Crônicas
de um Chefe Escoteiro.
Tudo
tem uma razão de ser.
Eu estou vivendo em um mundo que
não é meu. Ei! Por favor! Não estou revoltado não. “Bissolutamente”. Estou até
tentando me acostumar, mas é difícil. Dizem que quando se fica
"Velho" é melhor ir jogar dama na praça, ou então ficar de papo com a
“velharia” falando de doenças, de dores e do Corinthians (nem morto). Internet?
Facebook? Google? Você está doido meu amigo. Saia de lá rápido. Aquilo é uma
fábrica de loucuras. Enlouquece a qualquer um! Afinal você já vai fazer setenta
e três anos, vá viver a dinâmica da gostosa vida na praça e leve uns tostões
para apostar. Lá sim que é gostoso. Truco! Já viu o grito? Seu corpo vibra! Vai
se juntar a nós o quanto antes! Risos. Sempre me falam isto, mas eu sou
Escoteiro. Ou melhor, hoje um aposentado que acha que ainda tem aquele espírito
juvenil. Ainda acredito no sonho Escoteiro. Afinal todos não acreditam em seus
sonhos? Sonhar não custa nada. Umas das poucas coisas gostosas que são
gratuitas.
Interessante. Já era para eu ter
encostado as chuteiras há muito tempo. Nas andanças do mundo com minha mochila
e minha bandeira eu já encostei, mas a danada da mente não quer aceitar. – Meu
amigo, dizem-me, hoje o mundo é outro! Alguns chefes são modernos. Você é das
antigas. Sapo de fora! E quanto aos jovens os aceite como eles são. Se ele fala
gírias, se ele veste o que quer e se amarra em um lenço no pescoço, se andam com
a camisa do lado de fora ou se estão sem camisa, se o boné está virado, se ele
não dá bola para os adultos, se ele aqui enfrenta o mundo virtual como gosta então
se toque. “vá plantar batatas’”! – Certo isto? Acho que sim. Volta a Giwell
Park, terra boa, vou voltar lá e plantar batatas. Plantei muitas em minha vida.
Batatas lindas, os pés altos, e as batatas doces? Uma doçura nos acampamentos. Foram
milhares assadas nos Fogo de Conselho por este Brasil e exterior.
Outro dia um jovem me perguntou: Chefe
Osvaldo, como faço para tirar o meu Chefe da tropa. Mandar ele para as
“conchinchinas”? Ele era o Monitor e o Chefe não sabia fazer nada! Só
dificultava. Moderno isto não? Falar o que para o jovem? O jeito foi enviar
para ele um livreto sobre como deve proceder o Monitor, conforme escreveu Roland
E. Phillipps em seu livro o Sistema de Patrulhas. Uns dias depois ele me
agradeceu e disse que ia mudar! Se ele mudou eu não sei. Se fosse mais moderno
diria a ele para pesquisar na internet e procurar o tema – “como enterrar um
Chefe Escoteiro em um campo escola qualquer”. Risos.
Sempre que escrevo um artigo
sobre temas escoteiros vejo que tem muitos que se mantem apegado às mudanças,
as novas metodologias, ao novo sistema de ensino e ao seu modo explicam que o
que Baden Powell escreveu já ficou no passado. Dissecam suas palavras com
maestria. Eles têm o dom da palavra que eu não tenho. Fico calado e nunca
respondo. Fiz um artigo que publiquei em meu blog com o seguinte título “Quem
sabe fazer a massa, sabe fazer o pão”. Deixo que cada um se manifeste com suas
ideias, pois isto é democrático. Eles devem ter profundas experiências e conseguiram
excelentes resultados. Eu só pergunto para mim se isto é verdadeiro e se é o melhor
caminho. Tem frutos? Os resultados são bons? Alguns dizem que sim. Não é o que
eu vejo. Já li que a evasão de jovens e adultos fica entre dez e vinte por
cento, outros dizem que em cada cinco meninos que entram no primeiro ano saem
três. Já teve até um Escotista DCIM dizendo que são mais. Dados se existem a
UEB não diz. Com o registro anual ela devia saber melhor onde isto acontece
quais os estados mais prejudicados e quais as providencias que está tomando
para tentar sanar o problema.
Nosso crescimento sofre o “efeito
sanfona” de décadas em décadas. Francamente, se procurarmos nos meios
educacionais educadores que conhecem e valorizam o escotismo pode se contar a
dedo. Este talvez seja o nosso maior problema. Marketing. Uma profusão de
mudanças do programa do uniforme, do método, e sempre achando que o culpado é
um só. O Chefe. Será? Não concordo. Onde está a responsabilidade do Distrital?
Do Diretor Regional? Da UEB? Explicações temos em profusões. Planos e planos.
Resultados? Vamos ver. Vamos esperar mais uma década. Não sei se estarei aqui
para ver, mas onde estiver darei quantos aplausos forem necessários se tudo que
fizeram em mudanças dar certo. Sou otimista. Continuo acreditando. Acreditei
sempre afinal fazem mais de trinta anos que estão mudando!
Que decidam tudo que os jovens
fazem e querem hoje. Eles dizem que não precisam consultar. Eles sabem.
Sabidões! Que justifiquem tudo em nome dos novos tempos. Seus linguajares,
estas atividades nacionais e regionais patrocinadas (em tese) pelos nossos
dirigentes que visam lucro (sem ofensas). Peço desculpas aqueles que estão
fazendo o contrário. Podem acreditar que não escrevo para eles. Sei que mostram
aos jovens os verdadeiros ideais que Baden Powell nos deixou. Estes sim na
minha humilde opinião ainda estão no caminho certo. Pena que sejam poucos.
Patrulhas em ação, bons monitores, Corte de Honra, Conselhos em todos os níveis
das tropas, do grupo, respeito, mil atividades ao ar livre, aprender a fazer
fazendo (xô chefes! Risos) postura na apresentação, disciplina, garbo e boa
ordem e finalmente democracia. Isto sim vai dar frutos. Se você está fazendo
isto, parabéns mesmo. Este é o Caminho para o Sucesso!
E para terminar, quantas
patrulhas conheceram ou conhecem aonde a maioria dos jovens vieram dos
lobinhos, passaram pelos Escoteiros e hoje são patrulheiros seniores? Não vale
um ou dois. Tem que ser a maioria. Se conhecerem me avise. Irei dormir
acreditando que o escotismo está seguindo o rumo certo!