Esquece “velhote”
seu tempo não volta mais!
Há dias estou praticando um
repouso para minha especialidade de Velho Escoteiro Dodói. O homem do jaleco
branco disse que eu preciso me cuidar. Diachos! Ainda disciplinado eu permaneço
deitado, viro aqui viro ali e será que só penso naquilo? Quem sabe meus velhos
amigos da década de cinquenta e sessenta podem pensar como eu? Ando meio
revoltado... Que direito tem estes “mandatários” usurpador do poder, que estão
mudando sem a ninguém consultar?
Calma Chefinho... Não fica
“brabinho” diz uma amiga minha. Mas eu mordendo a gengiva pergunto: - Voce aí.
Sei que entrou a maneira, adora vestimenta escoteira, bate palma e aceita,
aprendeu a não discutir. Disseram para você que eles são estatutários, eleitos
para mudar, jurando a tudo melhorar. Sei que encontrou tudo mudado e nem sabe o
que aconteceu.
Dizem que é um privilegiado, tem
assessor que lhe assessora assessorando e fazendo assessoramento dizendo o que
deve fazer. Se mandar fazer assim, sem discussão fará. Se não fizer, será
aconselhado e depois admoestado e quem sabe lhe dirão que pode ir passear. Você
e uma maioria, que não discute sorri, adora sua missão. Fazer de jovens de hoje
excelentes cidadãos. Se você quer ser importante vai ter luta constante para
ser um maioral. Vai postar suas conquistas alardear suas cobiças e pouco
importa no que vai dar.
Chamam-me de velho senil, na
calada de imbecil. Dizem que meu tempo é de farofa, chapelão e tapioca.
Esfolador de galinhas e outros galináceos a mão. Paciência. Discutir prá que?
Vou convencer “vósmecê”? Cuidado ao lembrar o passado, há gritos prá todo lado
o chamando de caduco, esclerosado gagá decrépito e senil. São mestres em gritar
pru vento. Chefinho! - Nunca mais acampamento... Acampar onde? Eita turma da
preguiça, quem nem assiste uma missa, prefere se esbaldar... No pateo da sede emprestada
do Grupo Escolar.
Vem aí à nova geração,
vestimentados em ação. Uns adotam chapéu, outros boné prá trás, camisona
esbaldada em cima da barrigada. E a tal meinha pretinha? Uma gracinha! Outros
vão à cantina ver o que oferecem, chega de tanta rotina. Chapelão? Mochila e
Vulcabrás? Ficou no tempo rapaz... Está copiando os lá do norte, uma faixa bem
enorme, para ficar nos conformes e encher de especialidades mil. Dizem que vem
aí o quinto e sexto taco, e para os presidentes e diretores muitos tacos a
granel. Tem “Money”? Na cantina é como mel.
Tem novo programa vendendo como banana...
Eita que lindo é o MACPRO... PIRADOS. BP foi abandonado. Chega de acampadores, copiem
os novos senhores dos cursos os formadores, quadro negro, cadeira escolar e o
escambal. Lobos? Têm tantas ideias, uma verdadeira mocreia, que se vivo Mowgly
ira bendizer. Tem acantô de alcateia, tem belas danças modernas, dizem que o
Balu vai dançar o rap Hip Hop, vai mostrar o chula, chula rebolando prá
xuxu.
E eu velhote adoentado,
olhando prá todo lado, olho os desenhos do Gilbert e pensa com sabedoria: -
Irão aparecer novos Gilberts? Novos desenhos? O que vai ficar prá história? Irei
ver uma Patrulha, desbravando uma montanha? Subindo em um Jacarandá e descendo
no evasão? Construindo um belo pórtico sem ter o Chefe na mão? Fazendo
malabarismo em um belo comando Crow?
Não os escoteiros do Gilbert
ficaram na história. Se não me falha a memória agora é um belo camping,
cadeiras espalhafatosas, barracas inteligentes, festejar e acampar... Olhando
no celular... Alguém se arrisca a cozinhar? Prá que? Logo chega o marmitex ou
vem um Chief contratado vai fazer bife acebolado e outros manjares na cozinha
montada no lugar.
E quem sabe eu reencarno, em uma
nova geração, alguém me diz que BP foi um grande fanfarrão. Escotismo Vadico é
outro. Tem muitos na eleição. Tem até um Jamboree lá nas luas de Plutão. Melhor
parar por aqui. Olhar de novo o Gilbert, que soube impressionar, mostrar os
escoteiros heróis no seu tempo e habitat, pois só isso fica guardado, na mente
do bem fardado, empurrando à carretinha que neste mundo moderno agora não
existe mais!
Sempre Alerta ou quem sabe... Be
Prepared!
Nota - Andando mais
prá lá do que prá cá, cacunda tá entortada, duas pernas bem travadas, tentando
manter a respiração. Como velho menino escoteiro, fico no meu canto ligeiro,
fazendo recordação. Adianta? Prá mim sim Doutor Chefão. Enquanto manter o
respiro, não darei meu ultimo suspiro, e no meu pé de xulê vou bebendo meu café
nas asas da imaginação. Lá no meu campo amado, me sinto bem acampado faça chuva
ou faça sol. E meto os dedos no teclado nas lembranças do passado que nunca
mais voltarão.
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