As
canções que eu cantei para mim.
Hoje
estava tomando um banho frio. Frio? Risos. Gosto muito são os meus preferidos.
E não é que em dado momento comecei a cantar? Gente! Quanto tempo não cantava.
Já fui um bom cantor de chuveiro hoje não mais. A voz é péssima, sai rouca e
quem houve assusta. Sempre parando para respirar, pois o ar some. Motivo pela
qual evito cantar as mais lindas canções escoteiras que amo e gosto muito. Até
minha gaita saudosa dos acampamentos onde a beira da fogueira tocava musicas
gostosas, eu abandonei. Meu violão que tocava mal e muito mal doei para um
menino que disse não poder comprar um. Não dá mais. A música no chuveiro saiu
normalmente. Não era grande coisa, mas me lembrei de quando compomo-la em um
barzinho perdido por aí, com mais oito participantes. Um sábado, após a última
atividade Escoteira no Conselho Regional em uma cidade do interior e nada
melhor que um bate papo gostoso com amigos escoteiros. Três jovens Akelás,
Celia e outros escotistas todos novos. De "Velho" ali só eu com 27
anos. Um Chefe estava triste, pois seu noivado acabou. Mesmo todos sendo
solidários e consolando nada ajudava e ele resolveu se embebedar bebendo
guaranás Antártica aos montões (risos). Sabíamos que era por poucos dias. Logo
estariam de volta e tudo voltaria ao normal novamente (hoje ele e ela estão casados,
três filhos já homens feitos).
Brinquei
dizendo que ia fazer uma canção para ele. Todos riram. Na época era metido a compositor.
Sem me considerar o bom e me colocar em um patamar que não mereço, fiz diversas
canções escoteiras no passado. Ainda tenho as letras de algumas, mas as músicas
só na cabeça, pois nada entendo de partituras e notas. Com um guardanapo
escrevi com ajuda de todos a canção do Chefe Escoteiro apaixonado, vamos à
letra (a musica está na cabeça):
O Chefe
Escoteiro apaixonado.
Preciso encontrar
uma Akelá para mim,
Me sinto
tão só, reze por mim! (repeteco)
Vejo na
distância, montes e vales,
Excursões
e acampamentos, não curam meus males,
Me sinto
tão só, Baden Powell me ajude!
Cantamos
por muito tempo, rindo e bebendo guaranás (se falar nos chopinhos e dois
uisquezinhos que tomei vão dizer coisas aqui) e vimos uma das jovens chefes
chorando. Também tinha perdido seu amor. E agora? Claro, fazer uma canção para
ela. De novo um guardanapo e saiu em menos de meia hora a canção:
A Akelá
apaixonada:
- Procuro
um rapaz bem solteiro,
Bonito que
me faça feliz.
Deve ser
um Chefe Escoteiro,
E que
tenha uma flor de lis.
Deve, ser,
alguém, que entenda o meu desespero,
O Grande
Uivo é minha luta, pois quero amar,
Alguém de
calças curtas!
Risos. Foi
uma noite memorável. Um mês depois todos estavam de volta com seus amores, mas
as canções foram cantadas em muitos e muitos fogos de conselho e barzinhos por
este mundão afora.
Nunca mais
os vi e nem sei onde andam. Um eu sei que casou como disse e a Akelá não tive
mais notícia. Bem uma historinha real meio sem graça, mas fazer o que?
Lembranças são lembranças e vou mesmo cantar todas no meu chuveiro! Quem sabe
alguns deles estão aqui lendo e após lerem vão lembrar-se daquela noite gostosa,
quente, vendo as águas tranquilas da lagoa de Furnas iluminada por uma lua
rechonchuda, em uma cidade do interior, comendo moqueca de peixe, pedaços
lindos e deliciosos de cascudo frito, lá no fim do mundo onde chefes escoteiros
uniformizados alegres, sentimentais, cantaram e riram de suas histórias e de
suas canções? Ah! Lembranças! Como é belo lembrar!
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