Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 5 de outubro de 2013

Sublimes emoções.



Conversa ao pé do fogo.
Sublimes emoções.

            Eu gosto de me emocionar. Acho que é por isto que sou Escoteiro. Dizem que os Escoteiros são “durões” sem sensibilidade, indiferentes, duros na sua maneira de agir. Não concordo, acho que eles são emotivos, gostam uns dos outros, gostam de um belo sorriso, de apertar a mão, de saudar de cantar e chorar na canção da despedida. Eu gosto de ver a alegria estampada seja no lobo, seja na escoteira ou na guia. Até mesmo gosto de um sorriso simples de um Chefe ou uma Chefe escoteira. Gosto de um escotismo sem imposições, sem burocracia, sem siglas, sem chefões, sem faça o que eu digo e não o que eu faço. Quem sabe fiz um escotismo assim. Alegre e solto, a explorar tudo em volta onde nasci e indo até mais além. Sem se preocupar com o “isto é proibido” é contra as normas, siga o Chefe. Um escotismo onde cantar é um prazer, onde ver o inicio e o final de pista não me obrigava a voltar ao ponto de reunião. Não é meu escotismo o que exigem os novos livros e normas de hoje.

          Mas porque digo isto? Porque estou com coração alegre. Porque sem saber vi um escotismo puro, nas suas palavras, nas suas ações, no seu modo de vida. Como? Podem me perguntar. Lá estava eu com minha maquininha querida, que jorra um ar gostoso nas minhas inalações diárias, TV ligada, pois são quase cinquenta minutos de inalação com a gostosa mascara no rosto, e sem perceber vejo que começa um filme. Aparece escrito na sinopse que é um filme de Escoteiros e produzido pela Disney em 1966. Porque não ver? Por quê? Por quê? Claro que sim, nós Escoteiros não podemos ficar a margem quando aparece escrito “Escoteiros”. Agarramo-nos a tudo que diz do nosso ideal. Inicio sem saber o que ia dar. Aos poucos me jogo na tela da minha TV. Aos poucos vou entendendo a história. Gosto dela. Passo a amar tudo que a história conta naquele filme.

          Não sai dali para nada. Depois que a história se explicou e depois que dez ou doze Escoteiros vencem o Exército americano, de uma maneira que só um Diretor de lá pode contar passei a me emocionar. Tudo diferente do que se faz hoje. Pudera, o filme começa em 1930 e vai terminar em 1950. Todo ele voltado para os Escoteiros de uma pequena cidade, cidade que apoia que colabora e que o escotismo é visto como um importante meio de formação de jovens. Crise financeira? Não há. Pais contra? Também não há. Outros chefes pisando no pé de alguém? Impossível. Isto não existe no filme. E o melhor meus amigos e amigas, não aparece por lá nenhum dirigente da Boy Scout. Nenhum dirigente dizendo como fazer, nenhum distrital para exigir isto e aquilo. (desculpem os amigos distritais). A cidade vivia em polvorosa com a meninada a fazer suas “lambanças” e todos queriam fazer alguma coisa sem saber o que fazer. O escotismo é sugerido. Dizem que já foi tentado, mas não tinha Chefe que topasse assumir. Alguém assume. Não conhece nada de escotismo. Putz! Estou contando a história?

         E o final? Deus do céu! Meus olhos encheram de lágrimas. Emocionante. Sozinho na sala chorava baixinho de alegria em ver toda a cidade aplaudir o Chefe escoteiro. Foram décadas dedicadas a sua Tropa Escoteira. Meninos crescendo outros jovens entrando. Na festa apoteótica do final todos os adultos da primeira tropa e das demais vieram prestigiar. O Governador do Estado também, pois foi um Escoteiro dele. Existe maior paga ou agradecimento do que isto? Ficção podem dizer. Pode ser, mas eu acredito que em alguma cidade do mundo possa ter havido uma tropa assim. Quando o filme terminou foi que vi que não havia mais nada na caixinha de plástico onde fica os fluídos que respiro com avidez. Bom isto. A maquinha funcionava sem reclamar. Meu coração batia de alegria. Eu gosto mesmo de ver uma amizade e um reconhecimento assim. Estranhei por não ver o sistema de patrulhas, mas e daí? Eu vi muito mais. Eu vi amor, eu vi alegria, eu vi reconhecimento eu vi amizade e fraternidade.

        O filme tem muito mais. Tem uma história de amor. Tem até um vilão que não foi tão vilão. Tem uma senhora rica que doa aos Escoteiros... Não vou contar. Se um dia puderem alugar ou copiar na internet eu sei que vão gostar. Ops! Claro irão gostar os puros de coração, os que acreditam os que veem no escotismo o amor entre todos. Os duros de coração não vão gostar. Vão ver erros, vão ver que não se faz escotismo assim. Hoje o mundo é outro. Eles sabem o que devemos fazer e nos levam pela mão como se fossemos meninos sem perguntar se é isto que queremos. Pena, seria tão bom um escotismo alegre e solto como o que vi neste filme. Como aquele escotismo que fiz há muitos e muitos anos. Tentarão os filósofos, os Chefões dizer que hoje isto não é possível. Tudo hoje não é possível. Hoje é tudo moderno. Mas se eu pudesse, se eu tivesse folego, se eu tivesse forças e fosse um jovem sonhador eu faria um escotismo assim. Ah! Se faria. Moderno? Moderno é saber amar, saber sonhar e por os sonhos na linha de frente para se tornarem realidade.

        Gente! Já ia encerrar o artigo. Pensei que não precisa contar a sinopse do filme. Acreditei que quase todos já assistiram. Será? Se não assistiu, veja numa locadora, ou copie aqui na internet. Mas veja em tela maior. Pois a cidade onde passa a história merece ser vista em todo seu esplendor. “Fallow me, boys” em inglês, em português Siga-me rapazes! No Telecine Cult onde vi o nome era outro, “Nunca é tarde para amar”. Baseado no livro de MacKinlay Kantor tem Fred MacMurray como o Chefe Escoteiro, Vera Miles, Kurt Russel e muitos outros. É um dos poucos filmes em que Escoteiros são fundamentais para o filme e é o hino da Disney para os Escoteiros. O título da canção “siga-me meninos!” fez com que a Boys Scout of America pensasse em usar a música como seu hino.
- Lem Siddons faz parte de um grupo de viajantes que tem um sonho de se tornar advogado. Decidido a se acalmar, ele encontra um emprego como Stockboy na loja geral de uma cidade pequena. Tentando se encaixar, ele se torna voluntário para se tornar chefe de escoteiros da Tropa recém-formada por sugestão dele. Tornando-se cada vez mais envolvido com a tropa de escoteiros, ele descobre que seus planos para se tornar um advogado está sendo colocado em banho-maria, até que ele percebe que a sua vida foi tudo o que desejou. Ajudar os jovens da pequena cidade.


       Bem chega de falar do filme. Minha emoção do sábado existiu. Valeu. Espero que vocês também tenham emocionado muito nas reuniões de hoje.  Mas olhem se não assistiram não deixem de ver. Dizem que tudo que é muito comentado e elogiado quando conhecido é uma decepção. Espero que não. Bom filme!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O despertar do Chefe Teobaldo, um audacioso Diretor Técnico Escoteiro.



Crônicas Escoteiras
O despertar do Chefe Teobaldo, um audacioso Diretor Técnico Escoteiro.

                    Eles foram chegando e se assentando. Um a um. A sala da sede era pequena, mas ele sabia que eram tão poucos e que teria lugar parar todos. No semblante aquela empáfia de quem não estava gostando. Chefe Teobaldo sabia disto. Afinal eram anos de convivência. Já chegaram a ter maior número de adultos, mas hoje não passavam de seis. – Chefe, precisamos fazer uma reunião do Conselho de Chefes. – Para Que Chefe Teobaldo? Para que? Nunca precisamos disto! No passado ele fazia e depois desistiu. Ele tinha os quatro “chefes de ouro” como ele dizia. Não importava se chovia canivete e lá estavam eles. Claro, hoje pareciam sempre estar com pressa. A maioria deixava o uniforme na sede. O vestia lá. Outros traziam no carro. Chegavam em cima da hora e quando terminava a reunião diziam Sempre Alerta e sumiam!

                     Chefe Teobaldo já não era mais aquele homem que tinha prazer em ir para a sede nos dias de reunião. Ele sabia que de alguns anos para cá, nem tudo eram flores. O sucesso do passado estava desaparecendo. Com tristeza via os lobinhos diminuindo. Antes chegaram a ter duas alcateias. Uma masculina e uma feminina. Hoje era uma só. Menos de quinze lobos. Mas nem onze estavam presentes nos ultimos meses. E na tropa Escoteira? Que desastre. De duas tropas uma masculina e uma feminina agora eram um só e mista. Quando iniciava as reuniões e formavam as sessões ali estavam três patrulhas com menos de três ou quatro gatos pingados em cada patrulha. Como fazer reunião assim? Seniores? Menos de seis. Se não fossem os namoricos acho que não teriam nem isto. E os chefes? Entravam três ou quatro por ano e em pouco tempo davam uma desculpa e iam embora. Por quê? Qual o motivo? Ele sabia que eram conhecidos. O nome do grupo estava gravado em muitos estados brasileiros. Afinal eles tinham quatro jovens de famílias abastadas e que compareciam em todas as atividades nacionais e até internacionais. Distribuíam o lenço do grupo, distintivos, uma festa. Um pai de um deles inclusive dava uma boa soma mensal ao grupo. Mas era certo isto? E os demais escoteiros? Eles não podiam participar. Como pagar? Logo desistiam em pouco tempo saiam do Grupo.

                   Chefe Teobaldo sentou. Olhou para todos. Exceto dois novos chefes a maioria estava pedindo a Deus para terminar logo. O que houve com eles? Pensava. Porque esta debandada? Será que é culpa minha? Porque não havia mais procura como antigamente? Porque os adultos que vinham oferecer ajuda em pouco tempo se afastavam? Chefe Teobaldo sabia por quê. Não ligava, pois tinha os “chefes de ouro”. Mas estava certo? Eles nunca se encontravam. Até nas festividades de fim de ano era um sacrifício. Ele sabia. Precisavam mudar. Urgente! Deveriam voltar às reuniões de Patrulha. Os Conselhos de Tropa, Os Conselhos de Chefes. E a Corte de Honra? Onde foi parar? Meu Deus! Pensou. Estava tudo errado. Vamos fazer trinta e cinco anos e a cada ano mais e mais diminuímos.

                    Ele sabia que precisam de um “choque de gestão”. Não era assim que faziam as empresas que estava fracassando?  Ele hoje iria falar. Falar da amizade. Do amor. Da bondade. Iria falar que precisamos nos cumprimentar mais. Precisávamos entender o ponto de vista do outro. Precisávamos respeitar ideias, respeitar direitos e saber até onde ia nosso dever. Precisávamos sim de uma boa dose de democracia. E o mais importante. Fazer programas e saber cumpri-los. Ele já tinha tomado sua decisão. Reunião de Chefes uma vez por quinzena até acharem onde estava o erro e o consertar. Ele pessoalmente iria conversar com cada um dos que se foram e procurar entender o motivo dos seus afastamentos. A idade pesava e Chefe Teobaldo agora tinha maturidade e tinha encontrado mesmo que tardiamente a voz da razão. Iria exigir mais. Iria cobrar de cada um os programas. Não aqueles feitos as pressas, mas com o auxilio das patrulhas, dos assistentes. Iria exigir que eles se reunissem pelo menos uma vez por mês. Não iria deixar que isto fosse feito virtualmente. O grupo era uma família e devia se portar como tal. Deveriam entender o que era calor humano.

                     Chefe Teobaldo olhou nos olhos de cada um. Eram seis. Não seria assim mais. Ele queria vinte. Vinte? Sim, ele queria vinte chefes. Um Grupo onde todos se respeitassem. Ele queria uma Alcatéia completa. Uma tropa completa. No mínimo dezoito seniores e guias e jurou a sí próprio que iria conseguir. Agora eles iriam fazer escotismo. Nada de namoricos. E quando recebesse convites para atividades nacionais ou regionais ou iriam todos ou não iria ninguém! Iria dizer aos diretores do distrito e região que só participariam de uma por ano. Eles que decidissem qual. Ele agora queria ver acantonamentos, acampamentos, excursões, atividades aventureiras. Iria exigir isto no programa. Que se dane os que não concordassem. Ele sabia que os “chefes de ouro” iriam ficar espantados. Achou até que alguns se demitiriam. Mas sua decisão estava tomada. Agora ele sabia que o Grupo Escoteiro se transformaria em uma grande família Escoteira, onde o respeito, a ordem, o aperto de mão sincero e principalmente a Lei e Promessa Escoteira seriam ponto de honra para todos.

                     Senhores! – Começou Chefe Teobaldo. Nossa reunião hoje terá duração de duas horas. Nem mais nem menos. Teremos a partir de agora duas reuniões por mês até entrarmos na curva da estrada que nos levará ao caminho para o sucesso. Espero contar com todos. Mas aqueles que acham que não irão mais participar, podem sair. Eu ficarei triste e de antemão agradeço pela linda e bela colaboração que deram até agora. Vou contar com aqueles que amam o grupo e querem fazer dele uma verdadeira “Família Escoteira”. E a reunião começou. Chefe Teobaldo era outro homem. Outro Chefe. Fiquei orgulhoso quando ouvi esta história. Hoje aqui vendo tantos desistindo acho que precisamos de mais Chefe Teobaldo na liderança de grupos escoteiros. Quem sabe assim iremos perder menos chefes e escoteiros? Quem sabe irão aparecer mais Chefe Teobaldo por ai?


Oi! Você! Isto, você mesmo! Você! Tem algum Chefe Teobaldo no seu Grupo?