!
- Não a chame, você não tem este direito! Imitei uma voz cavernosa como
se ele a voz estivesse ao meu lado. – Porque Lomanto? Por quê? Afinal você não
a amava? Não disse que daria sua vida por ela? – Chorando com as lágrimas
caindo sobre sua face ele me disse - Chefe, eu a matei com minhas mãos, mãos
que gostavam de acariciar seu rosto. Eu me maldigo até hoje e sempre que posso
saio do inferno que vivo para vê-la novamente aqui na floresta. Mas ela Chefe,
ela não me quer mais. Diz aos gritos que me ama mas não quer me ver. Ela não
queria morrer Chefe! Ela amava a vida! E eu a matei!
Voltei
devagar de costas rumo ao pequeno fogo bruxuleante, falei baixinho e tão
baixinho como se estivesse engasgado e com uma voz forte – Não vou apertar sua
mão! Você é um fantasma assassino! Não venha aqui participar conosco, nenhum
desses jovens meninos e meninos irá gostar de ver seu rosto cheio de
cicatrizes, suas mãos apodrecendo, seus cabelos caindo, este cheiro de enxofre e
seus braços cheio de bichos do inferno. Se afaste! – Um burburinho na tropa, se
ajuntaram mais, o fogo ia diminuindo, a floresta parecia invadir a pequena
clareira que nos servia de abrigo para aquele Fogo de Conselho. – Um menino
noviço ainda tremendo me pediu quase chorando: - Chefe, mande-o embora. Ele matou
sua mulher, não quero vê-lo por favor Chefe! Alguns soluçavam, outros me
pediram para parar. – Não tenham medo, eu vou clamar as almas do outro mundo
presas no inferno para levá-lo onde ele merece ficar. Queimando para sempre
junto ao Demônio.
Não sei se
era minha história, se era minha lenda mas o fogo que quase se apagava de
supetão se elevou no ar, a clareira ficou como se fosse dia. Milhares de
fagulhas subiam para o firmamento. Um trovão se ouviu no céu. Todos deram as
mãos, ficaram em pé e gritavam – Chefe queremos voltar à barraca, por favor Chefe!
– Calma jovens Escoteiros, não precisam ter medo, Lomanto foi embora, Nina com
seu vestido branco também. Não vamos vê-los nunca mais. Terminei a lenda
cansado, ofegante, dei tudo de mim para que ele fosse verdade. A cadeia da
fraternidade foi feita rapidamente. Na volta ninguém queria ir à frente e ninguém
atrás. Os Escoteiros e escoteiras estavam juntinhos e havia um silencio
sepulcral. Foram dormir, muitos rezaram, eu fui para minha barraca. Estava só. Sentei
em um pequeno toco onde ainda jazia um pequeno fogo que fiz antes do anoitecer
e pensei na história na lenda que contei e um arrepio correu pelo meu corpo,
senti uma mão no meu ombro, tremi da cabeça aos pés! – Olhei era ela, Nina,
vestida de branco, linda, a mulher que morreu. – Obrigado Chefe, o senhor me
ajudou. Ele agora vai me deixar em paz!
Fui dormir
tarde depois da meia noite, sentia na pele o orvalho da madrugada caindo, dei a
ultima volta nos campos de patrulha, todos dormiam, pensei comigo que história são
histórias, lendas são lendas mas existem algumas que podem se tornar realidade.
Que Nina descanse em paz e que Lomanto se arrependa do que fez. Os anos se
passaram. Minha mente voa pelo passado quando contava histórias e lendas e
fazia a escoteirada sorrir e sonhar. Contei centenas de histórias e lendas
neste mundo de Deus. Em florestas, em montanhas, em vales enormes cheio de
cachoeiras, em picos sem fim. Contei histórias nas campinas do meu estado e de
tantos outros, contei histórias e lendas nas margens de um lago gelado história
que ao contar gelei. Hoje passado muitos anos até hoje ainda encontro com
alguns Escoteiros ou escoteiras que estiveram lá naquela clareira e sempre me
dizem e juram que viram Nina chorar...
Gosto
de contar histórias e gosto de Lendas, porque
as lendas são envoltas em Mistérios e Magias. São uma criação dos
caminhos da mente, da vaga imaginação da liberação dos silêncios da alma...
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