Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Conversa ao pé do fogo. Kim Por Rudyard Kipling




Conversa ao pé do fogo.
Kim
Por Rudyard Kipling

... – Você já deve ter participado ou dirigido um “Jogo de Kim”. Já leu sobre ele? Veja o que Baden-Powell comentou em suas memorias: - “Um bom exemplo daquilo que um Escoteiro pode fazer encontra-se na história do Kim do escritor Rudyard Kipling”. Vejam algumas de suas frases mais conhecidas: - Tenho seis servos que me ensinaram tudo o que sei: O quê? Por quê? Quando? Como? Onde? E Quem? - Não há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novo. Nenhum homem tem o dever de ser rico ou grande ou sábio: mas todos têm o dever de serem honrados. Divirtam-se com Kimball O´Hara mais conhecido com Kim uma das personagens mais famosas depois de Mowgli.

                       Kim, ou, para lhe darmos o nome completo, Kimball O’Hara, era filho de um sargento de um regimento irlandês da Índia. O pai e a mãe morreram quando era criança e ele ficou entregue aos cuidados de uma tia. Por companheiros tinha só rapazes indígenas e pôde, assim, aprender a falar a língua deles e a conhecer todos os seus costumes. Ele e um velho sacerdote ambulante tornaram-se grandes amigos e juntos percorreram todo o norte da Índia. Um dia, Kim encontrou por acaso o antigo regimento do pai, em marcha, e quando fazia uma visita ao acampamento foi preso por suspeita de furto. Encontraram-lhe a certidão de nascimento e outros documentos e o pessoal do regimento, vendo que ele lhe pertencia, tomou conta dele e mandou-o educar. Mas, todas as vezes que conseguia ir passar férias fora, Kim vestia-se à moda indiana e andava entre os indígenas como se fosse um deles.

Aqui um pequeno trecho do seu mais famoso livro onde Kim é um pitoresco espião. Escrito por Sir Rudyard Kipling e publicado em 1901. A historia é baseada no conflito político na Ásia Central entre o Império Russo e o Império Britânico, chamado The Great Game. Notável para o retrato detalhado do povo indiano.

Resumo da historia:
Kimball O’Hara, chamado Kim, é um órfão, filho de um soldado inglês e uma mãe branca pobre. Ele sobreviveu implorando e fazendo recados nas ruas de Lahore durante o período da Índia colonial. Ele está tão imerso na cultura local, que poucos percebem que ele é branco. Ele ocasionalmente trabalha para Mahbub Ali, um comerciante de cavalos e também um agente do Serviço Secreto Britânico, a quem Kim mais tarde entra. Kim faz amizade com um antigo lama tibetano que está em busca do lendário Arrow River, através do Samsara. O menino se torna seu discípulo ou chela, e eles untos em uma viagem atravessando uma antiga estrada chamada Great Trunk. No caminho, aprende-se sobre o Grande Jogo, um conflito político entre o Império Russo e o Império Britânico. Ele é fortuitamente comissionado pelos britânicos para levar uma mensagem ao comandante britânico em Ambala.

O capelão do regimento do pai de Kim descobre que o último pertence à Maçonaria, observando que ele carrega o símbolo do Maçom que envolve seu pescoço e o obriga a se separar do Lama. Kim opõe-se à separação, mas o Lama o convence de que é melhor para ele e, finalmente, Kim é enviada para estudar a cidade de Lucknow, uma prestigiada escola britânica, financiada pelo Lama. O tempo passa e Kim mantém a comunicação com o Lama, para quem o menino continua a ter carinho. Kim também esteve em contato com o serviço secreto britânico, e durante um feriado, Kim é recrutado e treinado como espião, pelo saur Lurgan, um joalheiro, que também é agente britânico na cidade de Simla. Parte da educação inclui um exercício de memória visual chamado The Game of Jewels. Depois de três anos de treinamento, Kim recebe um trabalho do governo, de onde ele começará a operar no The Great Game, mas antes de ser concedido um merecido descanso. Kim retorna para encontrar o Lama e, por ordens de seu superior, babuíno Harry Chunder Mookherjee, faça uma viagem ao Himalaia.

Neste ponto, o mundo da espionagem e os fios espirituais da história colidem, quando o Lama inconscientemente entra em conflito com agentes de inteligência russos. Kim, por sua parte, consegue obter dos mapas russos, documentos e outros detalhes importantes, que mostram o trabalho do Império Russo nas áreas sob controle britânico. Mookherjee se aproxima secretamente dos russos sob o pretexto de ser um guia, e assim garante que os elementos obtidos por Kim não voltem às mãos dos russos. Com a ajuda de porteiros e aldeões, Kim consegue resgatar o Lama. Este percebe que ele se desviou ao descobrir que sua busca pelo rio Arrow deveria ser feita nas planícies, não nas montanhas, e ordena aos porteiros que retornem o caminho. Já de volta, Kim e o Lama descansam e recuperam sua saúde após a difícil viagem.

Kim entrega os documentos russos aos seus superiores e é visitado por Mahbub Ali, que está interessado nele. O lama finalmente encontra o Rio Seta e consegue a iluminação espiritual. Kim está na encruzilhada entre o restante de uma peça no Grande Jogo, seguindo o caminho espiritual do budismo tibetano, ou seguindo uma combinação de ambos. A moral dessa história, caro leitor, é que hoje em dia precisamos ficar atentos a todas as conquistas humanistas, as quais permitem que a educação seja inclusiva, ecumênica, antirracista ou etnocêntrica, e instauradora da noção de que não há povos ou culturas superiores ou inferiores; mas, ao mesmo tempo, nunca devemos deixar que se perdesse o crescimento da imaginação e da sensibilidade que o desejo pela aventura carrega consigo. Os Grandes Jogos mudam, mas os pequenos Kims, cada um na sua medida, sempre estarão aí para o que der e vier.

Kim é não apenas um dos livros mais importantes de Rudyard Kipling o Criador do Livro da Jângal, mas ocupa também posição de destaque na literatura de língua inglesa. Foi lançado em 1901, quando a Índia, onde se passa o romance, era ainda uma possessão britânica e doze anos após Kipling, tendo nascido na Índia, haver migrado para a Inglaterra. Kim se insere numa segunda etapa dessa literatura, na qual predominava um ponto de vista predominantemente britânico e que buscava afirmar a legitimidade do império.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. O sonho da formação escoteira. De São Paulo para o Brasil e o Mundo.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
O sonho da formação escoteira.
De São Paulo para o Brasil e o Mundo.

... Estava pronto para montar e publicar um artigo sobre o Sistema de Formação de Adultos e seu processo atual de aprendizagem pelo voluntário recém-chegado ao Escotismo. Eis que me deparo com um relato interessante desde os primórdios do Escotismo paulista. Porque não publicar?

Foi em São Paulo que surgiu em 1914 a primeira entidade escoteira de caráter nacional: - “ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOTISMO” – (A.B.E). Seus mentores foram Mário Sérgio Cardim, Júlio Mesquita e Olavo Bilac. Foi Mário Cardim que selecionou dentre várias opções, a denominação “Escoteiro” e o lema “Sempre Alerta” traduzidos dos termos originais em inglês “Boy Scout” e “Be Prepared”. Finalmente, em 29 de novembro de 1914 foi realizada a cerimônia de fundação da A.B. E no “Skating Palace”, na Praça da República Numero 59. Nesta ocasião com a presença de 450 escoteiros. Foram aprovados os estatutos e eleito o Conselho Superior com mandato até 1919. Mais tarde esse conselho se reuniu e elegeu a diretoria sendo o primeiro presidente o Dr. José Carlos de Macedo Soares.

Foi o primeiro estopim para que os demais estados brasileiros tivessem sua associação escoteira. Apesar do sucesso a iniciativa da A.B.E ainda estava muito distante dos princípios escoteiros concebidos por Lord Baden-Powell. Suas características eram fortemente ligadas ao militarismo e subvencionadas pelo estado. Consequentemente a fraternidade escoteira mundial não reconhecia a iniciativa da A.B.E e tantas outras como escotismo. Paralelamente, também sob a inspiração de Mário Cardim, era organizado o Escotismo Feminino (aqui cabe uma pequena nota: - O Bandeirantismo surgiu depois, baseado nos mesmos princípios, e por bastante tempo os dois existiram simultaneamente). Em 1915 a A.B.E já tinha representante em seis estados. Em 1º de Setembro Mário Cardim realizou uma viagem a então Capital Federal em companhia de quatro escoteiros uniformizados, e foram recebidos pelo Presidente da Republica, Venceslau Brás e pelos ministros. Eles visitaram os principais jornais e aproveitaram para divulgar o Escotismo.

Em 1916 foi organizada a primeira Escola de Chefes sob a direção do Ten. Cel. Pedro Dias de Campos da Força Pública do Estado de São Paulo. Ele foi figura fundamental nesses primeiros dias e por muito tempo permaneceu na direção do Escotismo da A.B.E. Não podemos esquecer e colocar em posição de destaque Benevenuto Cellini dos Santos, autor do “Emendário de Escoteiros”, livro de instrução técnica para escoteiros e autor da letra do “Rataplan do Arrebol” hoje hino da União dos Escoteiros do Brasil. Nesta época o movimento escoteiro expandiu-se bastante, tanto que na década de 1920 chegou a haver cerca de 100.000 escoteiros. Logo após a I Guerra Mundial, foi notável a ação dos escoteiros prestando serviços auxiliares durante o surto de gripe espanhola, que vitimou milhares de pessoas no Estado e São Paulo.

Em 1917 é fundada no Rio de Janeiro a “Associação de Escoteiros Católicos do Brasil” na paróquia de São João Baptista da Lagoa por iniciativa do monsenhor André Arcoverde, vigário da Paróquia, Cônego Dr. Carlos Manso e os Srs Edmundo E. Lynck, Rodolfo Malempre e o Dr. Joao Evangelista Peixoto Fortuna. Essas Associação foi à primeira iniciativa propriamente dita que seguia os princípios puros do escotismo, tanto que em 1921 foi reconhecida internacionalmente pela Organização Internacional Escoteira como a primeira e única entidade escoteira no país. Em 1920 Rodolfo Malempre mudou-se para São Paulo onde liderou diversas iniciativas de escotismo em São Paulo com a fundação da “Boy Scouts Paulistas” em 23 de setembro de 1923 com a ajuda do monsenhor Francisco Bastos, vigário da Igreja da Consolação. Começou aqui a primeira iniciativa do verdadeiro escotismo em São Paulo, ligada a uma Associação Reconhecida internacionalmente e que seguia todos os princípios concebidos por Baden-Powell.

Em 1922 foi realizada uma homenagem ao Centenário da Independência nos campos do Ipiranga com a presença de dez mil escoteiros. Nesta época passaram a ser realizados os “Raids Pedestres”, nos quais os escoteiros percorriam grandes distancias a pé. Foram realizados “Raids” em Natal – São Paulo, Recife, Niterói, Belo Horizonte e Porto alegre entre outros. Entre 1920 e 1930 o Escotismo em São Paulo foi fortalecido pela ação da Secretaria de Estado da Educação que encampou a pedagogia escoteira no curriculum escolar e passou a oferecer nos estabelecimentos de ensino a prática de “Escotismo Escolar”. A intenção era agregar os ideais de Baden-Powell na formação da juventude e assim houve uma grande expansão do escotismo no estado. Nesta época existiam diversas associações escoteiras espalhadas pelo Brasil que com o tempo foram se unindo a nova entidade de caráter nacional, fundada no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 1924 e que até hoje dirige os Escoteiros: - a União dos Escoteiros do Brasil.

Em 1940 o Estado Novo criou a “Juventude Brasileira” (de cunho fascista) e incorporou todas as organizações juvenis por decreto, inclusive o escotismo. A “Boy Scouts Paulistas” alterou seu nome para “Associação de Escoteiros São Paulo” devido à proibição de nomes estrangeiros, e se negou a participar de atividades de cunho político. A Associação foi fechada pelo DOPS (Departamento de Ordem Politica e Social), seu Chefe geral foi detido e interrogado, mas não permaneceu preso por interferência de altas personalidades, dando-lhe então liberdade condicional. Durante os dois anos seguintes a Associação de Escoteiros de São Paulo funcionou na clandestinidade, os mais jovens foram dispensados, mantendo-se apenas os Pioneiros (Rover-Scout) e chefes, que continuaram a se reunir e acampar, usando os uniformes apenas no campo.

Em 1942 a Associação de Escoteiros de São Paulo foi oficialmente reaberta e com enorme influência regional, nacional e internacional. Esta época se destacaram pelo apoio em diversas ações como: - Organização do 1º Curso da Insígnia da Madeira com a participação dos maiores dirigentes nacionais e de países vizinhos. – Implantação do esquema internacional de adestramento de “Gilwell Park”. – Nomeação dos primeiros quatro diretores para a formação da equipe de Adestramento, para cursos da Insígnia da Madeira. Tais nomeações foram feitas pelo Bureau Internacional de Escotismo e por Gilwell Park, o Centro mundial de adestramento. Participação de Chefes da Associação em cursos de formação de Escotistas na Inglaterra e nos Estados Unidos. – Organização de Cursos da Insígnia da Madeira e outros em diversos países da America Latina, inclusive na Jamaica e Estados Unidos, liderados pelos nossos Escotistas.

Por volta de 1946, ainda por exigência do governo federal as unidades escoteiras passaram a se denominar Grupos Escoteiros ao invés de Tribos como se chamavam na época. Em 1954 em comemoração ao 4º Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo foi realizado o “Acampamento Internacional de Patrulhas”.

Continuaremos proximamente.