Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Conversa ao pé do fogo. Zé das Quantas um herói escoteiro.




Conversa ao pé do fogo.
Zé das Quantas um herói escoteiro.

Era uma vez... - Zé das Quantas é um Chefe escoteiro. Daqueles que lutam de sol a sol para ganhar uns trocados para sustentar sua família e os escoteiros. Zé das Quantas é o Chefe do Escoteirinho de Brejo Seco. A sua maneira ambos são felizes. Para mim eles representam o verdadeiro espírito escoteiro de Baden-Powell. Como dizia John Thurman antigo Chefe de campo de Gilwell Park, o Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

                    O escotismo difere de tudo que se conhece em termos de estrutura, normas e regulamentos de outras organizações ou associações. Infelizmente nossa estrutura e a burocracia são grandes demais. São normas, estatutos, POR determinações e etecetera e coisa e tal. Como ele tem uma filosofia jeitosa, catita e formosa atrai um séquito de admiradores que tudo fazem para servir a associação. Não existe discordâncias e as poucas que existem são logo cortadas pela raiz. Nossa liderança hierárquica desde o topo até o mais novo lobo aprende desde cedo que servir faz parte do crescimento individual. Belo isso e não se pode negar. Elogios aos chefes quase não existem e quando é feito só através de uma burocracia cheia de exigências onde precisa-se provar que tudo dito é verdade.

                        Sei que quando tudo vai mal dizem que a culpa é dos chefes. Todos sabem que são eles os heróis que a muito custo mantem sua sessão e seu Grupo Escoteiro. São eles que põe os jovens na trilha com suas bandeiras cantando pelos quatro cantos do pais. Seria possível ter escotismo sem os chefes? Os arautos e distintos dirigentes dirão que não. Mas se perguntar ao Zé das Quantas ele dirá sem sobra de duvida que sim.

                          Nada se compara a Inglaterra pós-vitoriana de 1908 quando BP sentiu a necessidade de buscar ajuda para que os jovens não se perdessem nas práticas copiadas do “Scout for Boys”. Pergunte ao Zé das Quantas, ele dirá que nem sabe o que é isso. Ele ainda faz escotismo do cipó, da carretinha, do arroz com macarrão levado na mochila, do pé na estrada em busca de um lugar para acampar. Os Escoteirinhos de Brejo Seco adoram. Zé sabe que sua vida é dura, tira seus sustento do seu trabalho e sem ele não teria arroz com feijão. Adora falar aos seus escoteiros sobre a Lei sobre a lealdade, sobre a honra e o caráter. Zé dá belos sorrisos quando as tardes em sua casinha de taipa a escoteirada chega para contar “causos” falar de jogos, de aventuras de andanças por estradas e trilhas desconhecidas. O Escoteirinho de Brejo Seco é o primeiro a chegar. Ele já viu chefes capitalistas, endinheirado e nunca se sentiu preterido. Nunca foi a uma atividade regional ou nacional. Só conhece Brejo Seco e ama seus escoteirinhos.  

                         O Chefe Zé das Quantas acredita em anjos. É um rezador sempre pedindo ao senhor em primeiro lugar pela sua família e em segundo para seus meninos. Mas no fundo ele sabe que este anjo não vai aparecer. Ele sabe que tem de trabalhar sozinho. Seus meninos e meninas mesmo poucos e pobres precisam dele. Ele sabe que os pais tão pobres como ele pouco poderão fazer. Dificilmente abandonará tudo. Nunca poderá dizer: - Melhor fechar o Grupo Escoteiro. A luta é difícil. Às vezes entristece por falta de um certificado, um distintivo, um registro, mas está sempre alegre quando aos sábados muitos estão a sua espera faça sol ou não. Zé das Quantas é um daqueles heróis escoteiros desconhecidos que sabe que o vento nem sempre sopra a favor. Ele ama o que faz. Nunca critica seus superiores. Sempre com um sorriso quando fica sabendo das reuniões, Indabas, Jamborees e assembleias. Ele sabe que dificilmente estará presente. Para isso precisa ter muitos tostões coisa que ele não tem. Não tem ideia de como “tirar” uma Insígnia de Madeira e nem tem ideia de Gilwell Park. Sabe que nunca será registrado, nem vai receber medalhas e certificados. Mesmo a oferta dos dirigente em não cobrar a burocracia para ele é enorme. Tentou uma vez fazer um curso. A taxa salgada. A meninada trabalhou duro, fizeram uma vaquinha, mas na última hora desistiu. "Mainha" sua esposa encantada adoeceu. Quem sabe um dia? Suspirou sem se sentir culpado.

                             Zé das Quantas sabia dos sonhos do Escoteirinho de Brejo Seco. Queria ir num Jamboree, qualquer um – Chefe vai ser bom demais. Dizer o que para o Escoteirinho? Olhou para seu uniforme, já desbotado, doado por alguém que cresceu e saiu. Cara mirrada, escola idolatrada, dizendo sempre que vai ser doutor. Zé das quantas nunca se importou com elogios, condecorações, pois na sua mente seus únicos sonhos era vivenciar com amor a sua família e seus escoteiros. Nunca sonhou em ter uma medalha de Bons Serviços, Gratidão e sorri humilde quando ouve falar do tal Tapir de Prata. Dizem que é só para quem prestou enormes serviços ao escotismo. Afinal ele trabalhando com suas patrulhas nem desconfia do enorme serviço que presta ao seu país. Zé das Quantas tinha medo que se um dia fosse morar na casa do Senhor não haveria substituto. Nas reuniões, nas estradas, nas trilhas ou em marcha sempre conversava com seus escoteirinhos sobre isso. Dizia que onde tem um escoteiro tem uma tropa, onde tem bons monitores tem uma penca de chefes. Caminhem com suas próprias pernas! Repetia o bordão de Caio Vianna Martins o herói da tropa. Um dia fez um pé de meia e partiu para um curso escoteiro. Engraxou seu sapato da missa, mandou colocar uma meia sola. Ajeitou sua meia puída, meteu no seu chapéu um pouco de goma e lá foi ele no trem das onze da noite para a capital.

                            Chegou humilde, dizendo “tarde” “Alerta” e só uns poucos responderam. Adorou o curso, aprendeu sobre um tal de POR de Estatutos, aprendeu sobre a tal ECA (lembrou-se das risadas de seus escoteirinhos quando contou) viu que havia lei e norma para tudo inclusive para criança. Interessante que não comentaram sobre patrulhas, Monitor, Pioneiría, campo de Patrulha nós amarras e tantos mais que ele queria saber. Até pensou que um dia iria receber a visita do Doutor Presidente. Nunca apareceu. Até hoje aos sábados e domingos, Brejo Seco vibra com a passagem dos seus escoteirinhos, marchando animados, com suas mochilas feitas de pedaços de lona que ganharam de Seu Postácio dono do Chevrolet Boca de Sapo 1950 que fazia transporte mesmo fiado para qualquer morador. A verdade é que assim vivem muitos escoteiros em muitas cidades deste enorme país. Sem registro, sem sede, poucos badulaques na sua intendência, mas sempre com sua bandeira puída hasteada ou arvorada, com um belo sorriso e aprendendo com seu Chefe a arte de ser um homem honesto cumpridor da Promessa e da Lei Escoteira.

                           Se você meu amigo é um Zé das Quantas como o Chefe dos Escoteirinhos de Brejo Seco, aceite meu abraço. Meu orgulho em ver quem faz escotismo independente de ter lideres que não valorizam quem faz o melhor escotismo no Brasil!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. "O Livro da Selva", de Rudyard Kipling.




Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
"O Livro da Selva", de Rudyard Kipling.

- O livro de Rudyard Kipling é composto por sete contos diferentes, todos eles tendo animais como protagonistas. Concentremo-nos, porém, nas três primeiras narrativas que têm como principal figura o pequeno Mowgly, uma criança humana. É neste conjunto de contos que Kipling melhor explora a principal temática do livro: o código de conduta dos animais, pois também eles se organizam e têm valores morais e regras de coexistência. - O primeiro conto, "Os Irmãos de Mogli", começa com a surpreendente chegada de um bebé humano a uma toca de lobos. Corajoso e expedito, o pequeno ser consegue calmamente escapar das garras do tigre coxo, o fanfarrão Chery Kaan, e do mesquinho chacal Tabaqui. O Pai e a Mãe lobos, habitantes da toca, têm crias recém-nascidas e sensibilizam-se com a audácia e vitalidade do pequeno "cachorro de homem". Protegem-no de Chery Kaan e insistem em mantê-lo na alcateia Seeonee.

- Mas para tal é necessário que o conselho dê consentimento, o que acaba por acontecer graças às intervenções de Balu, o urso pardo, e de Bagheera, a pantera negra, que intercedem a favor do pequeno Mowgly. Ao longo do conto, Mowgly vai aprender as regras da Selva, segundo os ensinamentos rigorosos de Balu - que admira a inteligência e a perspicácia do seu pupilo, mas que é rígido na maneira de ensinar -, e enfrentar um dia-a-dia de felicidade, mas também de perigo. Para tal, a presença de Bagheera como sua protetora incansável vem a revelar-se fundamental. - Chery Kaan não desiste de tentar capturar Mowgly e a alcateia deixa de ver com bons olhos a presença de um ser humano entre os animais selvagens. No final, quando Akela, o chefe da alcateia, começa a ser contestado por ser um líder enfraquecido - e por Chery Kaan fomentar a sua contestação... - Mowgly vê-se obrigado a abandonar a sua família adotiva e a regressar ao meio dos homens. Porém, não o faz sem que antes exija o respeito dos que tentaram traí-lo, sem que registre a lealdade dos que nunca o abandonaram e, acima de tudo, sem que garanta a segurança do velho Akelá.

- Má experiência entre os humanos O segundo conto relata um episódio em que Mowgly é raptado pelos loucos macacos da tribo Bândarlogue, coisa que acontece ainda algum tempo antes de o pequeno humano abandonar a alcateia. Os Bândarlogue são os únicos animais da selva que não merecem o respeito, nem tão pouco a atenção, de todos os outros animais. São disparatados, vaidosos, não têm líder nem leis, julgam-se superiores e não respeitam as regras dos outros. Balu proíbe Mowgly de ter contato com esta tribo. Mas, quando o faz, já é demasiado tarde, pois Mowgly já terá sido assediado pelos macacos, que acabam por raptá-lo e levá-lo para as Moradas Frias, uma aldeia abandonada já fora da selva. - Balu, Bagheera e Kaa, uma piton que é o único animal que os Bândarlogue temem, veem-se obrigados a lutar pela vida de Mowgly e pelas suas próprias vidas. Mas a batalha termina com uma farta recompensa para Kaa. No terceiro conto sobre a vida de Mowgly, o pequeno homem já é um habitante da aldeia. Contudo, Mowgly não se sente confortável entre os homens, pois foi criado entre animais, os quais têm regras diferentes. Além disso, os homens nem sempre respeitam os animais como deveriam. Durante a estadia na aldeia, Mowgly toma conta de gado, aprendendo a conduzir manadas.

- A dada altura, o lobo Irmão Cinzento encontra-se com Mowgly para alertá-lo sobre as intenções de Chery Kaan, que planeia capturá-lo, agora entre os Chery Kaan. É então que Mowgly cumpre uma promessa antiga: ele próprio acaba por capturar o tigre, contando com a ajuda da manada, de Akelá e do Irmão Cinzento. Mas, por causa da forma como Mowgly controla os animais e comunica com eles, a aldeia acusa-o de bruxaria e o expulsa. O pequeno regressa à selva onde constitui uma "tribo" própria, juntamente com aqueles que sempre lhe foram leal. - “O Livro da Selva" foi escrito por Rudyard Kipling em 1894. Anos mais tarde, em 1907, o mesmo Kipling tornava-se o primeiro escritor inglês a receber o Nobel da Literatura. A habilidade com que o livro é escrito, a inteligência das histórias e um profundo conhecimento do mundo animal - ao qual não será alheio o facto de Kipling ter nascido em Bombaim, na Índia, e ter vivido durante muito tempo em território indiano - oferecem uma deliciosa leitura sobre o reino dos bichos, que também sabem comportar-se e organizar-se, fazendo uso de regras e de códigos de conduta. Haverá até situações e personagens em tudo semelhantes às que existem fora da selva, no mundo dos homens...

Boa Caçada e Melhor Possível!