Papeando nas areias do Waingunga.
O Ramo Lobinho.
O Ramo Lobinho não é minha praia.
Fui lobinho, mas o programa na época era bem diferente do atual. Acredito que
meu Balu nunca tinha lido o Manual do Lobinho de BP e nem tampouco o Livro da
Selva. Ele sabia da existência de um Mowgly, de um Akelá, de Um Balu um Bagheera
e uma Kaa. Sabia da Roca do Conselho e do Shery Kaan. Inventou algumas danças
esquisitas e pelo menos nos incentivava a abrir um e os dois olhos com a Primeira
e Segunda Estrela. Um dia apareceu com o Lobinho Cruzeiro do Sul! Ufa!
Fui crescendo e aprendendo um “tiquitito”
de nada sobre lobos atuando como Akela. Apenas dois anos. Mais tarde fui
agraciado com a IM de Lobinhos e atuei dirigindo alguns cursos de lobo sempre cercado
de sumidades em Mowgly que me ajudaram muito nas minhas deficiências “lobísticas”.
De tempos em tempos me perguntava por que a progressão não era satisfatória já
que poucos lobos permaneciam na tropa e quase nenhum passando para os seniores.
Pioneiros era difícil alguns deles chegarem até lá.
Uma vez em um CAB de Lobos, convidei
aos alunos para uma mesa redonda e trocarmos ideias sobre a passagem e a permanência
futura do lobo na tropa. Alguém comentou o porquê quando um lobo passa para uma
Patrulha tem menos direitos que um novato que chegou primeiro que ele e nunca
foi lobo. A discussão foi boa, mas os resultados foram esquecidos. Não sei hoje,
mas ouvindo Mestres em Lobismo parece que a evasão e os direitos dos lobos nas tropas
ainda são permanentes.
Quando surgiu o Manual do
Lobinho de BP, ele serviu de base para muitas alcateias que estavam começando.
Contar a história do surgimento do Ramo Lobinho não é tão importante já que
acredito todos os lideres de Seeonee devem conhecer de cor. Mas vejamos se
naquele inicio os menores de nove anos já participavam das patrulhas, e não
gostaram do programa quando foram separados quem sabe, surgiu à primeira divergência
dos menores.
Muitos daqueles iniciantes
levantaram-se contra o novo programa e alguns se intrometiam nas reuniões de tropa
para serem ouvidos e poderem participar. Conta-se que os primeiros esforços
para trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Os “Junior Scouts”
não tiveram bons resultados. Foi nesta época que Baden-Powell resolveu tomar
providencias. Foi uma tarefa árdua. Ele queria evitar que o movimento estivesse
criando um Jardim de Infância.
B.P se preocupou e explicou em
um artigo no “Headquarters Gazette” que não iria exaurir as crianças com
atividades além de sua capacidade física. Em 1913 escreveu as primeiras
tentativas de denominar os menores com nomes sugestivos: - Juniores Scouts,
(escoteiros juniores) Beavers (castores) Wolf Cubs (lobinhos) Cubs (filhotes) Colts
(potros) e até mesmo Trappers (ajudante de caçador). Ele se preocupava que o
novo ramo tivesse suas próprias características e não uma versão simplificada
do programa dedicado aos escoteiros.
A história a seguir é
conhecida. Percy W. Everett a pedido de B.P. estudou um esquema provisório. O
projeto incialmente foi intitulado de: “Regras para escoteiros menores”. Com o
início da Guerra a maioria dos homens atendiam aos apelos do exercito e foi
permitido a participação de mulheres no escotismo. Elas estavam encantadas com
a ideia de que pudessem adestrar os pequenos. Foi nesta época que surgiu o
braço direito do fundador no ramo Lobinho: - A Srta. Vera Barclay. Lembremos
que todos esperavam o primeiro Manual do Lobinho já prometido por B.P.
Vera se dedicou com
entusiasmo na organização do Manual do lobinho. Sua dedicação foi tanta que
influiu fortemente para sua indicação como Comissária do Quartel General para
Lobinhos. Porém o que veio responder a procura de Baden-Powell por algo
atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação
da criança foi o “Livro d Jângal” cuja adoção revolucionou completamente o
esquema.
The Jungle Book (Livro da
Jângal) de Rudyard Kipling foi publicado pela primeira vez em Nova York em 1904
e sua poesia diáfana e pura captou a imaginação do publico. B.P sabia da importância
da imaginação para meninos mais jovens e reconheceu, nesta obra, o suporte que
viria dar a eles, todo o divertimento, interesse e atividade que necessitavam e
que viria também a abrir o apetite pelo escotismo.
Mais de cem anos se passaram.
Do Livro da Jângal aos Manuais de Lobinhos muita coisa mudou. Se foi bom ou não
quem deve saber são as chefes ou os chefes de lobos. Se a preocupação é com um
programa para lobinhos sem estar interligado com o programa de tropa, se o
ciclo de ontem não será o mesmo de hoje e de amanhã, se as alterações feitas e
os programas muitas vezes infantis demais para os meninos de hoje são válidos
ou não.
Não discuto as alterações e o desejo de
muitos dirigentes de “alto coturno na UEB” fazerem alterações ou mesmo editando
novos manuais. Quantos surgiram depois do primeiro de Baden-Powell? Surtiram os
efeitos esperados? Os lobinhos estão devidamente preparados para uma passagem e
serem recebidos na tropa como um valente Mowgly da Jângal? Ou eles serão os últimos
da fila sendo sempre chamados de lobinhos, filhinho da mamãe?
Sem menosprezar sei de alcateias
e tropas que atuam conjuntamente e os resultados são os melhores. Queira ou
não, acredito que temos muito a estudar para que a permanência do passante para
a cidade dos homens se sinta bem na companhia um do outro. Não sei se o tema
foi interessante. Quem sabe volto nele outra vez.
Nota – Um domingo
sombrio levantei cedo com o horário de verão sendo exterminado, bengalei por aí
e pensei: Porque o lobinho ao passar para a tropa tem menos direito do que
aquele que entrou há poucos meses atrás e não foi lobinho? O que ele leva como
bagagem para construir o respeito dos demais da Patrulha? Ainda o chamam de “Lobinho,
filhinho da Mamãe”? E eis aqui um artigo, não o melhor, mas quem sabe muitos
poderão dar suas opiniões e mostrar que eu estou errado nos meus pensamentos.
Melhor Possível!
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