Do
destino ninguém foge.
Acho
que o nome dele era Matheus, não tenho certeza. Mas todos o chamavam de
Miltinho, porque não sei. Nunca me disseram. Talvez porque seu avô era assim
chamado e como ele tinha todo o jeito dele, nada como manter o apelido carinhoso.
Era
filho único e com 12 anos já estava no quinto ano do fundamental. Estudava em
um bom colégio pago e mesmo não sendo um estudioso por natureza, não tinha por que
reclamar de suas notas. Não diferia muito dos jovens de sua idade. Gostava de
futebol e sempre que podia, ia para a quadra do colégio bater uma bola com os
amigos. Também não era um futuro craque.
Em
seu bairro tinha alguns amigos, não muitos. A noite se encontrava com eles para
um papo ou até uma brincadeira qualquer. Nos fins de semana nem sempre saia com
seus pais. Sempre ia até uma pequena quadra esportiva, próximo a sua casa e lá
passava as tardes de sábado ou domingo.
Seu
pai trabalhava como gerente financeiro de uma cadeia de lojas e nunca chegava em
casa antes das 9 da noite. Sua mãe, dona de casa era quem mais estava junto a
ele no dia a dia. Nunca seu pai o levou para passear nos finais de semana e
pouco interessava pela sua vida não perguntando nada quando se encontravam.
Um
tarde de um sábado, vindo da quadra de futebol, viu três escoteiros vindos em
sua direção. Já os tinha visto antes, mas não sabia como eram o que faziam e
onde se encontravam. Passaram por ele conversando entre si e dobrando a esquina
desapareceram como fumaça no ar. Ele ficou ali meditando, meditando e ponderou
o que seria aquilo e como fazer para participar.
Comentou
com sua mãe sobre sua intenção. Ela não disse nem sim e nem não. Resolveu
investigar por conta própria. Descobriu o local deles. Era um colégio a oito
quadras de sua casa. Foi lá em um sábado. Viu muitos meninos e meninas
brincando, correndo e um chefe apitando. Não entendeu muito, mas pelo sorriso
estampado no rosto de todos, achou que devia ser bom.
Ficou
ali até alguém de uniforme aparecer perto dele e perguntou como era para
participar. O encaminharam para a sala onde estava o que devia ser o chefão. Ele
o olhou de alto a baixo. Perguntou por que queria ser escoteiro. Ele não soube
responder, mas disse que queria experimentar.
Gentilmente
explicou o que fazia um escoteiro. Suas responsabilidades suas atividades e
muita responsabilidade quando fizer sua Promessa Escoteira.
Encantou
quando contou como eram os acampamentos, as excursões às viagens de longa
distancia a grande fraternidade mundial que sempre se encontra nos Acampamentos
Nacionais, Regionais ou Distritais.
Emocionou-se
ao saber o que era um Jamboree e não conseguia imaginar mais de 10.000
escoteiros reunidos e acampados em um só local. Ficou sabendo de um tal General
Inglês que foi o fundador. Soube que mais de 150 países possuíam grupamentos
escoteiros.
Pensou
que seria bom pertencer a uma patrulha. Jogar com eles. Tomar decisões, vida em
grupo imaginou. Já imaginava ter seu distintivo, fazer sua promessa, mas logo
acordou do seu sonho, pois era apenas narrativa do Chefe para ele, pois
precisava de tomar uma serie de providencias antes de sua aceitação.
Recebeu
uma ficha de inscrição que devia ser preenchida pelo seu pai e sua mãe. Tudo
bem. Ele foi para a casa sonhando acordado e quase se perdeu no retorno,
tomando um rumo desconhecido.
Entregou
a ficha e a sua mãe. Com o pai achava difícil de falar, não se entendiam bem.
Quando a noite surgiu viu o barulho do carro. Estava chegando do trabalho. Um
comprimento seco, um banho, o jantar e logo foi para a sala ver o jornal da
noite na TV. Já estava desistindo. Sua mãe se aproximou e sussurrou para o pai
o desejo do filho. Entregou a ele a ficha de inscrição para sua assinatura.
Ele a
principio não estava entendendo. Riu e veio falar com ele. Parabéns disse agora
você escolheu bem. No próximo sábado irei com você até lá para conversar com o
responsável. Ele não acreditou e seu pai o levou até seu quarto (o dele) e
tirou de dentro de uma mala antiga, um uniforme de escoteiro e o lenço e o
presenteou. Era o seu quando jovem. Participara por quatro anos. Fora monitor e
primeira classe. Mudaram de cidade, onde foram não havia grupos. Mas ele não
tinha esquecido.
Sempre
pensou em colocá-lo em um Grupo Escoteiro, mas não sabia onde e ele não tinha
se manifestado a respeito. O tempo foi passando e ele se esqueceu de tudo. O
trabalho o absorvia muito. Pediu desculpas ao filho. Disse que iria apoiá-lo e
acompanhar em todas as situações que se fizessem necessárias.
Foi um
dia feliz. Foi para o seu quarto e colocou o uniforme na cama. Ficou ali a admirá-lo.
Não se conteve. Vestiu a camisa, colocou a calça curta, devagar colocou os meiões.
Olhando no espelho colocou o lenço. Ainda não sabia como colocar. Como gravata
ou mais longe do pescoço. Viu que o uniforme era grande para ele. Não se
importou. Achou que era o máximo.
Durante
a semana o vestia se olhava e sonhava. Era como estivesse fazendo a promessa,
acampando, junto a novos amigos, vivendo em uma patrulha e ele sonhava com o
dia em que iria participar pela primeira vez. Logo que o dia amanheceu, acordou
e foi até a janela. Sorriu para o sol e fez sua oração matinal agradecendo a
Deus pela oportunidade.
Saiu
de casa para conversar com um amigo e contar para ele a novidade. Vibrava com a
possibilidade de ser Escoteiro. Ao atravessar a rua, foi pego por um carro a
toda a velocidade, fugindo da policia que vinha logo atrás. Foi arremessado à
grande distancia. Ficou inconsciente.
Levado
ao hospital ficou em coma dois meses. Saiu do coma, mas sem movimentos no
corpo, ficara paraplégico.
Durante
um bom tempo não lembrou mais de seus sonhos. Agora eram outros. Pensou que com
o tempo seus movimentos voltariam, ele não desanimou e o tempo passou. (um dia
conto o final da história)
Ah nãããão!!!! Cadê o final????
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