Falando por
falar. Comentando por comentar.
Sobre o garbo
e a apresentação pessoal.
Prometi a mim mesmo não
comentar mais sobre a nova vestimenta Escoteira. Não adianta e ela é um fato
consumado. Mas será que não poderiam pelo menos ter mais garbo e orgulho quando
estiverem com ela? O que o público irá dizer ao ver chefes e Escoteiros se portando
desleixadamente? Uns com camisa para fora outros não (eu sei que os chefões deram
seu aval), alguns com lenços dependurados ou amarrados, outros sem ele, uns com
boné ou chapéu que nem sem de qual cartola tiraram, outros de sapatos ou tênis
de cores diversas, ou sapatilhas, ou sandálias, com meias curtas de diversas
cores e alguns sem meias. Calças curtas, calças compridas bendita escolha
pessoal. Horrível. Sei que sou um Velho tradicionalista, mas onde está à uniformidade
nisto?
Disseram-me que este
uniforme que chamam de vestimenta seria ultramoderno e a juventude iria bater
palmas correndo para participar do escotismo depois dele. Um Velho Lobo que
ainda acredita nas boas intenções de nossa liderança minha disse que o
escotismo agora se dividia assim: - Antes da vestimenta e depois da vestimenta.
Os que tinham vergonha de postar a calça curta caqui e do uniforme caqui iriam
correr em massa para ser um Escoteiro ou Escoteira. Estou esperando as filas que irão fazer nas
portas das sedes Escoteiras. Serão enormes! Quer saber? Se for verdade não será
o escotismo que conheci. Mas sou um Velho chato de galocha e nunca irei abrir
mão do meu caqui e meu Chapelão. Nem morto (morto não veste uniforme meu
querido Chefe, diz meu anjo da guarda. Risos). Mas que seria bom se pelo menos
alguns dos que estão portando a nova vestimenta pensarem o que o público vai
pensar e se acharem que boa parte do nosso marketing é proveniente do nosso
modo de vestir, que pensem duas vezes. Até hoje ainda me bato se irei colocar
fotos nas minhas histórias que publico nas redes sociais desta nova vestimenta.
Sei que se continuar terei que me adaptar. Não posso ser do contra sempre. (Ainda
bem que não tenho muito tempo ainda a viver neste mundo que tanto amo).
E caramba! Eu de novo a
falar deste tema. Tema que jurei a mim mesmo nunca mais vir a público para
comentar. Mas a gente que é Velho, que um dia aprendeu que o escotismo está na
alma e no coração, que um dia ficou no espelho a ver se estava bem
uniformizado, que saiu dia e noite quando menino para engraxar sapatos e juntar
o rico dinheirinho para fazer seu caqui querido, um dia se orgulhou em ver a
comunidade batendo palmas para a gente, que um dia viu alguém dizer – Olhe que
garbo! Olhe que simpatia! E que um dia, em alguma parte do nosso querido sertão
brasileiro, numa jornada ciclística de mais de oitocentos quilômetros, ao parar
numa pequena tapera ladeada por um riacho simples para matar a sede, um pé de
pequi e um de goiaba, ver uma horda de meninos e meninas esquálidos, mal
vestidos, de idades sucessivas, o pai e a mãe com um pequerrucho pendurado do
lado e dizer – Filhos eles são Escoteiros! Batam palmas! Como são bonitos! Então
me desculpem. Tenho que esquecer que jurei não mais falar sobre esta tal
vestimenta! Que Deus me perdoe!
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