Crônicas de um Chefe Escoteiro.
“happy ending” Um final feliz!
Como
está lindo o sol. Não sei por que nunca soube que ele seria tão importante em
minha vida. Nunca fui tão feliz como agora. Sentia-me bem ali, melhor do que
antes junto a amigos do bairro, soltando pipas, jogando bola, ou contando
“causos”. Tentei convencê-los a ir comigo, mas riram dizendo que ser Escoteiro
é para trouxa. Eles coitados não tinham a menor ideia do que eu estava fazendo,
mas eu sabia o que eles estavam fazendo. Eles não estavam fazendo nada. Nesta
hora tenho certeza que alguns dormindo, outros na porta olhando a rua vazia e
pensando no que iam fazer. Quanta diferença! Meu dia, cada dia era melhor que o
outro. Para dizer a verdade até minha mãe duvidou que pudesse gostar tanto como
gosto de ser Escoteiro.
Meu nome
é Marcus. Nunca pensei em ser escoteiro.
Tinha visto eles algumas vezes no parque, no shopping, e em bandos cantando e
rindo pelas ruas do bairro. Bando de loucos pensava! E eis que um dia passei
próxima a sede deles. Uma turma correndo, outra jogando, lobinhos de azuis
procurando um tal de Mowgly, os grandões em cima de uma árvore dizendo que era
um Ninho de Águia. Pode? E fiquei ali parado olhando embasbacado e pensando
comigo mesmo – Que diabos era tudo isto? Risos. Desculpem os diabos. Maneira de
dizer. Sem perceber me aproximei mais. Um Chefe sorridente me olhou e abanou o
chapéu dizendo – Olá! Já conhecia os escoteiros? – Não Senhor! – Então se
aproxime. Se quiser você brinca um pouco em uma patrulha e alguém de lá vai
dizer a você quem somos nós!
Foi o meu
começo. Nunca na vida tinha sentido algum igual. Uma turma que chamavam de
Patrulha que pareciam irmãos. Bem mais que irmãos. Cada um sabia o que fazer.
Sempre ajudando um ao outro. Em um jogo de quebra canela com um cobertor
nenhuma canela foi quebrada, mas quantos tombos! – Me contaram sobre como
surgiu o escotismo. Do general Inglês que foi seu fundador. Ensinaram-me nós,
alguns sinais de pista, me mostraram o céu e disseram que ele era tudo para os
escoteiros, muitas vezes a barraca para dormir. Falaram no sol, que sempre
caminha para o oeste, falaram do vento, das chuvas gostosas do verão, das
noites de lua cheia, nas estrelas, das brisas frescas da manhã de primavera, de
um fogo que chamavam de Fogo do Conselho onde cantavam, brincavam e
representavam. Meu Deus! Fiquei abismado. Voltei para casa correndo. Mamãe,
Mamãe, você precisa me matricular nos escoteiros!
Olhem, acho
que valeu. Foi à decisão mais importante em minha vida. Meu Chefe que “cara”
bacana. Alegre, jovial, espirito leve e solto a nos ouvir, compreender,
aconselhar. Entrei na patrulha do Condor, me receberam com um grito de guerra.
Aprendi logo. Gritava como nunca em minha casa. Minha família ria. Fiz minha
promessa. Dia de festa, de fotos, de abraços dia que marcou para sempre meu
coração Escoteiro. Todo mês saiamos da sede. Sempre para um lugar com cheiro da
terra, onde poderia ter um riacho para brincar, para molhar os pés, para
pescar! Em cada três meses um acampamento. Estes então! Incríveis. Cheios de
aventuras. Uma vez seguimos os passos de um boi que havia entrado na mata.
Fomos pé ante pé e o descobrimos comendo capim colonião como se nada
acontecesse em sua volta.
Fazíamos coisas do arco da velha. Subíamos
em cordas em árvores frondosas, um dia inteiro preparando uma catapulta para
ver que mandava mais longe uma bexiga cheia d’água! Quantas risadas! Uma ponte
três pontas. Fácil de fazer para atravessar uma vala ou um riacho. Uma noite um
jogo que nunca esqueci. Minha Patrulha foi sorteada para passar em um trecho do
bosque pelas outras três e foi o máximo. Pintamos todo o corpo de preto.
Aprendi a rastejar como exploradores noturnos e não consegui passar, mas dois
da Patrulha conseguiram. E no último dia foi o dia que chorei. E como chorei.
Foi lindo. Acenderam o fogo com um palito de fósforos. Uma festa, o Escoteiro
que acendeu recebeu seu batismo de guerra. Pulou três vezes sobre o fogo e passou-se
a chamar Nambiquara, aquele que é inteligente, muito esperto. Que lindo foi!
Breve eu também terei meu nome de guerra. Estou escolhendo.
E a noite foi
encerrada cantando. Cantamos a Canção da Promessa e aquela que sempre marca “A
Canção da Despedida”, como emociona! Como a gente nunca mais esquece! Parece
que a união ali com as mãos entrelaçadas é como uma promessa de amor ao
escotismo para sempre! Foi bom. Muito bom mesmo. O Escotismo mudou minha vida.
Meu grupo escoteiro agora é minha segunda família. Lá tenho tudo que desejei.
Adultos que parecem mais irmãos, escoteiros e escoteiras que se respeitam.
Dizem que lá aprendemos não só a ser herói, mas também a ter palavra, honra e
saber que a ética faz parte do nosso crescimento. Gente! Como sou feliz! Amo de
montão o escotismo! Nunca mais irei esquecer as horas mais felizes de minha
vida que ele me deu vai dar-me por toda a vida!
E quantos Marcus nós temos por aí?
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