Crônica de Um
velho e Saudoso Chefe Escoteiro...
Melodias...
Canções... Cantigas e toadas Escoteiras.
Prólogo: - “Não, tempo,
não zombarás de minhas mudanças! As pirâmides que novamente construíste não me
parecem novas, nem estranhas; Apenas as mesmas com novas vestimentas”. William
Shakespeare.
Um Chefe um dia me
disse: - Porque não cantam mais as canções tradicionais escoteiras? Tradicionais?
Pensei qual seria o gênero musical para denominar musica tradicional escoteira.
Seria musica folclórica? Ou aquela transmitida de viva voz ao longo das
gerações escoteiras? Pensei com meus botões... Será que ele tinha razão? Tudo
está mudando e quem sabe nas diversas sessões escoteiras não existem mais os
chefes tradicionais para ensinar a cantar a nossa Tradicional Musica Escoteira
com amor. Temos muitas, temos melodias, temos cantigas e até toadas não
esquecendo o Quebra Coco uma linda musica nordestina de Cordel.
Muitos chefes
escreveram e deixaram nas páginas da internet “Cancioneiros” que se tornaram
lendas, mas que ficaram no esquecimento da memória dos jovens de hoje. Pensar
que agora seria impossível ter uma roda de amigos escoteiros, em volta do fogo,
em uma noite linda sapecada de estrelas, uma lua “bunita que nem um queijo” um
céu convidativo, uma viola cantante tocando ao amanhecer... ”Acorda escoteiro,
acorda, que o galo já cantou”. E na barraca molhada do sereno da madrugada ele
chega na porta e canta sorrindo... “Cantou, cantou? Cantou, cantou, cantou”! Lembro
de Zé Duarte, um pioneiro com sua viola mágica, um sorriso gostoso, olhava além
da mata e dedilhava e o som do violão corria nas trilhas da floresta: “Vem
depressa correndo escoteiro, ajudar o cozinheiro, a fazer o jantar... Supimpa,
supimpa, Parazibum, zibum!
Quantas saudades...
Melodias que entraram na mente e ficaram para sempre morando na alma... No
fundo do coração... Ao som de um violão, uma gaita, uma flauta mágica, ou até o
Guia da Tropa Zé Pereira tocando seu pandeiro e cantando... “De BP trago o
espírito, sempre na mente, sempre na mente”... Pato Negro, um sênior da Tropa
Condor, tinha o dom com uma pequena panela de alumínio, fazia duas “baquetas”
pequenas e a musica levada pela saudade se espalhava pelas campinas... “Está
tudo azul, o caminho aberto, sopra o vento sul tudo dando certo”... E quando a
noite chegava, lá estava Trindade Zulu, com sua flauta mágica tocando baixinho
fazendo os escoteiros chorar... “Prometo nesse dia, cumprir a Lei, sou teu
Escoteiro Senhor e Rei”! E quando ele tocava A Canção da Despedida? Ai, ai meu Deus!
Se não me arrebento eu choro... Putz! Quantas saudades.
Não dá para esquecer
Totonho das Rosas, um Chefe violeiro das antigas, que não deixava ninguém gritar
alto quando cantavam uma canção escoteira. Fazia questão de ensinar o Bê-á-bá
de como um coral se formava e cantava... Era “Bunito” de ouvir e ver a tropa
cantar... “A árvore da montanha, o Cucu, Põe tuas mágoas no bornal, Adeus
montes e vales, Cumbayah, Lá bela polenta, Canção de Gilwell, Canção do Clã, Guin-gan-guli,
Foi Tupã, Ascenda à fogueira, e para dormir cantavam Boa noite Escoteiro"...
Nossa! Tinha canções prá dar e vender, todas tradicionais cantadas pelos bisavós
escoteiros até o lobinho recém-nascido no escotismo. Tristão Corneteiro ficou
famoso com seu clarim quando tocava nas noites e nas madrugas o Silêncio e o
Toque do Alvorecer... “Em silêncio acampamento... Este canto vinde ouvir, são
fagulhas na fogueira que nos dizem... Escoteiros a servir!
Mas o tempo foi
passando, os Velhos Escoteiros cantantes deixaram de existir. Tudo é novo no
pedaço, agora as canções são outras. Algumas até guapa, catita, outras belas e
muitas bem-posta com a turma cantando alto e dançando conforme o bailado
demanda. As musicas, as canções, as melodias que o Escoteiro e o Lobinho
cantaram nos seus idos tempos, foram levadas pelo vento e como disse o poeta: “O
vento toca o meu rosto me lembrando que o tempo vai com ele... Levando em suas
asas os meus dias, desta vida passageira minhas certezas, meus defeitos nada
pode detê-lo, mas algo o tempo vai guardar, e eu no meu coração guardarei,
minhas canções minhas velhas melodias que o tempo não vai apagar!
“Terra do belo Olmeiro,
lar do castor... Terra onde o alce airoso, é o senhor... E como em sonho fui ao
lago azul rochoso, um dia, ah! Um belo dia eu voltarei de novo”!
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