As crônicas do Chefe escoteiro.
Evasão – Rotatividade – Turnover.
Eu sei que
muitos de voces chefes escoteiros sabem o que significa perder a cada ano
jovens em suas tropas e alcateias. É triste saber que alguns não vão vir mais.
Quando isto acontece com um ou dois por ano vá lá, mas quando o número aumenta
é sinal que a luz de alerta deve ser acesa. Meus dados são escassos, mas
conversando aqui e ali com amigos, chegamos à conclusão que quase empata a
saída com a entrada de jovens e adultos nos grupos escoteiros. É alarmante.
Infelizmente ainda não vi nenhum estudo sério por parte dos nossos dirigentes.
A cartilha deles eu conheço de longa data. São explicações que não convencem. Pois entra
ano e sai ano tudo continua na mesma.
Será que sempre foi assim? No passado que vivi não. Claro não
tínhamos um crescimento satisfatório como em outros países e isto era bem
compreensível. Difícil contato, condições adversas de estradas, meios de comunicação,
e muitos grupos viviam praticamente isolados e sem registros e as visitas a
eles se feitas eram com muitas dificuldades. Mas se não me engano chegamos
mesmo assim a registrar quase setenta e cinco mil na década de 80/90. (iniciando
com as moças a partir de 84. Devíamos com elas ter dado um salto no efetivo o
que não aconteceu). Era comum conhecer em patrulhas e matilhas, jovens com dois
e três anos de atividade. (saudades da segunda estrela, da segunda classe, da
primeira classe) Poucos saiam.
Dizem que
a saúde de uma organização se define pela relação entre o número de pessoas que
entra e pelo número de pessoas que sai. Isto em muitas empresas e organizações
em todo o mundo define se tem algum errado. Lá os números são outros. A partir
de cinco por cento já é assustador. E aqui? É preocupante. O envolvimento de
todos os órgãos escoteiros para alertar ou mesmo discutir o porquê de tudo
ainda não aconteceu. Não sei se é prioridade da UEB.
Não seria
bom que houvesse um alerta e quem sabe uma orientação para que cada Escotista
fizesse em sua sessão um trabalho a respeito? Dizer o obvio todos dizem. Até
eu. (novos programas nada adiantaram) Mas e então? Se você não tem uma tropa
completa, se sua Alcatéia é pequena e pensa em aumentar e não aparecem
candidatos é porque suas atividades não estão agradando. Uma tropa Sênior
resolveu em Conselho de Tropa fazer as reuniões quinzenais. Por quê? Quem sabe
ir lá aos sábados não tinha atrativos. Sempre achei que a pesquisa era o
caminho ideal. Sempre aconselhei em cursos, em palestras que este era o melhor
caminho. Pesquisar. Pesquisar muito. Ouvir sempre os jovens. Justificar e
explicar não adianta. Se eles saíram é claro que lá no bairro tem programas
melhores. Ir a casa deles. Conversar com os pais. A intenção seria a de saber o
que houve e não tentar se redimir e claro sem pedir sua volta à tropa ou
alcatéia com promessas fantasiosas.
Se
estivéssemos fazendo isto há tempos, se descobríssemos o que eles querem, (tem
muitos que dizem saber o que eles querem, e porque a evasão continua?) Se
houvesse um trabalho bem feito quem sabe poderíamos ter um retorno ao sucesso
que todos nós esperamos. Em conversa com formadores é sempre aquele pensamento –
Conhecimento, bons programas etc. Eu também já disse isto. Programas. E então?
Não estão havendo cursos? Centenas e milhares de escotistas participando e a
evasão não cessa? E o pior ela acontece em todas as idades. Desde os lobinhos até
os escotistas. Não sei quantos, mas Insígnias de Madeira também fazem parte
desta evasão. Se ela caísse para menos de vinte por cento nosso efetivo
amentaria sem sombra de duvidas. Não como hoje.
Enquanto
os dirigentes não se tocarem de uma tomada de posição englobando todos, digo
todos do movimento Escoteiro, enquanto não houver uma preocupação geral e uma
discussão séria sobre o tema, nosso crescimento será pífio. Se levarmos em
consideração os últimos quarenta anos qual foi o aumento da população
brasileira e comparar com o escotismo, veremos que em termos de juventude não
crescemos nada, isto é, regredimos e muito. (Vide relatório do Doutor Jeans
publicado no blog).
A evasão
é a praga do nosso movimento. A cada ano ela aumenta. Tentar explicar a
evolução dos tempos, a nova metodologia e a mudança radical de um mundo moderno
que os jovens estão vivendo não me convence. E nem mudar programas sem ver a
realidade também convence. Temos muitos grupos no Brasil que ela praticamente
não existe. O porque deste sucesso não ser de todos tem de ter uma explicação.
Dizem que devemos sempre ouvir os jovens na confecção dos programas. Porque
isto também não foi feito ou mesmo não é feito hoje em nível nacional
com os jovens? Com a palavra nossos dirigentes.
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