Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 29 de junho de 2019

Lendas escoteiras. A Árvore dos sonhos.




Lendas escoteiras.
A Árvore dos sonhos.


                       Ela sempre existiu na Rua da Felicidade no bairro dos Grandes Amores. Ficava bem em frente à igrejinha dos Noivos felizes. Era um belo Jequitibá, enorme, frondoso e interessante, embaixo de sua sombra sempre existiu uma camada de grama verde macia e que nunca crescia. Ideal para sentar e sonhar. A sua volta flores silvestres nasciam em qualquer época do ano. A que mais se sobressaia eram as bromélias. Sempre floridas e perfumadas, um perfume que embalava os sonhos dos amantes que ali passavam. Minha Avó disse que quando nasceu ela já estava lá. Se for verdade ela teria mais de cem anos. Eu a descobri por acaso. Um dia andando sem rumo topei com ela. Encantei-me. A sombra convidativa me fez sentar e logo estava encostado ao seu tronco macio. Fechei os olhos. Dormitava. Foi minha primeira vez. Voltei lá muitas outras vezes. Fiquei amigo do Jequitibá. Um dia assustei quando ouvi ela me contar seus sonhos e os desejos dos que a procuravam. A princípio me assustei depois embalado pela brisa suave que ela fazia questão de soprar de leve em meu rosto passei a absorver através da mente o que ela insistia em me contar.

                       Primeiro me contou a história de um Escoteirinho feliz. Ele um dia descobriu o Jequitibá. Como eu também se encantou. Voltava do seu primeiro dia de Escoteiro. Fechou os olhos, deitou na grama macia convidativa e sem perceber passou a narrar através da mente para a Árvore dos Sonhos um pouco de sua vida. Sempre quis participar. Seus pais contra. Fez tudo e nada. Era seu sonho ser Escoteiro. Não sabia a quem apelar. Um dia ouviu uma música, decorou e passou a cantar todas as tardes na varanda de sua casa. A música muita conhecida no velho oeste americano com o nome de “Suzana”. Assim ele cantava: - ¶Minha mãe vou lhe pedir, e não a quero aborrecer, para ser um homem forte, um Escoteiro eu quero ser! – Vou para o campo, aprender a trabalhar, não serei um peso morto e não darei o que falar! O meu Chefe, saberá me ensinar, andar pela floresta sem espinhos atrapalhar!¶ - E assim Tininho cantou por semanas e meses. Um dia seu pai se encheu e viu que precisa mudar. Viu que ele cantava plangente, queixoso e triste. Afinal era seu sonho de menino. O levou ao Grupo Escoteiro. A maior alegria de um menino sonhador aconteceu. Tininho voltou lá muitas vezes, muitas vezes contou seu sonho à árvore dos sonhos sempre com um grande sorriso nos lábios.

                       Foi em uma tarde quente de agosto que a Árvore dos sonhos recebeu Nalvinha. Ela deitada na sombra gramada sonhava. Nalvinha sonhava em ser Escoteira. Com quinze anos procurou o grupo Escoteiro próximo a sua casa. Foi aceita e entrou na Patrulha Flor de Lis. Nalvinha vibrava com tudo. Ia para a casa, para a escola e sempre sua mente voltada para os escoteiros. Nalvinha não se achava bonita. Nunca achou, mas Totonho se apaixonou por ela. Ela não pensava em amores, pois o escotismo era sua vida. O pior aconteceu em um acampamento. Ela procurava lenha seca próximo ao seu campo de Patrulha. Totonho a segurou pelo ombro e a jogou ao chão. Nalvinha assustada gritou com ele e ele não parava, queria beijá-la a todo custo. Balbuciava que ela era sua vida, que a amava que viver sem ela era melhor morrer. O Chefe Lourenço ouviu seus gritos. O caso foi levado a Corte de Honra. A decisão foi unânime. Totonho seria expulso tão logo voltassem do acampamento. Nalvinha perdoou Totonho. Pediu ao Chefe que não o mandasse embora. Foi perdoado com uma suspensão de dois meses. – O tempo passou. Hoje Nalvinha é casada com Totonho. Vivem felizes ainda no escotismo. Walace e Rosália são seus filhos. Nalvinha sorria de olhos fechados. Ela era a mais feliz do mundo. Um grande amor, dois lindos filhos e o Escotismo que vivia em seu coração.

                      Era bom deitar sobre a relva verde da Árvore dos sonhos. Quanta coisa ela me contou. Ah! Joel Simon. Um dia passou por ali viu a árvore e resolveu tirou uma soneca. Joel Simon era Chefe. Oito anos de atividade e recebeu sua Insígnia de Madeira. Joel Simon reviveu tudo que aconteceu com ele como chefe. Uma tela enorme surgiu em sua mente. Ali sua vida passava rapidamente. Quando resolveu entrar foi por causa de Carlinho, seu filho de sete anos. Queria ser lobinho. Porque não? Lá foi com ele. Nunca viu tanta alegria em uma criança. Resolveu entrar, pois tudo o atraía ali. Marly foi contra. Sua esposa estava ficando amarga. Ele tentava manter seu casamento, mas estava difícil. Insistia para Marly ir com ele. Um dia ele se acidentou em um acampamento. Acidente simples. Tentava descer por uma corda no alto de uma árvore. Perdeu o equilíbrio e caiu. Fraturou um braço e uma perna. Os escoteiros valentes o levaram até a estrada. Chamaram a ambulância. Marly quando soube ficou possessa. – Queria por que queria vê-lo fora do Grupo Escoteiro. Um dia ela resolveu se divorciar. Ele fez tudo para que não acontecesse. Não houve jeito. Ela foi embora. Não foi com ninguém. Voltou para a casa de seus pais. Deixou Carlinho com ele. Hoje ela voltou se arrependeu. Ele a abraçou e a beijou apaixonadamente. Ela pediu para ir ao Grupo Escoteiro com ele. Gostou. Disse que ia ser Chefe. Ah! Joel Simon, o Chefe Escoteiro mais feliz do mundo!

                   Mas nem todos os sonhos são felizes. Noêmia era professora do Grupo Escolar Padre Eustáquio. Um dia viu uma Alcatéia de lobinhos passando em frente à escola. Era sábado. Ela fora lá porque precisava colocar em dia as provas que os alunos fizeram na semana. Noêmia tinha vinte e cinco anos e solteira. Não era bonita. Nunca foi. Ao nascer tiveram que operar sua boca. Um rasgo enorme. Uma parte dos lábios finos e outro grosso demais. Seus alunos olhavam para ela com medo. Fazia tudo para conquistá-los. Mas era difícil. Pensou em procurar o grupo. Não sabia o que a esperava. Um Chefe prepotente, rancoroso, a recebeu mal. Ela não sabia o que fazer. Ele dizendo a ela que não precisavam de ninguém. Que ela primeiro devia operar os lábios. Nenhum Escoteiro ou lobinho iria gostar dela. Que ela se tocasse. Noêmia saiu dali chorando. Ao atravessar a rua um ônibus a atropelou. Ficou tetraplégica. Sua mãe a levava sempre a Arvore dos sonhos. O Jequitibá chorava com ela. A embalou muitas vezes tentando com seu néctar retirado de sua folhas verdes como a servir de bálsamo para sua tristeza.

                     Ah! Eu gostava muito de ficar ali debaixo do Jequitibá frondoso. Tornamo-nos grandes amigos. Um dia vi dois homens da prefeitura dizendo que tinham de serrá-la. Impossível! Não podiam. Alegaram que ela ia cair. Cupins em seu tronco o demonstravam. Chorei muito. Ela não chorou. Disse-me que já era hora de partir. Ela estava cansada, precisava de uma nova morada para descansar dos trezentos anos que viveu na terra. Pediu-me para tirar uma muda. Tão logo ela se fosse que eu devia plantar um filho seu ali. Uma tarde vi que meu amado Jequitibá partira para outra vida. Plantei a muda. Um ano ele já dava sombra. Aos seis anos era um belo Jequitibá frondoso. Nunca esqueci o velho jequitibá. Quantos sonhos ele me contou. Durante anos ia lá sempre. Deitava na sombra gostosa e na grama verdinha macia. Meu Deus! O novo Jequitibá passou a dividir comigo os sonhos de quem o procuravam! Sou um homem de sorte. Valha-me Deus! Quantos amigos eu fiz, como é bom viver uma vida de felicidade e ser amigo de uma Árvore dos sonhos me faz feliz e renascer todos os dias!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Conversa ao pé do fogo. O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.




Conversa ao pé do fogo.
O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.

Prólogo: - Falando em muriçoca, pernilongo, maruim, carrapatos e etc. sempre é bom lembrar que Escoteiro não anda voa! Escoteiro não ri, dá gargalhadas! Escoteiro não chora, dá pernadas na dificuldade! Escoteiro não tem medo, luta até a morte! Escoteiro não corre dos insetos ou animais peçonhentos, enfrenta-os com seus caratês e golpes mortais. Eu eim? 

           Isto é coisa do demônio, dizia a Chefe Mercedes. Chefe “gente boa” a Chefe Mercedes. Entrou com idade avançada e logo conseguiu sua Insígnia de Madeira. Nos acampamentos detestava os insetos que ela chamava coisas do Demônio. No primeiro acampamento os pernilongos se deliciaram. Ela jura que ouviu eles dizendo: - “tem carne nova no pedaço”! - Em outro uma “tropa de carrapatos fez dela seu ninho"! Risos. Eu dizia que para tudo tem jeito, mas ela não acreditava. Vado Escoteiro eles são escolados e cada um tem sua maneira própria de morder e chupar o sangue dos pobres dos escoteiros e dos pobres chefes. Coitada da Chefe Mercedes seu braço ficou todo mordido e suas pernas também, pois adorava uma calça curta. Risos. Eu sabia que eles são danados. Chupam o sangue e adoram sangue novo no pedaço. Dizem que os jovens ficam tão encantados com o campo que se esquecem de tudo e os pernilongos e carrapatos se deliciam.

          Acampei muito em minha vida. Sem falsa modéstia mais de 700 noites de acampamento. Nunca gostei muito destes “bichos”. Insetos chupa sangue não é o meu forte. Mas fazer o que? Dizem que tem Chefe que gosta. Cacilda! - Nunca esqueci um morcego próximo à gruta de Maquiné que se deliciou com meu sangue. Pudera, eu estava morto de cansado e dormi feito uma pedra. Bebeu pouco menos de um litro! Eu sei que hoje a modernidade trouxe o repelente, na minha época não tinha. Dava cinco e meia da tarde e era ver onde soprava o vento para fazer um foguinho com folhas verdes, estrumes de boi e cavalo. Um bom fogo cheio de folhas verdes, e ficávamos livres deles por algum tempo. Enfrentar a fumaceira nos olhos e chorar era melhor que ser mordido. Uma vez descobri que o pernilongo do acampamento e o da cidade são diferentes. O do acampamento atacam, mordem e você sente logo. Dizem que os piores são os maruins. Com um raminho na mão a gente os espanta, mas tem de ficar abanando sem parar. Os da cidade são covardões vivem escondidos em baixo da cama ou de um móvel qualquer.  Primeiro zumbem no seu ouvido e somem. Você acorda com uma coceira danada. Você sabe, ele encheu a pança do seu sangue e vai se refastelar na parece do quarto sem se incomodar com você.

           Lembro-me de um acampamento com a tropa sênior próximo ao Rio São Francisco em uma mata beirando o Rio das Velhas. Lugar maravilhoso. Lago piscoso e lindos pássaros migratórios a fazerem acrobacias fantásticas no rio e nas lagoas próximas.  Era uma fazenda enorme e com uma bela floresta nas suas margens. Perfeito para um grande acampamento.  O capataz da fazenda nos preveniu. Olhe Chefe, lá a noite é um inferno. Das cinco e meia as sete ninguém aguenta, as muriçocas são sedentas de sangue. Rimos dele. Não sabia que éramos uma tropa dos valentes e intrépidos seniores aqueles que cantam dizendo que matam e arrebentam. Primeiro dia, barraca, algumas pioneirias, uma mesa e deixamos do lado centenas de boas folhas verdes. Que venham estes malditos demônios, dissemos. Vão enfrentar uma tropa que não tem medo de nada! Quem vier morre!

           Seis horas o inferno desceu do céu e ficou entre nós. Não era um, não eram dois e sim milhões deles. Você olhava e via aquela nuvem cinzenta e preta e não havia onde correr. Mas corremos. Primeiro pulamos no rio e não dava para cobrir o corpo todo, então corremos até a sede da fazenda, mais de quatro quilômetros. O capataz riu a valer. Voltamos ao campo lá pelas nove da noite. A paz desceu a terra! Mas desistimos de dormir ali. Procuramos uma área próxima à fazenda e lá ficamos. Mas querem saber de uma coisa? Pernilongo e muriçocas avisam quando vão atacar e quando não avisam pelo menos a gente só coça. Risos. Mas e o danado do carrapato? Este sim é o satã em pessoa. Não grita, não canta, não fala e procura o pior lugar no seu corpo para se esconder. Fica lá dias e dias sem dar bandeira. O danado sabe como chupar o sangue. A principio uma coceira gostosa. Você coça e para. Até o dia que descobre o bicho gordo, cheio de sangue como a dizer a você – Seu Escoteiro idiota chupei seu sangue e você nem viu! Agora posso morrer feliz! Risos. E morre mesmo. Você tira o bicho gorducho, mete unha com unha o sangue espirra e o danado morreu. Você é sênior, não perdoa, mata!

             Para dizer a verdade nunca levei repelente. Achava que se os heróis da floresta, os índios os bravos sertanejos e os mateiros não usavam eu também não o faria. Mas dizem e não sei quem disse que isto não é coisa de escoteiros. Quem ainda não enfrentou saudáveis pernilongos, alegres muriçocas, carrapatinhos gentis, e aranhas negras e lindas nas suas teias nas florestas à noite no rosto, dançando ou rindo de você? Se isto não aconteceu desculpe. Você ainda não foi batizado de herói da floresta. Meus amigos, quantas coisas contamos para nossos escoteiros para reafirmar aquilo que ele é. – Escoteiro não anda voa! Escoteiro não ri, dá gargalhadas! Escoteiro não chora, dá pernadas na dificuldade! Escoteiro não tem medo, luta até a morte! Escoteiro não corre dos insetos ou animais peçonhentos, enfrenta-os com seus caratês e golpes mortais. Eu eim? Sei não. Coitado do Escoteiro quando dizem isto para ele. Ele vai ficar assustado. Sabe que nem seus super heróis são assim. Sabe que ele é humano como os outros. Eu prefiro dizer calmamente que ele não se preocupe com as dificuldades, elas passam. Costumo dizer que se tem amor no coração, sabe ser fraterno, se você sabe sorrir com o zumbido da noite, sabe apreciar o orvalho de madrugada, você é um Escoteiro. E quem venham os malditos carrapatos e pernilongos filhos de Satã!

- Quanto a Chefe Mercedes hoje mora no céu. Nunca desistiu e a gente se divertia a noite com ela de tantos tapas que dava na perna, nos braços e no pescoço. A gente oferecia um raminho e ela dizia que aquilo não era coisa de escoteiro. Então tá! E viva os pernilongos! Viva as muriçocas! Bem vindos os carrapatinhos espertos! No fundo no fundo sou Escoteiro e adoro-os!  Bichinhos do Senhor. E quem vive sem eles? Um dia me disseram que quem tem medo de pernilongos, muriçocas, carrapatos, aranhas negras e lindos morcegos negros não é Escoteiro. Sei não. Se for verdade acho que não sou, pois detesto estes insetos. Mas se Deus os criou deve ter um motivo e só pode ser pagar nossos pecados aqui na terra. E viva os insetos da floresta, sem eles a vida lá não tem sentido!

terça-feira, 25 de junho de 2019

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Qual o valor de um Acampamento de Escoteiros?




Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Qual o valor de um Acampamento de Escoteiros?

                Desculpem. Não estou falando de quanto custa fazer um acampamento Escoteiro. Aqui a ideia seria analisar o valor de um bom acampamento Escoteiro para a formação do jovem. Lembro que no passado isto era uma preocupação enorme. Fazer bons acampamentos para que trouxessem frutos no futuro. Já Dizia Baden Powell que – “O acampamento é de longe a melhor escola para dar às crianças as qualidades de caráter." Nada substitui no movimento Escoteiro bons acampamentos. Eu achava interessante sempre quando colaborava em cursos no passado tirar um pequeno tempo da programação para fazer debates do tema. Achava eu naquela época que nunca poderíamos atingir nossos objetivos sem saber como fazer bons acampamentos. Os resultados de tais debates eram maravilhosos. Eu ficava maravilhado com os alunos-chefes com todas as sugestões que apresentavam.

                O acampamento para o jovem não tem valor nominal. Seu valor é incalculável.  Ele vale pela formação do jovem para a vida, para a afirmação do seu caráter, para imbuir em sua mente o trabalho em equipe. É impossível deixar de citar nosso fundador sobre o tema - "Os homens se tornam cavalheiros pelo contato com a natureza." - "Os escoteiros aprendem a se fortalecer ao ar livre. Como exploradores, realizam os seus próprios fardos e 'Remam sua própria canoa.". Nada de maneira alguma pode substituir o bom e velho acampamento Escoteiro. Principalmente nos moldes de Giwell. Acho que existem muitas tropas fazendo ainda tais acampamentos. Uma vez há muitos anos atrás, sem toda esta modernidade de hoje, começaram a surgir os Acampamentos de Férias. Na minha cidade a ideia de um surgiu por um executivo – Curumim Catu campo de férias. Fizemos lá um belo acampamento regional. Vários outros estados compareceram. Época do Bambu. Época de cada tropa ter sua intendência, época de cada Patrulha ter o seu campo. Época onde os desafios seniores eram mesmo desafios. Ninguém ia para estes acampamentos sem pelo menos ter boa parte de sua patrulha presente.

               Eles hoje se sofisticaram. A modernidade chegou! Ah! Esta modernidade infernal. Alí o companheirismo de uma Patrulha é feita na hora. Ninguém conhece ninguém a não ser quando ali estão. O jovem é massacrado por uma serie de atividades, “preparadas” por adultos e ele entra com sua vontade de jogar e brincar. Não existe a criatividade. Ele é simplesmente um robô que está ali para fazer o que os outros decidiram por ele. Alguma diferença das Atividades Nacionais que surgem aos montes por aí? Claro, eles adoram me dizem. Adoram sim. Não são mais criativos, não sabem mais opinar, seguem a corrente e esta lhe mostra a vida de alguém que não tem vontade própria. Ele simplesmente arma sua barraca, espera ver a programação, escolher aonde vai “brincar” ou “jogar” e seguir a onda até ela acabar. Refeições? Uma fila indica onde comer. Vai sentir saudades? Vai sim. Eu conheci um Chefe que um dia me disse que se você desse para um jovem uma vara de pescar lambaris e dissesse a ele para pescar um dourado ele iria acreditar.

              Vejo por aí falarem de programas nestas atividades que fico pensando. Será que vai ter frutos? São tantas coisas que um Chefe desconhecido programou, pois ele acredita que isto fará os jovens adorarem que fico pensando onde está o valor disto tudo? Outro dia alguém me disse – Chefe estou inscrita em uma atividade regional e lá vai ter uma festa “Rave”. (Rave é um tipo de festa que acontece em sítios (longe dos centros urbanos) ou galpões, com música eletrônica. É um evento de longa duração, normalmente acima de 12 horas, onde DJs e artistas plásticos, visuais e performáticos apresentam seus trabalhos, interagindo, dessa forma, com o público). Claro, acho que não será tanto assim e afinal será frequentado por escoteiros. Mas isto é um acampamento ou uma atividade escoteira?

              Meus amigos, o bom e velho acampamento nunca será substituído por estes tipos de atividades. Alí são atividades mateiras, grandes jogos e já pensou em estar em um? Onde você “junto a sua Patrulha” fincam a bandeirola e dizem – Aqui vai ser nosso campo! Onde era mato e se transforma em sua casa. Barracas, sua nova morada, um fogão suspenso coberto, mesas, bancos e quem sabe boas cadeiras mateiras, fossas, quem sabe um lindo pórtico e as atividades? Tomar um banho no regato, aguardar o toque do intendente e correr para receber os víveres do jantar, ficar ali a olhar o cozinheiro, com a barriga doendo de fome, a ver a fumaça subindo e quando chegar a hora, uma boa oração e saborear uma boa refeição que nunca irão esquecer. São tantas coisas que tornam um acampamento de Giwell único. – Grandes jogos pelos campos com sua Patrulha e pode até ter a noite um belo jogo de Guerra, ou uma bela competição de sinalização em Morse por lanternas. Já pensou? Alí na montanha só você e sua Patrulha transmitindo Morse ou outro tipo de sinal? E no último dia um belo de um Fogo de Conselho? Lá em uma clareira da mata, olhos miúdos sonhadores a rir e brincar com seus amigos?

              O valor de um Acampamento Escoteiro está aí. Nada substitui isto. Quando a gente chega à idade adulta, aprendeu tantas coisas que tem aqueles que me perguntam: Vais morar no mato? Vai se perder na floresta? Eles não entendem nada. Não sabem que o objetivo foi fazer com que eu pudesse tomar minhas decisões sem erros, escolhesse a vida que fosse levar sem reclamar, aprendesse a ser honesto, a ver a lei Escoteira com clareza, a respeitar o próximo, a saber, dar valor as pequenas coisas, a ter certeza da beleza criada por Deus na natureza. E afinal o que dizer do Caráter? Da Honra? Da ética? Do respeito? Isto tem preço?

              Não seria bom que em todos os programas de tropa tivessem pelo menos três acampamentos por ano? Pelo menos quatro excursões? Pelo menos uma atividade aventureira a pé ou de bicicleta? Caro isto? Não. Não é. Um bom Chefe Escoteiro irá fazer tudo sem gastar muito. Se tiver uma boa diretoria, se a tropa tiver uma boa comissão de pais, os acampamentos terão taxas irrisórias. Mas enfim sempre tem aqueles que são mais ricos e podem pagar taxas enormes e ir para estes acampamentos caça-níqueis que muitos estados estão fazendo cujo objetivo é arrecadar fundos, divertir sem o aprender a fazer fazendo.

             E lembrem-se, o acampamento Escoteiro é outra vida. Diferente. Esquecer a rotina da cidade. Deixar para trás a internet, o celular, tudo que pode lembrar-se de algum que não vai interferir com a vida mateira que está por vir.

             BOM CAMPO E BOAS ATIVIDADES É MEU DESEJO!