Quando as saudades chegam, não importa a idade.
Maria
Luiza Silveira.
Sinto saudades do antigo movimento escoteiro,
sinto saudades de enfiar o pé na lama, de fazer comida mateira, saudade de
poucos momentos que vivi que realmente pareciam com o escotismo fundado há 105
anos atrás. Ah! Escotismo, você anda tão diferente, as pessoas não tem o mesmo
amor pelo escotismo que tinham antes, pelo menos, nem todas. Posso sentir no
tom com que cantam a canção da despedida em acampamentos, certas pessoas estão
ali, mas é como se não estivessem. Eu te amo tanto movimento escoteiro. Não, não
sou uma senhora que está lembrando-se de seus momentos quando era uma jovem
escoteira, sou só uma garota que prefere o tradicional escotismo.
Também não sou a favor do uso do traje, acho o
uniforme cáqui mais tradicional, e lembra mais o escotismo de antigamente.
Pessoas fazem promessa por fazer, isso me deixa triste. Sei que ainda é o
melhor meio de transformar pessoas, e eu gosto de você assim como é, mas não
posso negar que prefiro o tradicional, a parte boa. Acampamentos onde a
ajudante de cozinha do grupo faz comida? Não gosto disso, gosto de enfiar a mão
na massa e cozinhar para minha patrulha na fogueira. Eu sei, eu sei, o mundo
está mudando cada vez mais e temos que mudar junto com ele, mas não vamos muito
depressa e nem façamos mudanças muito radicais, os verdadeiros valores estão se
perdendo. Não vamos deixar que junto com o mundo o escotismo se perca já se
passaram milhões de pessoas por aqui, e saíram pessoas melhores graças ao
escotismo.
Hoje sinto um tom diferente nisso tudo. Vamos
rever nossos conceitos, ver se todas essas mudanças no escotismo estão valendo
a pena. Eu gosto mesmo da parte de enfiar o pé no barro, acampar com chuva,
gosto da parte difícil, pouco se aprende com as coisas fáceis. Será que nosso
mestre B.P lá do grande acampamento está feliz do jeito que estamos? Não que o
trabalho dos chefes esteja sendo ruim, nada disso, não julgo ninguém, afinal,
quem sou eu para julgar? E o escotismo é ótimo, eu absolutamente amo, amei e
continuarei amando o escotismo, mesmo sem forças, mesmo sem vida, honrarei
minha promessa até a última batida de meu coração e continuarei acampando,
excursionando, fazendo o que faço hoje, até que minhas pernas parem, pois para
as pessoas que não são escoteiras isso é apenas um texto grande e chato, mas eu
dou muito valor a ele.
É tanto orgulho em cantar a canção da despedida
num fogo de conselho que as pessoas se assustam a me ver chorando na primeira
estrofe da musica, mas é assim mesmo, são muitas lembranças boas para uma única
pessoa. Só acho que aos poucos isto está se perdendo, as lembranças, os
valores. Tenho muito medo que isso se acabe, porque o escotismo é uma das
poucas coisas boas que ainda restam nesse mundo. Por mim continuaríamos daquele
jeitinho, como B.P criou, mas sei que sou uma das poucas pessoas que preferem
essa coisa à moda antiga. Só não deixem que os verdadeiros valores se acabem.
Sempre alerta.
19º Grupo escoteiro Campo Belo, Itatiaia - RJ.
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