Lendas
Escoteiras.
Polemica, uma
vaca Escoteira que deu o que falar.
- Melhor parar uma meia
hora, - disse Polaco o Monitor da Pantera. Ninguém disse nada, mas sabiam que a
trilha na subida com aquele sol deixava qualquer um respirando alto. Não havia
árvores e cada patrulheiro procurou um arbusto que pudesse fazê-lo esconder do
sol. Sabiam que a trilha até a Curva do Pavão não era o melhor caminho, mas
ajudava para economizar mais de quatro quilômetros na estrada do Roncador.
Durante uns dez minutos ninguém disse nada. Todos só procuravam recuperar suas
forças. Cada um meio escondido em um arbusto à beira da trilha. O sol
inclemente não perdoava ninguém. Podiam ter tirado o lenço e a blusa o
uniforme, mas como se fosse uma norma não escrita ninguém tirou. Sempre foi
assim desde que entraram para a patrulha. – Soube que o Chefe Morcego vai
embora! – todos olharam para Jovi. Muitos levaram o corpo em dúvida. – Verdade?
Disse Moreno. – Bem fiquei sabendo pela minha mãe. Ele foi transferido para
outra cidade. – Um silêncio completo. – E se for verdade? Pensou Nonato. – Se
for não sei o que vai acontecer conosco.
Vinte minutos depois
Polaco deu a ordem de seguir em frente. Todos pensativos com a notícia do Chefe
Nonato. E se ele fosse quem ficaria no lugar? A mente fervilhava no que acabam
de saber. Uma preocupação a mais para cada Escoteiro da patrulha. Afinal o
Chefe Polaco confiava nas patrulhas e elas podiam excursionar e acampar sem a
presença do Chefe. Os pensamentos os fizeram esquecer-se do sol e da subida.
Logo avistam a curva do Pavão. A trilha agora seria só descida. Ficaram alegres
avistaram o Mata-Burro e a porteira da Fazenda Pingo D’água. O coronel
Marcondes era um amigo dos Escoteiros. Mário Prata riu quando atravessaram o
mata-burro. – Mata-burro ou mata qualquer animal grande? Porque o nome? Mas ele
não comentou nada com ninguém. A estrada da fazenda tinha coqueiros dos dois
lados. Quando estiveram lá no ano passado o Coronel contou a história delas. No
tempo dos escravos seu bisavô comprou as mudas na Europa. Cada escravo ficou
responsável por uma. Se a muda não vingasse o escravo seria morto. Quando
souberam desta maldade queriam retrucar, mas valia a pena? Hoje o Coronel
Marcondes era um amigo e sempre os tratavam maravilhosamente bem.
Ele como sempre os recebia
no primeiro degrau da escada da varanda da casa grande. Imponente. Com uma
perneira usada, mas engraxada. Seu chapéu preto de couro cru fazia dele uma
figura maravilhosa. As botas longas de cano alto o faziam maior do que era. Um
sorriso no rosto mostrava a alegria de vê-los novamente. Percorreu uns cinco
metros e abraçou a todos. O Coronel Marcondes morava sozinho. Dona Mariza sua
esposa foi para o céu quando nasceu Tonho, o único filho que teve. Hoje mora na
capital e é engenheiro em uma firma que montou. Pouco visitava seu pai. Gerard
foi o primeiro a abraçá-lo. Ele tratava Gerard como se fosse o segundo filho.
Não houve fila nos abraços, Gerard, Giacomo, Mario Prata, Polaco, Jovi,
Manfredo e eu fizemos um circulo e todos o abraçaram simultaneamente. Claro,
logo veio o grito da patrulha que ele participou e sorriu quase chorando. Um
homenzarrão e sentimental o Coronel. Agradecemos o almoço devido à hora e
comemos umas roscas e um delicioso bolo de chocolate. – Precisamos partir
Coronel. Nosso programa é vasto! No mesmo lugar? Perguntou. Sim senhor falou
Polaco.
- Polêmica pode ir
conosco? Claro, disse ele. Está na curralama onde vocês devem passar. – Giacomo
lembrou-se de Polêmica. Uma vaca que todos adoravam. Ela na primeira vez que
acamparam ali resolveu comer as barracas, roupas e tudo que encontrava pela
frente. Perderam quase tudo, mas fizeram uma grande amiga. Depois nunca mais
isto aconteceu. Quando se aproximavam da Curralama ouviram o mugido de
Polêmica. Ela dava pulinhos enquanto os seguia na Estrada que os levariam ao
Lago do Cisne Negro. Não demoraram em chegar. As atividades da montagem do
campo deu inicio. Polêmica em volta deles aproveitando um branqueara gostoso. A
tardia o sol se ponto ouviram o som de um motor de caminhão. Ficaram na
espreita, pois não era comum. Ninguém nunca tinha ido ate ali. Manfredo e Jovi
subiram até uma elevação para ver. Voltaram correndo – Parece que estão
roubando gado do Coronel! – Um conselho de patrulha. Meninos não podem
enfrentar homens armados. Mais de quatro quilômetros até a fazenda do Coronel. –
Gerard deu a ideia de ficarem mais distante gritando enquanto Jovi iria no
passo Escoteiro até a fazenda.
Quando começaram a gritar
viram os bandidos correrem até onde eles estavam. Melhor voltar e se esconder
proximo ao campo de patrulha disse Polaco. Não deu tempo, Mario Prata e
Manfredo foram encurralados. Os meninos Escoteiros não sabiam se defender. Eram
bandidos perigosos. Três deles. Um deles começou a rir da tremedeira dos Escoteiros.
Não percebeu a chifrada no traseiro dado por Polêmica. Logo ela avançou no
segundo e o derrubou. O terceiro correu mais que pode, mas foi alcançado por
ela. Escoteiros são assim sabem o que fazer e como fazer. Umas embiras de cipó
e logo os três bem amarrados. O coronel chegou de charrete. Riu quando viu os
bandidos presos. – Sabem ele disse – Eu amo vocês. Aqui nas minhas terras me
sinto seguro – Coronel trate bem a Polêmica. Ela sim foi quem nos salvou. O
coronel riu e levou os três para a delegacia.
Dizem que Escoteiros são heróis. Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para
perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores. Se eles
foram heróis parabéns, mas quer saber? Para mim o verdadeiro herói desta
historia foi à vaca Polêmica. Ela sim deu cabo da bandidada sem ter medo. Mas histórias
são histórias, e são elas que nos fazem sentir bem a sensação de uma boa
aventura!
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