Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Cascudo um Escoteiro sonhador.


Lendas escoteiras.
Cascudo um Escoteiro sonhador.

       O ônibus parou no ponto e desci. Meu tempo era curto, portanto não podia ficar olhando aqui e ali. Estava na Av. São João e mais dois quarteirões eu iria encontrar a Rua Santa Efigênia. Talvez pela pressa eu dei um esbarrão forte em um transeunte e ele olhou-me desaforado. Não queria briga e pedi desculpas. Ele que tinha caído no chão levantou e me encarou. Poxa, pensei! Não vim aqui para isto. O desconhecido deu um belo sorriso – Monitor! É você? – Olhei para ele. Não reconheci. Estava de terno, um sujeito forte, cabelos negros bem penteados. O danado até que era simpático. – Desculpe amigo, pelo jeito estivemos juntos no passado no escotismo. Ele deu belas risadas chamando a atenção de outros que passavam. – Olhe bem Monitor! Sou eu, Josiel de Arimatéia a que você e os outros da tropa chamavam de Cascudo! Caramba, como ele mudou, agora eu me lembrava de nosso glorioso passado. Ele se aproximou de mim bateu os calcanhares e gritou bem alto: – “Sempre Alerta Monitor”! Quem passava sorria.

       Nos abraços efusivamente – Vamos beber alguma coisa. Eu pago ele disse. Na esquina bem proximo a Avenida Ipiranga encontramos um barzinho aconchegante. Olhei para ele, se transformou em um homenzarrão bem mais alto que eu. Ele ria de satisfação – Monitor! Como foi bom encontrá-lo. Quanto tempo eim? – É meu amigo – falei. Muito tempo. Mais de quarenta anos. E você me fale de você – eu disse. Monitor eu ralei muito neste mundo. Você deve se lembrar do meu pai um pobretão. Coitado. Mas me formei e hoje sou Promotor de Justiça. – Nossa! Pensei. – Que bom eu disse. Mas desistiu do escotismo? Lembro que você era um entusiasta. – Olhe Monitor, acho que você sabe, é muito difícil entrar e participar de um Grupo Escoteiro como o nosso no passado. Enquanto estudava nem pensei em procurar um grupo depois quando me formei achei que podia ajudar. Ele riu e continuou – Mas eles não querem ninguém como eu. Preferem pessoas mais humildes que não discutem muito. – Pensei comigo como as coisas mudaram.

      - Mas Monitor não vamos falar sobre isto. Porque não se lembrar daqueles tempos? – Porque não pensei. – Olá posso me sentar com vocês? Olhei e vi um senhor de uns sessenta anos cabelos grisalhos, óculos de grau bem grossos e uma bengala – Não estranhem meu pedido ele disse. Também fui Escoteiro e sênior. Estive na luta pelas estradas da vida e só me dei conta que era hora de parar a cinco anos passados. Cansei. Estava solteiro, não tive ninguém ao meu lado. Tentei como você entrar em um grupo. Sempre amei o movimento Escoteiro, foi ele quem me deu a força para enfrentar tudo que enfrentei. – Ele já estava sentado. – Não parou por ai, outro sentado numa mesa próxima sorria. Deu-nos o sinal de Sempre Alerta. – Posso participar com vocês? Claro eu disse. Quatro antigos Escoteiros se encontrando por uma cisma do destino. Cada um querendo lembrar e contar histórias do seu passado. Todos dizendo que não se adaptaram ao escotismo de hoje. Tentaram mas viram que eram peixes fora d’água.

        Mas bons Escoteiros não ficam reclamando. Eles quando se encontram é para contar causos e causos. Lembrei-me de um Chefe que me enviou um convite -
Chefe! Aguardamos sua visita. No meu grupo o senhor vai poder contar muitas “historinhas”. Ri a valer. Contar “historinhas”! Sei que quando começamos a contar nosso passado era onze da manhã. Agora passava das seis da tarde. Cada um telefonou para sua cara metade explicando. Não guardei o nome de todos e eu pouco falei. Quantas histórias foram contadas. As noites das cobras, o vale seco, o Calcanhar de Aquiles onde todos tinham medo de ir, o Delegado que prendeu uma patrulha inteira, quinze escoteiros correndo de seis emas selvagens, e assim foi até o cair da noite. Pensei comigo que não era só eu o contador de histórias. Todos aqueles antigos Escoteiros também tinham a sua.

        Se quatro antigos Escoteiros em um pequeno bar tinham tantas coisas para contar quem diria se estivessem em uma floresta, numa clareira qualquer, uma noite sem lua e o céu estrelado eles contariam histórias a noite toda. Nos olhos de cada um eu via a chama da esperança, a vontade de voltar no passado, às saudades que machucam, mas que ajudam a viver. Ninguém comentou sobre suas dificuldades atuais, sua vida familiar ou profissional. Ali os quatro saudosos só lembraram-se do passado. Ah! Os poetas, sempre eles para nos dizerem tudo do passado, a dizer que saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que no machuca, é não ver o futuro que nos convida... Aguinaldo Silva escreveu isto. Melhor é ler Confúcio dizendo que a experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido. Quem sabe ao partir uma pequena lágrima rolou docemente nos rostos daqueles velhos Escoteiros.

       Cheguei e em casa quase meia noite. Pelo meu sorriso a Célia sentiu que eu estava feliz. Contei para ela o encontro com Josiel de Arimatéia, o Cascudo, um escoteiro da minha patrulha, contei do Geraldo Nonato que nunca vi e que devia ter sido um grande escoteiro e do Leandro Farias um Velho Escoteiro como eu. Ela me ouviu com um olhar gostoso e um sorriso carinhoso. Existem muitas felicidades que não vemos. A maior delas é estar ao lado de uma criatura maravilhosa que sempre me apoiou. Uma grande companheira, a mulher que amo. Não esperem muitas aventuras neste conto simples. Comecei do nada e termino com a história de um grande amor. Um não são dois. O primeiro minha linda esposa querida e o segundo meu escotismo maravilhoso. Ambos jamais esquecerei!

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já me não dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Meu melhor curso escoteiro foi com os monitores.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Meu melhor curso escoteiro foi com os monitores.

Ei Chefe, não é uma pegada de um Quati? – olhei com calma, nunca tinha visto, mas se o Escoteiro dissera eu acreditava. Paramos, analisamos o peso, as passadas e assim fomos aprendendo a seguir pistas de animais. Eu e meus amigos monitores e subs. Junto a eles eu estava na melhor escola escoteira que tinha conhecido. – Chefe? É um ninho de Inhambu? Dizem que ele não se preocupa muito e junta umas folhas próximo a uma árvore disse Niltinho um Monitor da Gavião. Nunca fui expert em ninhos só sabia que Gill um sub Monitor um dia me contou que o ninho do João de Barro dava uma mão de obra danada para o casal. Barro húmido, esterco e palha. Fazem centenas de viagens para terminar. Mais ou menos com 30 cm de diâmetro. O casal de João de Barro amassa as bolas de barro com os pés. Tem área para colocar os ovos, tem porta de entrada sempre em direção contrária a da chuva e de difícil acesso para predadores. Nunca usam a casinha mais de uma vez. Após o crescimento dos filhotes eles voam para outras plagas. Os monitores me olharam espantados. Ficamos ali naquela floresta conversando sobre pássaros por muito tempo e como aprendi.

       Ei Chefe, sabe o Zózimo? Olhei para Bob Low um Monitor da Quati. O que tem ele Bob? Na eleição passada ele foi eleito Monitor e não queria – Por quê? Perguntei. Ele disse que ser Intendente/almoxarife era melhor. – Não acreditei e insisti – Como? Ele acha que o intendente é a alma de uma patrulha. Um bom acampamento depende dele, se faltar material ele é culpado. Se sumir ele é culpado. Se alguém precisa tem de falar com ele. E ele se preocupa muito com material que some no campo. Os escoteiros pata tenras são mestres. Vão cortar um bambu e o facão hó! E olhe Chefe ele me disse que sua barraca de intendência tem tudo. A alimentação fica fora das formigas e animais do campo. Lazinho o Cozinheiro o adora. Sabe que ele é chato, pois quer as panelas nos trinques. Nada de carvão! E eu sei que nem precisa falar com ele o que levar no acampamento. Ele sabe o que deve ser levado para um acampamento longo e um curto. Mas Chefe, se não fosse ele nosso material já teria sumido e estragado. Ele fez até um curso de barracas!

      O que eu mais gostava era a conversa ao pé do fogo. Cada um se abria, contava histórias, falava dos seus amigos, das namoradas que se olhavam de longe, dos seus pais, da escola e dos seus sonhos. Chefe ficou sabendo que o Lindolfo da Pantera
jurou que ia ser médico? Disse Matusalém da Anta. Era o nosso enfermeiro e aproveitava também para ser o bombeiro e lenhador. Era outro que Lazinho cozinheiro adorava. Nunca faltava lenha seca e agua à vontade. Seu porta lenha era perfeito. Podia chover canivete. Ele era um bamba e sabia escolher a melhor lenha, aquela que durava mais. Cozinheiro que se preza não fica sem um bom bombeiro e lenhador se não fica soprando o todo o tempo e os gravetos finos do fogão com os olhos cheios de lágrimas. Risos. Quer saber? Eu nem sabia disto. Eles é que me ensinavam. Uma patrulha que alguém preferia ser o intendente? - Foi Joel quem contou sobre Lazinho o cozinheiro. Ele Chefe é demais. Sabia surpreender a patrulha com suas iguarias. – Chefe ele encheu as “paciências” de sua mãe. Aprendeu tudo. Era um mestre cuca como ele gostava de ser chamado dos melhores. Chegou a fazer um forno de barro!

      Uma vez resolvemos fazer uma mesa com toldo e bancos reclináveis. Queríamos bater todos os recordes de tempo na construção. Claro eu sempre deixei que eles começassem que discutissem entre eles como iam fazer projetos e coisa e tal. E corta daqui, e corta dali o madeirame estava pronto. Ajudei pouco. Sabia bem as amarras. Sabia do acabamento, pois era uma exigência entre os Escoteiros. Fui ajudar somente na costura de arremate no tampo da mesa. Nem peguei no cipó (se tivéssemos cipós nada de sisal) e um Monitor logo disse – Chefe, não é assim. Veja se fizermos certos e damos no final um arremate perfeito com um volta de fiel duplo à tampa sempre vai ficar firme! Eu nos meus tantos anos sorria. Contradizer? Nunca. Eles eram meus mestres meus formadores.

        - Chefe! Que tal fazermos um programa diferente nas férias de julho? Humm! A última surpresa deles nós caímos numa gelada. Um frio de rachar. Bob Low riu, pois nunca esqueceu o frio que passamos. Chefe está na hora de aprendermos a fazer fogo. Fogueirinha de fogão e Fogo do Conselho todo mundo sabe. Lembra-se do acampamento nas Montanhas geladas do Rio Pequeno? Morremos de frio porque éramos uns pata tenras. – Concordei com ele. – Pois é Chefe, poderíamos treinar muito como evitar isto, eu li muito sobre fogo Espelho. Garantem se bem feito no frio pode se dormir de short sem camisa! Sabendo a técnica e ter cuidado para medir a distancia e não colocar fogo na barraca! E eles riram a valer.

       Eu posso dizer que meus melhores cursos foram com meus amigos monitores. Aprendi muito com eles. E trocamos tantas ideias e aprendemos tanto uns com os outros e sempre de comum acordo. Amigos são assim. Sempre fazer e insistir a acertar quantas vezes for preciso. Lembro que um deles resolveu surpreender em um fogo de conselho. Uma bola de papel bem encharcada de querosene, um galho em forma de F encurvado e pequeno para correr preso em um cipó ou sisal segurando a bola de fogo que na imaginação dele iria surpreender todo mundo. Ele todo posudo, em frente ao fogo, todos nós sentados em volta e ele gritou: - “Que os ventos do norte! Que os ventos do sul” Quem os ventos do este e do oeste nos traga hoje o espirito da paz e que BP nos guie pelas sendas da vida e que Deus nos proteja! Ascenda-te fogo! E a bola de fogo que foi acesa por outro encarapitado em uma arvore, desce a toda velocidade até onde esta o fogo e as chamas sobem aos céus!

         Quem sabe se não fosse por eles eu não saberia do valor de uma patrulha, de um patrulheiro intendente, de um bombeiro lenhador, de um cozinheiro, do sanitarista, do aguadeiro, do construtor de pioneirias e de tantos outros. Foram eles que me ensinaram e com eles fazendo e ouvindo eu aprendi. Lembro-me de uma noite de fogo de conselho onde resolvemos trazer o espirito da floresta na forma da Lei Escoteira. Foi lindo. Fico pensando se todos são como eu. Aprender com eles, sentar a moda índia em um fogo estrela, comer uma batata quente, beber um café do bule e deixar que eles cantem que eles riem de suas piadas, que eles inventem aplausos, canções e que a noite para eles seja uma criança. Deixar que eles mesmos possam contar estrelas, descobrir novos caminhos e assim quem sabe, eu no alto da minha enorme idade voltarei a aprender com eles na tenra idade de um escotismo que resolvi adotar. Aprender com monitores! Uma técnica que poucos até hoje conseguiram enxergar!


Meus melhores cursos foram com meus amigos monitores. Aprendi fazendo e vivendo situações divertidas e que me valeram muito pelo resto da minha vida!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Aprender a fazer fazendo.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Aprender a fazer fazendo.

           O método escoteiro é único e foi copiado por muitos, principalmente organizações educacionais e até setores de áreas comerciais e industriais. BP foi realmente benfazejo em suas ideias. Ele sempre enfatizou que nós chefes escoteiros, devemos fazer de tudo para que os monitores conduzam a própria patrulha sua moda. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, é um erro e foge completamente do mais puro e mais correto método do Aprender a Fazer Fazendo. Aprender a fazer fazendo. Tão simples e muitas vezes esquecido. Hoje as escolas, organizações e até universidades estão fazendo isso e estão tirando proveito, mais que nós escotistas cujo fundador foi o idealizador do método. E ainda tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?

         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas, alguns jogos e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dada aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.

        Uma guia me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos vocês eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, saíram quatro e entraram quatro. Não perdemos nada! Como não existem bons programas que despertaram seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Nestas atividades a patrulha praticamente não existe como unidade. Não tiveram outra em suas tropas que marcaram e pedem bis. Ali nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.

        Sempre em toda minha vida escoteira, tentei mostrar as vantagens de deixar os jovens fazer. Seja em seu crescimento individual, sua evolução técnica, e lembrava que todos, escoteiros e escoteiras tinham e tem em seus bairros amigos de infância, que se encontravam sempre, faziam seu próprio programa e ficavam eternamente juntos. Nenhum deles jamais reclamou do programa que planejaram ou fizeram. Em recente artigo comentei sobre o programa da tropa. A patrulha tem condições para fazê-lo. Muito mesmo. Claro, não todo ele, mas boa parte sim. E alguns até me disseram que o programa seria ruim, e eles poderiam não gostar. Mas você já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que você vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.

       Pela experiência de observador vi que os jovens que fazem seu próprio programa, ficam mais tempo no escotismo. Facilitam sobremaneira o desenvolvimento de uma atividade, onde a técnica e o conhecimento adquirido é desenvolvido de maneira impar. Se você usa bem a Corte de Honra, se sua tropa faz semanalmente um Conselho de Patrulha e se você tem sua patrulha de monitores bem formada, você sabe como é. Sucesso na certa.  É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e não é essa a maneira certa de praticar o sistema de patrulhas. Ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro, não é o caminho. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Não pegou nada.

      Esqueçam o “Não vai dar – É impossível – Eles não sabe escolher e programar” isso não é verdade. Claro não é de um dia para outro que o chefe terá os resultados esperados. Aprender a pescar demora. Talvez o chefe que ainda não conseguiu não deu a isca certa.


      É preciso lembrar que nosso movimento tem características próprias. Colocar jovens em forma, marchar, perfilar, saudar, gritar e cantar qualquer um com boa postura e voz de comando consegue. Mas esse não é o chefe que esperamos ter. O chefe que precisamos é aquele calmo, não grita, fala pouco, confia e é um irmão mais velho, um aconselhador, tutor, não o dono de tudo. E ainda tem aqueles que dizem – Esta é minha tropa, esta é minha patrulha, este é meu monitor, esta é minha escoteira. Caramba comprou tudo? Experimente. Dê um prazo para você e para eles. Com o tempo irá se surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Nas asas da imaginação.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Nas asas da imaginação.

       Mamãe! Por favor, não chore! Eu disse que voltarei mamãe, eu não vou para a guerra, eu vou acampar e já volto. Irei aprender a ser homem Mamãe! A senhora ouviu o Chefe falar, que aqui é uma escola de honra! Aqui se aprende a sermos ético e verdadeiro, pois agora eu sou um escoteiro! Não foi ele quem disse que todos nós um dia iremos andar com nossas próprias pernas Mamãe? A senhora não quer me ver crescer e depois se alegrar em saber que sou um homem de caráter? Eu vou acampar minha Mãe. Eu vou pisar nas terras puras do meu país, vou sentir a natureza em meu coração. Deixe que leve seu espírito comigo, me dá um beijo e um abraço e enxugue estas lágrimas. Elas estão fora de lugar. Minha querida Mamãe reze por mim e por meus amigos. Peça a Deus que ele nos proteja, pois ele nunca deixou de proteger os Escoteiros. E quando voltar Mamãe eu estarei sujo por fora quem sabe apesar de que o Escoteiro está sempre limpo, mas se isto acontecer não se preocupe, estou aprendendo a ser homem.

        É Mamãe, agora sou um Escoteiro, e isto significa muito. Poderei olhar as águas do oceano de outra maneira. Vou entender porque as ondas do mar batem na praia, Irei entender as gaivotas que voam pelo céu azul. Irei aprender a beber na cuia onde fica a nascente, a pureza daquelas águas que nos dão a vida. E sabe Mamãe, vou dormir em uma barraca junto aos meus companheiros e me deliciar com os sons da floresta. Afinal Mamãe não diziam os poetas que sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos, um céu sem estrelas, um oceano sem ondas, uma vida sem aventura, uma existência sem sentido? Ah! Mamãe! Enxugue estas lágrimas, seu filho vai partir, mas vai voltar. São poucos dias e eu pensarei em você. Nunca vou esquecer a minha querida mãezinha. Você sabe que sempre estará em meu coração.

        Quero chegar à floresta e ver as aves que moram lá, quero ver os peixes que pulam na lagoa encantada, quero andar nas trilhas da imaginação e ver as pegadas dos animais. Como deve ser belo Mamãe poder sentir a brisa da madrugada, olhar o nascer do sol, o cantar da passarada vai ser um doce amanhecer. Mamãe deixe eu lhe dar um beijo, neste teu semblante preocupado, nesta tua tez franzida, nos seus olhos molhados e pedir para sorrir. Sorria mamãezinha querida, seu filho já vai crescer. Ele vai aprender a cozinhar. Pode Mamãe? Será que vou gostar? Ah! Mamãe eu acho que vai ser o máximo em minha vida. Vou poder sentir o aroma das flores, flores que aqui nesta cidade não vejo mais. Irei subir em uma montanha e avistar o mundo aos meus pés. Poderei gritar para as nuvens que agora sou uma delas. Quem sabe bem lá do alto irei ver o Gavião passar?

        Mamãezinha meu amor, te amo demais, mas preciso enfrentar a vida. Um dia eu vou crescer e preciso aprender as maneiras de viver como um homem respeitado. Quero aprender com a natureza o que aprendi com a senhora. Sabe Mamãe, me contaram tantas coisas que eu quero viver também o que os outros viveram. Quero fechar os olhos e ver o som de uma bica gelada, beber a água da fonte, sentir seu sabor, deixar a bica dos sonhos molhar meu rosto alegre. Pois é mamãe, pense no seu filho feliz, junto aos seus companheiros, eles são bons Escoteiros e brincam de aprender a crescer. Eu quero também contar estrelas, pois eu nunca contei. Vou descobrir onde fica a constelação de Aquarius, quem sabe verei a Gemine o Caranguejo, do Escorpião eu terei medo, nossa Mamãe são tantas. Mas já conheço o Cruzeiro do Sul no hemisfério celestial sul. São tantas coisas no céu que penso que ele é imenso demais Mamãe.

         E o tal fogo de conselho que eles falam muito? Acho que amarei demais. Ver o fogo esvoaçante, querendo andar pelo céu, as labaredas brilhante a fazerem escarcéu. E as palmas minha Mãe? Dizem que elas são lindas, e as esquetes nunca esquecidas as risadas coloridas, alguém a gritar! – Sou o próximo! Disseram-me que farei parte em uma. Vai ser a primeira vez. E os aplausos Mamãe eu sei que serão demais. Pois eu vou me preparar com alegria e quem sabe serei um ator por um dia? É Mamãe dizem que no final do fogo todos choram, mas é de alegria, eles dão as mãos entrelaçadas e cantam uma canção tão linda que tenho de decorar! - “Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus”!  

        O último beijo de hoje Mamãe. O Chefe está chamando, a patrulha me esperando e tenho que partir. Irei acampar nos montes, nos altos dos horizontes para aprender ser alguém. Voltarei de novo a casa e serei um homem digno, a senhora pode acreditar. Sabe Mamãe uma estrofe de um poema que não esqueço? – “Mamãe, um dia fiz a promessa, a todos eu prometi, que seria homem honrado, e do escotismo uma apaixonado, subindo lá nas alturas, em busca de aventuras, que só podemos encontrar no meu escotismo amado”. Adeus Mamãe preciso partir, você que fica não chore com minha brusca partida, e se um amigo me procurar diga a ele onde estou. Que ele coloque a mochila aprume sua bandeira e cante uma bela canção, com um belo sorriso no rosto, e corra para me encontrar.


Adeus Mamãe, adeus não até logo, pois logo eu voltarei!

O Jornal do Grupo. 09 de fevereiro de 2014 – n.1


O Jornal do Grupo.
09 de fevereiro de 2014 – n.1

Pequenas noticias que aparecem no cotidiano escoteiro e que iremos publicar aqui semanalmente no Grupo Escotismo e suas Histórias. Se tiverem outras notícias e quiseram publicar, enviem para meu e-mail. Elioso@terra.com.br.

A LONA – A Região de São Paulo aceitou convite da FIFA para a retirada da lona do estádio após o termino das solenidades de abertura da Copa. Devido ainda ao baixo índice de adesão da nova vestimenta, determinou-se que todos portarão o uniforme Caqui. (Sempre lembrado e nunca valorizado pelos dirigentes) A Região vai ainda determinar como serão escolhidos os 250 participantes. Em principio serão jovens. Comentou-se que após a retirada da lona serão servidos lanches e sucos. Nada foi dito se eles terão direito a assistir ao jogo de abertura.

JAMBORE – Já existe uma euforia por parte dos jovens para participar do Jamboree em Natal Rio Grande do Norte em janeiro de 2015. Este estado teve um dos maiores índices de crescimento do efetivo Escoteiro no Brasil nos últimos três anos, superando estados do sul e sudeste. Muitos jovens reclamam dos altos custos para participar e outros penam para ver se podem fazer alguma poupança até lá. Pois é, e dizem por aí que no escotismo brasileiro a participação de pobres ricos não tem diferença. “Engana-me que eu gosto”!

PESQUISA – O Grupo Boy Scout do Facebook iniciou uma pesquisa para saber o que pensam seus amigos do novo traje que tem dado o que falar. Em poucos dias 76 participantes disseram ser contra, 24 a favor e 7 contra. Será que isto não vai de encontro o que disse nossos dirigentes que existem enorme aceitação da nova vestimenta?

CALOR – Neste verão uma onda de calor tem sido uma norma nos estados do sul e sudeste. Soube que as reuniões de sessões para aqueles que não possuem sombra em suas sedes tiveram os programas alterados. Enormes mangueiras foram superpostas em partes altas e a meninada se diverte como se estivesse chovendo. Ver para crer! (Vou procurar um grupo próximo para participar desta chuvarada. Rarará!)

UM SALTO PARA O SUCESSO – O Grupo Escotismo e suas Histórias tem crescido a olhos vistos. Em pouco tempo já está chegado proximo aos 13.000 participantes. O grupo fez uma pesquisa onde a maioria diz estar participando pelas publicações escoteiras e fotos. Seus administradores tem dado tudo para que o grupo seja a cara do escotismo não só no Brasil com no exterior. Todas as publicações escoteiras dos seus membros são publicadas vedadas apenas aquelas que não falam de escotismo.

PESQUISA 2 – O Grupo Escotismo e suas Histórias faz uma pesquisa do tempo de movimento Escoteiro de cada um dos participantes. Resultado até o momento:
De um a cinco anos –  80 participantes
De seis a dez anos -    45 participantes
De onze a vinte anos – 39 participantes
Acima de vinte anos –  39 participantes.
Os mais novos são maioria. E dizem que nossa evasão de membros Escoteiros é pequena.

MANIFESTAÇÃO DE PROTESTO – Uma jovem guia está a assustar os lideres Escoteiros do brasil. Acreditando que os preços da nova vestimenta estão além das possibilidades de muitos jovens em todo território nacional, ela acredita que a falta de transparência e consultas as bases deixaram a desejar quando da implantação do mesmo. Outros itens foram incluídos e ela está sendo monitorada e procurada para que desista da sua ideia. Como é o primeiro caso como se diz – Contra os métodos da classe dominante – A uma discussão de norte ao sul do país. Muitos já marcaram passagens para estarem presentes outros acreditam que se virar baderna pode prejudicar muito o movimento Escoteiro. A jovem em questão tem argumentos sólidos e com isto atrai simpatias. De vez em quando me pergunto se a tal frase de “ouvir sempre os jovens” não é conversa para “boi dormir”.


Aguardem o número 2. O Jornal do Grupo está aberto a todos seus membros. Querem alguma publicação. Fiquem a vontade. É só enviar os dados para elioso@terra.com.br