Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 9 de junho de 2012

O Fogo de Conselho.



O Fogo de Conselho.

Interessante. O Escotismo eu acredito é o único movimento de jovens que tem um programa tão diversificado, tão grandioso, que marca qualquer um que dele participa e consegue viver de todas suas etapas maravilhosas. E uma vida cheia de aventuras e de sonhos reais, realizados em grandes acampamentos, excursões, escaladas, travessias, pioneirias, bivaques, grandes confraternizações de jovens onde o sorriso e a fraternidade é marca registrada. E estas ficam marcadas na mente e no coração de cada um para sempre. Como dizem simplesmente, são coisas de escoteiras e escoteiros. Só eles sabem o que significa, pois viveram ou estão vivendo tudo isto.
Mas dentre todas existe uma, esta sim ninguém esquece. É magnifico quando se participa do primeiro e os demais vão se acumulando nas coisas mais belas que um Escoteiro ou Escoteira poderão viver. Alí seus sonhos são marcados na mente e no coração. O FOGO DE CONSELHO. Só quem participou sabe que foi conquistado momentaneamente e para sempre pelas chamas que se desmancham no ar! Ver as fagulhas que vão languidamente subindo aos céus, sentir o calor que vai aos poucos entumecendo o seu corpo é algum extraordinário.  E então, e então surge uma canção, surge alguém a contar histórias, a brincar de teatro, aparece alguém com uma flauta ou um violão e vozes lindas que antes eram roucas a correr pelo acampamento agora são acordes maravilhosos ali presentes numa doce saudação a mente sadia de um jovem Escoteiro ou uma jovem Escoteira.
Um filme seria pouco para mostrar tudo isto. Só estando lá. Desde o começo. A busca da lenha, o lenheiro preparado, a montagem do fogo, o orgulho de dar um passo atrás e ver a lenha empilhada em estrela, caipira ou pirâmide não importa. E quando chega a hora, os irmãos de campo enrolado em suas mantas coloridas, vão chegando e se assentando, alguns normalmente outros a moda índia, esperando que alguém diga as palavras mágicas:
– “Que os ventos do norte, que os ventos do sul, que os ventos do oeste tragam agora os espíritos dos ventos que irão soprar para sempre no coração de todos aqui presentes”! - E alguém acende o fogo que vai aos poucos aumentando as chamas, onde era escuro agora se vê rostos sonhadores, a perscrutar no consciente do seu próprio eu, a perguntar a si mesmo – Que coisa maravilhosa! Que vontade de chorar de alegria! Que vontade de explodir de contentamento e pensar que seus familiares poderiam estar ali para que pudesse abraçá-los e compartilhar tão grande alegria!
É difícil explicar. Só mesmo quem esteve lá. Não importa qual fogo, seja aquele na clareira de uma floresta encantada, seja aquele na sede, seja aquele na praça da cidade, seja aquele onde centenas ou milhares de amigos e irmãos escoteiros estiveram presentes. Todos não acreditam que poderia existir uma atividade tão grandiosa e agora estão firme a dizer a sí próprios: - Não posso ficar sem isto! Serei Escoteiro até o fim de minha vida! Agora posso dizer que sou feliz e que o escotismo está marcado para sempre no meu modo de ser e de viver.
E quando chega ao final, com as chamas diminuindo, com o calor agora feito somente da vibração de todos por terem estado ali, começam a dar as mãos, ainda quentes e uns dizem para os outros - À direita em cima da esquerda, dedos entrelaçados e começa uma canção. Não é uma simples canção. É uma melodia sublime, cheia de amor, que diz que nunca mais vamos nos separar. Que nossas mentes estarão ligadas para sempre em um contato transcendental e nunca mais haverá um adeus, pois este será sempre um até logo! E alguém canta mais alto dizendo que em breve, muito breve ao redor destas chamas maravilhosas iremos um dia nos tornar a ver.
Ninguém aguenta ninguém consegue permanecer indiferente. As lagrimas aparecem. A garganta fica seca, a voz parece que não vai sair. Está engasgada! Meu Deus! Que coisa maravilhosa! Sim tudo é maravilhoso em um Fogo de Conselho. Ainda bem que sou Escoteiro. Ainda bem que tive o privilegio em estar em centenas, ainda bem que chorei muito, pois posso dizer assim como todos voces que estiveram em um – Serei Escoteiro para sempre! Ele está marcado no meu coração e não vai desaparecer nunca! Nunca perderei as esperanças, pois o senhor que nos protege e sempre nos vai abençoar, aqui voltaremos um dia, pois este calor vai de novo nos juntar!

 - Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus!
- Bem cedo junto ao fogo, tornaremos a nos ver...

Fogo de Conselho. Um espetáculo inesquecível. Onde você se conhece melhor. Passar aquela noite em claro, ao lado dos seus irmãos e, quem sabe, do seu amor, somente observando as estrelas passarem, deitado no chão, com a cabeça no colo de alguém - e sendo também travesseiro pra alguém. Se sentindo em família, mas, ao mesmo tempo, absorto em seus pensamentos e sabendo que finalmente encontrou a felicidade!

É eu acho que ando precisando de uma fogueira.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

APRENDER A FAZER FAZENDO



APRENDER A FAZER FAZENDO

           Uma das máximas do escotismo. Quem sabe a mais importante do nosso método e que BP sempre enfatizou, diz que nós chefes escoteiros, devemos fazer tudo para que nossos monitores conduzam a própria Patrulha e que o jovem deve ser responsável pela sua educação escoteira. Quando um escotista está sempre olhando se preocupando, não deixando que eles façam sempre para aprender, está cometendo um erro e fugindo de uma importante parte do método. Aprender a fazer fazendo. Hoje as escolas, organizações e até universidades usam esse método e estão tirando proveito, mais que nós escotistas. E o pior, tem alguns educadores que nos chamam de um movimento atrasado e ineficaz. Afinal existe maneira melhor para aprender? Errar quantas vezes for até fazer o certo?
         Existem diversas maneiras para fazermos isto. Primeiro, dando a eles toda a liberdade para programar o programa, ficando a cargo da chefia somente elementos surpresas e condições físicas e ambientais. Outro dia, comentava com um jovem sênior, sobre o programa da tropa, e ele me dizia que a chefia fazia tudo. Perguntei se ele não opinava e me disse que não, pois assim havia surpresa no programa. Finalizei perguntando se no ano anterior quantos entraram e quantos tinham saído? Sua resposta – Somos somente quatro. Os demais saíram e ninguém entrou. Aí veio a realidade. Ali nunca foi dado aos seniores a liberdade de aprender a fazer fazendo. Tanto fizeram para eles que resolveram sair.
        Outra vez perguntei a uma guia e ela me respondeu que nunca pensaram em fazer nada. O chefe fazia tudo, assim ficava mais fácil. Elas não tinham de se esforçar, havia sempre um ar de mistério e todos gostavam. Perguntei como sempre, - Quantos voces eram no ano passado? O mesmo número de hoje, somos seis, claro, sairam quatro e entraram quatro. Não perdemos nada!
       Como não existem bons programas que despertem seus interesses e os mantenham na ativa, ficam sempre esperando comentando, programando, e contando os dias de alguma atividade regional ou nacional. Não tiveram outras em suas tropas que marcaram e pedem bis com estas. Alí nessas atividades eles se realizam, não pelo programa em si, mais pela amizade e fraternidade. Ali nada farão a não ser divertir. Tudo já está pronto, até as refeições. A Direção programou tudo. Desde a chegada ao término. Tudo feito de antemão. Eles serão um Bon vivant. Ou seja, “Comemos e bebemos, a Deus agradecemos”.
        Chegamos a tal ponto que fiquei sabendo que algumas tropas seniores decidiram em Conselho de Tropa, com a anuência da chefia Sênior, que as reuniões seriam feitas quinzenalmente e não mais semanalmente. Sempre achei que o escotismo é um movimento de fim de semana, duas a três horas em um sábado agora quinzenal? Deve ser a tal modernidade.
       Muitos ainda não preocuparam com seus programas outros passam a semana pensando neles. Esqueceram-se de consultar a Patrulha. Esqueceram-se de ver o que eles querem.  Ouvi de um Escotista dizer que o programa seria ruim se eles fizessem. E poderiam com o tempo desistir. Mas voce já tentou? Pelo menos tentou? Agora não é somente em uma ou duas reuniões que voce vai conseguir motivá-los. Isso é como se fosse uma pescaria. Tem de escolher a isca, a vara e o local onde vai pescar.
       É comum encontrarmos escotistas construindo pioneirias e os jovens formados em circulo olhando ou dando ferramenta ou madeirame. Ele esqueceu que já é formado na escola da vida e quem precisa disso são os escoteiros e as escoteiras. Esqueceu-se do aprender a fazer fazendo. Sua época já passou. Ele agora é um chefe, sua função é outra. Não ficar mostrando que sabe fazer ou é um mestre mateiro. Inclusive um me disse que assim é melhor, pois os escoteiros podem ver como fazer e aprender no futuro. Que futuro? Não pegou nada.
      Por experiência vi em diversas tropas que atuam dentro do método que elas são mais unidas, mais coesas, e se orgulham do que fizeram. Observe a alegria de uma patrulha que fez uma mesa mesmo que torta e quase caindo e outra olhando o chefe fazer. A arte de aprender fazendo tambem se aplica ao programa da tropa. Experimentem um dia agir assim. Dê um prazo para voces e para eles. Com o tempo iram te surpreender. Se mostrar aos monitores onde devem chegar, eles chegarão lá sem sombra de duvida. Confiar faz parte do método. Quem ensina e adestra é o monitor. Você sim é o monitor dos seus monitores.
      Quando a tropa caminha com suas próprias pernas, quem ganha são os jovens e voce. Eles porque estão aprendendo o que o escotismo se propós, voce porque vai ter mais tempo para eles e para sua familia. Experimente não custa nada tentar. E vai se surpreender com os resultados.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

As melhores sopas do mundo.



Se você é Escoteiro, acampou muito, tomou muitas sopas, este é o artigo para você ler!

As melhores sopas do mundo.

        Quais são? Não vale quem disser que é a da mamãe. Ou da esposa. Ou da sogra, ou do restaurante tal. Estas estão fora da competição. Sabe quais as melhores? Aquelas que você deglutiu em um acampamento Escoteiro perdido por ai. Acredito que foram tantas que você assim como eu tivemos o privilegio de comer ou tomar com vontade (dependendo da sopa). Quem não lembra? - Olhos vidrados na sopa, esperando, prato na mão, a fumaça saindo, a saliva estalando e esperando a colher que nunca vem. Uma fome imensa! Ficar ali olhando o fogo e a sopa que não termina. Ver a sopa fervilhando e o cozinheiro dizendo – Ainda não está no ponto! Alí quem manda é ele! Mandão! E tremer de raiva quando ele vai com uma colher, tira uma pitada e diz – Acho que está boa de sal!
       Sopas. A especialidade de um bom cozinheiro e até daqueles que se arriscam e vão para a cozinha fazer. Digo cozinha no campo de Patrulha. Não em casa, quentinho, fogão a gás, TV ligada, tudo a mão e a turma na sala esperando a chamada com uma cervejinha na mão ou um vinho quente. Nada disto. As melhores sopas do mundo estão lá no acampamento. Quem as fez ou saboreou sabe disto. Quantos tipos de sopas? As com açúcar, pois trocaram o sal. As sem sal, pois acharam que colocaram. As sem caldo, pois deixaram secar demais, as queimadas, pois desde o inicio sapecaram o macarrão tanto que ele tostou. Esqueceram-se de colocar a água e não pode faltar as matinhas. O que? Sopa com folhas que caem das arvores misturadas com ciscos do vento. Gostosíssimas! Risos.
       Sempre gostei de sopas. No passado nossa ração “A” para dois dias acampados dizia – Arroz, feijão, batata e macarrão. De vez em quando na ração se colocava uma linguicinha, desde que alguma família de um escoteiro da Patrulha tivesse matado algum capado (porco). Ai quem sabe era festa. Tinha torresmo, carne frita, e podia-se dar ao luxo de levar também um bom pedaço de chouriço. Bem acho que tem muitos que não sabem o que é isto. Mas voltemos às sopas. A mais importante era a de macarrão com batata (uma linguicinha picada nela só para dar o gosto). Era bom, muito bom. Sem sal? Gostosas. Como diz a amiga a pedrenta? Sensacional. (vento e areia, panela sem tampa).
         As sopas sempre foram o hit dos manjares escoteiros. Todos achavam que eram fáceis e rápidas para fazer. Um fogão tropeiro, um bom caldeirão, umas achas de toras em volta para sentar e esperar a noite que chegava de mansinho. Os olhos vidrados na sopa. Todos esperando. O cozinheiro era um ditador. Não ligava ou não tinha fome sei lá. Quantas sopas nas noites escuras, a chuva caindo, trovões, raios, e a gente ali. Podia chover canivete. Um bom toldo, lenha no lenheiro protegida. Que chovesse a cântaros. Não se arredava o pé. A sopa sempre saia.
       Sei que cada um de vocês aqui pudesse escrever comigo teria casos e “causos” para contar e lembrar. E quem não tem? Darcy o piolho, não era o cozinheiro. Resolveu quebrar o galho. Fumanchú faltou. Dois pedaços de linguiça no almoço. Acabou. No jantar seria só sopa pura. Pegamos uns lambaris para fritar. Mas na sopa fiados de linguiça. De onde vieram? Sopa gostosa e danada de boa. Anos depois ele contou. Fumou escondido. Estomago não aguentou. Panela sem tampa. Agora Sênior o jogamos nas águas do riacho com roupa e tudo e um frio de lascar. Mereceu.
        Mas a minha melhor foi quando fomos ao Pico da Bandeira. Metidos a conhecer o caminho. Perguntamos em Caparaó. Subida calma, iniciada às duas da tarde. Seis da tarde, oito da noite, nove, dez, meia noite. Perdidos! Paramos ali no mato. Muito colonião e samambaias enormes. Uma pequena picada e um fogão tropeiro. Agua dos cantis. Uma pequena sopa. Meu Deus! Duas da manhã, que sopa de macarrão linda! Que manjar dos deuses! Um olhando para o outro, uma fome miserável e ai... Um raio no céu, trovões, o local não dava para armar as barracas de duas lonas. Jogamos por cima. Choveu a cântaros. Sentados juntos lado a lado dormimos. A sopa? Virou agua de chuva. De manhã um céu azul, um sol lindo. Caminho encontrado.
        Sopas. Cada uma tem uma história. São tantas que me dá vontade de tomar uma sopa de macarrão com batata. Quem sabe salpicar um pouco de linguicinhas? Adoro-as. Trazem-me tantas lembranças! Os tempos se foram. Hoje só a sopa de casa. Dos acampamentos só as saudades. Meus amigos que ainda acampam, aproveitem. Façam sopa. Verão que cada sopa tem uma história e a história ficará marcada na mente para sempre. E quando a idade chegar e lembrar sentirá o gosto a salpicar a língua, a vontade de voltar lá no passado, saborear a sopa quente, sopa fria, sem sal ou com açúcar, com matinho ou areia não importa. Belas sopas que se foram, mas ficaram as lembranças e delas não desfaço nunca!
    

segunda-feira, 4 de junho de 2012

As fantásticas “lambanças” do Escoteiro Kiabo. (com k mesmo, risos).



As fantásticas “lambanças” do Escoteiro Kiabo. (com k mesmo, risos).

Hoje tirei o dia para rir. Costumo fazer isto. Faz bem. Lembrei-me de tantas coisas divertidas do passado que esqueci as tristes. Bom isto. Que elas vão para outras plagas, bem longe onde os bons ventos sopram e as diluem no ar. Não dizem que rir é o melhor remédio? Pois acredito nisto e lembrar-me do Kiabo é dar risadas. Não que ele fosse um humorista. Nada disto. Que ele aprontava umas e outras lambanças era fato conhecido. Não tenho certeza, mas foi por volta de 1946 que sua família mudou para perto da minha. Ainda não tinha entrado para os lobinhos. Nós morávamos do outro lado da “linha” (estrada de ferro) onde era mais barato o aluguel. Quando vi descarregarem a mudança um menino de cabelos incrivelmente loiros, olhos azuis, magro como um palito desceu do caminhão (um velho Ford de guerra), me olhou e disse: Meu Deus, como você é feio! Fui obrigado a rir. Não era assim tão feio. Estava com seis anos e ele também.
Ficamos amigos, pois esta é uma idade que todo mundo é amigo. Ele não era tão bom no jogo das panelas da bola de gude, mas era um craque no finquinho. Seu pai tinha feito para ele uma Manivela enorme, e mesmo com aquela idade conseguia empinar um papagaio nas alturas. Aquilo sim era bom. Nas alturas, quanto mais alto maior a vitória de empinar. Hoje todos só querem cortar a linha do outro. Malvadeza pura! Comecei a ver a verdadeira face do Kiabo com o passar do tempo. Gostava de fazer maldades. Não era tão mau não, mas isto o divertia. Só ele, pois não se preocupava com os outros pensassem dele. Amarrar gatos uns nos outros era comum. Uma vez colocou uma bombinha amarrada com um barbante em uma Pomba, acendeu e soltou a pomba no ar. Amarrar cachorras no cio em poste e em outro poste amarrar carne vermelha era sua diversão favorita. A cachorrada não sabia se iam na carne ou na cachorra! Risos.
Quando entrei para os lobinhos já não éramos tão amigos. Ele nunca se interessou. Disse-me que quando fizesse onze entraria para os escoteiros. Lobinhos para ele era “pá de vaca” como chamavam os meninos molezas na época. O tempo passou. Kiabo aprontando. Um sábado lá estava ele com seu pai no Grupo Escoteiro. O Chefe da tropa apresentou Kiabo a todo mundo. Foi para a Patrulha Morcego. Eu não nutria muita simpatia pelos morcegos. O Monitor o Miraldino era metido à beça. Achava que só ele sabia, sua Patrulha era a tal e mesmo sendo advertido diversas vezes pela chefia ele não melhorava. Até que nos seniores ficamos grandes amigos. Mas isto é outra história. As lambanças do Kiabo tiraram Miraldino do sério. No acampamento trocou o sal pelo açúcar. Colocou uma lesma no óleo de cozinha. Fritou minhocas junto com as linguiças.  Montou uma cadeira de campo e o primeiro que sentou levou o maior tombo e ainda caiu um jarro d’água em sua cabeça (colocado em forma de armadilha em uma árvore).
Kiabo aprontou e muito.  Para contar teria que escrever muitas folhas e aqui não dá. Fica para outra ocasião. Mas não posso deixar de contar a sua maior proeza. A cidade inteira parou e quase um desastre enorme poderia ter acontecido.  Sem ninguém saber Kiabo preparou quinze bandeirolas tipo pirâmide feitas de papel celofane vermelho, amarrou em 15 varas de bambus de um metro e meio bem esticadas com varetas. Foi para a Pastoril (um bairro afastado da cidade) e lá fincou cada vara com uma bandeirola ao lado da linha de trem, a cada vinte passos. Na ultima lá estava ele. Uniformizado, caqui, chapelão, um par de bandeirolas de semáforas a mão. A composição apareceu na curva. Quatro locomotivas a diesel. Mais de duzentos vagões carregados de minério de ferro vindo de Itabira. Talvez a sessenta por hora ou mais. Uma cobra gigantesca serpenteando o Rio Doce que visto de longe seria um espetáculo inesquecível. O maquinista buzinou assustado ao ver aquelas bandeirolas vermelhas. Mais a frente o Kiabo fazendo sinais de semáforas transmitindo o S.O.S. e pulando!
Um susto enorme tomou conta do maquinista. Gritou para seu auxiliar. Ambos acionaram os freios das quatro locomotivas e de vários vagões. Um barulho infernal que foi ouvido por toda a cidade. Um trem assim não para rápido. Leva pelo menos um quilometro para parar ou mais. Kiabo se deliciava, ria e pulava. Consegui dizia ele (isto me contou mais tarde). Ele fazia suas lambanças e não contava a ninguém. Quando o trem parou Kiabo não correu. Ficou no lugar. Centenas da cidade acorreram. Gente da alta cúpula da estrada de ferro chegaram esbaforidos. Pensavam ter havido um desastre. O maquinista veio correndo e abraçando Kiabo. Um herói meu garoto, viva você. Depois ficamos sabendo. Alguém abriu uma porteira e uma centena de vacas ficaram na linha algumas deitadas, e o trem parou a menos de cinquenta metros delas.
A cidade toda ovacionou Kiabo. O Chefe da tropa e a Patrulha desconfiados. Quem abriu a porteira? Logo ali na estrada de ferro? Perguntas vazias. Kiabo foi festejado no colégio. A cidade toda batia palmas quando ele passava. Uns meses depois seu pai foi transferido para Itabira. Era encarregado de manutenção da estrada de ferro. Kiabo foi junto. Perguntei a ele quem poderia ter aberto a porteira. Ele ria. Não falou nada. Nunca falou. Sumiu o Kiabo. Boas lembranças de suas lambanças ficaram em minha mente. Nunca mais ouvi falar dele, mas com certeza a cidade ficou mais quieta, mais pacata, e ninguém tinha medo de alguma armadilha pelo caminho depois que o Kiabo foi embora. Graças a Deus! 

domingo, 3 de junho de 2012

Por quê? (sobre medalhas)



Por quê? (sobre medalhas)

 Dizem que marca mais. Dá maior importância ao homenageado, que é o lugar certo para ser reconhecida sua ortoga. Será mesmo? Podem concordar quem quiser, mas eu não concordo. Nunca em minha vida aceitei tal tipo de homenagem. Sem querer desmerecer a quem recebeu e vai receber, mas me desculpem. O lugar certo é junto aos seus amigos no Grupo Escoteiro. Junto a sua tropa, sua Alcatéia, pais enfim, não foi ali que cresceu e adquiriu as condições para a homenagem? Não existe melhor lugar.
De que estou falando? Claro que comento a entrega de condecorações, certificados, Insígnias de Madeira e tantos outros agradecimentos que dirigentes insistem em entregar como se fosse uma concessão sua ao agraciado em encontros regionais, nacionais, Congressos, Assembleias, distritos. Afinal quem o viu crescer? Eles os dirigentes ou seus amigos do Grupo Escoteiro? E olhe muitas vezes escondem para fazer surpresa! Osvaldo, me disseram, deixa de ser do contra. Eu do contra? Mas se acredito nisto não sou do contra. Direitos são direitos. Mas olhe quem recebe lutou por isto. Acho que a maioria. Deu sua vida e vai seguindo na trilha Escoteira fazendo o melhor.
O pior é que no meu modo de entender fica a impressão de que quem não participa destas solenidades nunca recebe o que lhe é de direito. (sem ofensas, mas já vi e conheço casos assim). Claro, não vamos generalizar. Existem exceções. Mas o que ouço de amigos o que vejo de fotos aqui no facebook ainda confirma o que estou dizendo. Claro é sempre uma alegria receber o que é direito. Mas não seria mais bonito se o Grupo Escoteiro fosse o local apropriado? Quem sabe se acham que a surpresa é válida, então se providencie para o agraciado não saber. E então, um belo dia, todos os presentes, quem sabe até a família do agraciado, pais, sócios uma “pá” de gente não seria uma bela festa! Uma alegria geral. Orgulho de todos com o agraciado. Sabem que ele dedicou uma vida ao grupo e o grupo agora assiste um pequeno reconhecimento!
Há muitos anos atrás dois fatos me aconteceram. Regional em um estado vi uma gaveta cheia de condecorações. Bons Serviços, Gratidão e até uma Cruz São Jorge ali estocadas. Todas esperando uma ocasião especial. De quem? Vi os certificados. Procurei o endereço dos grupos. Avisei a todos que iria levar e fui. Não entreguei nada. Deixei para um lobinho entregar e um Escoteiro. Que coisa! Nunca tinham visto nada assim. Até eu me emocionei. Depois foi em outro estado. Era o Diretor de Adestramento Regional hoje formador, e encontrei também em uma gaveta oitos insígnias estocadas. Três cidades. Fui a todas levar. Sempre um lobinho, um Escoteiro ou um Chefe entregando. Uma alegria sem fim. Mas ao contrário, vi em Assembleias alguém levantar uma questão de ordem, dizer do merecimento de um Escotista e todos votam a favor. Fulano deve ser agraciado com tal medalha. Já vi várias Tiradentes e uma vez um Tapir de Prata. No dia seguinte entregaram ali.  Certo isto? Você acha? Sem nenhum processo? E o Grupo Escoteiro? Fica na berlinda?
Eu não sei! Como diz o Cris. Risos. Para mim parece que se você não frequenta esses lugares da “Corte”, desculpe, dos órgãos nacionais, nunca vai receber nenhuma condecoração do mais alto valor. Se contente com uma de bons serviços (deste que seu grupo faça um bom processo) ou uma gratidão. Talvez Bronze, pois prata e ouro não vai ser fácil. Chega por hoje. Tenho um artigo sobre condecorações. Um dia o publico aqui. Dirigentes e membros que são muito ligados à direção nacional ou regional não irão gostar. Mas não se preocupem. Quando comecei a discordar de muitas coisas que via errado e dizia aos quatro ventos, pararam de me dar condecorações. Risos. Paciência. Agora é que não vão me dar nada. Sou um oposicionista (leal, honesto, com caráter e ética) e não sou registrado na UEB, mas sou UEB até morrer. Não dizem que uma vez Escoteiro sempre Escoteiro?
Mas meus amigos, voltando ao tema. Sou mesmo a favor que se entregue a quem de direito em seu Grupo Escoteiro. Que o distrital, os diretores e presidentes da região se façam presentes lá. Mas não tenho o dom da verdade e si alguém discordar de minhas palavras é um direito. Sei que nada vai mudar. Que façam como gostam. Mas não me tirem o direito de achar como gosto e como faria se fosse um alto membro da liderança nacional. Risos. Calma. Não sou candidato a nada. Sou candidatíssimo há passar uns dias em hospitais e quem sabe receber amigos lá do outro lado?