Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 3 de novembro de 2012

No caminho para o sucesso. Um Grupo Escoteiro padrão.


No caminho para o sucesso.
Um Grupo Escoteiro padrão.

                    Acabava de chegar àquela cidade e quando desci do taxi em frente ao hotel, surgiu não sei de onde um Chefe Escoteiro e foi logo pegando minhas malas, sorrindo, e dizendo: Deixe que eu levo. Fiquei assim sem jeito e ele completou: - Ainda não fiz minha boa ação hoje e além do mais sou o Gerente do Hotel. - Santa Cecília! Falar o que? Adentramos ao hotel e na recepção ele me deu as boas vindas e pediu desculpas, pois tinha de ir para a reunião do seu Grupo Escoteiro. Já ia dizer a ele que também era Escoteiro quando ele se dirigiu a outro Senhor, mais velho e grisalho, também impecavelmente de uniforme caqui com chapelão. Saíram sorridentes se cumprimentando e desapareceram na porta do hotel. Intrigado eu perguntei a recepcionista quem eram. Ela sorridente me disse que o Senhor Martinho era gerente do hotel e Chefe de tropa Escoteira. O outro o Senhor Nando, Juiz de Direito na cidade e membro da diretoria do Grupo Escoteiro. Mas eles vão sempre de uniforme para a sede? - Claro! Ela disse. Afinal aqui todos conhecem o escotismo pelo seu valor, pelo seu histórico e claro pelo seu uniforme e a comunidade tem grande respeito por eles.

                  - Santa Marcelina! Eu tinha de conhecer de perto e melhor tudo aquilo. Deixe que me apresente, sou Engenheiro de Máquinas, represento uma empresa que dá manutenção e estava ali na cidade a serviço. Nas horas vagas também era Chefe Escoteiro de uma tropa Sênior (Assistente) e o escotismo era um dos meus amores que junto a minha filha e esposa me completavam. Corri até o meu quarto e logo estava com o meu uniforme. Tinha de me apresentar. Caramba! Estava com o social somente. Não tinha levado o caqui. Desci e perguntei onde pegaria um taxi. – Tem um ali na porta, Senhor, ela respondeu sorrindo para mim, pois descobrira que eu também participava desta grande fraternidade. Entrei no taxi e pedi que me levasse ao Grupo Escoteiro da cidade. – Olhe Senhor, disse o taxista, é ali na esquina – Está vendo? Se quiser o levo, mas é só atravessar a rua. Veja quantos meninos e meninas estão chegando! E sorriu. Desci agradeci e logo estava na porta. Cheguei bem na hora do cerimonial. Viram-me, dois chefes vieram até a mim, apertaram minha mão esquerda efusivamente, me deram as boas vindas e me convidaram para participar na ferradura.

                   Não vou entrar em detalhes, pois a história é longa. Era um grupo modesto, duas alcateias, uma masculina e uma feminina. Duas tropas, uma masculina e outra feminina. Uma tropa Sênior mista. Três patrulhas. Fui até a sede conhecer. Perfeita. Não era própria, era em um Colégio do Estado. – Fui apresentado a Diretoria. Três deles e mais cinco pais presentes sendo que um deles era uma mãe e Diretora do Colégio. Todos de uniforme caqui. Quem me contou o histórico do grupo foi o Presidente. Olhe Chefe começamos com poucos. Nada de correria, nada de querer ser além do que pretendemos. O Chefe Martinho tinha sido Escoteiro quando jovem e assim também o Senhor Nando nosso Juiz de Direito que foi o idealizador do grupo. O Chefe Martinho ficou três meses só com oitos jovens. Eles hoje são os Monitores e subs. Ele fez antes um curso Escoteiro na capital. A fila de espera foi crescendo à medida que os jovens da cidade viram a movimentação dos jovens no grupo pois eles sempre estão em atividade no campo.

                 Não tinha segredo. Tudo foi feito com alguns no começo e hoje todas as sessões estão completas. Temos uma lista de espera de mais de quarenta jovens. Já conversamos com a Região de fazer outro grupo aqui na cidade, mas ainda não levaram a ideia adiante. Fiquei ali olhando a movimentação da Alcatéia e das tropas. Perfeitas. Uma amizade incrível entre os jovens. Patrulhas e Matilhas completas. Chefes fazendo um perfeito sistema de patrulhas. Todos vibrando. A Alcatéia parecia estar o tempo todo vivendo a mística da Jângal. – Alguém chegou até a mim. – Sempre Alerta Chefe. A tropa Sênior e guias convidam o Senhor para participar do nosso Conselho de Tropa. - Santo Agostinho! Falar mais o que? Fiquei ali assistindo e participando naquele grupo modelo. Ao final da reunião o Chefe pediu desculpas, pois hoje fariam um Conselho de Chefes do Grupo para discutirem alguns pormenores, ver como estão sendo cumpridas a programação e ouvir o que os chefes têm a dizer do desenvolvimento de suas tropas. Caso eu quisesse, poderia assistir e claro, dar minhas opiniões. Eu também estava convidado para participar de um coquetel dançante na Casa da Akelá à noite. Sempre fazemos assim quinzenalmente em rodízio.

              - Santa Madalena! Fiquei sem palavras. Vi ali um grupo que poucos ainda preocuparam em ser. Faziam questão de tudo para que nada pudesse se perder naquela família Escoteira. Tinham oito anos de atividade. As patrulhas estavam juntas e dificilmente alguém saia e isto facilitava no desenvolvimento da equipe, cujos Monitores tinham um alto grau de conhecimento. No dia seguinte fui até a fábrica olhar as máquinas. Fiquei lá umas cinco horas. Quando terminei a manutenção fui convidado a conversar com os diretores. Cheguei quando estava terminando uma reunião com um jovem de uniforme, impecável, um porte executivo e ele agradecendo pela acolhida. Perguntei ao Diretor o que houve – Há tempos vem pedindo para ser recebido. Uma proposta para sermos sócios do grupo. Uma pequena quantia anual. Sabemos do valor do escotismo. Este jovem que é um profissional Escoteiro do Grupo nos mostrou onde poderíamos ganhar no futuro, com jovens aprendendo ética, honra liderança, respeito e disciplina. Ele tem feito este trabalho no comércio e muitas fábricas aqui da cidade. 

                Santa Bárbara! Era um sonho? Não era não. Era uma realidade. Inveja não é próprio de escoteiros. Mas vi que a perfeição existe. Podemos chamar de perfeito sem sombra de dúvida aquele Grupo Escoteiro Padrão. Que Santa Edwiges me proteja. Utopia? Uma fantasia? Ou será que visitei a cidade dos sonhos, ou melhor, Xangri-lá? Bem, acreditem se quiser. Mas este grupo escoteiro existe. Quem sabe é o seu? - Santo Antonio! São Judas Tadeu! 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Como seria o verdadeiro Escoteiro?



Conversa ao pé do fogo.
Como seria o verdadeiro Escoteiro?

            Sempre me perguntam se eu conheço o verdadeiro Escoteiro. Aquele que tem Espírito Escoteiro, que você vê seu coração pulsando de amor, que sabe do seu ideal de ajudar o próximo sem pensar em sí mesmo. Não é fácil responder. Difícil mesmo. Cada um tem sua maneira de ver e saber quando ali em sua frente tem um com todas as qualidades que se espera de um bom ou de uma boa Escoteira. Mas ao meu modo, eu costumo reconhecer aqueles que se sobressaem. Dificilmente comento com alguém. Dizem que eles têm preso dentro de sí, o escotismo na mente, na alma e no coração. Como a canção de BP que diz que ele está sempre na mente, junto de mim e no meu coração estará.

             Mas quais seriam os verdadeiros sentimentos de um escoteiro? Quem sabe é quando ela ou ele olha para você e diz: - Chefe está ouvindo o ressonar da selva? Está sentindo o seu perfume? E o cheiro da terra Chefe, está sentindo? E ele continua: - Chefe veja este vale verdejante, olhe os pássaros fazendo acrobacia no ar. Veja no alto daquela colina aquela árvore florida e observe quantos beija flores lá estão a beber o seu néctar. Chefe olhe o vento, veja como ele faz a relva balançar como se fosse uma grande onda do mar. Chefe observe como a aragem que toca as flores e fazem as plantas sorrirem e a nos traz tantas felicidades. Sentimentos. Doces sentimentos. Quando um dia ele olhou para você e sorriu dizendo – Chefe ponha seus pés na agua fria deste regato, sinta seu corpo vibrar com o que a natureza nos oferece. – Chefe, olhe os peixinhos dançando e cantando como se fossem um Balet se apresentando na primavera do amor.

               Mas seria assim um escoteiro? Amante da natureza? Seria aquele que diz a você – Chefe veja os pássaros no céu, veja o seu lindo revoar! E ali Chefe, veja naquele galho a Gaivota que veio do sul. E lá mais ao longe o Cisne Branco que vagueia nas ondas do mar. Fico pensando. Seria isto mesmo? Seria exigir muito se um dia pudéssemos ver em seus olhos, aquele brilho quando a fogueira é acesa? Em saber que foi ele quem fez o fogo e quando acendeu sorriu como um iniciante? Chefe meu amigo. Não me cobre tanto. Nem sei mais o que digo. Mas você sabe do sorriso, da maneira de cantar, da maneira de brincar e do seu jeito próprio a tratar os seus irmãos.

              Por Deus! Acha que exijo muito? É certo? Pensar que ele proceda dentro dos princípios da lei? Mas este não seria o verdadeiro Escoteiro ou Escoteira? Aquele que demostra respeito, que quando cumprimenta a todos com seu Sempre Alerta tem um sorriso verdadeiro nos lábios? Seria este o Escoteiro ou a Escoteira perfeita? Chefe, precisamos meditar. A perfeição só Deus. Mas que seria bom seria. Ver quando ele respeita e é respeitado, ver que ele sabe o que é ser disciplinado e quando ele disser Palavra de Escoteiro, você pode acreditar.

              Não sei se respondi sua pergunta meu caro chefe ou se coloquei uma dúvida. Sei que está pensando que é exigir muito. Mas pense bem, nada se faz em um dia. O trabalho Chefe amigo é seu. Você é quem vai formar ensinar e mostrar ao jovem da sua sessão o que se pretende dele ali e no futuro. Eu meu caro Chefe, posso lhe garantir e dificilmente posso me enganar. Se acreditarmos em um escotismo puro nos seus pensamentos nas suas palavras e nas suas ações, sabemos só de olhar, de ver um sorriso, dos seus olhos faiscantes e sua maneira de conversar que estamos diante de um verdadeiro Escoteiro.

                 Um dia me disseram que o verdadeiro Escoteiro já nasce assim. Engano. Tudo é um hábito de comportamento. E você, só você é o único responsável para fazer deste rapaz e desta moça, o verdadeiro Escoteiro!      

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O admirável Cinto Escoteiro.



Conversa ao pé do fogo.
O admirável Cinto Escoteiro.

                       Olhei de novo. Não havia erro. Meus olhos fixaram com mais carinho. Sem dúvida, era ele mesmo. O velho amigo de sempre. Agora um pouco descuidado. Sem brilho e a sem a mesma imponência de outrora. Fiquei com pena do couro. Desbotado e carcomido em algumas partes. O homem que o portava era moreno, quem sabe entrando nos sessenta anos. Os cabelos quase brancos. Um ar de cansaço talvez pela subida da rampa do Pronto Socorro. Pensei em interpelá-lo para saber a história dele. Quem sabe ele fora Escoteiro? Ou quem sabe o ganhou de alguém que foi Escoteiro? Eu sabia que aquele cinto deveria ter história. Muitas. Esqueci-me de dizer, eu hoje estava em uma sala de recepção, esperando a chamada para fazer um exame de pulmão e coração. Nada demais. Rotina. Já fiz tantos! A sala cheia. Pessoas indo e vindo. Interessante, sempre quando a espera é longa e eu sei que ser atendido pelo INSS não é fácil eu dou um cochilo. Sentado mesmo. Adoro cochilar e pensar. Não noto as pessoas ao meu redor, mas quis o destino que eu estivesse de olho aberto para ver a entrada no meio daquele mundaréu de gente, de um maravilhoso, um admirável Cinto Escoteiro.

                       Minha memória gosta de trabalhar. Sempre procurando aqui e ali um motivo para funcionar os neurônios e os maravilhosos chips do cérebro. Fui buscar o passado. Lá muito alem de antigamente. Chegava da escola e pegava minha caixa de engraxate. Era rotina. Cinco quarteirões e chegava com minha bicicleta em frente à Casa Abil. Na rua principal. O Senhor Nestor proprietário sempre me deixou trabalhar ali. Cada tostão suado era guardado com carinho. Sabia que juntar quarenta e cinco reais aos preços de hoje não era fácil. Mas precisava do cinto para fazer a promessa. Minha mãe fez a calça e a camisa. O meião comprei na Dona Leonor, da casa de tecidos. Ela era mãe de Eduardo, um lobinho meu amigo. Paguei a vista. Ela me deu um bom desconto. Sempre gostei de negociar. Sabia que o lenço o grupo dava para nós com o anel de couro. Lembro que foi numa tarde que fui ao correio. Comprei um vale postal de quarenta e cinco reais e fiz o pedido na loja Escoteira no Rio de Janeiro. Tinha o endereço. Agora era esperar a chegada do cinto. Poderia demorar vinte ou quarenta dias. O correio não era um primaz como hoje.

                       Demorou exatamente trinta e dois dias. Eu passava todos os dias no correio. De manhã e a tarde. E aí seu Neneco, chegou? Ele balançava a cabeça e eu decepcionado ia para casa ou trabalhar na porta da Casa Abil. Quando pela manhã passei por lá seu Neneco me disse que tinha chegado, um sorriso enorme eu dei para ele. Peguei a caixa e fui correndo para casa. Abri. Que cinto lindo meu Deus! Ensinaram-me na Patrulha como engraxar o couro e fazer brilhar a fivela. Meu pai era seleiro. Fazia selas para cavalos. Chamou-me e disse – Olhe, recebi semana passada esta vaqueta de couro marrom, uma das mais lindas de um curtume de São Paulo. Quer ver? Se quiser troco o couro do seu cinto. Dito e feito. Troquei. Com uma boa graxa durou para sempre. Era meu orgulho. Mas não era só eu. Todos os escoteiros daquela época davam um enorme valor ao seu cinto.

                    Meus pensamentos voltaram ao presente. Não vi mais o homem do cinto Escoteiro. Desapareceu na multidão que ali esperava uma consulta ou um exame. São coisas assim que marcam muito nós escoteiros. O cinto é imutável. Tentam mudar e eu triste me pergunto. Por quê? Para ficarmos mais modernos? Não sei. Já mudaram tanto que nossa marca desaparece no tempo das egocentricidades dos modernos homens escoteiros de hoje. Brincando na internet, achei um pequeno trecho, que nada explica e conforme diz o já falecido Chacrinha só “estrumbica”. Vejamos:

            “Dizem que mudanças são para os loucos”. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que veem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discorda-los, glorificá-los ou difamá-los. A única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas.
Eles inventam. Eles imaginam. Eles curam. Eles exploram. Eles criam. Eles inspiram.
Eles empurram a raça humana para frente sem saber o que é o certo e o errado.
Talvez eles tenham que ser loucos”.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.



As coisas belas da vida.
O lindo alvorecer na morada da Terra do Sol.

               Tinha voltado da minha incrível caminhada de quinhentos metros, cansado, respiração ofegante e estava fazendo o meu breakfast quando bateram palmas na porta de casa. Domingo é sempre assim. Religiosos nos chamando para dizer se queremos ouvir a palavra do Senhor. Porque não? Gosto de vê-los lendo os mandamentos de Deus. Quando acontece descanso em uma cadeira, pois ficar em pé é difícil e ouço com amor, e olhem, nunca digo que sou espiritualista. Eles não gostam. Afinal ouvir é bom e não prejudica ninguém. Mas naquele dia não eram eles. Cheguei à porta da sala e vi no portão uma figura imponente que até me assustei. Cabelos brancos compridos até o ombro, barba branca bem penteada e uns olhos azuis que chamuscavam que olhava diretamente para ele. Vestia um paletó branco, comprido que ia até o joelho. Uma camisa azul brilhante com um pequeno lenço verde amarrado no pescoço. Usava uma calça de gabardine verde e calçava uma sandália de couro sem meias. Trazia nas mãos uma forquilha. Senhor! Que forquilha! Linda, marrom e cinza, e onde o V fazia uma curva acentuada parecia estar cravejadas de pedras preciosas em delicioso arranjo.

               Quem seria? Nesta cidade grande todo cuidado é pouco. Loucos, assaltantes, pedintes, vem às centenas bater em nossa porta. Mas o sorriso do "Velho" era cativante. Cheguei mais perto. Um perfume de flores do campo veio até a mim. O "Velho" sorriu e sem eu esperar me disse – Posso lhe dar um abraço? Fiquei estarrecido! Nunca ninguém bateu em minha porta oferecendo um abraço! Peguei as chaves, abri o portão e ele entrou como se estivesse entrando em um castelo de Reis. Encostou a forquilha encantada na parede e me deu um abraço! Gente! Que abraço. Eu com meus 71 anos me sentia como se fosse um menino sendo abraçado pelo pai. Fiquei sem jeito. – Aceita um café? – Obrigado. Mas não podemos perder tempo. Vou levar você para ver o alvorecer na Morada do Sol.

              Assustei-me. Tenho que tomar cuidado, pensei. Pode ser alguém com acesso de loucura – Ele como se estivesse lendo meus pensamentos sorriu e disse – Você precisa vir comigo. Sei que Dona Célia está fazendo a feira e volta logo. Mas estaremos de volta antes. – Pegou-me pela mão e sem fechar o portão saímos voando, ele me segurando, eu assustado! Ele soltou minha mão. Gente! Eu “volitava” sozinho no ar como se já tivesse feito isto há muito tempo. Em segundos estávamos em uma montanha, onde as árvores eram lindas, as folhas de um verde que nunca tinha visto e lá no alto um pico envolto em nuvens que para dizer a verdade, fez meu coração disparar. Lindo! Uma montanha das mais lindas que tinha visto – Como chama? Perguntei. – Você conhece você já esteve aqui. Serra do Sol Nascente. A morada do sol – Me lembrei. Mas não era assim! Eu disse. Ele me olhou e carinhosamente disse - Porque você só viu o que queria ver!

             De novo me pegou pela mão. Em segundos estávamos em uma cachoeira de uma beleza sem par. Linda mesmo. Uma névoa branca como se fosse orvalho caindo se formava em sua queda, o barulho da queda era como se fosse uma orquestra de cordas tocando maravilhosamente “The Lord of The Rings” e eu ali pensava – Devia ser um sonho. Pássaros dançavam balet fazendo acrobacias. – Onde estamos? Perguntei! – Na Cachoeira da Chuva, você já esteve aqui! – Como? Não vi nada disto que vejo agora. - Porque você só viu o que queria ver! De novo lá fomos nós a voar pelo espaço e em segundos chegamos a um vale, todo florido, flores silvestres de todas as cores que nunca tinha visto com um perfume inebriante, e a brisa leve tocando as pétalas e elas dançando ao sabor do vento. – Onde estamos? Perguntei! – No Vale Encantado da Felicidade. Você já esteve aqui. Muitas vezes acampando. – Não lembro, não lembro que fosse assim! – Porque você só viu o que queria ver!

              E lá fomos de novo voando nas nuvens brancas do céu. Descemos e ficamos a sombra de um lindo castanheiro. Era madrugada. O orvalho caia calmamente. Uma brisa fresca tocou-me o rosto. Foi então que assisti o cantar da passarada quando a manhã chega lépida e insistente. Havia beija flores, Tico-Tico, Sabiás, canários amarelos, pardais graciosos, uma multidão de pássaros pulando de galho em galho e com suas gralhas graciosas a cantar para todo o universo naquela bela manhã. Onde estamos? Perguntei – Não reconhece? O castanheiro do quintal da sua casa no passado? – Mas não era assim, eu disse. Ele gentilmente respondeu – Porque você só viu o que queria ver.

             E assim ele me levou a longínquos lugares perdidos neste mundo de Deus e sempre a me dizer – Você já esteve aqui. Por último, fomos até uma nuvem, enorme, milhares e milhares de escoteiros sentados, cantando canções sublimes. – Que lindas canções são estas? – As mesmas que você cantou sempre. Mas muitas vezes gritadas, sem nexo e você não procurou ver a beleza da melodia que elas possuíam, pois você só ouviu o que queria ouvir!

          Voltamos e como se eu fosse um pássaro alado no seu pouso encantador, avistei o meu portão e ele sorridente me disse – Procure ver as coisas como são, procure sentir a beleza das cores, do arco íris, dos lindos sonhos que acontecem com você. Procure ser sincero e diga a sí mesmo que a beleza da vida e a felicidade sempre estão ao nosso lado. As cores são belas quando sabemos olhar com amor. Os cantos são belos quando sabemos diferir a letra e a música tocada. Os pássaros são sempre os mesmos, mas saber ver neles a beleza e a singela simpatia que eles têm é uma arte fácil de ser observada. Seus cantares e seus gorjeios sabem que transmitem amor e felicidade. – Ele me olhou e disse – Posso lhe dar outro abraço? E me apertou em seu corpo e de novo senti que era meu pai me abraçando. Saiu calmamente pela rua, escorando na sua linda forquilha cravejada de brilhantes e ao chegar à esquina, virou-se e deu-me um último adeus. Uma pequena nuvem apareceu e o levou ao céu que agora era de um azul profundo, tão azul que pensei que nunca tinha visto aquela cor como agora.

           Sentei na cadeira de sempre na minha varanda emocionado. A Célia chegou. Sorriu para mim e disse – O que foi? Porque esta sorrindo assim? Sabe mulher, porque sempre vi o que queria ver e agora procuro ver as coisas como devem ser vista. Nunca tinha observado como você é bela, a mais linda mulher que conheci! Fiquei em pé me aproximei e disse – Posso lhe dar um abraço?           

domingo, 28 de outubro de 2012

Delicias do escotismo!



Conversa ao pé do fogo.
Delicias do escotismo!

- Na estrada, em fila indiana, sol de rachar, mochila pesada, o chefe diz: Vamos parar 15 minutos para descanso! Você joga a mochila no chão, faz ela de travesseiro, deita respira, fecha os olhos de mansinho. Ah... Que delicia!

- Muito frio, de rachar, você em volta do fogo apagado, difícil acender, você treme de frio, o fogo começa, enorme, calor gostoso, você sorri. Ah... Que delicia!

- Jogo difícil, complicado, todos correm, disputa enorme. O jogo termina, o chefe diz Patrulha Lobo venceu! Palma escoteira para ela. É sua patrulha, você sorri. Ah... Que delicia!

- No acampamento, fome enorme. Cozinheiro novato. Termina o almoço, quase duas da tarde, arroz queimado, bife cheio de fumaça, sem sal, você se serve, que fome! Comida gostosa. Ah... Que delicia!

- Cerimônia de bandeira, todos ali, perfilados, você é chamado. Cordão Verde Amarelo, você conquistou. Entregam a você. Você sorri. Hã... Que delicia!

- No acampamento, jogo forte à tarde, mais de duas horas, enfim encerrado. Agora todos ao banho. Voce pula na água, gostosa, fria, mas ótima. Hã... Que delicia!

- Falsa baiana sobre riacho, todos passam, corda bamba, você gordinha, com medo, todos olham, estão rindo, você consegue. Chega ao outro lado. Olha para todos, sorri, venci. Ah... Que delicia!

- Reunião de patrulha, votos, escolha novo monitor. Contam-se os votos, você ganhou, é o novo monitor, você sorri era seu sonho. Ah... Que delicia!

- Dia de prova na escola, matéria difícil, você termina, excelente notas, já mostrou aos seus pais e agora vai mostrar ao seu chefe, ele sorri lhe dá parabéns. Ah... Que delicia!

- Amiga escoteira sumida você sente falta, ela aparece, sorri para você, voltei para ficar. Voce sorri. Hã que delicia!

- Mãos doendo, alguns cortes, machadinha pesada, facão dificil, mas voce olha e vê a mesa pronta no campo.  Dá alguns passos para trás orgulhoso, olha com carinho e dá um belo sorriso. Ah... Que delicia!

- Convidaram voce, aceitou. Um Grupo Escoteiro. Agora noviço um mês, dois meses, etapas concluidas. Disseram – sábado sua promessa. Semana longa, não passa! Chega o dia. Saudação! Prometo pela minha honra... Incrível, seu corpo vibra, nunca sentiu isso na sua vida. Ah... Que delicia!

Duas horas, três, quatro, cinco e chegam ao cume da montanha. Respiração ofegante, mochila duplicou peso. Uma pedra linda, voce senta e olha o horizonte, incrível! Vista maravilhosa! Ah... Que delícia!

Jornada a pé. Dificil, cinco quilometros, seis, sol bravo! Queimando! Uma árvore, linda, frondosa! A patrulha para, deita em volta, uma brisa no seu rosto. Ah... Que delicia!

Dia de reunião. Você chega à sede, amigos, abraços, apertos de mão, o chefe aparece, olha voce, mão esquerda, ele diz baixinho – Os valentes entre os valentes se saudam com a mão esquerda! Você sorri – Ah... Que delícia! 

Badeira! Ferradura! Todos perfilados. Saudação! Olhos firmes vendo a bandeira voejando, subindo orgulhosa, sua pátria! Você sorri, está orgulhoso! Ah... Que delicia!

Alguem lembra uma linda canção escoteira, é noite, final de fogo, deitados na relva, céu estrelado, cometas cintilantes passando, todos cantam, olhando o céu. O corpo vibra gostoso, amo o escotismo. Ah... Que delícia!

Fim de curso. Vários dias. Muitos amigos. Irmãos se tornaram. Um círculo, mãos entrelaçadas, canção linda, olhos marejados de lágrimas. Abraçam-se, e dizem – Nunca vou te esquecer me escreva me visite! Ah... Que delicia!

 Você encontra seus irmãos, abraça-os naquele grito de grupo que faz sua garganta arranhar de tanta força que você faz... Depois olha ao redor, os olhinhos de cada um e vê a felicidade verdadeira, uma coisa inesplicavel... Ah Que Delicia!

São coisas assim que marcam que nos transforma que nos faz ser quem somos. Amantes do Escotismo. Como diziam os poetas, “Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há tambem aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.” São tantas coisas lindas que encontramos na nossa vida escoteira, que sempre lembro que as pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.

Escotismo! Ah... Que delicia!