De novo?
Sim. De
novo. Podem falar o que quiserem. Não me importo. Vou defender meus ideais até
o fim da minha vida e que não está tão longe. Até lá como diz o Zagalo voces
vão ter de me aguentar. Risos. E podem escrever o que quiserem. Não mudo de
opinião. Dizem que sempre fui “turrão”. E acho que é por isto não sou bem
considerado pelos nossos dirigentes. Paciência. Sou Escoteiro de coração e não
por causa deles. Que eles sejam felizes no que fazem. Não ia tocar neste tema
novamente, mas estava eu no domingo sentado na varanda da minha casa e eis que
o vizinho duas casas abaixo da minha sai para trabalhar. Ele é um simples
motorista de ônibus, mas que orgulho tem aquele motorista. Sua camisa azul
mescla bem passada, a calça de tergal no ponto certo. Os cabelos bem penteados
e o calçado preto. Dá gosto de olhar. Ainda ontem vi o Toninho das Mercês se
dirigir ao seu trabalho. Um simples vigia/porteiro noturno em um edifício na
cidade. Que gosto vê-lo ir pegar o ônibus. Que orgulho do uniforme que vestia.
Sorriso nos lábios e tudo muito bem limpo e bem passado.
Tenho
uma neta que estuda em um colégio exigente. Usam um uniforme a muitos e muitos
anos. Dizem que desde quando o colégio iniciou suas atividades. O inspetor de disciplina
é implacável. Ou se está uniformizado ou não. E vá lá para ver se entra sem
ele. Silmara e Jonas são dois jovens que moram a duas quadras da minha casa.
Estudam em escola pública. São exigentes lá onde estudam. O uniforme é
obrigatório. Claro foi fornecido pelas autoridades do município. Lamartine é um
jovem que foi Escoteiro. Está servindo o exercito. Vai e vem de uniforme.
Sempre o mesmo há décadas. O verde oliva fica bem nele. Lauriano é sargento da
Polícia Militar. Gente boa. Sempre para quando está em Patrulha para bater um
papo. Seu uniforme sempre bem apresentável. Não vai vê-lo com a aba do boné
virada. Nunca. Ele sabe que representa uma organização centenária. E para
chacoalhar meu coração, saio para caminhar no domingo e vejo quatro adultos,
duas moças um jovem de 20 anos e um senhor de idade. Estavam saindo de uma casa
próxima a minha rua para entrar em um veiculo estacionado. Iam para uma reunião
Escoteira. Todos de camiseta com dizeres escoteiros, uma amarela, uma azul e
outra branca. Calçados de todas as cores, uns de bermudas outros não e o lenço?
Na mão. Acho que iam colocar no pescoço quando chegassem ao grupo.
Olhe
vocês que defendem isto que está aí, não tiro a razão de ninguém. A gente usa o
que gosta e o que nos ensinaram a usar. Só não me venham com a velha metáfora
que estamos mudando e nos modernizando. Fico orgulhoso quando vejo uma foto de
jovens e adultos bem uniformizados. Não discuto se é o azul mescla ou o caqui. Se
estão conforme se pede O POR e usam do bom senso meu Sempre Alerta e parabéns.
Claro que para mim o caqui deveria ser o único exceto os da modalidade mar e
ar. São os três que mantiveram acesa a chama tradicional por muitos e muitos
anos. Entra ano e sai ano, muitas organizações tradicionais mantém o orgulho do
que vestem. No escotismo não.
Mas como
exigir se aqueles que deveriam dar o exemplo não dão? Quantas vezes se falou
aqui sobre o exemplo pessoal do adulto ao jovem que o segue acreditando que
assim é o correto? Por uma questão de economia, criaram o tal de traje. Dizem
ser barato. Os grupos humildes agora podem fazer escotismo conforme as normas.
Muito econômico. No Jamboree um grande número dos participantes só usavam ele. “Caramba”
economia? Uma nota a taxa paga e muitos outros gastos e se fala em economia? Meu
pai era seleiro, eu engraxate e tinha meu caqui completo e o vestia
orgulhosamente. 28 horas de viagem para tentar comprar um chapéu fazendo
economia por seis meses. Um cinto de couro perfeito, uma bela faca mundial, uma
linda machadinha, meu cabo trançado e meu sapato Vulcabrás. Então não posso
falar que para os pobres está reservado o traje. Garanto que eles não iriam querer
se lhes dessem outra opção de escolha.
Mas os
jovens gostam me dizem. Claro que gostam. Não aprenderam a usar outro. Não
ensinaram a eles que a tradição é feita por todos e ela se mantida mostra
sempre o valor da organização. Ensinaram outra coisa. Pois é. Estão os
dirigentes orgulhosos de tudo isto. Um belo de um Jamboree. Mesmo com as
dificuldades enfrentadas todos só elogio. Ninguém criticou. Até escotistas que
pagaram para trabalhar estão sorrindo. Não sei, acho que tem um caixa
financeiro que vai engordar. Claro, veremos sem dúvida uma apresentação de
contas. E dou risadas de uma pequena parcela de dirigentes que vejo por aí. Num
curso avançado (avançado?) alguns dos formadores mal uniformizados. Calçado de
todas as cores. Exemplo ali? Necas! E meu Deus! Todos IM! Preciso voltar
urgente a Gilwell. Preciso de um novo curso:
“Eu era um bom lobo, um bom lobo de lei,
Não estou mais lobeando o que fazer não sei.
Me sinto "Velho" e fraco, a Gilwell vou voltar,
Um curso assim que eu possa eu vou tomar!”“.
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