Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 17 de março de 2012

Era uma vez... Na Morada da felicidade...



Era uma vez... Na Morada da felicidade...

Era uma vez, em um país muito distante, havia um Grupo Escoteiro que se chamava a Morada da Felicidade. Era um grupo onde todos eram muito felizes. O sorriso ali era espontâneo. Uma prática que todos os membros do grupo faziam questão. Os abraços, os apertos de mão, os elogios, e a vontade de servir eram ponto de honra para todos. Não havia tristezas e parecia que eles tinham alcançado o Caminho para o Sucesso, ou melhor, da felicidade.

Barbas Brancas era o "Chefe" Escoteiro deles. Um verdadeiro pai. Amigo, sincero e sempre junto para ajudar no que fosse necessário. Haviam inúmeros chefes. Rosa Prateada a Akelá, Esquilo Sorridente o Chefe da tropa, Lobo Vermelho o Chefe Sênior e tantos outros que se amavam e se respeitavam. Nos dias de reuniões, parecia que o céu ficava mais azul e o sol brilhava só para eles. As estrelas cintilantes escondidas naquela hora do dia ficavam aguardando ansiosas quando eles estiverem cantando em um fogo de conselho lá na mata verdejante, ou no bosque da Prosperidade onde sempre montavam suas barracas verdes e amarelas.

Um dia, porém o inevitável aconteceu. O pároco da igreja onde eles tinham a sede chamou Barbas Brancas e deu a notícia fatídica – Voces infelizmente tem dois meses para desocupar. Recebi instruções de Vossa Eminência o Bispo Matusalém, que todas as paróquias devem ter uma sala própria para utilização das Congregações que iram se formar em todas elas. Infelizmente – continuou – Só temos essa.

Não haveria acordo. Não haveria recuo. Dois meses e a sede desocupada. Trinta anos ali, trinta anos formando cidadãos honestos na comunidade. O coração de Barbas Brancas bateu forte. Seus olhos ficaram molhados das lágrimas que caiam. Um conselho de chefes tomou conhecimento de tudo. Planos, discussões foram postos em prática. Dois meses. Muito pouco tempo. Eles não sabiam como agir. Nunca tiveram ódio, rancores e nem sabiam como brigar pelos seus direitos. Em seus corações só habitavam o amor e o carinho.

Na reunião da semana, no cerimonial de bandeira todos foram comunicados. De felizes agora só se ouviam lamentações, lágrimas, queixas e todos acreditavam que a Morada da Felicidade nunca mais iria existir. Aguas cristalinas, uma guia chorou alto. Serra Alcantilada o Monitor Sênior começou a rezar. Até Ventos na Face um Pioneiro antigo não sabia o que dizer.

Olhos azuis um lobinho da matilha cinzenta e Sorriso Encantador uma lobinha sua amiga foram para um canto da sede e não choraram. Eles eram firmes nas suas palavras e ações. Diziam que deveria haver uma saída. Deixaram a reunião, subiram as escadas e procuraram o pároco. Este nem ligou. Se querem resolvem falem com o Bispo Matusalém. Foi ele quem ordenou.

Pegaram o ônibus. Palácio Episcopal. O Secretario dizia que o bispo não podia atender. Por quê? Se ele viveu tanto, mais de mil anos deve ser um sábio. Afinal todos dizem que ele é um homem bom. Filho de Enoch, e agora não pode nos receber? – O Bispo Matusalém passava ali na hora. Sorriu divertido. – Quem são voces? Perguntou. – Eu sou Olhos Azuis, lobinho da matilha cinzenta. Sou segundo primo e tenho a segunda estrela, essa é minha amiga, Sorriso Encantador, também segunda estrela e da minha matilha. Sabemos a lei do lobinho de cor e sabemos que o senhor é o culpado da nossa infelicidade.

 Logo a seguir beijaram o anel pastoral e fizeram uma genuflexão diante dele. O Bispo Matusalém assustou. Por quê? Disse – Porque Vossa Eminência tomou nossa sede, o pároco disse que temos de morar na rua! E agora? Pensou ele. Venham comigo disse. Foram até a sala de visitas. O Bispo Matusalém serviu chocolate e biscoitos amanteigados. Obrigado Eminência, mas não podemos. Na matilha ou todos comem ou não comem nenhum!

O Bispo mandou seu secretário preparar o carro. Foi até a sacristia e pegou duas latas de biscoitos e muitos chocolates. Olhos Azuis e Sorriso Encantador entraram no carro e foram com o bispo até a sede do Grupo Escoteiro Morada da Felicidade. Uma festa. Veio o pároco. Ordem do Bispo, a sede é de voces por centenas de anos! O Bispo Matusalém distribuiu chocolate e biscoitos amanteigados a escoteirada. Ficou amigo de todos. Barbas Brancas sorria. Águas Cristalinas, Serra Alcantilada e Ventos na Face batiam palmas.

A paz voltou a reinar no Grupo Escoteiro Morada da Felicidade. O sorriso ali nunca deixaria de existir. Sempre teria alguém para encontrar o caminho do sucesso. Desta vez foi Olhos Azuis e Sorriso Encantador. Mas sabiam que nas dificuldades sempre temos alguém preparado para pular por cima. Já diziam os poetas que as dificuldades são como as montanhas, aplainam-se quando avançamos sobre elas e quanto maior a dificuldade, tanto maior é o mérito em superá-las.

E eles, os escoteiros sonhadores da Morada da felicidade viveram felizes para sempre!

Moral da história – Nos Grupos Escoteiros onde existem diálogos, entendimentos, compreensão, sorrisos e fraternidade é claro que todos irão viver felizes para sempre!  

sexta-feira, 16 de março de 2012

Escotismo tradicional

Escotismo tradicional

    Escotismo tradicional. Sim. Este é o tema da moda. Cada um de nós interpreta a sua maneira. Tem aqueles que leram toda a biografia de BP e acreditam que assim deve ser feito. Outros aprenderam em seus Grupos Escoteiros e o que fazem, e assim defendem como tradicional. E tem aqueles que analisam pedagogicamente levando em consideração a evolução dos tempos. Para esses o tradicionalismo não é importante.

    Disseram-me uma vez que nosso movimento dentre outras necessidades pretende a formação e adestramento de jovens e suas lideranças. Sem menosprezar que devemos fornecer aos jovens boa cidadania, iniciativa e desenvolver suas potencialidades físicas, mentais e espirituais. Seria isso? Vejamos, se o Escotismo é uma fraternidade livremente aceita, e não tem o caráter de obrigação será que o adulto deve atuar somente com supervisão?

     Lembro que aprendi e vi os resultados de fazer fazendo. Era um escotismo feito de maneira simples, que sempre atraiu o jovem pela sua própria simplicidade. Recorríamos a uma linguagem fácil, bem diferente dos termos técnicos utilizados hoje. Foi uma época que passou e conheço tropas que ainda fazem assim, acreditando que a prática da demonstração e da descoberta, atividades ao ar livre, aprendizado por patrulhas, eram técnicas escoteiras que davam e dão resultados.

    Infelizmente vejo chefes comentando que por termos repetido muitas vezes essas técnicas, jogos sem atrativos e até a ausência do método correto nas atividades de tropa, trouxe um desinteresse e até hoje temos educadores a dizer que somos um movimento excessivamente infantil e nos domínios da educação somos considerados como atrasados e ineficazes. Perdemos o nosso rumo.

    Rumos definidos seria um crescimento satisfatório, uma motivação maior por parte dos jovens, uma permanência mais efetiva para que o escotismo possa produzir seus frutos que todos nós esperamos. Por mais que se queira não estamos alcançado isso. Explicações várias. Todos teriam uma visão do tema. Nada como o escotismo tradicional que aprendi e realizei como adulto e jovem. Liberdade de ação na Patrulha, um "Chefe" Escoteiro que era mais um irmão mais velho. Programas descomplicados e muitas atividades ao ar livre.

    O importante é que todos que aspiram fazer um escotismo tradicional ou mesmo aqueles que acham a mudança necessária, que procurem ver os resultados. Mas resultados precisam ser reconhecidos. Ajudar hoje aos jovens e amanhã eles se orgulharem de terem sido escoteiros. Nossa nação precisa urgente de resultados que o escotismo oferece. Honra caráter, ética, responsabilidade, respeito às leis, e claro a formação não só moral como também na comunidade em que vive.

      Quando BP reuniu em 1907 na ilha de Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava estagnado. Assim o Escotismo veio dar uma visão mais abrangente às escolas e estas é que estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração, observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre foram partes do método Escoteiro.

     Confiar no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua autoeducação e disciplina sempre fez parte do Escotismo. É só dar liberdade ao jovem para que ele próprio seja responsável pela sua autoeducação e disciplina. Dar liberdade ao espirito de competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões. Este é o Programa Escoteiro tradicional e que bem realizado se mantém na liderança das técnicas até hoje empregadas.



- É uma pena que um homem tenha que viver sessenta anos para adquirir alguma experiência de vida e a leve para o túmulo, cabendo aos que o seguem começar tudo de novo, cometendo os mesmos erros e enfrentando os mesmos problemas... ”“.

BADEN POWELL

quinta-feira, 15 de março de 2012

O imbróglio de uma foto no Face book



O imbróglio de uma foto no Face book
(imbróglio significa confusão, desentendimento, complicação; mistura).
Existem outras definições. Mas que foi um belo imbróglio foi. Interessante, coloco artigos que julgo importantes tais como: - Sistema de Patrulhas – Técnicas de reuniões de tropa, Técnicas de acampamentos e até outros que achei que dariam o que falar, tais como: – “Castas” Existem mesmo no escotismo? – Verborragia Escoteira, um passeio pelo escotismo atual tentando mostrar que o escotismo é simples e não tão complicado como querem fazer. E então, e então como nas minhas histórias das mil e uma noites, e eis que Betsabá, ou melhor, eu, isso mesmo, eu coloco uma foto de jovens escoteiros se não me engano tailandeses bem postados, bem uniformizados com um tremendo garbo e eis que surgiram mil comentários, uns a favor outros contra e centenas compartilhando.

Nunca vi nada igual. Ninguém perguntou se atrás da foto eles faziam um excelente escotismo, um Sistema de Patrulhas que BP orgulharia, e melhor, se eles eram disciplinados, se obedeciam a seus monitores, seus chefes, se eles eram bons estudantes, se seus pais se orgulhavam deles, se não eram preguiçosos, se não cuspiam no chão, se mantinham a limpeza do campo como em suas casas, se conversavam como pessoas civilizadas, se respeitavam os mais velhos e se ficaram no escotismo por muitos e muitos anos. Ah! Esqueci, se eles também se orgulhavam do seu uniforme do seu garbo de sua apresentação e claro, se a Lei Escoteira era ponto de honra para eles.

Não ninguém perguntou. Mas gostaram da foto. Alguns disseram que eram soldadinhos, bem perfilados que ali não era escotismo e sim soldados mirins. Outros mais agradáveis disseram que seus uniformes eram perfeitos. Seu amor à pátria era formidável. Outros compararam conosco. Alguns acham que fazemos o melhor escotismo do mundo. Claro, ninguém vai comentar ou se importar se as patrulhas não sabem se formar se não obedecem aos monitores, se são desleixados com seu uniforme. Aqui se faz o melhor escotismo do mundo para alguns. Aqui se pode colocar uma camiseta do grupo e o “malfadado” lenço amarrado na ponta e pronto. Está uniformizado, ou melhor, trajado!

Ninguém pergunta mesmo. Mas seria bom saber se eles fazem boas ações, se fazem bons acampamentos, se gostam do programa de reuniões, se ficam pelo menos dois anos em atividade Escoteira. Interessante, não houve comparações. Marchar? Perfilar? Não são escoteiros, são mini soldados. Risos. É difícil agradar. Difícil dizer que nosso uniforme deixa a desejar. Difícil dizer que nossos dirigentes mudam sempre e não perguntam a ninguém se vale a pena. Mas os meninos bem formados com seus bastões (lindo, lembrei-me do meu, levava para casa e cuidava dele como se fosse uma peça do uniforme) todos perguntaram e comentaram.

Não sei se alguém perguntou o porquê eles são impecáveis em seu uniforme, não estão mudando a cada ano. Porque nós somos diferentes. Nós mudamos. Não marchamos, andamos. Nada de apresentação pseudomilitar. Fico rindo e lembrando de minha época, meu pai humilde, pobre, mas eu tinha meu uniforme completo. Meu chapéu, meu sapato preto, meu cantil, minha faca, minha mochila, minha machadinha e meus cadernos de anotações. E olhe um ótimo corneteiro e um excelente tocador de tarol. Claro, hoje ninguém pergunta, pois acham que tudo é caro e o melhor é facilitar. Um dia, não sei, desculpem a brincadeira, mas vão colocar o lenço, (quem sabe feito de plástico biodegradável) amarrar a ponta (não precisa de anel de couro, ele é caro) e qualquer roupa no corpo estará uniformizado. Ou melhor, trajado. Inventaram essa de traje. Antes era só uniforme.

Gostei mesmo da foto. Acho que valeu. Melhor do que o ufanismo de muitos em dizer que são isso e aquilo. Melhor mesmo. Se não entenderam a mensagem paciência. Meu escotismo foi feito na simplicidade, na amizade, na lealdade e no amor. E acampando sempre. Preocupar com isso? Olhem para os lados. O que fazemos está dando resultados? Muitos entrando e poucos saindo? Crescendo sempre em quantidade e qualidade nos últimos 30 anos? Todos que ficam são dignos da Lei e Promessa? Os jovens de agora se portam com responsabilidade? Sem menosprezar aqueles que têm o espírito Escoteiro. Infelizmente são poucos. Ainda bem que não verei o futuro. Poderia me rejubilar ou decepcionar. Na dúvida espero minha hora. Não irá demorar.

E vamos ficando por aqui. Somos uma nação que briga pela democracia e o direito. Sem criticar, pois aceito as mudanças, aqui os jovens podem colocar brincos na orelha, piercings, tatuagens e se vestir como gostam. Podem chamar os mais velhos de “meu”, rir dos velhos na rua pelo seu andar, e ao terminar a aula procurar um cantinho e fumar seu cigarrinho. Podem fazer bullying na escola e os pais tem o direito de ir lá e brigar com os professores. E tudo isso é muito natural. E sei que os da foto não têm isso. Pelo menos eu acho. Parabéns para nós. E como diz um amigo Escoteiro quase da minha idade que conheci em uma lista importante, onde trocam ideias, falam o que pensam eu digo como ele:

BONS VENTOS E BONS CAMINHOS

Osvaldo um escoteiro

P.s. E prestem atenção – Vai haver um jovem dizendo – E daí chefão? Oh “meu” fica na moral. Tu tá por fora. Parece mais um “migué”. Mano, hoje o mundo é livre. Nois somos uns “fodão”. Tu não é um “ganbé”, portanto vai “bater um fio” longe daqui. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

CONDECORAÇÕES, DISTINTIVOS E... Você já recebeu a sua medalha?



CONDECORAÇÕES, DISTINTIVOS E...
Você já recebeu a sua medalha?
Não duvidava nem tinha argumentos para tentar mudar alguma coisa. O que o ‘"Velho" Escoteiro dizia não tinha contestação. Não adiantava tentar explicar. A explicação só teria validade se acompanhada de um plano nacional para dar a quem merece seu agradecimento.
Era sexta feira, uma tarde fria de junho sem nada para fazer. Minha esposa só chegaria após as dezenove horas. Nada melhor que um papo com o “Velho” e quem sabe, saborear um chocolate quente com biscoitos e uma bela sinfonia, harmoniosamente tocada por alguém como os grandes compositores do passado. Para o meu deleite e do “Velho” Escoteiro tínhamos perfeita sintonia nas musicas maravilhosas que ouvíamos.
Cheguei cedo. A porta estava aberta, e o “Velho” estava cochilando na poltrona de vime e seu ronco era como se fosse motores de avião na hora de levantar voo. Não disse nada, sentei no meu banquinho de três pés, e ali fiquei. Sem perceber, fechei os olhos, pensando como devia ter sido a infância do “Velho”. Não sei se ele fez um melhor escotismo que os jovens de hoje fazem. Sem fazer barulho a Vovó entrou, sorriu me cumprimentou e já ia saindo quando um pigarro do “Velho” me acordou dos meus pensamentos. Cumprimentei a Vovó e o “Velho” que não respondeu.
O que faz aqui tão cedo? – me perguntou – Sorri. Era seu jeito. Mandaram-no embora? Afinal você só fica fazendo escotismo e se esquece da esposa e do trabalho. Nem filho tem que diabo de chefe é você? Não respondi. Não adiantava. O velho sabia por que ainda não tínhamos filhos e que eu trabalhava em turnos alternados, quando a participar do escotismo, ele tinha razão. Eu tinha que me patrulhar mais. Ele vivia dizendo que o Escotismo é um Movimento de fim de semana e não semanal.
Eu andava preocupado com um tema que me chamava muito à atenção. Verificava que na maioria dos Grupos Escoteiros, principalmente os que não tinham boa estrutura, não sabiam como premiar aos membros do seu grupo, principalmente com condecorações. Enquanto alguns recebiam, outros ficavam na berlinda.
Isto fazia com que Escotistas com sete, dez, quinze ou vinte anos ou mais no movimento, não tivessem acesso à premiação que tinham direito. Claro, a maioria diz que entraram para colaborar e não estavam preocupados em receber ou não. Não sei não. Para que então foi instituída essa forma de agradecimento se não para agradecer a quem realmente trabalha?
Eu sabia que muitos dos nossos escotistas nem liam o POR (Princípios Organização e Regras da UEB) Isto era prejudicial. Desconheciam o que fazer e as regras são simples. Era o assunto que ia levantar com o ‘Velho’. Já tinha uma ideia do que ele iria dizer. Ele gostava de falar dos nossos dirigentes de uma maneira peculiar. Muitas vezes jocosa, mas no fundo o que ele queria é colaborar e ver um escotismo forte. Claro desejo de todos.
No ultimo Congresso Regional e Nacional vi com surpresa diversas condecorações escoteiras serem aprovadas por indicação de algum participante e entregues a seguir sem nenhum processo escrito e aprovado. Pensei comigo – Porque essa diferença? No Grupo que participava (O “Velho” não gostava que dissesse meu Grupo, Minha Tropa, Minha Patrulha, Meus monitores – dizia sempre que isto não tem preço e não somos donos de nada, ali somos meros colaboradores) nossos chefes eram premiados conforme merecimento.
É realmente um erro, dizia o “Velho”. Muitos ainda participam por amor ao movimento, mas no fundo ficam tristes por não receber nada e outros talvez até sem merecer recebendo muito. Talvez sua Diretoria não saiba como agir, o Comissário do Distrito, e o responsável pelos processos teriam sua parcela de culpa. O que acontece na maioria das vezes é uma reclamação surda, que não chega onde deveria chegar.

Por outro lado – (não sei como é hoje) – Um processo mal feito não é aprovado e muitos desistem sem entender o porquê desta burocracia. Afinal as condecorações existem para premiar e em casos específicos. Uma consulta aos registros é suficiente para uma aprovação com um pedido simples. Não discuto as normas, discuto como elas são feitas. Se fossemos fazer uma seleção, teríamos milhares de escotistas com direito a receber e até muito mais.

Veja o caso das outras condecorações. Vou deixar de lado uma Tiradentes ou outra de maior valor. Tomemos como exemplo a medalha simples de Gratidão. Quantos na base recebem? Qual a diferença de um dirigente distrital, regional e nacional de uma Akelá, de um "Chefe" Escoteiro de tropa ou um mero assistente, que também trabalham e muito, talvez muito mais para receber esta medalha e não recebem?

Basta fazer o processo. Basta? E os membros diretores e dirigentes regionais e nacionais? Para eles são feitos processos? Dizem e eu discordo que somos um movimento democrático. Não sei. Só digo uma coisa, se você é participante das atividades regionais e nacionais, se é conhecido da alta cúpula, então é meio caminho andado para ser agraciado. Mas se você é o “Zé das Quantas”, esquecido e desconhecido, sua condecoração vai ser difícil. Muito mesmo. Quem sabe um certificado e uma de bons serviços bronze.

Repito, não discuto a burocracia. Discuto a forma como é feita. Uma declaração do Diretor Técnico, o aval do Distrital seria para mim o suficiente para muitas condecorações serem entregues. Afinal acredito que nossos órgãos nacionais e regionais devem ter uma ficha individual dos adultos registrados, constando sua vida Escoteira. Isto não facilitaria muito premiar mais facilmente? Se não possuem um programa assim é preciso começar a pensar como ter um já e rápido. O registro anual daria os pormenores necessários.

E vou lhe dizer uma coisa, quando participante ativo como membro regional e depois como membro da equipe de formação, fui premiado com diversas medalhas. Nunca fizeram processos. Depois que deixei de participar não me entregaram mais nenhuma. Risos. Já vi casos de resolverem em plenária, e entregarem uma condecoração no dia posterior. Nada como pertencer à corte!

O "Velho" Escoteiro deu uma pausa. Cerrou os olhos. Mantovani tocava baixinho na sua vitrola antiga já gasta com o tempo. Não interrompi. Voltei aos pensamentos anteriores. Ele estava certo. Eu tinha nove anos no movimento, recebi só um certificado distrital de bons serviços! Paciência! Quem sabe um dia vou receber o “Tapir de Prata”? . Claro, sabia que para isto teria de ser um dirigente regional ou nacional. Ser da Equipe de formação. E um participante ativo de Congressos. Sem contar a..., melhor calar. O silencio traz uma paz interior, que nós os Escotistas temos, pois nossa abnegação, nossa lealdade, sempre está acima das coisas  importantes, mas quase sempre somos obrigados a considerar supérfluas.

“Lute por seus direitos”. Lute pelo direito do seu Grupo Escoteiro.  Dai a César o que é de César!

terça-feira, 13 de março de 2012

A fábula de Glorinha a Escoteira sonhadora.


A fábula de Glorinha a Escoteira sonhadora.

Apenas nove meses na tropa Escoteira. Valeu. Adorava. As reuniões os acampamentos tudo. Glorinha era uma menina esperta. Esperta mesmo. Todos diziam que era uma preguiçosa. Será? Ela não achava. Dizia ser uma sonhadora. Nas reuniões vibrava com jogos e outras diversões. Detestava fazer limpeza na sede ou mesmo boas ações que a Patrulha criava. Nos acampamentos se deliciava. Claro, não armava a barraca, não cortava bambus (dizia que suas unhas eram perfeitas.). Lavar panelas? Nem pensar. O que ela gostava mesmo era depois do almoço procurar uma sombra e dormir! Como dormia.

Todas gostavam de Glorinha. Mas reclamavam muito. Ela não ajudava. Só vivia com pensamentos sonhadores. Um dia ela dormiu embaixo de um abacateiro frondoso. Sua Patrulha limpava o campo e lavava o vasilhame do almoço. Glorinha escapuliu e lá foi tirar sua soneca. Acordou era noite. Não viu ninguém. As barracas não estavam lá. Suas amigas escoteiras desapareceram. Glorinha ficou desesperada. Passou uma senhora idosa com um punhado de madeira na cabeça. – Me ajude minha filha! – Não posso – disse. Estou cansada. Passou um menino puxando um jumentinho que empacou. – Me ajude Escoteira – Não posso, estou cansada. Passou um homem pastoreando várias ovelhas. Uma correu. Ajude-me menina Escoteira! – Não posso estou cansada.

Fechou os olhos preocupada. Onde todos tinham ido? Levaram inclusive suas mochila. Por quê? Um homem alto com cheiro de enxofre se aproximou. Tinha dois chifres na testa. Seus olhos vermelhos. Não tinha cabelos. Vestia uma capa preta que parecia sair fumaça. – Vim buscá-la disse. - Para onde? Perguntou. Para minha morada. Lá você vai gostar. Não precisa fazer nada. Lá ninguém faz nada. Só esquentar no foguinho que tenho. Fritar um braço, uma perna. Você vai adorar. Vai ficar toda “fritinha” e não vai fazer nada. Ele a pegou e a jogou em um buraco profundo. Glorinha gritou, e gritava quando acordou espantada. Um abacate caiu na sua testa e viu a Patrulha em volta dando risadas.

Ela viu que tinha sonhado. Aprendeu a lição. Morar com o diabo? Nunca mais. Agora fazia tudo. Lavava as vasilhas sorrindo. Cortava bambus. Armava a barraca e todas viram que Glorinha agora era outra. Era a que mais vibrava com boas ações. Nunca mais Glorinha cochilou debaixo de arvores. Ela sabia que o diabo quando dá uma mão ele tira com as duas e quem com o diabo deita com o diabo amanhece. Cruz credo!

Para encontrar o diabo, não é preciso madrugar.  Nem sempre o diabo é tão feio como o pintam. Mas eu aviso aos lobinhos, as lobinhas, os escoteiros e as escoteiras, cuidado com o diabo. Todos os diabos são parecidos e certamente voces sabem que o diabo não é gente. E ele gosta muito de jovens do escotismo que tem preguiça e não cumprem sua promessa. E detesta a Lei Escoteira! Portanto se orgulhem e façam da Lei a vida de voces. E livrem-se do Diabo! Risos.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O SISTEMA DE PATRULHAS



O SISTEMA DE PATRULHAS
                                                                   
“Cada Tropa Escoteira é formada pôr duas ou mais Patrulhas de seis a oito rapazes. O principal objetivo do Sistema de Patrulhas é dar responsabilidade real a tantos rapazes quantos seja possível. Isto faz com que cada rapaz sinta que tem pessoalmente, alguma responsabilidade pelo bem de sua Patrulha. E leva cada Patrulha a ver sua responsabilidade definida para o bem da tropa. Através do Sistema de Patrulhas os escoteiros aprendem que tem uma considerável participação em tudo que a sua tropa faz”.
Baden Powell

- Se estou entendendo - falou um dos jovens chefes - O senhor esta afirmando que o sistema só funciona com liberdade - Deixar que eles façam desde que devidamente instruídos, preparados e adestrados. Mas e as outras atividades em conjunto?

- Nunca deixaram de existir! - “falou o ““ Velho” Escoteiro - Vocês devem medir a disponibilidade de tempo para que possam guiar a Tropa. - Repito - G U I A R! - Não dirigir. Para isto é necessário algumas reuniões nos dias de semana. Com o tempo os próprios monitores vão procurá-los em suas casas, desde que autorizados para isto e é claro que devem ser autorizados. A amizade que vai uni-los é a mais importante na Direção da Tropa.

- Deve haver diversas atividades em que todos estarão presentes. Seja na sede ou no campo. O que se está insistindo aqui é que os monitores é que dirigem, adestram, ensinam e acompanham o crescimento dos escoteiros da patrulha. Estes, democraticamente fazem do monitor o seu porta-voz. Foram eles que os escolheram e o elegeram.

- Este é o motivo da insistência de termos rapazes advindos do movimento liderando tropas Escoteiras. É claro que nem sempre isso é possível e assim o voluntário terá que ser bem adestrado e se possível fazer algum tipo de estágio em outras tropas que aplicam corretamente o Sistema de Patrulhas. Por experiência eu sei que um adulto que não passou pôr esta fase, nunca vai acreditar ou só acredita pela metade na responsabilidade da patrulha em dirigir a si mesma.

Ele vai fazer uma projeção totalmente errônea do Sistema de Patrulha, sempre baseada em sua experiência, que pode ser da sua vida passada ou da sua atividade profissional. Mas se bem orientado, bem adestrado, tenho a certeza que ele vai ser um excelente Escotista completou. - Tudo vai fluir facilmente se observarem os princípios do método escoteiro. Uma boa patrulha vai bem se a democracia é posta em pratica sempre.

Para isso a Patrulha deve ter livre arbítrio para participar, sugerir e votar. Algumas tropas tem um conselho de monitores cuja função é de assessorar assuntos ou temas que possam ser resolvidos sem a necessidade da Corte de Honra. Principalmente a discussão de programas de tropa ou mesmo de atividades extra sede. O “Velho“ não demonstrava sinais de cansaço e entre uma ou outra conversa e uma cachimbada, aumentava o volume de sua velha vitrola, cujo disco de um trio famoso em sua época, repicava velhas e saudosas canções escoteiras.

Lá fora, uma lua cheia e “rechonchuda” brilhava no céu, e pela janela, apesar das luzes acesas, invadia sem permissão parte da Sala Grande. O Sistema de Patrulhas em principio parecia ter sido absorvido pôr todos, mas à medida que discutíamos detalhes, mais e mais chegávamos à conclusão que pouco sabíamos. E era tão simples! - Chefe - monitor - escoteiro - escoteiro - monitor - chefe! - Simples mesmo.

- Vocês não devem esquecer - falou o "Velho" Escoteiro - O Sistema de Patrulhas é um trabalho em Equipe. Através dele vamos dar aos jovens noções de civilidade, harmonia, compreensão, democracia, honra, fraternidade e formação da personalidade sem impor determinações que não condizem com a formação do caráter. Trabalhamos com o todo, mas visando a unidade, lembrem-se que colaboramos e não substituímos os pais na formação do jovem na escola e a igreja e família. Não sei se me fiz entender bem! - completou o “Velho”.

- O Programa Escoteiro já é conhecido de vocês e basta aplicá-lo. O inicio é simples e para isto a tropa pode ajudar e bem. Em uma conversa ao pé do fogo, em um acampamento de monitores ou em uma reunião de tropa, tracem algumas metas e deixe que cada um use da palavra para alterar o que achar conveniente. Peçam aos monitores para irem anotando. Quinze a vinte minutos no máximo. Maior tempo é cansativo e não vai ser produtivo. Depois, nesta mesma reunião ou numa próxima, sugiram uma Reunião de Patrulha, para discutir novamente os tópicos e o seu desenvolvimento.

- Lembrem-se que ali devem ter dados concretos, pois eles é que vão dizer as metas a serem cumpridas, tanto no programa da tropa como no adestramento progressivo de cada um. É importante que cada jovem tenha uma copia da ficha modelo 120(não sei se existe outra) para anotar e acompanhar como está indo o seu adestramento progressivo e todas as vezes que for alterada o monitor apresenta ao chefe da Tropa para atualização de uma segunda via e devolvida. A “Corte de Honra“ define sempre as etapas onde se exige parte da Lei e Promessa.

- Claro que uma só reunião não será o bastante. Talvez mais. Cada tropa tem suas necessidades. Mas em três reuniões, seja de patrulha, Conselho de Monitores e Corte de Honra, acredito que terão um programa sadio e pronto para ser desenvolvido. Isto acaba com “detalhes” de programa semanal, mensal e trimestral. Falo assim, pois tenho visto dezenas de amadores falando sem nexo sobre o Sistema de Patrulhas e o pior, nunca passaram pôr isto. Falam na teoria e na prática não se vê os resultados.

- Lembre-se, o importante é deixar boa parte do programa na mão dos jovens. E vai funcionar. Disso tenho certeza. Compete a cada um acompanhar e se necessário alterar de comum acordo com os monitores e sempre levando em consideração a disponibilidade da chefia. A cada passo deve-se verificar o resultado. Este é que deve ser cobrado a todo instante. Afinal, qualquer programa pode sofrer uma correção de rumo e se for o caso, discuta novamente com eles. Se passarem um ano fazendo assim e conseguirem manter pelo menos 65% dos jovens na tropa com etapas sendo vencidas estão no caminho certo.

 É um percentual baixo para uma boa tropa, mas acredito que a media em nosso país não passa de 25%! - Tudo isto tem de vir acompanhado da parte mais importante que é a Lei e a Promessa. Façam seus escoteiros decorarem-na. Eles tem de saber na ponta da língua o que é e o que significa. A cada segundo não deixe de repetir para você e para eles uma Lei.

E para finalizar, toda experiência é valida se depois de anos verificarem que deu certo ou não. Muitos chefes não acreditam nisso, pois aprenderam infelizmente com outros que não tiveram esta experiência ou mesmo em muitos casos nem passaram em tropas bem formadas no sistema de Patrulha. Acredito que os resultados só serão visto a longo prazo.
 
Os raios do luar não respeitava a rua pôr onde passávamos. Deserta e calma, sentíamos o orvalho a cair e o aroma gostoso completava nossa caminhada no começo daquela manhã. Acredito ter valido a pena ir para casa aquela hora. Nós três, cada um contando cada um suas façanhas do passado, algumas vezes cantando as velhas canções escoteiras. Graças ao “Velho” sentíamos orgulho em participar do Movimento Escoteiro.

domingo, 11 de março de 2012

Lembranças do meu amigo, o "Velho" Escoteiro.



Lembranças do meu amigo, o "Velho" Escoteiro.

- Levar-se muito a sério enquanto jovem (e adulto também) é o primeiro passo para tornar-se um “PEDANTE”.
Um pouco de bom humor poderá tirá-lo deste perigo e também de muitas ocasiões desagradáveis.
- Aquele que se elogia é geralmente aquele que necessita de ajuda;
- Um cidadão equilibrado vale meia dúzia de extravagantes;
- Muitos querem seus direitos, antes de os terem merecido.
                                 Baden Powell (BP)

Divirto-me quando escrevo sobre o "Velho" Escoteiro. Acreditem, ele existiu. Não tanto assim como descrevo, mas eu o adorava. Um grande "Chefe". Hoje não está mais conosco. Lembro-me de um dia no Mineirão, CruzeiroxAtletico. Levei o "Velho". Só estando lá para ver tudo ao vivo e a cores.

"Se tens vento e depois água, deixa andar que não faz mágoa!” - Mas se tens água e depois vento, põe-te em guarda e toma tento! "Vermelho ao sol pôr, delicia do pastor”!”- “Orvalho de madrugada, faz cantar a passarada” - Nuvens baixas, cor de cobre, é temporal que se descobre “- São tantas lembranças na mente que só esquece quem não aprendeu”“. - dizia o "Velho".

                            Hei "Velho" - disse - Se esqueceu de que estamos em um estádio, em uma arquibancada assistindo a um jogo de futebol? - Aonde quer chegar? Viemos aqui para assistir uma partida de futebol e não para filosofar sobre o escotismo.
                            - O "Velho" não tinha hora nem lugar para resmungar ou relembrar. Desde que tínhamos chegado, fomos xingados, devido ao seu horroroso cachimbo e a fumaça que insistia em ir de narina a narina dos torcedores próximos a nós. O Estádio estava lotado. Era um jogo de final de campeonato, e eu torcedor fanático pôr um dos times não podia perder. O "Velho", que eu não sabia para qual time tinha preferência, se convidou a ir comigo. Quem sou eu para dizer não?

                            - Olhe só para a cara de cada um - continuava o "Velho" - Torcem sentados, numa boa, enquanto 22 jogadores e um juiz correm o tempo todo. E vem você me dizer que isso é esporte. Pode ser para quem está no campo, mas para nós escoteiros não. Ou participamos todos, ou melhor, não fazer nada. Veja bem, continuou, já pensou 1.000 bolas no campo e todo mundo que está aqui no campo chutando? E riu com gosto!

                            Não discuti com o "Velho". O jogo estava empatado em 1x1, e os nervos dos torcedores estavam à flor da pele e prontos para explodir. Em dado momento, devido a uma jogada perigosa, se fez enorme silencio no estádio, pois um jogador importante de um dos times tinha se machucado. Havia duvida se ele voltaria ou não.

                            Nesse momento, o "Velho" levantou e virando para os torcedores, ficou em posição de sentido e fez a saudação escoteira gritando a plenos pulmões: - SEMPRE ALERTA! - Foi à conta. O estádio veio abaixo. A gozação foi tremenda. Tivemos que procurar outro local para ficarmos mais a vontade.

                            Na volta fiquei pensando se nos meus 80 anos seriam como ele. Ao chegar a frente à casa do "Velho", e ele descer sem agradecer, voltei para a minha e no caminho não tive duvidas que queria ser como ele. Não importava as excentricidades que para mim eram virtudes. Se o Escotismo era o que ele gostava, porque não vivê-lo plenamente? Esqueci-me de completar - meu time perdeu de 5x1!

Esqueci de dizer. O "Velho" Escoteiro teimou e teimou e foi de uniforme com chapelão!