Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 19 de janeiro de 2013

Aleluia! Os candidatos escoteiros estão chegando!



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Aleluia! Os candidatos escoteiros estão chegando!

                   Faz tempo. Quanto tempo? Uma eternidade. Em São Paulo duas chapas irão disputar a direção regional no próximo ano. (já estou sendo informado que tem mais duas) Estão fazendo seu marketing prometendo mudanças. Não conheço pessoalmente nenhum deles. Alguns só aqui do facebook. Amigos virtuais fazem comentários e todos são unânimes em dizer que seus candidatos são os melhores. Isto é bom. No escotismo em muitas regiões as lideranças transformaram suas diretorias em feudos. Algumas em capitanias hereditárias. Eles quando cansavam indicavam quem devia assumir. Uma eleição de carta marcada. Isto aconteceu e acontece também na direção nacional em todos os níveis. Soube que estão mudando também. Infelizmente nós escotistas nunca nos preocupamos com isto. Em nome de uma fraternidade leal e obediente nem dávamos conta que nossos direitos estavam e ainda estão sendo usurpados.

                    Aqui em São Paulo onde moro desde o final da década de setenta, eu conheço bem tudo que se plantou na direção e os mandos e desmandos. (fui testemunha ocular). Na primeira vez que montamos uma chapa perdemos por seis votos. Eram duas. Isto nunca aconteceu. Fato inédito. Os continuístas continuaram por muitos e muitos anos no poder. Sempre chapa única. Quem iria se arriscar? A tal disciplina e lealdade dizia que devemos obedecer aos senhores feudais. Disseram-me que na maioria das regiões ainda é assim. Não sei. Bem parece que estão soprando novos tempos. Várias regiões estou sabendo que estão no mesmo caminho.

                    Sempre lutei pela democracia Escoteira. Ainda sou contra o que diz o Regimento Interno que determina quem pode ou não votar. Se em uma região todos os membros adultos não podem votar e o que dizer na nacional? Não vou aprofundar aqui minhas ideias e maneira de pensar. Dezenas de artigos sobre isto já publiquei em meus blogs. Já tenho visto aqui e ali vários escotistas se manifestando. No passado quem se manifestava era defenestrado. Não se enganem. A pressão silenciosa ainda existe. Muitos ainda têm medo de se manifestar. Aqui mesmo no meu grupo e em minha página já vi muitos se afastarem porque disseram a eles que sou subversivo. Eles têm medo de se contaminarem. Risos. Logo eu. Um velhinho inofensivo! Mas isto agora é passado. Novas águas da primavera estão chegando.

                     Se isto for um exemplo, se em pouco tempo em todas as regiões pipocarem novas chapas, se sangue novo vier a dirigir o escotismo regional, quem sabe os Estatutos e o Regimento Interno em todos os níveis podem um dia ser mudados. Para melhor. Ouvindo todos, nos mais longínquos rincões do país. Aí sim, iremos partir para uma nova era no escotismo. Enquanto isto vamos ver como irão proceder os novos eleitos. Um amigo virtual me mandou um artigo interessante. Já o publiquei e acho que será um ponto de partida para ver se as mudanças serão para melhor, vocês já devem ter lido, mas vale a pena lembrar uma parte:

                  Lembra-nos ele que o escotista, o adulto, quer atuar onde a meritocracia funcione; quer ser ouvido, quer estar onde possa apertar a mão de um comissário distrital; ter uma conversa ao pé do fogo com algum dirigente regional e/ou nacional, receber uma carta lhe congratulando. A associação, ao contrário, se distancia cada vez mais do seu maior patrimônio, daquele que defende o nome da causa escoteira esteja lá onde estiver: o adulto, o “chefe”.

                  Aí eu pergunto: Irão mudar? Ou irão nomear assistentes para isto? Lembrem-se ninguém quer falar com o vice. Lembrei-me do Senhor Presidente Lula. “Ele o americano é o sub do sub, não manda nada”. Todos querem o presidente. Mãos a obra e pé na estrada. Que o eleito vá atrás deles. Lá no interior. Aperte a mão de cada um. Ouça o que ele tem dizer. Anote. Não fique nas promessas. Se for difícil conhecer todos, faça indabas. Dezenas delas. Mas se achar que agora pertencem à corte, que conseguiram mudar de “casta” que agora são importantes demais para isto como muitos que fizeram assim, então as esperanças de mudanças se foram ao sabor do vento. Apenas uma fantasia que se rasgou quando terminou o carnaval. Se for um grande passo para o futuro, agora não passou de um pequeno passo para o passado. Tudo não passou de promessa que nunca iriam ser cumpridas. Mas esperanças nunca morrem.

                Não importa quem vença. Quem conseguir a simpatia da maioria dos votantes eu na minha mais humilde opinião, desejarei de coração que consigam atravessar as dificuldades e encontrem a trilha que os levará ao caminho para o sucesso! E quem sabe vem aí uma nova luz para iluminar mais este grande e maravilhoso movimento Escoteiro?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Aqui se faz aqui se paga.



Lendas Escoteiras.
Aqui se faz aqui se paga.

                Narville ouvia calado. Ele sempre foi assim. Preferia ouvir a discutir, pois achava que seu silêncio lhe daria sempre paz de espírito. Seu pai um simplório carroceiro um dia lhe disse – Narville, a maior parte dos problemas do homem decorre de sua incapacidade de ficar calado. Ele olhava nos olhos do Chefe Wantuil do Grupo Escoteiro Águia de Haia. Um nome que todos sabiam o significado. Mas o Chefe Wantuil com toda sua arrogância não sabia. A princípio Narville achou que ele lhe daria um sorriso e dizer – Bem vindo, precisamos de voluntários, mas não. Tentou encobrir sua presunção de dono da verdade e só saiu um monte de asneiras. Finalmente completou – Narville, você é um simples vigia das Casas Noêmia, trabalha a noite, acho que nem estudo tem. Como posso aceitá-lo no Grupo Escoteiro? O que você pode trazer de benéfico aos jovens classe média que temos aqui? Se observar bem todos os chefes tem curso superior ou então estão terminando. Melhor procurar outro Grupo Escoteiro. Aqui não tenho lugar para você!

                Falar mais o que? Discutir com o Chefe Wantuil? Falar umas poucas e boas para ele? Ele já tinha lido que a maior parte dos problemas do homem decorre de sua incapacidade de ficar calado. Não foi Abraham Lincoln quem disse que melhor permanecer calado e que suspeitem tua insensatez, que falar e eliminar toda a dúvida disso? Narville era realmente na sua aparência um pobre coitado. Vestia mal. Ganhava pouco. Aprendera tanto com seu pai, um simples carroceiro, mas que para ele era um sábio. – Não diga a coisas com pressa Narville, mais vale um silencio certo que uma palavra errada. É mais fácil a gente se arrepender de uma palavra que de um silêncio. Ele sabia disso. Tinha visto agora nas palavras do Chefe Wantuil. Palavra errada, na hora errada pode se transformar em ferida naquele que disse e naquele que ouviu.

                  Desde pequeno que Narville sonhava em ser Escoteiro. Nunca pode entrar. Primeiro porque precisava trabalhar. Seu pai o deixara órfão aos dezesseis anos e antes tinha que ajudar sua mãe nas trouxas de roupa que lavava para algumas famílias da cidade. Depois para completar o dinheiro que precisavam para sobreviver ele trabalhava. Sempre fora bom aluno e estudava a noite. Dona Noêmia das Lojas do mesmo nome lhe dera um emprego. Salário pequeno. Passava sempre em frente ao Grupo Escoteiro e sonhava que um dia seria um. Mas onde estava o seu tempo? Não tinha. Sabia que eles iam acampar excursionar, entravam em matas fechadas, atravessavam rios e ele sonhava. Quantas vezes olhava no espelho e se via com aquele uniforme caqui, aquele lenço verde e amarelo e aquele chapelão.  Foi crescendo com seu sonho. Um dia Conseguiu o emprego de vigia noturno. Agora tinha as tardes de sábado, mas seu sonho foi destruído pelo Chefe Wantuil.

                  Não ficou com raiva. Ele era uma alma boa. Não tinha e nunca teve raiva de ninguém. Achava que cada um tinha suas razões. Narville tinha um segredo. Só dele, de sua mãe e dona Noêmia. Ela o vira uma vez estudando após o horário e sentiu que ele precisava de sua ajuda. – Narville, eu vou pagar a faculdade para você. Se um dia se formar vais trabalhar para mim aqui? – Falar o que para dona Noêmia? Um ano, dois cinco anos. Formou-se em direito. Uma luta para passar no exame da ordem, mas conseguiu. Ninguém sabia do seu intento. Sua mãe e dona Noêmia estavam presente na sua colação de grau. Logo foi transferido para o departamento Jurídico. Colocou seu único terno cinza e entrou na sala humildemente. Foi bem recebido. Em trinta dias conquistou amigos. Já era outro homem.

                O nome do Chefe Wantuil surgiu em destaque nos jornais. Foi acusado de roubo na firma que trabalhava. O juiz decretou prisão preventiva por trinta dias. Seu arroubo de arrogância afugentou os dois únicos advogados da cidade. Não tinha ninguém para defendê-lo. Narville achou que era hora de retribuir. Foi à prisão. Viu os olhos de Chefe Wantuil em lagrimas. Quem poderia imaginar aquela cena? Narville era bom advogado. Com a ajuda de um amigo detetive logo descobriu quem era o culpado. Chefe Wantuil no julgamento foi declarado inocente. Seu nome ficou marcado no grupo. Não o queriam mais. Nem deixaram entrar na sede para se explicar. Sempre tem aqueles que aproveitam dos que um dia estiveram no poder e humilharam todos. Não é assim que dizem que quem aqui faz aqui se paga?

              Chefe Wantuil ficou marcado para sempre. Narville não pode fazer nada. Seu sonho de ser Escoteiro foi adiado, mas dois anos depois organizou um novo grupo. Pequeno, sem grandiosidade. Trabalhar com poucos. Convidou o Chefe Wantuil. Este com lágrimas nos olhos aceitou. Tornaram-se amigos, foi seu padrinho de casamento. Mudou muito. Aquela arrogância ficou no passado. Ele aprendeu que nunca mais iria cair na tentação do discurso banal, da explicação simplória. Agora era outro, sua fala era como se estivesse dizendo – Calma! Agora eu tenho calma para dizer, calma para ouvir!        

Jogo de Bases.



Conversa ao pé do fogo.
Jogo de Bases.

                  Sugestões para um jogo de base Escoteiro para tropas que ainda não conhecem ou gostariam de repetir de maneira diferente. Os Jogos de Bases são realizados regularmente por muitas tropas escoteiras. Divertido e alegre ele forma os jovens nas técnicas escoteiras ou mesmo nos conhecimentos escoteiros. - As bases são lideradas por um adulto conhecedor do tema a ser aplicado. O tempo deteminado deve ser seguido criteriosamente.

- Escolhem-se quatro pontos no páteo ou local onde será realizado. Se possível uma Patrulha não deve ver o que a outra está fazendo. - Muitas vezes o jogo de base é feito com contagem de pontos, visando dar maior motivação a cada patrulha. Ex. cada base antes do inicio da atividade a patrulha já tem 10 pontos. À medida que vai desenvolviendo sua tarefa, o responsável da base, pode manter ou tirar pontos. A patrulha não é informada na hora. Isto será feito no termino da atividade em reunião ou no cerimonial.

- Antes do inicio, deve ser verificado se todo o material está disponível. O tempo fica a critério com a programação da tropa no dia.  Aconselho que não seja menor que 10 minutos por base.
Obs. Ao inicio do jogo, os monitores serão informados onde estão às bases e cada um recebe orientação onde irá iniciar sua patrulha. Exemplo – PT Lobo, base 1 (depois irá para base 2, PT Onça, base 2 depois irão para base 3 e assim sucessivamente as demais).

- Ao chegar à base, a patrulha dará seu grito e se apresentará ao chefe da base dizendo: – Sempre Alerta chefe! Patrulha X pronta para a atividade!  - Isto se fará em todas as bases. Mostra a educação e o respeito da patrulha e indica que ela está presente e aceita o desafio.
O chefe explica e começa a atividade marcando o tempo. Finalizado o tempo encerra a atividade. A Patrulha permanece na base até o apito previamente combinado para trocar de bases.

BASE 1 - Cada patrulha de olhos vendados irá fazer 4 nós e uma amarra. Não é coletivo e sim individual. Todos os membros farão a mesma coisa. Ao termino cantar a primeira parte do hino Alerta.

BASE 2 – Cada um será interrogado quais as leis escoteiras que sabe de cor. Maior ponto para a patrulha que souber mais. Terminado, cada patrulha irá fazer uma piramede, usando os membros da patrulha.

BASE 3 – Jogos do Kim. Jogo um – Dois bastões ou duas cadeiras, distante uma da outra um metro. Numa distancia de 15/20 metros, cada Escoteiro de olhos vendados irá passar entre o vão das cadeiras ou bastão. Nota. Antes ele deve ser girado em redor de si mesmo e colocado de frente ao vão. Jogo dois – cada Escoteiro irá encontrar um determinado objeto num raio de 10 metros. Este objeto será visto antes de vendar os olhos e poderá ser deslocado durante a procura por um ou dois metros do seu ponto inicial.

BASE 4 – Cada patrulha deve cantar uma canção escoteira. Melhor ponto para quem cantar dentro do tom e saber a canção completa. Todos serão observados. Após cada patrulha irá demonstrar os diversos tipos de formaturas usadas nas reuniões de tropa.

                 Lembro que as bases podem ser alteradas na sua forma ou no seu todo. Fica a critério da programação da chefia da tropa.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O último voo do Falcão Peregrino.



Lendas Escoteiras.
O último voo do Falcão Peregrino.

                O horizonte desaparecia no infinito. Quem o visse ali com as asas entreabertas naqueles penhascos longínquos do Pico das Mil Vidas nunca imaginaria que um Falcão estava vivendo seu últimos dias de grandes jornadas. Sua vida estava se esvaindo. No seu pensamento lembrou-se de um poema que seus ancestrais lhe ensinaram – “Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé. Não espero o prêmio da vitória, pois mesmo tendo levado uma vida correta nunca me senti um vencedor”. Ele sabia que seu fim se aproximava. Estava ali há vários dias. As forças já não existiam mais. Diziam que ele era a ave mais rápida do mundo. Suas asas pontiagudas e finas o ajudavam na caça em espaços abertos. Quanto tempo se passou quando lá pelos lados do Vale dos Sonhos coloridos, ele e Abbat voavam pelos céus, quem sabe para se mostrarem belos, majestosos e admirados pelas outras aves que nunca poderiam fazer o que eles faziam.

                Abbat, onde andará ela? Ainda no ninho do Sol Nascente? Mas suas duas proles não estavam crescidos e tinham ido procurar viver suas vidas em outras plagas? Abbat, sua eterna companheira. Lembrava que todas as manhãs ele via a gazela acordar, ele sabia que ela precisava correr lépida para sobreviver às sanhas dos leões. Não importa se você é leão, gazela ou um falcão. Quando o sol nascer era hora dos voos em busca do vento, olhar o firmamento e pensar que precisava se alimentar para sobreviver. Viu do outro lado do Vale da Felicidade um Jaguar. Enorme. Parecia um gato manchado de preto e amarelo. Estava firme com seu olhar tentando saber como chegar até ele. Tudo mudou. De caçador agora era a caça.

                Sabia que mais cedo ou mais tarde o Jaguar das Terras Altas chegaria onde ele estava. Sabia também que não podia voar, não podia reagir, a morte seria o fim da vida? Sua mente voava pelos campos floridos. Nunca esqueceu Abaat. Quantas vezes voou para levar a sua companheira e sua prole a refeição do dia? Lembrou-se dos mundos coloridos que conheceu. Voou para todos os lugares e conhecia o caminho do sol, das estrelas, era um falcão valente e que agora estava no fim da vida. Olhou para baixo e viu no Vale da Esperança vários meninos e meninas rindo e brincando. Já os tinha visto antes. Todos iguais com uma espécie de coroa preta na cabeça que chamavam de chapéu e um lindo lenço amarrado no pescoço.

                Olhou novamente. O Jaguar havia desaparecido. Ele sabia seu destino. Ele sabia que o Jaguar o encontraria. Pensou em seu Deus. Ele também acreditava num ser supremo. Deus! Ó Deus! Onde estás que não responde? Em que mundo em que estrela tu te escondes? Ele pensava e ria. Ele morreria com honra. A morte estava enganada. Eu vou viver depois dela! Olhou para o vale novamente. Montaram barracas, corriam satisfeitos, saltitantes, cantantes como o regato que com suas águas mansas corria lentamente pelo Vale da Esperança. Olhou sua plumagem. Considerava-se belo. Suas patas amarelas se tornaram lendas para quem as enfrentou. Seus olhos negros com anel amarelo eram enormes. Podiam ver o infinito. Amava suas asas, enormes. Com elas correu mundo.

                Sentiu um toque em suas asas. Assustou-se. Tão rápido o Jaguar o encontrou? Fechou os olhos. Não podia reagir. Não tinha forças. O Valente Falcão Peregrino agora era uma sombra do passado. Morrerei com honra pensou. Sentiu o toque novamente. Olhou. Não era o Jaguar. Era uma menina. Linda de olhos azuis. Com seu lencinho no pescoço ela sorria. Ele queria falar, sabia que não seria entendido. Mesmo assim ele crocitava, piava e a menina entendeu! Tirou do seu bornal um farnel que seria seu lanche do dia e deu para ele. Ele precisava. Estava fraco. Cinco dias sem comer e beber água. Comeu tudo! Sentiu suas forças voltarem. Agora estaria pronto para enfrentar o Jaguar. Um apito ecoou ao longe. A menina de olhos azuis se levantou e disse – Adeus meu amigo Falcão! Ele não entendeu.

              Deu três passos para frente e alçou voo.  Iria fazer o ultimo voo do Falcão no espaço para ela. Para a menina. Queria que ela soubesse do seu agradecimento. Ela lhe devolveu a vida. Alçou voo rumo ao infinito e voltou célere. Fez uma virada lateral como fazia no passado. Viu que ela batia palmas. Partiu rumo ao Vale do Sol Nascente. Um voo que nunca na vida ele tinha feito com aquela velocidade. A menina sorria lhe acenou com os bracinhos como a dizer adeus. Ele partiu. Sabia aonde ia. Seguiria o sol no seu caminho para o oeste. Precisava encontrar Abbat. Viu o Jaguar próximo da escarpa onde estava olhando para ele. Sorriu. Não foi desta vez meu amigo. Quem olhasse para o céu, veria um Grande Falcão Peregrino com suas asas enormes, voando junto ao sol e que aos poucos desaparecia no horizonte.

              Não sei se ele encontrou Abbat. Deve ter encontrado. Ele sabia que sua linhagem não iria desaparecer no tempo. Suas duas proles velejavam pelos céus a mostrar sua raça, a mostrar sua força e coragem. Em sua mente eu sei que ele dizia para si próprio: - “Às vezes eu falo com a vida, às vezes é ela quem diz – Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz”? 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pais escoteiros para que servem?



Conversa ao pé do fogo.
Pais escoteiros para que servem?

             Antes de me dar uma má resposta leia o artigo. Não se discute a importância dos pais. Acontece que nem todos conseguiram arregimentar para suas fileiras um bom número deles. Vejo grupos escoteiros tendo grandes dificuldades em crescerem em ter uma diretoria boa, em conseguir equipes para colaborar nos acampamentos, nos acantonamentos e até em algumas atividades que alguns grupos organizam visando arrecadação de fundos. Os pais queiram ou não são uma fonte inesgotável para o crescimento e formação do grupo Escoteiro. Conheço grupos que eles querem se aproximar, mas tem receio de melindrar o Chefe que de uma maneira ou outra sem perceber se coloca na posição de insubstituível e de dono das “ações” do grupo. Ou seja, ele acha que não precisa. Costuma dizer que tem tudo sobre controle. Ele não tem culpa. Enquanto tiver forças vai fazendo o que aprendeu e na sua concepção “seu grupo” anda com suas próprias pernas.

                Hoje em dia a maioria dos grupos escoteiros se recente em não possuir em suas fileiras escotistas advindos do próprio grupo. Difícil manter os jovens por muito tempo e quando crescem tem sempre uma admiração por onde viveram, mas agora tem outros afazeres, e quase todos dizem não ter tempo. Lembrei-me de um curso que um dirigente disse – Cuidado com os que têm tempo, eles poderão lhe trazer aborrecimentos, mas acredite nos sem tempo. Eles sim são os que irão trazer benefícios ao Grupo Escoteiro. O número de escotistas advindo dos pais sobrepõe aos que cresceram dentro do grupo. Claro, não estamos afirmando que o escotismo é uma escola de chefes, nada disto. Mas francamente muitos deles poderiam ajudar e não o fazem.

               Eu sempre digo por experiência própria que o primeiro dia é o mais importante para arregimentar os pais. Nunca abri mão da presença deles. E quando digo deles, sãos os dois. Pai e mãe. Claro temos situações que isto pode não acontecer e vamos levar em consideração. Nunca facilitei a entrada do jovem. Facilitei sim a entrada dos pais. Nunca aceitei um não como resposta. Tempo ninguém tem. Alguns de vocês chefes que estão atuando têm tem tempo sobrando? Isto eles devem saber. Vocês estão ali para colaborar com os filhos deles e isto deve ficar bem claro para eles. Sempre digo que é o escotismo que precisa de nós e não o contrário. Iremos encontrar diversas situações e desculpas dos pais para não colaborar. E infelizmente tem aqueles que sem querer substituem em tudo que os pais poderiam colaborar.

                Se o pai ou a mãe de forma alguma não pode ajudar, não pode tirar um dia por mês para auxiliar o grupo me diga, vale a pena ter um jovem em suas fileiras? O que ele vai pensar dos outros pais ajudando e o dele não? E você? Acha que pode dar a ele uma boa formação Escoteira se os pais não se interessam? Não sejamos extremistas. Existem sempre uma saída. Uma vez organizei uma comissão de pais, não mais que cinco só para visitar aqueles que não participavam. Trocamos ideias, alguns deles fizeram treinamento e participaram em cursos. Telefonavam, iam a suas casas, convidavam para atividades sociais e olhe dificilmente os pais deixavam de colaborar. Afinal recebiam a visita de alguém como eles. Sem uniforme. E isto amedronta queira ou não. O importante é mostrar a importância do método Escoteiro para os pais na formação do filho ou da filha. Se ele sabe o valor do escotismo e que isto vai trazer dividendos na formação do jovem, não acho que deixará de colaborar.

                Na maioria das vezes o interesse é do jovem. Quando o contrário acontece o mesmo jovem não dá muito valor. Os pais também em sua maioria aproxima do grupo levado pelo filho. Lembro-me de uma canção que dizia – “Minha mãe vou lhe pedir, e não quero aborrecer, para ser um homem forte um Escoteiro eu quero ser”. Ele aprendia e cantava atrás dos seus pais dia e noite. Vencia pelo cansaço. Agora era hora da comissão de pais agir. O Chefe não deve ser o sabe tudo, o linha de frente. Eles sempre serão dependentes. Se os pais estão motivados, se eles participam se existem atividades para eles tais como Acampamento de Pais, jogos, excursões sem o caráter de obrigação a motivação é certa. (Conheci um Grupo Escoteiro que eles quando se reunião tinham patrulhas com grito e tudo, claro uma ou duas vezes ao ano). Ser pai em um grupo não é fácil se não tem motivação. Ao contrário é muito mais fácil o Escotista se motivar. O uniforme, uma promessa, liderar os jovens já é meio caminho andado.

               É Inconcebível chefes atuando como pais, chefes pagando para os filhos que não são seus, e os pais aceitando tudo confortavelmente. Nem tanto mar nem tanto terra. Não somos um “negócio” uma empresa, onde tudo é preto no branco. Nada disto. Mas devemos nos ater que nossa função é fazer escotismo com os jovens. Para controlar as finanças, para ter uma área administrativa funcionando, é tarefa de pais. É gostoso quando chega o dia da Assembleia e ver que ali estão quase todos. Mas é decepcionante quando se vê quem só tem uns “gatos pingados”. Sei o valor do Chefe-faz-tudo. Sei que eles estão por aí aos montes fazendo escotismo. Mas não é o caminho certo. Falo com experiência. Sei que eles os pais motivados também são uma fonte inesgotável para suprir a falta de chefes. Experimentem. Deixem-nos andar com suas próprias pernas, mas deixe que eles participem da vida do grupo sem ser um eterno observador. De longe!

Iremos entrar em detalhes em outra ocasião. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Lobinha Laninha e o mistério dos sinos da Igreja Matriz.



Lendas Escoteiras.
A Lobinha Laninha e o mistério dos sinos da Igreja Matriz.

                       Não sei se vão acreditar. Dizem que eu invento muito. Mas juro de pé junto que estive lá. Acreditem se quiserem. Há muitos anos eu conheci uma cidade no interior do sertão de Pernambuco. Nem sei como fui ali parar. Não foi pela minha empresa, acho que foi um golpe do destino, pois deveria ter ido a Sertânia e fui parar em Terra Santa. Pequena, menos de vinte mil almas. Nem hotel tinha. Fiquei na Pensão das Esmeraldas de Dona Eufrásia. Para dizer a verdade a melhor cozinha que tinha conhecido. Almoço ou jantar era um manjar dos deuses. Acho que foi por causa dela e de Laninha que fiquei por cinco dias em uma cidade onde não tinha cinema, TV e as luzes da cidade eram desligadas a onze da noite. Na primeira noite alguns hóspedes conversavam sobre a lenda dos Sinos. Inteirei-me de tudo. Todas as noites de lua cheia os sinos da Matriz tocavam um melodia desconhecida. Muitos estavam ali como turistas. A fama dos sinos ganhou mundo. No dia seguinte seria lua cheia e eles e outros milhares iriam chegar para ouvir e ver os sinos tocarem.

                  Não sou cético e nem tampouco um fanático por lendas. Dona Eufrásia me contou que desde a morte da Lobinha Laninha no ano passado o sino tocava a meia noite nas noites de lua cheia. – Lobinha? Perguntei. – Sim ela respondeu. Aqui tínhamos um Grupo Escoteiro. Melchior um rapaz dos seus vinte e oito anos um dia chegou à cidade e comprou a Farmácia do Beraldo. Junto estava a filha de três anos. Sozinho sem a esposa. Dizia ser viúvo. Durante mais de quatro anos se tornou uma figura conhecida e bem quista por todos. Sempre contava “causos” de quando foi Escoteiro. Melanino o Prefeito o incentivou a organizar um. A Prefeitura daria uma verba. Melchior animou-se. Pediu o padre que convidasse pais interessados a colaborarem. No dia marcado mais de oitenta pais. A maioria mães. O primeiro passo foi dado. Quatro meses depois os primeiros escoteiros e os primeiros lobinhos.

                  Era um sucesso o Grupo Escoteiro da Cidade. Por votação ele se chamava Grupo Escoteiro Coronel Torres Belarmino em homenagem ao fundador da cidade. Melchior era o Chefe do Grupo. A diretoria ativa. Mariazinha uma professora assumiu como akelá e com mais duas assistentes tinha uma alcatéia linda e os lobinhos amavam sua Chefe. Claro que Laninha foi uma das primeiras inscritas. Durante dois anos o Grupo Escoteiro fez história. Chegou a ter em suas fileiras quinhentos participantes. Um dia alguém veio correndo dizer que Laninha caíra da torre da igreja. Contava antes de morrer que queria ver o sino tocar. Ele estava estragado e há mais de dois anos não tocava. Segurou na corda perdeu o equilíbrio e caiu de uma altura de trinta e seis metros. No seu funeral a cidade em peso presente. Um Sênior tocou no seu clarim o toque de silêncio. Todos choravam. Mais ainda a Akelá Mariazinha. Ela estava inconformada.  Laninha era uma menina muito amada por todos.

                  O Grupo Escoteiro Coronel Torres Belarmino sofreu um choque com o acontecido. Muitos saindo. Chefes desistindo. Em uma noite de lua cheia para espanto da população o sino começou a bater e a tocar. Era uma musica suave, mas ninguém sabia o que era. Resolvi ficar ver e ouvir o tal sino. Pedi autorização ao Padre para subir até a torre e ver como um sino tocaria sozinho. Onze horas da noite eu fui subindo devagar as escadas até o topo. Cheguei e sentei em um banquinho. Acendi meu legítimo cachimbo Irlandês e deglutindo aquele “blend” infernal esperei. Onze e cinquenta e cinco vi um vulto. Primeiro uma nuvem branca e nela um vulto. Uma menina vestida com seu uniforme de lobinha. Linda. Sorria. Nem olhou para mim. Não me deu uma palavra. Levantou os dois bracinhos e como se fosse uma grande Maestra o sino começou a tocar. Prestei atenção na música. Reconheci logo. Era a sonata de Schubert, (Franz Peter Schubert) “Sinfonia Incompleta”. Maravilhoso! Estava embasbacado.

                A menina sorria. Que sorriso maravilhoso! Tentei falar com ela. Nada. Ela estava como se vivesse o momento para aquela musica e eu francamente não entedia o seu amor por ela. Alí, no sertão de Pernambuco quem poderia gostar de Schubert? Cinco minutos depois a musica terminou. Agora era outra. A musica eu também conhecia. Agora tocava bem baixinho nada mais nada menos que a “Canção da Promessa”. Fechei os olhos e vi a força daquela orquestra sinfônica. Ela regia como se tivesse feito aquilo a vida inteira. Meu Deus! Qual o mistério? Nunca soube. Tentei conversar com o Padre. Ele nada. Tentei falar com o Chefe Melchior. Ele não acreditou em mim. Na cidade ninguém acreditou no que eu dizia.

             Dona Eufrásia sorriu. – Olhe, vou lhe contar. Ninguém sabe e alguns não querem saber. Não querem acabar com este encantamento. A cidade todos os meses depende dos turistas que chegam. Chefe Melchior era violinista da Orquestra Sinfônica de Pernambuco. Quando sua esposa morreu vitima de Poliomielite ele desesperado veio parar aqui. De farmácia não entende patavina. Nunca mais pegou em um violino. Sua filha o admirava quando ele tocava. Quem sabe ela agora procura nos céus uma maneira de ouvir o pai? Coisas misteriosas e uma charada impossível de ser desvendadas. Enigmas que ninguém quer saber. Preferem o impossível.  Não sou bom nisto. Alí em Terra Santa eu tinha certeza que ninguém entenderia. Dona Eufrásia me olhou com um olhar “treteiro”. Meu amigo há mais mistérios entre o céu e a terra, do que toda a nossa vã filosofia. Puxa! Dona Eufrásia uma velhinha dos seus setenta anos, cabelos brancos também versada em William Shakespeare?